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Mac in Touch #53 (extra!) - Night of Champions 2013 - Análise combate-a-combate (parte I) (já c/ análise ao Main Event)


Como é apanágio do vosso Pete O'Mac após PPV's, aqui fica a revisão do evento com a avaliação de cada um dos seus combates. Desta vez decidi ir direto ao Main Event como abertura do show (também pelos spoilers com que fui brindado logo pela manhã), e incluo-o nesta primera parte da análise do Night of Champions 2013....

Aqui fica:

Night of Champions 2013 - Análise combate-a-combate


Tag Team Turmoil
The Usos vs PrimeTimePlayers vs Tons of Funk vs Real Americans vs 3MB (Heath Slater e Drew McIntyre)

É certo que a WWE tem um histórico abonatório de fazer estes combates de vários homens resultar, mas com uma mixórida de talentos tão grande, a coisa pode tornar-se complicada... contudo, o público estará sempre atraído ao ringue pela lei dos números - um aparato com tanto homem à “bulha” tem de atraiar a nossa atenção. E será desta perspetiva que o combate beneficiará em termos de psicologia de ringue, ao que acresce o aumento de visibilidade de equipas envolvidas nestas contendas como Real Americans, PrimeTime Players ou Usos.

O facto de não ter havido muita preocupação com a explicação das regas previamente ao evento poderá ter confundido o público.

O embate entre 3MB e Tons of Funk foi algo positivo em termos de psicologia de ringue (a sequência em que McIntyre se atira para fora do ringue após Slater atrair Tensai é excelente) mas fraco no que diz respeito ao storytelling, pois terminou de forma abrupta.

A receção ao Patriot Lock (já com os Real Americans em jogo) foi fantástica dada a fase em que o evento se encontrava e há que ter em conta isso mesmo no que diz respeito à psicologia de ringue. No que diz respeito ao storytelling, houve mais consistência que o primeiro confronto.

Chegaram os Usos, também muito bem recebidos, começando o encontro em alta voltagem, o que mais uma vez contribui para a psicologia de ringue. Houve pouco tempo para aquilo que foi feito ter mais lógica, mas foi a melhor sequência até então.

A última equipa seria os PrimeTime Players. A sua chegada foi muito bem recebida, e, mais uma vez, também o Patriot Lock foi bem acolhido. Desta vez permitiu a entrada de Darren Young no ringue fruto de um hot tag muitíssimo bem recebido pelo público.  Esta sequência viria a terminar o combate de forma abrupta, mas acaba por dar lógica, pelo facto dos Real Americans estarem em ringue há mais tempo e dos PTP terem entrado com o ímpeto.

Tudo somado, fantástica receção da parte do público e da qual os intervenientes se podem gabar, ficando fora de sua responsabilidade o mau storytelling (apesar de tudo, normal para este tipo de contendas) e o pouco tempo de combate.






Total: ** 1/4

Combate pelo título Intercontinental
Curtis Axel (c) vs Kofi Kingston

“Vais ter um combate, é a seguir e é com quem eu encontrar primeiro no backstage”. Foi desta forma aleatória que se “inventou” o opener do Night of Champions. Excusado será falar nos malefícios de “no build” para o combate.

O começo da contenda no “chão” é sempre uma boa maneira de abrir hostilidades, principalmente se não há um ódio especial entre ambos os lutadores. Assim foi com estes dois, com Kofi a sair por cima, tendo Axel saído do ringue para se reajustar, beneficiando da mesma. Da prespetiva de psicologia de ringue é bom, mas pelo que houve antes, pela história de ambos os lutadores (Axel é bem mais técnico), não tanto. Seguiu-se o domínio de Axel, interrompido por um bom spot de Kofi que evitou chocar contra os escadotes quando enviado contra eles, aproveitando o balanço para deitar abaixo o seu adversário... porém, a reação de Kofi não se coaduna com o que se passou antes. Axel voltou ao comando, e bem, na minha opinião, principalmente após o Spear aplicado ao seu adversário quando este estava de cabeça virada para baixo num dos cantos do ringue, tendo conseguido mantendo-o sob o seu domínio com eficácia e credibilidade, vincando a sua posição da sua superioridade de uma forma lógica dadas as circunstâncias da sua personagem (heel). Bom spot usado para Kingston recuperar o domínio, apesar de alguma falta de sincronização o ter condicionado, depois disto teve um bom período de “babyface fire”, no qual o público aderiu bastante bem e que se aceita dentro daquilo que é o fio de história do combate. Depois disto, deu-se origem a um período sem um dominador definido e que também é lógico pelo que fora feito antes (nada que pudesse condicionar especialmente um lutador em termos físicos), com um S.O.S. que recebeu um grande pop, mas do qual Axel escapou  e ainda o finisher que terminou o combate.

Enfim, um combate sólido, uns furos acima do que se vê em Monday Night RAW’s e com um público bastante presente no mesmo que beneficiou a contenda em termos de psicologia de ringue.

Em termos de storytelling houve falhas aqui e ali mas que não foram graves ao ponto de se considerar mau.

A duração do combate podia ser um pouquinho mais curta, nomeadamente a partir do Boom Drop, assim como o entrosamento poderia ter sido melhor que o exibido entre ambos os lutadores (houve hesitações, nomeadamente quando se tratou de mudanças de domínio – após a sequência inicial no “chão” e quando Kofi executa aquele spot com auxílio das escadas).






