Mac in Touch #52 - "Efeitos Secundários"
Antes de mais nada, tenho que dar uma palavra de conforto a todos os que regressam às aulas depois de 2/3 meses de folia. Pois é, foi bom, passou depressa, mas o futuro está à espera e toca de ir ter com ele, oh gente que virá a ser importante ;).
No último Mac in Touch tive uma boa participação vossa, apesar de não haver daqueles comentários longos aos quais tanto gosto de responder. Mas compreendo-o. Afinal o "caso" em análise gerava alguma unanimidade entre o público de pro-wrestling.
Esta semana trago-vos um tema um bocadinho mais "picante"... mas que não se afasta do tema anterior....
Devo ressalvar, contudo, que ainda não vi a RAW desta semana.
Efeitos Secundários
A WWE decidiu instaurar uma storyline na qual o seu COO passa a puxar dos seus poderes para impôr autoridade no balneário da companhia, com o objetivo de dar ao negócio aquilo que é melhor para ele. Isto resultou na retirada "forçada" do título a Daniel Bryan. Os fãs, claro, não gostaram e este desagrado estende-se a alguns lutadores que estão fora do círculo de protagonistas (Bryan, Triple H, McMahons e Randy Orton) da história (a.k.a. efeitos secundários), a quem as figuras autoritárias têm punido ou usado a seu bel-prazer. Isto pode traduzir-se em algo bom para as estrelas que estão nas ramificações desta storyline ou ser prejudicial para as suas carreiras e, consequentemente, para a indústria.
É essa leitura que quero fazer na edição 52 do Mac in Touch, analisando caso-a-caso:
Big Show
Afinal Bryan tinha amigos para além de Kane. Afinal era
outro monstro e ninguém sabia, foi “pescado” porque... sim. Nada mais que um
bocado de carne para encher um grande chouriço que são as mais de 20 horas de
programação mensal da WWE.
Tenho a minha posição sobre a integração de Big Show nesta storyline mais ou menos aprofundada no Mac in Touch da semana passada – carreguem aqui para ler.
Cody Rhodes
Como companheiro de jornada em tempos passados, Cody
questionou Randy Orton relativamente à sua valia e à sua própria auto-estima
que, pelos vistos, não chegava para que The Viper se sentisse confiante para vencer
Daniel Bryan de forma “limpa” no ringue. Cody reforçou essa convicção, e
aproveitando a presença de Triple H, disse que achava que o Bryan vs Orton
seria o melhor para o negócio. Como resultado, o COO da WWE marcou, como resultado
da ousadia, um Cody vs Orton, no qual este não podia perder sob pena de ser
despedido. Resultado? A derrota e o despedimento de Rhodes, mas isso só “vale”
para storyline, porque o que se ganhou foi uma nova estrela- um enorme pop durante
o combate e uma promo de despedida simplesmente fantástica (não houve ponta de
ilógica, fanfarronice ou drama a mais!), ao nível de um programa de representação
em horário nobre.
Acreditando que o despedimento não é definitivo nem tem valia “palpável”, estou convicto que o regresso de Rhodes em busca de uma vingança ou mesmo com um heel turn com a personagem a “vender-se” ao corporativismo será sempre material de destaque aos olhos do fãs da WWE, que se afeiçoaram bastante ao lutador na RAW da semana passada. Aliás, Rhodes saiu dessa RAW muito mais valorizado e, como é óbvio, não estará alheia à sua participação naquela que é a história principal que corre na WWE.
Teremos, muito possivelmente, novo material para entrar nas contas do topo da hierarquia na WWE.
The Shield
Lembro-me da estreia dos The Shield quando interferiram no
combate entre CM Punk e John Cena no Survivor Series 2012 e lembro-me da
extraordinária estreia em PPV (TLC 2012) desta facção. Um combate que trouxe
uma intensidade inigualável, tornando-se num dos melhores do ano. Tratou-se, na
altura, de um feito assinalável, por termos a presença, em ringue: de três
estreantes em grandes combates em todo o panorama do wrestling profissional de
um lado, e de termos dois monstros com pouca agilidade no outro. Ou seja,
condições que não faziam prever algo mais que medíocre, mas que os Shield e
Daniel Bryan transformaram numa coisa inolvidável.
A partir daí o estatuto do trio subiu e foram sendo encarados, cada vez mais, como “Main Event Material”, alguém em que valia a pena apostar. Afinal eram uma facção capaz de ditar leis na medida em que quase nunca foram surpreendidos e foram ao ponto de afastar gente icónica como foi o caso de Undertaker.
Ficou célebre a frase “The Shield answers to no one”, que dava a noção de estarmos perante uma unidade dominante na WWE (apesar do envolvimento com Paul Heyman, é certo)... até que chega o chefe da companhia e, agora, semana após semana, são a segurança contratada por Triple H para cada promo ou os “carrascos” que executam os castigos em que ousa questionar a autoridade instalada. Passaram de dominantes a submissos. Perderam, diria, aquele traço de identidade que fazia o público respeitá-los como alguém a temer dentro do balneário da WWE. Porque agora “The Shield answers to someone”.
Dolph Ziggler
Ziggler é o eterno injustiçado ou assim se encaminha para
ser em caso de não conseguir lograr um reinado em condições. O talento todo
está lá e consegue ser dos wrestlers com maior energia “in-ring” em toda a
indústria. Isso tem repercussões no público, nomeadamente o mais velho, que
tem nele uma das grandes motivações para assistir a um evento ao vivo, despendendo dezenas/centenas de dólares que entram diretamente nos cofres da
WWE. Ou seja, ele dá muito à companhia mas ainda não teve o tal push que o merece.
A travá-lo, presumo eu, estarão o seu ego (segundo fontes internas, é um rapaz
com pavio curto) e a alegada falta de carisma quando pega no micro... mas,
pergunto eu, não será isso compensado no ringue?!
Creio que sim e que já é altura de o fazer subir no card.
Ultimamente tem sofrido derrotas atrás de derrotas, tendo as últimas duas
acontecido perante Ryback, em combates marcados por Triple H e nos quais
Ziggler foi derrotado de forma “suja” devido à rivalidade que vai,
aparentemente, mantendo com Dean Ambrose. Ou seja, Dolph Ziggler é uma das
ramificações da história principal na WWE e a sua associação à mesma
garante-lhe visibilidade que, por ser das poucas faces visíveis da “justiça”, pode
garantir-lhe uma subida no card a longo prazo pelas injustiças cometidas contra
ele.
Tudo somado, creio que Ziggler vai sair beneficiado quando a
storyline acabar (até agora tem conseguido manter a popularidade pela presença
na mesma)... a menos que saia com o estatuto de campeão dos Estados Unidos, que
neste caso é algo negativo por ser um passo atrás - antes disto acontecer, preparava-se para ser
uma das bandeiras da SmackDown!.