Mac in Touch #59 - "Bound For Glory 2013" - Análise (c/ novidades) combate-a-combate (parte I)
O maior evento do ano para a TNA teve lugar no passado Domingo e como é meu costume, aqui fica mais uma análise a cada contenda do evento.
Numa, em particular, pelo menos por agora, decidi inserir uma novidade - a análise será feita com várias notas retiradas "ao vivo" do combate em questão ao invés do texto corrido. Será uma fórmula a manter... ou não, dependendo do vosso feedback. Por isso, nem que seja só para se pronunciarem sobre a forma de análise aos combates, por favor deixem os vosso comentários......
De resto, tudo como sempre, e fica de fora da primeira parte da análise o combate inaugural pois não tive tempo de o ver na madrugada de domingo para segunda. Já o vi, mas falta uma segunda visualização para vos trazer uma análise mais completa, fria e sincera sobre o mesmo.
TNA Bound For Glory 2013 - Análise combate-a-combate
Pré-Show
Combate Gauntlet par apurar os candidatos aos títulos de Tag Team da TNABad Influence (Christopher Daniels e Kazarian) vs Chavo Guerrero e Hernandez vs Joseph Park e Eric Young vs The Bromans (Jesse Goddarz e Robbie E)
A presença de
lutadores capazes como Christopher Daniels, Frankie Kazarian ou mesmo Eric
Young dão a um combate um espírito fora do vulgar nomeadamente em termos de
psicologia de ringue, algo que até foi ajudado pela aparente popularidade da
personagem de Joseph Park e da dupla “Tex-Mex” composta por Chavo Guerrero e
Hernandez. Uma dupla que começou completamente on-fire e que trouxe ao combate
grande vivacidade...
... mas que se
foi “evaporando”, estranhamente” ao longo da contenda. Daniels e Kazarian foram
perdendo gás, como é natural, e aquele ataque a Joseph Park condicionou o
desfecho do combate que, apesar de credível, se tornou pouco entusiasmante.
A nível de
storytelling, portanto, podemos dizer que o fim foi bom, mas, curiosamente,
este fator e a psicologia de ringue estiveram em pólos opostos, pois foi na
altura mais vibrante que houve mais erros lógicos, como underselling da parte
de Daniels após dois Signature Moves aplicados por Hernandez, um homem com o
dobro da massa corporal do membro dos Bad Influence.
Total: ** 1/4
Combate pelos títulos de Tag Team da TNA
James Storm e Gunner (c) vs The Bromans (Jesse Goddarz e Robbie E)
Storm tem sempre
boa reação entre o público da TNA. Nota-se sempre empatia especial entre o
Cowboy e quem assiste ao vivo aos eventos da companhia. Isso contribui para que
os combates onde marca presença ganhem um colorido diferente para melhor. Não
foi exceção em San Diego, mas se olharmos àquilo que foi a psicologia de ringue
do combate podemos constatar que a introdução dos BroMans limitou um bocado o
fervor vivido à volta do combate. É uma equipa com potencial, a ideia das
personagens parece-me interessante pelo contexto de reality tv que tem
apaixonado os norte-americanos (do qual não sou, particularmente fã, atenção!...
mas tem que se tirar o chapéu a uma visão de mercado inteligente), mas ainda
não está no ponto de estar entre as melhores equipas da TNA porque simplesmente
não teve visibilidade suficiente para tal, ou se a teve, esta foi mal
explorada.
Em termos de storytelling,
creio que não houve falhas a apontar... até ao final. O combate começou com um
ritmo lento e com domínio vincado dos campeões em título. As transições na
liderança do combate foram acontecendo de forma gradual e aceitável, incluindo
momentos de maior fervor que incluiram os quatro protagonistas no ringue (com a
supervisão do àrbitro devo dizer)... inclusivé o final, que foi patrocinado por
uma “jogada brilhante” trazida por Robbie E que atirou um cinto para dentro do
ringue de forma a causar uma distração no àrbitro que lhe permitisse entrar no
combate para ajudar o seu parceiro, em apuros perante o adversário. Confuso?
Claro que sim, se antes já tinha estado os quatro lutadores no ringue durante
largos minutos, qual seria a necessidade de se esconder isso mesmo?! E pior!,
apesar da distração o àrbitro viu o que se pretendia esconder. Simplesmente
ridículo.
De referir,
também, pelo lado positivo, o entrosamento entre ambas as equipas, e é notória
a evolução de Jesse dentro do ringue, assim como a imponência de Gunner.
