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The One: Mayeather vs Canelo - Antevisão + Pesagens


O UFC deu uma trégua neste fim-de-semana. O motivo é óbvio. Sábado é o dia mais importante nos desportos de combate no ano de 2013, talvez do presente século. A MGM Grand Garden Arena de Las Vegas, Nevada, será palco de um confronto de gerações entre dois pugilistas invictos e de um explosivo duelo entre dois dos mais empolgantes lutadores da actualidade....

No combate principal, o americano Floyd Mayweather Jr, melhor boxeador das últimas décadas, encara o mexicano Saúl “Canelo” Álvarez, jovem que pretende tomar de “Money” o posto de número um do mundo peso-por-peso. O duelo valerá a unificação dos cinturões mundiais dos médios-ligeiros da WBA (em posse dividida entre os dois e Erislandy Lara) e do WBC (cujo dono único é Canelo), mas será disputado em peso combinado de 152 libras (68,946 quilos), duas libras abaixo do limite da categoria.

Para ajudar na tentativa de quebra do recorde de venda de pay-per-view, os promotores agendaram para a luta coprincipal um dos confrontos mais explosivos da temporada, a disputa dos cinturões WBC e WBA da categoria dos superleves entre o campeão Danny Garcia e o desafiante Lucas Matthysse, campeão intercontinental WBC da divisão. O vencedor deve se consolidar como o número um da categoria na actualidade.

Floyd Mayweather Junior (EUA) vs Saúl Álvarez (MEX)

Mayweather é um sujeito com duas facetas opostas e igualmente sedutoras. Arrogante, marrento, capaz de torrar rios de dinheiro em farras e apostas (e ainda posta fotos nas redes sociais ao lado de pilhas de dólares). Envolvido em casos de agressão contra homens e mulheres, já foi sentenciado a serviços comunitários, pagou alguns milhares de dólares de fiança e cumpriu 90 dias de cadeia no ano passado. Sua loja online, The Money Team, vende camisetas com estampas que reflectem o Mayweather way of life, estampando seus iate e jato particulares – a mais recente diz “MONEY POWER RE$PE₵T”. Floyd é um dos maiores vilões que o boxe já viu.

Por outro lado, o ex-”Pretty Boy” foi campeão mundial oito vezes, de superpena a médio-ligeiro (actualmente ostenta cinturão nos meios-médios e médios-ligeiros). Medalhista olímpico em Atenas, seis anos após Canelo nascer. Melhor lutador no ESPY Awards de 2007, 2008, 2010 e 2012; da Ring Magazine em 1998 e 2007. Número um peso-por-peso de qualquer ranking que se preze. Atleta mais bem pago do mundo em qualquer modalidade, em qualquer época. Floyd é um dos maiores génios que o desporto já testemunhou.

Agora junte os dois parágrafos acima. Ficou fácil entender porque Mayweather é o maior vendedor de pay-per-view da história dos desportos profissionais de combate, certo? E também justifica a bagatela de US$41,5 milhões paga como bolsa garantida, o maior salário de um atleta de qualquer modalidade, em qualquer época, para uma única apresentação. Ame-o ou odeie-o, difícil é ficar neutro em relação a Floyd.

Para se tornar o principal boxeador de sua geração, Mayweather desenvolveu um praticamente impenetrável sistema defensivo baseado na rotação de ombro, sua principal característica. Ele se torna uma arma mortal por juntar a defesa com a precisão cirúrgica nos golpes, especialmente no contra-ataque, e o condicionamento físico que não encontra par no desporto. Floyd desenvolveu ao longo dos anos uma armadilha onde o adversário sofre se resolver atacá-lo ou se deixá-lo tomar conta do ritmo do combate. É o famoso “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come” na nobre arte.

Aos 36 anos, Money obviamente já não tem mais o ritmo de dez anos atrás, mas ainda assim desloca-se com incrível naturalidade no quadrilátero. Com 1,73m de altura e 1,83m de envergadura, seu cartel é perfeito, com 44 vitórias em igual número de lutas, sendo 26 por nocaute. Depois de tantos problemas com o pai, o pugilista voltou a ter um bom relacionamento e a treinar com Floyd Mayweather Sr., o homem por trás do sistema defensivo do génio.

