Mac in Touch #54 - Night of Champions 2013 - Análise combate-a-combate (parte II)
Aqui está a segunda parte da análise do Night of Champions 2013. Não incluo o Main Event, já analisado na primeira parte, mas sim os restantes combates, nos quais se incluem uma boa contenda pelo título Mundial de pesos pesados e ainda um primor de psicologia de ringue dentro do combate handicap entre Paul Heyman e CM Punk.....
Aqui fica:
Night of Champions 2013 - Análise combate-a-combate
Combate pelo título Mundial
Alberto Del Rio (c) vs Rob Van Dam
O build-up para este combate não tinha muita solidez.
Resumia-se aos clássicos ataques de do heel (Del Rio) ao bom da fita (Van Dam) e
da demanda por glória da parte do segundo, assim como o orgulho ferido e a
resposta a esses mesmos ataques... ah!, e
o facto de Ricardo Rodríguez ter deixado Del Rio para se juntar a RVD,
mas isso, como se verifica, não foi algo que desse muito nas vistas. Contudo, o
facto de Van Dam lutar no seu estado natal, ajudou a que o público aderisse,
pelo que se acabou por atenuar um bocadinho a má preparação da contenda.
No que concerne ao storytelling, creio que se tratou de um combate sólido, com Van Dam a conseguir ultrapassar o domínio inicial de Del Rio com um conjunto de manobras credíveis que colocaram o adversário na posição de dominado. A inversão surgiu quando Del Rio puxou a cabeça de RVD contra as cordas, fazendo-o cair de costas no chão. Aqui houve algum overselling, mas como ADR conseguiu reforçar o domínio com mais ofensiva, aceita-se que isso tenha acontecido. Ou seja, o ponto de partida do combate não conheceu nada de anormal, nem mesmo o seu desenvolvimento tem muitas falhas a apontar, já que até o final se aceita pela “experteza” do heel, que foi atacando o braço e a cabeça do adversário, chegando ao ponto de usar o seu finisher e de não o largar para obter aquilo que queria – a retenção do título e um contendor perigoso com uma lesão.
Em termos de psicologia de ringue, tratou-se de um excelente combate. Havia um lutador da casa e o “outro”, o visitante. Notou-se a adesão do público e isso deixa transparecer que estamos perante um combate que deve ser visto, o que o torna melhor do que aquilo que seria numa arena apática. Contudo, achei algo repetitivo o uso e abuso dos polegares usados por RVD para interagir com o público... algo habitual nele, e que faz parte da personagem, mas que desgasta um bocadinho.
O entrosamento entre ambos também merece referência, na medida em que o combate correu com fluídez sem que se notassem manobras “ensaiadas”, com exceção de um Moonsault para fora do ringue mal calculado por RVD.
Reconheço que o final possa não ser do agrado do fã mais
àvido de ação, mas creio que se aceita perfeitamente em termos lógicos.
Total: *** 3/4
Miz vs Fandango
O combate vinha a ser construído com vários segmentos (os
quais nem me atrevo a classificar) entre ambos os lutadores, o que poderia ajudar
na prespetiva de ser uma rivalidade conhecida, mas não havia anúncio do combate
o que o prejudicou, mesmo tendo em conta a boa receção que Fandango obteve.
Miz surpreendeu pela positiva. Apresentou-se de forma algo
irritante, como costuma acontecer (principalmente desde que se tornou
babyface), mas conseguiu dar um bom seguimento ao combate, tendo um “parceiro
de dança” adequado. O combate seguiu um rumo lógico, com Miz a atacar a perna
do seu adversário para aplicar o seu finisher, e com este a vender o ataque
dele de forma bastante credível... apesar de ser um bocadinho contra-natura o
pontapé dado por Fandango enquanto favorecia a perna. Mas em termos de
storytelling, há pouco a apontar, e até mesmo no entrosamento e na dinâmica
entre os dois.
