Slobber Knocker #72: Ele há coincidências do caraças... (Parte 2)


O mês de Setembro aproxima-se do fim e dou-vos as boas-vindas ao último Slobber Knocker desse mesmo mês. O mundo actual do wrestling continua a dar que falar, em qualquer companhia que seja, com boa televisão a chegar a nós a nível semanal. Podia pegar em algo que tenha acontecido no decorrer desta última semana. Mas faltou inspiração para puxar um tema que me desse vontade de escrever.....

Logo faço o que gosto de fazer várias vezes, que é pegar em temas que já abordei anteriormente e dar-lhes uma continuação. Temas intemporais que dêem para uma habitual olhadela de curiosidade e que dê para entreter por essa mesma natureza curiosa. Tendo em conta que tive um feedback positivo para o artigo que apresentei sobre coincidências e retrospectivas que apresentavam algo de cómico ou macabro... Aqui fica uma continuação com mais casos interessantes.

Se vir que tenho mais bom feedback e que arranjo mais histórias, talvez continue com isto. Para já, um punhado de histórias para ver se vos mantém entretidos.

Bom olho para o talento, Bischoff!


Esta deve ter doído! Temos que recuar bastante no tempo e olhar para a WCW e para o seu domínio e supremacia em relação à WWF, algo impensável nos dias de hoje. Por essa altura, Eric Bischoff tinha a ambição de conseguir derrotar a WWF nas Monday Night Wars de forma definitiva e acabar com o reinado de Vince McMahon como líder da indústria do wrestling, a nível nacional e internacional. Com isso, tinha que ter os olhos bem abertos para o negócio.

E uma área onde tinha que ter bastante atenção era no talento. Bischoff tinha que ter a certeza que tinha bons homens a contar as histórias em TV e a dar os combates em ringue que mantenham o espectador preso e que ganhem ainda mais fãs à WWF. Tinha que olhar para o futuro e tinha que procurar no seu midcard e lowcard as estrelas que segurassem a companhia no futuro. E havia ali um que até fazia as coisas muito bem, até tinha carisma, até era porreiro em ringue e até estava over com o público. Mas por alguma razão faltava-lhe o factor X. Não estava completo por alguma razão. Não era mau, mas Eric Bischoff não via nele potencial de uma estrela e então decidiu dispensá-lo. E mandou-o embora. Mandou embora um tal de... Steve Austin.

Esse nome não nos é estranho, portanto é possível que ele tenha tido algum sucesso mínimo, porque é-nos familiar. Será pela sua curta carreira na WCW que ainda conseguiu colocar-se suficientemente nos mapas? Ou será porque depois saltou para a competição e encabeçou a era que viria a voltar a colocar a WWF no topo e a enterrar a WCW por completo nas Monday Night Wars? Será porque esse tal Steve Austin conseguiu tornar-se uma das maiores lendas na modalidade e garantir um lugar no Hall of Fame e ser um dos Superstars mais adorados e mais bem recebidos de sempre? Acho que é mais por aí. E é aqui que nos entalamos um pouco ao pensarmos que Eric Bischoff dispensara Steve Austin porque não via nele potencial para uma estrela... Teve que doer...

Não tenho a total certeza, mas reza a história que Bischoff dispensou Austin para poder dar lugar ao Superstar que ele achava que sim tinha um belo futuro brilhante... Alex Wright. É certo que todos hoje conhecemos a dança e já todos a tentamos no chuveiro... Mas volto a dizer... Tem mesmo que doer!

E já que se fala em Steve Austin, pode-se mencionar outro curioso caso que se deu quando este passeava pela ECW. Numa atitude totalmente Heel, aponta um gesto obsceno a um fã na plateia. Com isto, o inocente comentador  Joey Styles, afirma que ele não ia ganhar muitos fãs, se continuasse a apontar aquele dedo do meio, nem conseguiria construir uma vida à volta daquilo... Oh tão doce que é a ironia...

Daniel Bryan e as "rapidinhas"!


Vá, não pensem noutras coisas com este título. Mas disse inicialmente que o artigo não se debruçaria sobre assuntos actuais, mas afinal menti e ainda há aqui algo do presente com uma ponte a um curioso facto do passado. Após o Night of Champions, Daniel Bryan tem vindo a ser acusado de conspirar com o árbitro Scott Armstrong de fazer batota no final do combate, com uma contagem rápida. A contagem é inegável, foi rápida e nós apercebemo-nos disso enquanto assistíamos, a parte que não devemos acreditar é a de que Bryan está directamente envolvido nisso.