Total: **
ODB (c) vs Gail Kim vs Brooke Tessmacher
ODB tem o seu
próprio carisma e chama a atenção de qualquer pesssoa que assista aos seus
maneirismos, Gail Kim tem muitos anos de indústria para não ser vista pelos fãs
e Brooke Tessmacher tem andado nas bocas do mundo pelo seu magnífico rabo.
Posto isto, o público não ficaria indiferente ao combate, que contou, por estas
circunstâncias, com uma psicologia de ringue manifestamente positiva.
Em termos de
storytelling também não muito em que pegar no que diz respeito a críticas. ODB
e Gail Kim sabem o que devem fazer dentro do círculo quadrado pelos anos que já
levam de wrestling e aquilo a que assistimos foi à potenciação de uma lutadora
(Brooke), beneficiando da experiência das suas adversárias.
Houve alguns
momentos de “trapalhice”, nomeadamente um Spear falhado por ODB, mas creio que
para um combate feminino, não houve muitas falhas de comunicação nem a sensação
de “coreografia”.
O final foi
credível.
Total: **
Kurt Angle vs Bobby Roode
- Excelente
início de combate, pelo menos em termos de coerência com um dominador “fixo” em
Bobby Roode a conseguir dominar Angle de uma forma credível em termos de jogo
técnico (e dizer estas últimas 11 palavras, é um elogio enorme aos
protagonistas)
- Reação de Kurt
após se reagrupar fora do ringue, em jeito de vingança e frustração com o que
acontecera na fase inicial do combate. Lógico. Contra-ataque de Roode também se
aceita pela menor carga emocional que levava em comparação com um adversário
frustrado.
- Excelente
psicologia de ringue com “ameaças de finisher” logo início, e um público calado...
não por aborrecimento, mas pela atenção que o combate trazia.
- Resposta de
Angle e tomada de domínio do medalhista olímpico credível pela execução de
manobras mais vistosas (belly-to-belly, back suplex etc), assim como a resposta
à tentativa de Roode (que também é credível, convém dizer-se) em trazer o
encontro para fora do ringue
- “Manhice” de Roode ao retomar o domínio com o uso das cordas é reflexo da
frustração do mau da fita em sentir-se dominado. Aceita-se perfeitamente, assim
como a manutenção desse domínio. O combate perdeu um pouco a intensidade, mas mas
para além da resposta de Kurt com uma série de German Suplex’s e um
Belly-to-Belly suplex ter atenuado isso mesmo, do ponto de vista do storytelling
manteve-se irrepreensível... até porque o domínio passou para Angle, até Roode
executar um Spine Buster de forma notável.
- Demora na resposta de Angle ao Crossface de Roode após um Flying Armbar
acaba por penalizar um pouco a psicologia de ringue, mas não o storytelling. O
Segundo Crossface de Roode, contudo, emendou isto mesmo, visto ter acontecido
após um Moonsault falhado de Angle. Após isto, o Ankle Lock de Angle em
resposta ao finish do adversário acaba por não ter muita credibilidadede pelo
underselling do medalhista olímpico, mas um terceiro crossface veio atenuar
isso mesmo.
- Excelente resposta de Angle, beneficiando a psicologia de ringue, com um
Angle Slam após passar algum tempo no “chão”. Isto originou o “Double Down” e a
troca de murros que assinalou a mudança, gradual, de domínio para Angle...
interrompida por um golpe baixo de Roode e que “entrou” um bocadinho contra a
corrente em termos de entusiasmo, apesar da excelente variação de Death Valley
Driver executado por Roode.
- Reação enérgica de Angle traduzida no Ankle Lock não entrou nos conformes
da lógica mas aceita-se pelo coração, a entrega, a motivação do medalhista
olímpico.
- “Ajuda” do àrbitro a Roode foi incoerência e é como um pequeno defeito
num belo quadro que estava a ser pintado até então.
- Finish horrível e que acaba por borrar a pintura toda. O àrbitro espera
pelos 9, durante o double down após o Super Angle Slam, Roode levanta-se, está
em pé durante bem mais que um segundo e o árbitro não conta o 10?! e Kurt não
reage à própria manobra, fica KO com a mesma?! Muito estranho e altamente
lamentável.
- Química e entrosamento notáveis.
Total: ***
Ethan Carter vs Norv Fernum
Após um domínio inicial de Ethan Carter, seria de esperar menor reação de
alguém tão franzino como Fernum. A ofensiva dada deste último também não ajudou à
credibilidade do combate e foi extramente exagerada relativamente àquilo que se
esperaria em termos lógicos.
Em termos de psicologia de ringue, era de esperar algum alheamento do
público e assim foi.
Ethan Carter demonstrou saber mover-se no ringue, mas ainda faltará algum
conhecimento do público para se fazer uma análise justa em relação ao impacto
deste junto do público.
Total: Abaixo de *