O problema deste combate esteve mesmo na sua psicologia de
ringue, porque o público esteve completamente afastado do mesmo. Chegou-se a
gritar “boring” e acredito que aquele não era uma combate que entrasse nas
contas dos fãs, que com certeza prefeririam ir para casa mais cedo do que
contar com este “bónus”. Não culpo tanto os lutadores por isto quanto a WWE pelo
rídiculo build-up para este combate, e creio mesmo que a companhia deve
carregar nos ombros toda a responsabilidade da ausência de entusiasmo da parte
do público que danificou e condicionou este combate de forma severa.
Total: * 3/4
Combate pelo título dos EUA
Dean Ambrose (c) vs Dolph Ziggler
Tudo começou no castigo a Ziggler por se ter manifestado contra
o tratamento dado a Bryan. Os Shield fizeram parte do castigo, e a partir daí
surgiu de forma natural uma rivalidade entre Ambrose e Ziggler. Quando assim
acontece, é melhor para o negócio e beneficia os combates relacionados com ele.
Para além disto, à semelhança de Bryan (ainda que com as devidas proporções), é
fácil para o público identificar-se com Ziggler na medida que este luta contra
o poder maléfico instaurado, que tem em Dean Ambrose um dos representantes (o
que o torna, consequentemente, odiável).
O combate foi bastante simples no que toca ao fio da
história que se queria contar. Domínio inicial do babyface travado pela “manha”
do heel, um comeback espantoso do primeiro, parado pelo segundo e capitalizado
em vitória pelo mesmo. Tudo o que se fez
foi bastante simples e eficaz e não há muito a apontar a não ser a reação
demasiado enérgica que deu origem ao “double down”, quando Ziggler se levantou
após estar sob o domínio do adversário e executou um Facebuster desde o topo
das cordas. Enfim, algo que custa a engolir mesmo com a justificação da vontade
incessante de vencer o “sistema”.
No que diz respeito à psicologia de ringue, estávamos
perante dois lutadores bastante acarinhados pela IWC e isso reflecte-se no
público, para além de haver uma ajuda dada pelo facto de a história que
antecedia a contenda estar na “periferia” da principal.
O entrosamento foi bom, como seria de esperar de dois
perfomers com qualidade in-ring assinalável.
O final foi bem gerido e creio que, do ponto de vista
lógico, se aceita, tal como o da espetacularidade pois já tinha havido um “tease”.
Total: ** 3/4
Combate pelos títulos de Tag Team
The Shield (Roman Reigns e Seth Rollins) (c) vs Primetime Players
Alguém tinha de enfrentar os Shield, e os PTP eram
provavelmente a equipa com mais credibilidade para o fazer depois das
sucessivas vitórias obtidas no Monday Night RAW, e até pelo “fuzz” criado à
volta deles coincidente com a “notícia” de um dos seus membros ter uma
orientação sexual. Para além disto, também os Shield eram vistos como figuras a
ter em conta pelas aparições nos fins das emissões da programação da WWE, mas é
inegável que estão mais fragilizados enquanto “seguranças” de Randy Orton,
Steph ou Hunter...
... e a prova disso foi a forma como foram recebidos – com muito
menos heat do que aquilo com que eram brindados há poucos meses atrás. A
psicologia de ringue, portanto, ficou ferida neste combate partindo dessa
perspetiva, mesmo tendo em conta o bom acolhimento do público para com os
Primetime Players.
Notou-se alguma falta de entrosamento entre ambas as
equipas, e o final do combate surgiu de uma forma um bocado ridícula, com o
àrbitro a assistir um lutador que não estava com o estatuto de “homem legal”
(Young) e que serviu de distração para Roman Reigns efetuar o Spear que ditaria
o final do encontro...
... uma grande falha (porque foi propositada) lógica que
prejudicou o storytelling. Isso e o hot tag que Darren Young efetuou com aquela
dualidade excitação/cansaço demasiado desequilibrada (e não me perguntem para
que lado porque nem eu percebi se ele estava mais cansado que entusiasmado ou
vice-versa mas nesse spot saiu tudo mecanicamente... mal).