Mas afinal... Que relação tem Bryan com as contagens? É certo que nas indys, ele era o homem que fazia questão de lembrar o árbitro que ele tinha até 5 para romper uma manobra, mas não é só esse o paralelismo que se pode fazer. Teremos que recuar um ano e pico até aos tempos em que Daniel Bryan era Heel e não o Face de topo que é agora - mas, curiosamente, na altura em que começou a ficar assustadoramente over. Bryan rivalizava com Sheamus, naquela feud que envolveu aquele fiasco de combate. E, para lhe lixar a vida e, aproveitando que Sheamus estava de castigo, sem poder tocar num árbitro... Bryan ia aproveitar para fazer asneiras.

O que é que acontece? Assim que vê Sheamus debaixo do adversário - que, creio que fosse Mark Henry, não tenho a certeza, reforcem-me aqui - Daniel Bryan despacha uma contagem de 3 no tempo em que dá para contar até... 1. Tudo isto para atiçar Sheamus, mas não deixa de ser curioso que o homem que agora anda a negar que conspirou uma contagem rápida... Já fez uma por própria mão. Até aldrabou as imagens, colocando-as em câmara lenta.

Foram bons tempos... Mas contagens rápidas já não fazem parte do perfil ético de Daniel Bryan. E continuidade não é algo que costume fazer muito parte do mundo do wrestling, portanto... Não há nada a questionar actualmente...

Quão longe irá o Blue Blazer?


Agora passo para um caso mais macabro e muito infeliz de se olhar em retrospectiva. Daqueles que podem causar um baque no peito se pensarmos muito no assunto. E a história à qual se faz ligação também já consta na primeira edição deste artigo, logo são demasiadas coisas a coincidir com um episódio tão negro da história do wrestling como aquele.

Teremos que recuar um bom bocado no tempo para 1989 e para uma rivalidade entre Ted DiBiase e o Blue Blazer. A feud parecia ser intensa, pois havia bastante heat entre ambos ao ponto de cada um se querer levar ao limite para derrotar o outro. E chegavam a dizer coisas que não deviam. Especificando no Saturday Night's Main Event, Blue Blazer afirmou as loucuras que seria capaz de fazer para derrotar Ted DiBiase, na atitude do "dar tudo". E o que mais se salientou é que ele dizia que seria capaz de... Saltar das traves, para derrotar Ted DiBiase.

Primeiro, tal afirmação é de cortar a respiração por nos fazer lembrar um horrível episódio da história do wrestling. Segundo, ainda se torna pior sabendo que não dá para entender muito bem a intenção, tudo bem que queria demonstrar que faria qualquer coisa, mas vejo pouco efeito no adversário, nessa dita manobra. E terceiro e o pior... Tenho-me referido a ele sempre como Blue Blazer, já muitos devem saber mas podem haver outros mais distraídos que podem não se ter apercebido que Blue Blazer é... Owen Hart.

Exacto, a única coisa que podia ser pior que uma afirmação que nos fizesse lembrar o trágico episódio da morte de Owen Hart, seria se tal frase fosse dita pelo próprio Owen Hart. Arrepiante. Li quanto a isto e não cheguei a assistir ao excerto que inclui esta promo, mas com certeza que será algo difícil de se assistir hoje em dia...

Wrestling vs Grunge?


Houve ali um momento na primeira metade da década de 90, em que a música sentia um abanão e um estilo de música que representava bem a raiva adolescente era moda pelas tabelas fora. A era do Grunge estava instalada e com ela trazia os Nirvana e os Pearl Jam a encher as rádios, as TV's e a encabeçar tabelas de vendas. Tinha qualidade e ainda hoje é recordada e as bandas que representavam o género ainda hoje são lendárias. Uma moda boa, mas não deixou de ser uma moda. Logo é claro que a WWF não podia deixar tal passar e tinha que criar um personagem baseado na cultura do Grunge.

Rad Radford era o nome do indivíduo que foi introduzido à WWF em 1995 como um grande fã do Grunge e representando o género no seu estilo visual. Sim, já veio um ano mais tarde, mas ainda dava para sugar qualquer coisa dali. Sempre veio mais a tempo que o Disco Inferno, que andava a dançar do outro lado da estrada. A sua gimmick não só mostrava apreciação e fanatismo pelo estilo de música mas ainda tinha pormenores bizarros, como a parte em que afirmava que era namorado de Courtney Love - no caso de isto passar ao lado de alguém, trata-se da líder das/dos Hole e viúva de Kurt Cobain.

