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Wrestling Analysis #17 - Night of Champions - O problema do undercard...


» Acabadinhos de sair do Night of Champions, vários membros da comunidade do wrestling sentem-se desapontados com o evento de domingo passado - no entanto a culpa tem sido atribuída aos lutadores e à forma como acabaram alguns dos combates, do que aquela que para mim é a principal razão, e sinto-me confiante que no final deste artigo grande maioria de vocês irão concordar comigo... 

O Night of Champions 2013 foi promovido à volta de dois combates principais, com especial ênfase no evento principal de Randy Orton e Daniel Bryan. Até aqui, um pode assumir que tudo está bem, afinal de contas o SummerSlam 2013 seguiu a mesma formula - mas há uma grande, grande diferença: os combates preliminares (undercard). Este tema em especial pode ser-se bastante debatido, mas um não pode negar a importância destes combates para o decorrimento do evento inteiro, afinal de contas o preço deste pay-per-view continua na mesma casa dos $50 dólares, e estamos a pagar por três horas de wrestling, não apenas quarenta minutos de dois combates altamente promovidos. 

Analisemos exemplos de como um opener pode facilmente tornar um evento interessante em cartaz, num evento especial e muito bom. Analisemos o caso dos Money In The Bank - quando foi a última vez que uma plateia/espetadores em casa estiveram a "dormir" durante o decorrer desse evento? Dificilmente iremos encontrar exemplos desde a criação do pay-per-view, especialmente porque a estipulação é adorada pelos fãs, mas mais do que isso os combates costumam ser brutais e deixam-nos simplesmente com vontade de ver mais, e mais... 

Vince McMahon uma vez disse ao lendário mexicano Tito Santana quando este abriu a WrestleMania I: "A razão para estares nesta posição é porque o primeiro combate é uma situação de vida ou morte para a WWF e eu preciso de alguém que vá para aquele ringue e ponha as pessoas entusiasmadas e excitadas para mais, e não me ocorreu ninguém melhor do que tu para isso." 


Como podem ver o combate de abertura é essencial para os eventos de wrestling, seja de que companhia for, e seja onde for. O Night of Champions começou de forma fraca no pre-show, com um multi-combate em que se trabalhou um "spot" forçado e apressado e onde alguns nem um minuto duraram. Para piorar a situação, o evento pelo qual gastaste dinheiro começa com uma entrevista em ringue a bater na tecla do mesmo mês e há qual já fomos sob-expostos, para acabar claro, num combate sem história e nunca promovido para os fãs. Seguido disto, para choque do mundo todo temos o combate das Divas - que com todo o seu mérito tem alguma história por trás, mas no momento certo, a performance é fraca e ao final de uma hora e meia (com o pre-show) os fãs não encontraram razão alguma para ficarem excitados ou entusiasmados, especialmente porque estes nunca tiveram qualquer foco na programação da WWE que se dedicou 90% a promover o seu evento principal. 

Entendam que até ao quinto combate, incluindo o titulo mundial, a storyline por detrás de todos é praticamente nula e não há senso para julgar um lutador ou para me sentir entusiasmado por algo que não vou entender completamente. Isto conta aqui com duas horas pessoal, duas horas da mais fraca qualidade porque a WWE no último mês decidiu retirar todo e qualquer foco aos seus lutadores abaixo do main-event. Por isso para choque de ninguém, os últimos combates envolvendo os The Shield, Dolph Ziggler e os Prime Time Players receberam fracas reacções da plateia em Detroit - afinal de contas apenas CM Punk, Curtis Axel e Paul Heyman lhes tinham feito valer o preço do bilhete e por esta altura, a maioria já só quer avançar para o prato principal e ir embora. 

