Mac in Touch #56 - Battleground 2013 - Análise combate-a-combate
Regressa o Mac in Touch após uma semana de ausência, com a antevisão ao último PPV da WWE Battleground. Como é apanágio destas análises, será dividida em duas partes (a segunda será públicada amanhã ou depois). Espero o vosso feedback, a contrariar a tendência dos últimos textos.
Aqui fica:
Battleground 2013 - Análise combate-a-combate
Damien Sandow vs Dolph Ziggler
Em termos de
storytelling, este combate teve pouco a apontar. Houve o tal lock-up inicial
seguido de wrestling no chão que agrada a vista e torna o combate em maior
consonância com a lógica, nomeadamente por conferir “realidade” ao mesmo. As
trocas de domínio, para um lado e para o outro foram credíveis, e destaco uma
em particular e que aconteceu quando Sandow se pôs “por cima” no combate,
logrando-o com um Clothesline notável a ilustrar toda a sua fúria por Ziggler se
ter conseguido superiorizar nas primeiras instâncias do combate. Depois disto,
“bola lá, bola lá” com a vitória a poder cair para qualquer um dos lados sem
que houvesse qualquer incoerência e, por essa lógica, o vencedor, tal como o
final (apesar de poder ter sido mais bem construído aceita-se).
A receção a
Ziggler e às “signature moves” dele são qualquer coisa de fantástico. É certo
que estamos a falar de um combate inserido no mercado de Nova Iorque, onde há
muita comunidade online (e na qual Ziggler é muitíssimo bem visto), mas mesmo
assim não se devo menosprezar uma contribuição importante para a qualidade do
combate, refletindo o sucesso da psicologia de ringue.
Creio que ambos
os lutadores se entrosaram bem, notou-se química. Aliás, pareceu mesmo que este
era um 3º/4º combate de uma série de contendas televisionadas entre os dois.
Total: ** 3/4
Combate pelo título Mundial
Alberto Del Rio (c) vs Rob Van Dam
Esta era uma
rivalidade alimentada mais pelo conflito entre um lutador e o manager do outro
do que propriamente entre os dois protagonistas do combate. Algo que, acrescido
à incapacidade de Rob Van Dam quando tem o microfone à frente (por exemplo),
trazia alguma indiferença a este combate. A estipulação adicionada, apesar de
não ser inserida com muita lógica (foi HHH que o anunciou num segmento de backstage
com ... Vickie Guerrero), contribuiu para que houvesse maior expetativa para a
contenda... contudo, não foi correspondida em termos de psicologia de ringue.
Isto é, o público não aderiu como seria suposto aderir. Seria de de esperar, e
ainda por cima no estado de Nova Iorque, que houvesse maior disponibilidade do
público para o combate, mas tal não aconteceu e quando isso acontece no
contexto em que aconteceu, há que culpar os lutadores, embora seja injusto
esquecer alguns dos spots com que brindaram este combate, e que ficam na retina
pela dificuldade de execução, contudo até esses podiam ter sido mais bem potenciados
e inseridos em alturas mais “rentáveis” (em termos de venda ao público) durante
o combate.
Como sempre,
considerei a abordagem do Alberto del Rio ao combate bastante satisfatória do
ponto de vista do storytelling. Entra com “ganas” de defender o título e ao
contrário do que é habitual no wrestling profissional dá sentido a chavões como
“Este título é tudo para mim”. A forma como se defende e entra no combate está
em perfeito sentido com o heel que é, e o facto de ter usado o “objeto sénico”
do adversário (cadeira) contra o mesmo prova-o. A estrutura lógica do combate,
contudo não beneficiou de um encadeamento normal. É certo que ambos os “performers”
estavam condicionados pelo facto de o combate ser sem regras, mas isso não
serve de desculpa para uma assinalável quantidade de episódios de “selling” abaixo
ou acima do esperado pelo ponto de vista lógico.
O entrosamento
também podia ser melhor. É certo que ADR, por natureza, consegue sempre encaixar
bem com o seu adversário mas não pode deixar de ficar na rotina o Moonsault mal
calculado de Van Dam fora do ringue e uma situação com o escadote no qual Del
Rio estava por baixo.