Não faz muito tempo que Canelo era um dos menos valorizados campeões mundiais. Nem tanto pela pouca idade (20 anos recém completos na época), mas pela falta de profundidade no cartel de 39 vitórias e um empate. Até que o jovem mexicano encarou uma trinca de primeira linha. As boas vitórias sobre Shane Mosley, Josésito López e Austin Trout deram a Álvarez não só o reconhecimento dos críticos como a primeira posição entre todos os médios-ligeiros e o direito de enfrentar o maior pugilista do planeta.

Hoje, Canelo é considerado o principal nome da principal nação do boxe, principalmente com a carreira de Juan Manuel Márquez chegando ao fim. Fisicamente muito forte, com um estilo corajoso e agressivo, Álvarez não costuma encontrar problema para se impor no ringue e ditar o ritmo dos combates (característica que dificilmente valerá neste sábado). Ele possui combinações versáteis e potentes, variando os ataques entre a cabeça e o corpo. O mexicano desenvolveu um híbrido do jab que praticamente vira um gancho alongado de esquerda, muito mais poderoso que o golpe preparatório. Este golpe pode abrir espaço na rotação de ombro de Mayweather, caso o americano gire para o lado esquerdo do oponente, permitindo que o mexicano entre com seu violento direto de esquerda.

Aos 23 anos, o mexicano é muito maior que o rival de sábado. Enquanto Mayweather anda por aí com peso abaixo do limite da categoria de baixo, Canelo precisa cortar de 78 para 69,8 quilos (68,9 para o duelo contra Floyd). Como o americano não vai sequer bater o peso, é provável que Álvarez suba ao ringue com dez quilos de vantagem. Saúl é dois centímetros mais alto que Floyd, mas tem alcance três centímetros mais curto. O mexicano subirá ao ringue de Las Vegas ostentando cartel invicto de 42 vitórias e um empate, com 30 triunfos por nocaute.

* * *

Canelo tem dois caminhos para tentar chocar o mundo. Como ele não tem a técnica apurada de alguns oponentes batidos por Mayweather, mas bate mais duro do que a concorrência que Floyd encarou, o jovem mexicano pode tentar acertar uma pedrada definitiva no primeiro assalto, enquanto o americano ainda está na tarefa de análise – ainda que pegá-lo desprevenido seja algo pouco provável. Qual a chance disso acontecer? Bem, Mayweather jamais foi a knockdown em toda a carreira profissional e foram raros os lutadores (e em ainda mais raras oportunidades) que conseguiram acertar um golpe limpo no queixo do americano. Ou seja, melhor esquecer esta possibilidade. Como eu sempre falo, se a única ferramenta contra um sistema defensivo do calibre de Mayweather é acertar um Hail Mary, é melhor nem sair de casa.

O que faz desta luta algo muito aguardado é o fato de Álvarez ainda ter outro caminho, um pouco mais claro (ou menos árduo), para vencer. Seu estilo brigador e corajoso, de óptimo trabalho contra o corpo, é sob medida para tentar (frise-se o tentar) pressionar Mayweather na curta distância contra as cordas. Neste momento, não importa a rotação de ombro do americano, Canelo tem que descer o sarrafo em alto volume, acertando o que quer que esteja à sua frente – tórax, braço, abdómen -, a fim de minar Floyd. Victor Ortiz e Zab Judah chegaram a dar trabalho a Mayweather assim. Para tanto, o garoto terá que mostrar um condicionamento físico que ainda não exibiu. Cortando um quilo a mais que o de costume, talvez Canelo não aguente o ritmo da missão.

Ainda não estava na hora deste combate. Mas, devido aos 13 anos de diferença entre ambos, era agora ou nunca. Muitos podem imaginar que a actuação abaixo da média no último combate, contra Robert Guerrero, teria exposto um Mayweather já decadente. É bom lembrar que o americano vinha de um ano de inactividade e estresse referente ao julgamento e à prisão no meio de 2012. Agora, a própria luta contra Guerrero, em maio, já serviu para recolocar Floyd novamente no ritmo.

Saúl não está maduro para conseguir o improvável e será mais um a ser capturado pela armadilha de Mayweather. O lendário contragolpe do americano irá pouco a pouco acabar com a confiança de Canelo e transformar os quatro ou cinco últimos rounds num passeio de Floyd, que anotará outra vitória por decisão unânime.

