Mac in Touch #61- "Hell in a Cell 2013" - Análise combate-a-combate (parte I)
Mais um PPV, mais uma análise do vosso Pete O'Mac. A falta de feedback da vossa parte, mesmo quando solicitado, continua. Desconheço os condicionalismos de o fazer, mas aceito que o façam. Porquanto, não vai fazendo mossa na motivação e maneira de escrever, mas creio que a longo prazo poderá ser prejudicial haver poucos ou nenhuns comentários... afinal, toda a gente que faz algo quer saber se está no trilho certo ou não e ter o reconhecimento por isso, nem que seja só pelo esforço....
A primeira parte da análise ao Hell in a Cell vai até ao combate pelo título dos EUA, entre Dean Ambrose e Big E Langston e teve, pelo meio, um combate que me surpreendeu pela positiva (refletindo-se, aliás, na nota). Fiquem a saber:
Hell in a Cell - Análise combate-a-combate (parte I)
Pre-Show
Damien Sandow vs Kogi Kingston
Damien Sandow vs Kogi Kingston
O combate foi
anunciado em cima da hora fruto de motivos alheios à WWE e a qualquer um dos supostos
intervenientes, julgamos nós... mas isso acaba por condicionar a adesão do
público ao “warm-up” match, até porque o público estaria à espera de um “title-match”
e, ao invés, acabou por ser prendado por uma contenda sem condimentos extra (à
priori) que a distinguisse daquelas que se vêem todas as semanas. A promo de Sandow, contudo, atenuou isso, como
tem sido apanágio, e “relembrou” a necessidade de se prestar atenção ao
combate.
A contenda não
fugiu muito ao que se previa, com um ritmo relativamente lento e uma resposta
pouco audível da parte do público (psicologia de ringue). Em termos de
storytelling, há pouco a apontar, sendo a falha mais grave a do final do
combate...
... que conheceu
um final brusco e que surgiu fora de um encadeamento lógico, devendo haver uma
preparação maior rumo ao mesmo.
Total: **
Combate pelos títulos de Tag Team da WWE
Rhodes (Cody e Goldust) vs The Usos (Jimmy e Jey) vs The Shield (Seth Rollins e Roman Reigns)
A psicologia de
ringue esteve a um nível surpreendentemente elevado para aquilo que um opener
costuma ter. Os Rhodes foram recebidos de forma fantástica, tal como os Usos e
os Shield foram alvo de um heat bastante assinalável. A popularidade de cada
uma das equipas foi demonstrada pelos fãs de Miami, que exultaram com cada
manobra. Há-que dar crédito ao público, mas também aos protagonistas do combate,
principalmente Goldust que se mexeu de uma forma incrível e soube cativar os
fãs com manobras menos exuberantes que os seus “colegas”... e isto não é
desvalorizar o trabalho destes, mas sim valorizar o do Rhodes mais velho, pois
houve manobras de fazer cair o queixo a pessoas menos sensíveis como aconteceu
com o Superplex de Cody Rhodes em Seth Rollins para fora do ringue ou ainda a “nearfall”
quebrada com um splash da corda superior na sequência dessa manobra por um dos
Usos (embora aí se possa apontar o dedo, em termos de storytelling, pois a
maneira como foi preparado [de forma muito lenta] denunciaram que seria mais
fácil abordar a situação de outra maneira – usando, por exemplo, a mais
clássica das quebras de pinfall). Também merece destaque o “desespero” criado à
volta de Goldust quando este procurava um tag. Isso foi interpretado de uma
maneira muito envolvente, apesar de algumas falhas... teatrais... mas é
wrestling de que estamos a falar, e não cinema.
Em termos lógicos
houve algumas lacunas, como a durabilidade de Goldust, alguns promenores da
parte dos Usos e algum underselling que tocou a todos os intervenientes no
combate. Exemplo diso está no pós-SuperSuperplex que deveria deixar marcas em
todos os lutadores de uma forma mais ou menos igual, e que acabou por ser mais
bem suportado por um dos Usos e por Cody Rhodes.
O final foi
excelente em termos de reação do público/psicologia de ringue e foi inserido de
forma coerente no combate, com todos os intervenientes a ser cuidadosamente (logicamente
falando, claro) afastados da contenda, para que o ponto final pudesse ser
colocado, de forma sublime, pela sequência: chapada caraterística de Goldust +
Cross Rhodes em Seth Rollins.
Combate de Tag Team inter-géneros
Fandango e Summer Rae vs The Great Khali e Natalya
Este combate não
teve anúncio prévio e o build-up era quase inexistente. As personagens que o
integravam, principalmente as masculinas, tinham caraterísticas muito próprias
que chamavam a atenção do público mas isso, só por si, é muito pouco para que o
combate tenha a atenção da audiência. Infelizmente, esse alheamento, concretizou-se
e só foi atenuado esporadicamente, com uma ou outra palmada e um ou outro Sharpshooter,
principalmente o aplicado a Fandango.
O storytelling
foi mau, também, com “sellings” desmedidos principalmente da parte de Summer
Rae e o final acaba por ser lógico dentro daquilo que se vinha a contar até então
- para um meio de história sem sentido, um final sem sentido.
Pelo que pareceu,
o público de Miami não foi avisado da inserção deste combate no card, pelo
surgiu um bocado caído de “pára-quedas” no evento. Mesmo o pessoal em casa não
vê todo o pré-show, pelo que a adesão ao combate seria, naturalmente, mais
baixa do que com um build-up superior a 3 minutos de promo. Ambos os lutadores
souberam dar a volta ao texto e conseguiram trazer o público ao combate,
nomeadamente Big E, que surpreendeu com um Spear a Ambrose para fora do ringue.
Teria sido um
combate muitíssimo bem conseguido a nível de storytelling caso Ambrose e Big E
Langston fossem equivalentes a nível físico, mas o candidato ao título dos EUA
era bastante mais ... volumoso que o seu oponente e as manobras que Ambrose
sofreu deveriam ter sido vendidas durante mais tempo, afinal o impacto de um “bump”
seria sempre maior comparativamente a alguém da sua estatura. Mas o que se fez
a esse nível acabou por ser aceitável, com mudanças de domínio executadas de
forma subtil, e Ambrose interpretou bem o papel de “veterano” perante um “rookie”
(era o que se pretendia fazer, fosse ou não o mais lógico).
O final foi
lógico do ponto de vista da personagem de Dean Ambrose - o heel que se
apercebia, ao longo do combate, da impossibilidade de vencer o combate no ringue, fugiu para
continuar com o título – mas do outro lado, Big E podia perfeitamente ter
interrompido a contagem, até porque antes do final da contenda, tinha saído
fora do ringue quando Ambrose tentara fugir. A espetacularidade do final,
naturalmente (count-out), não existiu.
Factor 0: 2.5/5
Storytelling: 2.25/5
Psicologia de Ringue: 2,5/5
Química/Entrosamento: 3/5
Duração/Previsibilidade/Final: 2/5
Total: ** 1/2