Total: **
Para além disto, os “tease” constantes dados pela equipa criativa responsável à surra que Punk iria dar a Paul Heyman contribuíam ainda mais para que houvesse aquela iminência de algo espetacular acontecer, como se estivéssemos à beira do clímax na história...
... e os protagonistas não defraudaram! Punk atacou Heyman assim que pôde mas o facto de ter ido com muita sede ao pote custou-lhe o domínio no combate, o qual foi tomado por Axel , que tomou conta do mesmo de forma bastante credível, mostrando bons sinais de progresso. Depois, a superioridade de Punk veio ao de cima, que teve Heyman como presente a seguir e tudo correspondeu àquilo que se esperava, com exceção de alguma morosidade da parte deste a atacar Heyman (que poderá ser eventualmente justificada pelo facto de Punk querer aproveitar o momento), e até a interferência se justifica em termos lógicos, apesar de não ser muito credível a entrada de Ryback numa altura tão tardia no combate. Devo, também referir, em termos de storytelling, a adequação da violência às circunstâncias (combate sem desqualificações e animosidade entre ambos os lados).
Em termos de psicologia de ringue este foi um combate espetacular. Não só havia os antecedentes, a tala sensação de estarmos a atingir o pico das emoções na storyline, como ainda tivemos protagonistas ímpares no que diz respeito a expressões faciais e corporais. Heyman deu um autêntico show, uma performance que deveria estar nos livros de wrestling por entusiasmar tanto um espetador como um spot fantástico ou um finisher. A forma como vendeu a surra que Punk lhe deu é qualquer coisa de primoroso, assim como a satisfação mostrada pelo seu antigo protegido ao atacá-lo.
Combate de Eliminação Handicap 2x1
Paul Heyman e Curtis Axel vs CM Punk
Storylines que envolvam antigos melhores amigos dão sempre
bom resultado. É uma fórmula que se repete com sucesso no wrestling, e esta,
com protagonistas de eleição, não poderia fugir à norma.
Para além disto, os “tease” constantes dados pela equipa criativa responsável à surra que Punk iria dar a Paul Heyman contribuíam ainda mais para que houvesse aquela iminência de algo espetacular acontecer, como se estivéssemos à beira do clímax na história...
... e os protagonistas não defraudaram! Punk atacou Heyman assim que pôde mas o facto de ter ido com muita sede ao pote custou-lhe o domínio no combate, o qual foi tomado por Axel , que tomou conta do mesmo de forma bastante credível, mostrando bons sinais de progresso. Depois, a superioridade de Punk veio ao de cima, que teve Heyman como presente a seguir e tudo correspondeu àquilo que se esperava, com exceção de alguma morosidade da parte deste a atacar Heyman (que poderá ser eventualmente justificada pelo facto de Punk querer aproveitar o momento), e até a interferência se justifica em termos lógicos, apesar de não ser muito credível a entrada de Ryback numa altura tão tardia no combate. Devo, também referir, em termos de storytelling, a adequação da violência às circunstâncias (combate sem desqualificações e animosidade entre ambos os lados).
Em termos de psicologia de ringue este foi um combate espetacular. Não só havia os antecedentes, a tala sensação de estarmos a atingir o pico das emoções na storyline, como ainda tivemos protagonistas ímpares no que diz respeito a expressões faciais e corporais. Heyman deu um autêntico show, uma performance que deveria estar nos livros de wrestling por entusiasmar tanto um espetador como um spot fantástico ou um finisher. A forma como vendeu a surra que Punk lhe deu é qualquer coisa de primoroso, assim como a satisfação mostrada pelo seu antigo protegido ao atacá-lo.
Em termos de entrosamento, foi o possível. Quando estiveram
Axel e Punk, houve boa dinâmica, mas quando entrou Heyman não se notou tanta
fluídez... mas também não se pedia isso a alguém que não está em forma e nem
sequer treinou para ser wrestler profissional.
Total: ***