Total: ** 3/4


Combate pelo título de Divas
AJ Lee (c) vs Natalie vs Naomi vs Brie Bella

A contribuição de AJ nesta storyline é preciosa, pelas boas performances no micro e pelo apelo que traz ao público, mas também por haver uma figura que é suposto o público  odiar no meio de toda esta equação. O facto de estarmos num período em que o Total Divas está a ser passado (e de três das participantes lá estarem presentes) também ajuda a chamar mais a atenção que o habitual pela familiaridade com as personagens envolvidas.

O início é algo positivo no combate, ou, pelo menos, lógico, já que foram as duas partes (anti-diva vs modelos do reality show) da equação que estiveram em confronto com vantagem para o lado para onde os números pendiam (1 vs 3),  ficando evidente a animosidade para com a actual campeã das Divas. Seguiu-se o domínio de Brie Bella, e a meu ver, bem. Gostei do trabalho que ela fez, assim como tudo o que se passou a seguir, apesar daquele Double Sharpshooter requerer uma maior dose de pancada nas duas divas deitadas para que fosse aplicado... contudo, dou crédito a Natie pela excelente execução! O final também foi credível, com AJ Lee a regressar e a aproveitar a oportunidade  de ter duas lutadoras desgastadas.

A psicologia de ringue foi um pouco pobre, mas já se esperaria isso de um combate de divas, contudo, acho que se lutou contra isso e as meninas merecem crédito por isso.

O entrosamento não foi o melhor, mas as performances de Naomi e Natalie devem ser assinaladas como algo positivo; Brie Bella não esteve tão mal como se lhe esperaria enquanto que AJ teve pouco trabalho para avaliar. Ou seja, individualmente houve boas prestações, mas lamenta-se não ter havido correspondência no “coletivo”, isto é, no cômputo geral do combate.






Total: * 3/4


Combate pelo título da WWE
Randy Orton (c) vs Daniel Bryan

É o combate que marca a atualidade da WWE. O homem que luta contra o poder instalado dentro da instituição onde batalha com o amor ao wrestling como motivação e o outro que nasceu em berço de ouro e a quem lhe foi dada a maior proeza da WWE de mão beijada. É difícil não nutrir simpatia por Daniel Bryan ou não odiar Randy Orton, pelo que há o inevitável big fight feel a rondar o combate com um dos lutadores a ser aquele que é declaradamente o favorito do público, algo que não acontecia há muito tempo num Main Event da WWE (no Summerslam, havia miúdos do lado de Cena, agora era tudo do lado de Bryan – dos 8 aos 80). O combate já tinha a adesão do público a beneficiá-lo antes mesmo de ter começado, o que se refleteria na psicologia de ringue do mesmo. Afinal, Bryan é o tal lutador que todo o fã queria adorar, vendo nele a escapatória aos ditames do corporativismo (encabeçado pela figura de Triple H), que impediam a consagração do seu favorito.

No que diz respeito ao storytelling, creio que há algumas falhas a apontar, e começa logo no “lockup” inicial que, no meu entender, nem deveria existir pelo ódio sentido por Bryan em relação aos que o renegam para uma posição abaixo da que ele merece, não se coaduna com a história anterior ao combate e quando assim se começa, sem a agressividade, a troca de murros e pontapés... a violência desejável, a credibilidade do combate sofre. Seguiu-se um bom período de domínio de Randy Orton que começou com um óptimo spot (apesar de aparatoso e de demorar algum tempo, aceita-se pela dificuldade de contra-ataque). Entraram em jogo as massas dos lutadores, a envergadura de ambos e, como seria de esperar, Orton superiorizou-se... a reação de Bryan a esta posição submissa, contudo, poderia ter demorado mais tempo a acontecer, seria quase matemático que isso acontecesse e que Orton fosse conseguindo ascendente no combate. Tal não aconteceu, lamenta-se, mas aceita-se. De resto, o combate foi dividido, mas contaminado com a irritante moda do underselling à beira do fim do combate – um lutador está presumivelmente esgotado do combate que leva, e apresenta mais energia do que aquela com que começou o combate! Suficiente, até, para não “vender” manobras importantes do seu adversário! Não é algo que me agrade do ponto de vista lógico, embora beneficie o combate em termos de psicologia de ringue. Foi assim que terminou, com Orton à beira da vitória, mas Bryan a deixá-lo KO (ou não... ou Não notaram a contagem rápida?) com o seu finisher.

Como referi acima, este combate já levava, antes de conter, enorme adesão do público. Todo ele estava emocionalmente investido neste combate, que beneficiava, em termos de espetacularidade, da mesma. Tudo somado – psicologia de ringue no auge... e com Daniel Bryan no ringue, isso fica ainda mais amplificado pela sua capacidade de interagir, de transmitir a energia com mensagens corporais únicas. Ou seja, a história ajudava, mas Bryan potenciou-a ainda mais e mesmo Randy Orton também pode recolher parte dos louros porque esteve bastante bem no papel de heel. A única coisa que prejudicou a psicologia de ringue foi a queda do àrbitro e o Yes Lock que se seguiu e não foi devidamente recebido. De resto, todos os highspots... ou melhor, todo o combate tiveram uma receção fantástica da parte do público.

Em termos de entrosamento, notou-se alguma falta de sincronização entre ambos. Exemplo gritante é o flip invertido de Bryan (quando chega ao canto do ringue) quase botchado devido a uma reação tardia de Randy Orton.

A duração do combate foi satisfatória. Não se pode apontar nada nesse aspeto, nem mesmo ao final, apesar de ter alguma falta de lógica no que diz respeito ao fio da história que se ia contando... 






Total: *** 1/2
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