Antevisão original de MMA-Brasil 

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A cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos, foi completamente tomada pela febre "The One", o evento que coloca frente a frente dois dos maiores boxeadores da atualidade, Floyd "Money" Mayweather Jr. e Saul Canelo Alvarez, no MGM Grand, neste sábado, pelo título mundial da categoria meio-médio. Com ambos lutadores invictos na carreira, o duelo promete e, na pesagem, nesta sexta-feira, já deu para sentir como será a atmosfera dentro da arena durante a batalha.

Sob os olhares de cerca de 12 mil fãs, o americano e o mexicano subiram na balança. Para Mayweather, ela indicou 151,5 libras (68,71 kg). Canelo ficou no peso combinado: 152 libras (68,94 kg). E foi ele quem ganhou mais carinho das arquibancadas.

O lutador, que parece mais um europeu por conta do cabelo ruivo e das sardas, foi festejado desde a entrada pela imensa massa mexicana que toma Las Vegas durante a semana do evento. Com direito a mariachis tocando canções do país  e uma verdadeira festa de bandeiras, camisas, faixas e perucas vermelhas, até mesmo muitos americanos foram contagiados e gritaram o nome de Canelo.

 - Fiquei bem tranquilo, me preparando bem com relação ao peso. Faço as coisas bem, sou responsável, não me custou nada chegar ao peso. Me sinto muito contente e orgulhoso de representar toda essa gente, é importante para mim, sou honrado de ser mexicano e quero dar a eles a vitória como reconhecimento - disse, terminando seu discurso com a expressão "I was born ready" (do inglês, "Eu nasci pronto"), mesmo sem falar o idioma, para delírio dos fãs.

Outro momento que levou a arena abaixo foi quando Mayweather ofereceu o cinturão para Canelo segurar junto com ele. O mexicano ignorou, virou as costas e foi beber um isotônico. A torcida vibrou. "Money" ficou rindo e, em seguida, levantou o cinturão por cima da cabeça.

- É a maior pesagem na história. Sabe como essas crianças novas são (em referência ao fato de Canelo não ter pego o cinturão quando Mayweather o ofereceu). Eu já estive aqui antes, eu sei bem como é. No sábado à noite, vocês vão ver. Nas próximas 24 horas, vou relaxar, assistir ao futebol americano de qualidade e é isso, não estou preocupado. Eu quero agradecer aos meus fãs. Estamos quebrando recordes, o que posso dizer? - comentou o atleta mais bem pago do mundo, com faturamento anual de U$S 85 milhões (R$ 196,35 milhões).

Diferente de Canelo, que entrou na arena com uma música típica mexicana, Mayweather caminhou com um hip hop ao fundo. De boné e o uniforme do "The Money Team", ele deu saltos e fez alongamentos no palco antes de subir na balança, cumprimentou os torcedores e abriu um largo sorriso.

A multidão de jornalistas para conseguir uma boa foto ou chegar perto dos boxeadores era tão grande que muitos trocaram empurrões perto do palco. Na encarada, Mayweather mascava um chiclete e sorria com a boca aberta, quase colado no rosto de Canelo, que mantinha um sorriso mais discreto.

A diferença é que "Money", de 36 anos, já lutou com diversos campeões, enquanto Canelo, de 23 anos, pegou adversários menos conhecidos. Além disso, Mayweather ainda tem uma medalha de bronze olímpica, de 1996, quando ainda era amador no esporte.

Antes de "Money" e Canelo entrarem em cena, foram apresentados todos os lutadores da Mayweather e da Golden Boy Promotions. Depois, o mestre de cerimônias chamou um a um os boxeadores que vão fazer as lutas preliminares deste sábado, como Ashley "Treasure" Theophane e "El Demoledor" Pablo Cesar Cano, que se estranharam após o britânico não cumprimentar o mexicano. A torcida vaiou demais a atitude do boxeador e não o deixou nem dar sua declaração.

Mais tarde, foi a vez de Danny "Swift" Garcia e Lucas "The Machine" Matthysse. Na entrada do americano, seu pai, Angel Garcia, chamou a atenção dançando hip hop. Danny ficou preocupado ao subir na balança e ela indicar 141,5 libras (64,18 kg). Mas a segunda pesagem marcou 140 libras (63,50 kg), o que causou estranhamento nos jornalistas presentes, e ele foi liberado, assim como seu adversário.

- Eu acho que na hora em que fui pesar tinha muita gente ali perto da balança, mas está tudo bem - explicou Garcia.

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