Até aí tudo bem, era uma gimmick, não tinha por que ser má de todo. Os primeiros problemas deram-se com a sua demissão da WWF, causados por um ataque que teve origem numa overdose de esteróides e a companhia tinha acabado de sair de um escândalo envolvendo substâncias. Ainda trabalhou na ECW e na WCW com nome e gimmick diferentes e foi nesta última que se deu a tragédia. Nova overdose e a esta não resistiu, Radford teria uma morte muito semelhante a algumas estrelas do Grunge como o caso de Layne Staley, falecido vocalista dos ressuscitados Alice in Chains e até mesmo Kurt Cobain, apesar de ter causado a sua própria morte a tiro, tinha drogas no organismo suficientes para o matar.

Pronto, podem contestar facilmente contra isto e achar que não é nada de especial. Se há morte mais partilhada por estrelas de Rock e wrestlers, é por overdose. Nada de novo. Talvez tenham que se olhar a mais pormenores para encontrar ali uns factores curiosos. A trágica morte do lutador deu-se quando este era ainda um jovem de 27 anos... Mesma idade com que Kurt Cobain morrera 4 anos antes - isto deu-se em 1998, já bem depois da sua estreia - assim como muitos outros "Rockstars", formando um estranho "clube dos 27" que já muito foi falado. Se juntarmos ao facto de terem inventado aquela história de ter um relacionamento com Courtney Love... É caso para achar que queriam moldar Radford demasiado como Cobain e acabou por ir buscar-lhe umas influências menos boas...

E que é que o Ziggler anda ali a fazer metido?


Para concluir, a única história que apresento até nem tem assim tantas coincidências, mas tem uns pormenores curiosos. Engraçados até, mesmo que lide com assuntos delicados e obscuros. Isso nem sempre é bom, mas relaxemos. Afinal o que é que o Ziggler fez? Coitado, não fez nada, só andava a ser muito posicionado ao lado de uma certa família.

Todos nós nos lembramos de um mau momento na história da WWE em que Chavo Guerrero andou a encobrir a sua origem Mexicana e interpretou uma personagem de estereótipo caucasiano de classe média e conservador, de seu nome Kerwin White. Uma maneira diferente de fazer uma gimmick racista, os caucasianos ainda não tinham sofrido. É claro que piorou com a sua catchphrase "If it's not White, it's not right!" e os seus insultos perante lutadores de outras raças mas isso é outra história. Quem importa aqui até é o mocito que lhe andava a carregar os tacos de golfe, o caddy, de seu nome Nick Nemeth - sim, o golfe é um perfeito estereótipo de "white guy", ténis não ia mandar tanta pinta.

Já todos sabemos quem é Nick Nemeth hoje, mas esta sua gimmick não foi muito longe. Principalmente quando outro dos momentos mais trágicos da história do wrestling se deu e Eddie Guerrero nos deixou. A gimmick de Kerwin White foi abortada e Chavo Guerrero retornou aos nossos ecrãs. Nada para fazer com Nemeth então. Até que ele regressaria mais tarde - já pela terceira vez - como Dolph Ziggler... um homem que acabaria por se envolver com Vickie Guerrero, viúva de Eddie. Não só voltou à família como ainda se foi ali meter num sítio perigoso.

Quão engraçado será pensar que aquele criado de Chavo Guerrero... Viria a integrar a sua família e num posto mais alto? Quão engraçado será imaginar Ziggler a dirigir-se a Chavo com ar de troça a dizer que é o novo tio dele e agora ele é que lhe ia andar a carregar os sacos? E quão menos engraçado será pensar num Ziggler a aproveitar um acontecimento tão trágico para isso? Foi tudo por mero acaso e, se reconfortar o Chavo, ele pelo meio ainda teve que ser um cheerleader, portanto custou. Mero acaso, mas torna-se curioso pensar nas coisas assim. Ainda para mais tendo em conta a sua atitude de "Show Off"... Não lhe quer esfregar mais isso na cara?

Pronto, uma história não tão interessante e não tão "hindsight", mas achei que se adequava e achei que até servia para fechar o artigo. Só cinco exemplos, espero que não tenha sido pouco e, no caso de não quererem isto, espero que não tenha sido muito. Se vir que encontro mais histórias destas e que vocês continuam a dar um bom feedback, lá haverá alguma altura em que possa resgatar isto. Feedback é o que importa, logo estão totalmente à vontade para comentar sobre estas histórias, a relevância dos acontecimentos, se as associações são disparatadas, se não devia ter feito isto de novo, etc etc.

O plano é estar cá de novo na próxima semana e farei para que assim o seja. Até lá, boas entradas no mês de Outubro para todos.

Cumprimentos,
Chris JRM

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