Total: ** 1/2
Combate de equipas
Santino Marella e The Great Khali vs The Real Americans (Antonio Cesaro e Jack Swagger)
Efetuar um Swing
num gigante não é tarefa fácil e é coisa que se deve pagar para ver porque
contado ninguém acredita, mas seria mais prudente e lógica girar todo um
combate de wrestling à volta disso do que efetuá-lo quase sem preparação
nenhuma (encadeamento de manobras, diga-se) de forma a terminar o combate de
forma abrupta. É algo que impressiona à vista e toda a gente na arena saltou
dos seus bancos quando Antonio Cesaro teve Khali à disposição para efetuar essa
manobra, mas o que se foi passando antes desvirtua um pouco a lógica do que
estaria a acontecer naquele momento (jamais um gigante ficaria no chão e
deixaria fazer-se o que fez Cesaro por tão pouca ofensiva contra ele)... isso e
terminar o combate ali, numa manobra com um bump suavíssimo (eu sei que só
podia ser assim e foi exemplarmente efetuada por Cesaro no que concerne à
tecnica aliada à força e à segurança), embora aceite que o sentido do (des)orientação
impedisse Khali de se mexer corretamente e tolere um pouco o que se passou no
final da contenda.
De resto, o
público aderiu bem ao combate, não só pela promo dos Real Americans (que
começam a ganhar o seu “nicho de mercado” no universo da WWE) como pela altura
de Khali e a comédia de Santino Marella que o tornam tão populares.
Total: * 1/2
Combate pelo título Intercontinental
Curtis Axel vs R-Truth
Há combates dos
quais se espera muito e depois desiludem. Este foi o completo oposto. R-Truth e
Curtis Axel trouxeram para o ringue uma qualidade técnica bastante assinalável
(Há um rollup de Truth a Axel simplesmente fantástico) e um combate muito bem
estruturado e encadeado em termos lógicos. Tem de se tirar o chapéu aos dois
lutadores, principalmente por não se terem desconcentrado ou alterado o fio do
combate por causa dos cânticos (injustos, mas compreensíveis [já explico]) de “Boring”.
Contudo, em termos de storytelling há uma falha a apontar que é o final do
combate que aconteceu de forma abrupta e sem que fosse esperado nem logicamente
concretizável, mas isso não apaga o excelente início de combate, com o domínio
de um lutador em busca de um título, uma glória, uma proeza que teima em
fugir-lhe e a forma como o seu adversário contra-atacou, com toda a sua
matreirice.
A psicologia de
ringue foi efetuada de forma competente, contudo, o pobre build-up para este
combate e o facto de os dois nomes envolvidos não estarem entre os mais
populares da WWE pode ter contribuido para uma espécie de ausência do público
de Buffalo. Aí não se podem culpar os lutadores, mas sim os responsáveis da
WWE.
Tudo somado,
tivemos aqui um combate bastante razoável e a fugir à vulgaridade de um show
semanal. Um combate por um título histórico digno disso mesmo e de ser
transmitido em PPV.
Total: **
Combate pelo título de Divas
AJ Lee (c) vs Brie Bella
Notei algum esforço
de ambas as partes em oferecer ao combate um fio lógico sequencial, uma
história que se percebesse e à qual o público aderiria com facilidade e acho
que se devem louvar essas tentativas, designadamente com AJ a explorar o braço
da sua adversária ou mesmo as trocas de domínio cuidadosamente efetuadas tendo
em conta o que se executava antes, contudo, essas manobras, não sendo bem
executadas, deixam o espetador a presumir o que se tentou fazer ao invés de ter
em conta o que realmente se fez e isso, claro está, prejudica a lógica do
combate... embora se louvem as intenções.
No que diz
respeito à psicologia de ringue, esperava uma reação mais calorosa, mas quando
AJ fez a sua dança enquanto dominava, foi bastante bem recebida... mas não
chega para apagar a imagem de um público maioritariamente silencioso.
O entrosamento
não foi muito bom, o que já seria de esperar pelas valências técnicas de Brie,
contudo, poderia esperar-se algo mais de AJ Lee de forma a conduzir o combate e
torná-lo mais lógico. Houve alguma “trapalhice”, aceitável/desculpável é certo, mas
registou-se.
Total: * 1/2