» COMPARAÇÃO AO SUMMERSLAM 2013 

» Vejamos exemplos que possam sustentar esta tese: o SummerSlam 2013, facilmente o melhor evento deste ano da WWE, contou com um cartaz preliminar de: 

- Rob Van Dam vs. Dean Ambrose - US Championship 
- Bray Wyatt vs. Kane - Ring of Fire 
- Cody Rhodes vs. Damien Sandow 
- Alberto Del Rio vs. Christian - World Championship 

Todos estes estão por ordem pela qual foram expostos aos fãs, por um lado tivemos Rob Van Dam a abrir o evento com um membro dos Shield no pre-show. Por esta altura Rob Van Dam ainda era o "veterano regressado", ainda era digamos novo e os fãs só queriam vê-lo, nem que fosse a jogar xadrez, por isso dito e feito, Rob Van Dam recebe uma das maiores ovações da noite, seguido por um combate de cerca de 13 minutos que deixou os fãs a gritar "This is awesome!" perto do seu final. Bray Wyatt é a personagem mais bem conseguida dos últimos cinco anos na WWE, altamente promovida e a sua história com Kane tinha sido até à altura um dos grandes focos da programação - o combate foi fraco em si, mas o entusiasmo pela nova personagem e pela estipulação uma vez mais manteve o interesse dos fãs para o que vinha a seguir. 

Damien Sandow e Cody Rhodes tinham andado embrulhados numa rivalidade bastante interessante, chegando até a fechar o SmackDown por múltiplas vezes - os fãs queriam ver este combate independentemente do que viesse. A performance de ambos é saisfatória, e neste momento já nada vai por os fãs a dormir, porque uma hora passou e a adrenalina já está na tua mente, a ideia que nada vai falhar está implantada e o resto do evento seguiu como um mimo para os teus olhos, com a plateia ao rubro, e uma plateia como Las Vegas que é conhecida, por ser uma das mais adormecidas todos os anos. 

» CONSEQUÊNCIAS E SUGESTÕES

Isto tudo para concluir que o falhanço do Night of Champions irá certamente reflectir-se nas vendas do próximo pay-per-view, especialmente se mantiverem a mesma formula de "expor" o main-event e ignorar os seus outros combates. Não se esqueçam que falamos de $50 por cada evento, isso é muito dinheiro mesmo para um americano - isto em alguns casos dá para ir ao cinema cinco vezes com a família de um casal e dois filhos!! É importante que o começo do evento, nomeadamente os pre-shows sejam combates fortes e trabalhados por duas boas equipas, ou dois bons lutadores que possam servir um aperitivo ao evento principal, e que não sejam, aquelas malditas ervilhas no meio do prato que nos tentamos livrar. 


A minha sugestão é que usem programas como o WWE Main Event e o WWE SmackDown para focarem-se nos outros lutadores que irão estar presentes no pay-per-view. Apesar do Dean Ambrose ser agora um lacaio do Triple H no Raw, não significa que no SmackDown não possa trabalhar a sua personagem e as suas rivalidades pelo seu titulo em jogo. Vejam o titulo mundial, meu deus, um titulo outrora cabeça a cabeça com o WWE Championship e que agora nem tem direito a ser um dos co-main events, sendo apenas glorificados filler matches. Pensem no que o pre-show teria sido, se em vez de um Tag Team Turmoil todo às pressas fosse colocado apenas um combate entre os Prime Time Players e os Real Americans com o mesmo tempo... Pensem se o combate de abertura fosse Dolph Ziggler vs. Dean Ambrose com os seus dez a quinze minutos, podendo desta forma mostrar a sua qualidade e ao mesmo tempo, preparar para um combate mais fraco como o The Miz e Fandango. 

As causas são muitas, mas as principais é a forma como a WWE usa e conhece o seu talento inferior - especialmente em termos de lhes dar ênfase e em termos de saber onde os colocar num evento pay-per-view com o valor de $50 dólares, em vez de obrigar os fãs a dormir e a perder tempo com duas horas e meia dedicadas às ervilhas e a restante hora ao arroz e ao bife.

Como sempre agradeço a todos por lerem e pelos comentários sobre o que acham da minha opinião, se concordam ou discordam. Além disso, uma vez mais dou-vos a conhecer o fórum de wrestling número um em portugal em: http://www.prowrestlingtuga.com/ - registem-se para mais conteúdos de wrestling e deixem o vosso gosto na nossa página.


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