Mac in Touch #55 - "Punk em Chicago"
Sejam bem-vindos a mais um Mac in Touch. Este, confesso, chega mais ao romantismo e à lírica, já que o assunto é algo que, quando acontece, tem marcado a indústria do wrestling de forma bem positiva. É já uma referência, uma marco e deve ser devidamente assinalada. Eu tento reconhecê-lo da maneira que penso fazer melhor....
Por favor, aceitem a minha sugestão e acompanhem a leitura do artigo com o àudio deste vídeo em loop.
Punk em
Chicago
Sabem como são os regressos a casa. Somos acolhidos com todo
o carinho com o qual não fomos presenteados durante a nossa ausência. A família
e os amigos saúdam-nos de forma quente e amorosa, e sentimo-nos a peça que
faltava no puzzle ou, pelo menos, parte dele. Entramos harmoniosamente no seio
dos que gostam de nós, porque sentimos as dores deles e eles as nossas, porque
glorificamo-nos com as vitórias deles e eles babam-se das nossas.
São muitas as ocorrências desta natureza, em que o filho pródigo regressa. Provavelmente estarão a acontecer neste momento em que vocês passam os olhos pelo Mac in Touch! Junta-se, com sorte, a meia dúzia de almas para acalentar o espírito de quem regressa.
Algo do género surgiu, na madrugada de terça-feira (horário
português) do outro lado do Atlântico, quando Phil Brooks pisou o piso
glorificado da gigante All State Arena. Não recebeu o calor de uma ou outra
identidade, nem da meia-dúzia que uma pessoa normal consegue ter quando retorna
ao local onde cresceu. Foram 18 mil gargantas a gritar por ele (ou pelo seu “pseudónimo”
– faz todo o sentido fazer-lhe este elogio, afinal trata-se de alguém que
encarna a personagem como uma extensão dele mesmo), como que a recebê-lo de
volta. Era o seu conterrâneo, o menino que ali cresceu e se revoltou para a
vida, alguém a quem é impossível ficar indiferente na àrea metropolitana de
Chicago... afinal de contas, é o
representante maior da cidade da “Windy City” no que diz respeito ao wrestling
e, felizmente!, um bom representante do wrestling nesta zona.
A maneira como foi recebido dispensa descrição, e apela ao
arrepio de quem sabe sentir. 18 mil vozes em uníssono, em comunhão de vontades –
vê-lo. Teve uma das maiores reações que um atleta da WWE teve este ano, e a
promo que fez, por consequência, tornou-se em mais um “must-see” que estará
entre as melhores do ano quando se fizerem as respetivas retrospetivas.
É certo que pegou num assunto fácil de “vender” ao público e numa altura oportuna (a épica conquista da Stanley Cup por parte dos Chicago Black Hawks está fresquíssima nas retinas locais), mas duvido que a reação fosse muito menos ruidosa que aquilo que foi.
O wrestling tem certas subtilezas, certas coisas que não se
explicam muito bem mas que nos atraem e nos agarram ao desporto, e que nos fazem
esquecer a carência de lógica, as expressões ridículas ou o mau booking...
porque perduram no tempo, fazem sentido (mesmo sem muita explicação) e são-nos
familiares. A streak de Undertaker na Wrestlemania é um exemplo forte disso
mesmo – nunca é repetitivo vê-lo vencer porque temos espetáculo garantido e o
privilégio de assistir à construção de um legado, com tudo o que isso
significa. Punk em Chicago começa a ser uma tradição desse género, por todos os
sentimentos que a euforia das pessoas que recebem o seu conterrâneo consegue trazer
a monitores, colunas e auscultadores espalhados por esse mundo fora.
Ainda bem.