Artigo de leitor - Donos do futuro
Dentro da WWE ou de qualquer outra federação de wrestling, é cada vez mais difícil criar e desenvolver personagens interessantes, capazes de cativar o público. O Wrestling, tal como inúmeras outras indústrias, é um conceito que se vai desgastando sendo que a única forma de manter as pessoas a par do produto que se quer apresentar é criar algo novo, algo que nunca tenha sido feito antes. Ou então, de uma forma que nunca antes tenha sido explorada....
E é exatamente com esse objetivo que o tio Vince lançou às luzes da ribalta três indivíduos escolhidos a dedo, três indivíduos que poderiam ter o fator X e elevar a companhia para um patamar superior. E não é que foi mesmo isso que aconteceu?
Roman Reigns. Dean Ambrose. Seth Rollins. É incrível como num espaço de meses estes três nos deram tanto que falar e ver. Existe alguma coisa neles que nunca houve antes, qualquer coisa que os torna diferentes e mais cativantes. Mas o que é que os difere dos outros, ao certo? É uma questão que pode parecer um bicho-de-sete-cabeças mas está mesmo à frente dos nossos olhos.
Com certeza, não foram a primeira stable a fazer o seu debut atacando um dos maiores babyfaces, mas é certo que foram das que mais intrigaram de dúvida os fãs durante os tempos que se sucederam. O enredo sobre se estariam eles a trabalhar em parceria com o então WWE Champion CM Punk, por exemplo. Eu demorei alguns bons segundos para interiorizar que aqueles eram os até então membros do NXT. E aqui se entende outro motivo pelo qual os Shield são diferentes, são algo nunca antes visto a nível de attire.
Afinal, quantas foram as vezes que vimos três homens de preto da cabeça aos pés atacarem tudo quanto havia para atacar?
Pois é, nunca. A tonalidade predominante de preto dá-lhes um ar muito diferente, um ar de quem não é suposto estar ali. Aqueles géneros de ‘coletes de força’ reforçam ainda mais a gimmick que a WWE quis construir e agora cimentar com estes três.
Mas isto é só o início e há uma infinidade de outros fatores que os tornam tão especiais e que contribuíram em muito para o seu sucesso pelas bandas de Stanford.
Falemos agora da entrance. Já não bastava a theme song ser alguma coisa de outro mundo, eles entram pelas… escadas.
Exatamente, mesmo por entre o público. Uma vez mais, não é a primeira vez que este tipo de situação se sucede, mas pelo menos dá para se notar que quem vem aí não é uma stable ou um wrestler qualquer, são os Shield. E ainda mais, o facto de muitas vezes ir o Rollins e o Ambrose juntos, deixando o Reigns ir sozinho, significa mais do que possa parecer.
O facto de o Roman ir sozinho dá a impressão de que sabe cuidar de si próprio sem ajudas de terceiros. E, convenhamos, o Reigns é o elemento dos Shield em que é mais fácil fazer transparecer essa ideia, afinal o poderio físico fala por ele.
Mas isto não retira outra característica especial dos Shield, o facto de serem todos por um e não governados por um. Exato, também não é a primeira stable onde isto acontece, mas penso que a WWE conseguiu construir muito bem a ideia de que existe ali um grupo unido e coeso. Talvez através das vitórias sucessivas em Six-Man Tag Team Matches.
Apesar de, acima de tudo, a ideia que fica é que são um grupo muito unido, cada um se destaca à sua maneira. Confesso que, dos três, o Rollins é com quem menos simpatizo, talvez porque não tenha características tão únicas como padecem os outros dois.
As expressões faciais do Dean Ambrose são alguma coisa de outro mundo. O famoso ‘Nope’ deu logo a entender que a WWE poderia tirar daqui bons frutos dentro de alguns anos, aquando de uma eventual separação dos três. Mas não foi apenas nesta ocasião que ficou comprovado que Ambrose é espetacular também fora de ring.
Quando se aproxima da barreira de separação do púbico do ringside, é interessante ver aquela expressão corporal e facial que adota. É uma mistura entre ser o foco das atenções e, ao mesmo tempo, convidado mal-amado. São pequenos detalhes como estes que dão uma ênfase completamente diferente à sua gimmick e também à dos Shield, de uma forma geral.
Por fim, temos a ‘força bruta’ dos Shield, Roman Reigns. Cada vez sou mais fã dele, o homem é um brutamontes, assim dizendo.
Já não bastava a questão de descer as escadas sozinho e de ser o principal interveniente nas powerbombs, ainda faz estas obras de arte a que dá gosto chamar de Spear. Executa o move com uma precisão só sua. Este da imagem, frente ao Kane, e aqueles contra o Ziggler, enfim, uma delícia para qualquer fã de wrestling. Sim, porque se juntarmos a habilidade do Reigns ao selling do Ziggler, o resultado é um verdadeiro hino ao Wrestling.
Temos agora alguém à altura das expressões faciais do Edge, Dean Ambrose. Alguém que traga de volta os exaltantes Spears, Roman Reigns. Ou é a minha enorme admiração pelo Edge a falar mais alto, ou os Shield são a melhor coisa que a WWE fez nos últimos tempos.
Artigo de João Macedo