[CORRIGIDO] Mac in Touch # 62 - "Hell in a Cell 2013" - Análise combate-a-combate (parte II)
Tenham lido ou não no primeiro artigo, acho que é algo que devo ressalvar, por isso repito o sermão: A falta de feedback da vossa parte, mesmo quando solicitado, continua. Desconheço os condicionalismos de o fazer, mas aceito que o façam. Porquanto, não vai fazendo mossa na motivação e maneira de escrever, mas creio que a longo prazo poderá ser prejudicial haver poucos ou nenhuns comentários... afinal, toda a gente que faz algo quer saber se está no trilho certo ou não e ter o reconhecimento por isso, nem que seja só pelo esforço....
A segunda parte da análise ao Hell in a Cell vai desde o combate handicap, entre CM Punk e Ryback/Paul Heyman até ao fim do combate.
Aqui fica:
Hell in a Cell - Análise combate-a-combate (parte II)
O combate
prometia pelo facto de Punk meter as mãos em Heyman... não, esperem, já ando a
dizer isto há 3 PPV’s seguidos! A base da storyline é excelente, os
protagonistas (excluindo deste lote Axel e Ryback) são fenomenais... mas o
tempo que já leva de programação é excessivo. Creio que o pico se atingiu no
Battleground e que os fãs da WWE sentem isso. Punk-Heyman é uma rivalidade que
terá o seu lugar na história do wrestling profissional, mas para se prolongar no
tempo de forma mais consolidada teria de ser interrompida agora, daí o
alheamento de alguns fãs e o consequente efeito na psicologia de ringue deste
combate.
Em termos
lógicos, também houve aspetos manifestamente ridículos, e um deles foi a
presença de Paul Heyman no topo da cela quando este, segundo os comentadores...
tinha medo das alturas! Para além disso, não foi a combate como as pessoas que
pagaram para ver esperariam (nem mesmo quando Ryback esteve em situação
desfavorável) e ainda prejudicou o combate em ringue por ser uma distração ao
mesmo (as pessoas prestaram-lhe mais atenção do que aquela que seria suposta,
com certeza).
A violência da
contenda pareceu-me bem medida, mas a certo ponto tornou-se banal... apesar de
alguns spots que merecem referência pelo facto de terem sido bem inseridos no encadeamento
lógico do combate.
Ryback ainda
precisa de algum trabalho in-ring e CM Punk também não teve inspirado. Isso
resultou em algum desequilíbrio no entrosamento entre ambos e acabou por
prejudicar o combate.
O final foi
demasiado brusco e não teve impacto suficiente para uma contenda que se queria
de destaque no card deste evento.
Total: ** 1/2
Los Matadores vs Real Americans (Jack Swagger e Antonio Cesaro c/Zeb Colter)
Havia um bom ambiente
em redor deste combate. É uma rivalidade de fácil acompanhamento, em que o “velhote”
resmungão é vítima da traquinice de um “pequenote” (El Torito) com muito patriotismo bacoco
à mistura. Todas as gerações entenderiam as razões de ambas as equipas estarem
a lutar. A popularidade do combate e dos intervenientes, portanto, beneficiou a
psicologia de ringue.
A lógica do
combate teve algumas falhas, mas nada de escandaloso... contudo, acabou por
cair na vulgaridade das contendas de equipas que acontecem em cada RAW ou
SmackDown! há exceção de um Giant Swing com 31 repetições que surpreendeu tudo
e todos.
O final
aceita-se.
No geral, não há
muito a dizer sobre este combate. Surpreendeu pela psicologia de ringue, não só
pelos factos acima referidos mas também pela “macaquice” dos Matadores, mas
nada que vá além da vulgaridade.
Total: **
Combate pelo título Mundial
Alberto del Rio (c) vs John Cena
A construção
deste combate em termos de promo in-ring não era muito extenso, mas também não
seria preciso pois tratava-se de uma contenda que criava expetativa, per si.
John Cena lutava por um título “inferior”, o que é logo uma novidade, vinha de
uma lesão no braço e enfrentaria Del Rio que tem como finisher uma manobra que
atinge de forma intensa essa zona. Somado a isto tudo, havia ainda o facto de
Cena ter desistido poucas ou nenhumas vezes em programação da WWE. Tudo
ingredientes que davam imprevisibilidade ao combate e quando assim é, a
aderência do público ao aumenta, assim como a psicologia de ringue por inerência...
mas as coisas não se ficavam por aqui no que à antecipação gerada para este
combate diz respeito, pois a figura mais popular da WWE nos dias de hoje estava
de volta à ação passados 2 meses e meio e isso tem de pesar na reação dos fãs.
Em termos de
storytelling, o combate foi surpreendentemente fraco. Del Rio não costuma ser
cuidadoso com os seus adversários e foi ganhando “heat” como heel sem
escrúpulos, ilustrando-o bem, por exemplo, no combate que teve contra Dolph
Zigler e que lhe valeu a revalidação do título Mundial de pesos-pesados.
Foi
diferente contra John Cena e isso prejudicou muito a credibilidade do combate
porque a personagem tornou-se despersonalizada... não só por isto, mas pelo
overselling a manobras “básicas” que Cena executou e o underselling deste a
manobras com impacto do seu adversário. É certo que o estatuto de ambos é
diferente, mas em situação alguma se aceitaria, do ponto de vista lógico,
tamanha discrepância. O uso do braço “mau” de John Cena também não foi
devidamente explorado, mas aí também entra a psicologia de ringue.
O final não teve
muita lógica, até porque Cena escapara de um Cross-ArmBreaker e conseguiu “acabar”
com Del Rio quando já estavam decorridos mais de 10 minutos de combate. O tempo
não teria relevância se o agora campeão Mundial de pesos-pesados não tivesse
lesionado... é que à medida que o tempo passava, seria de esperar um Cena gradualmente
mais fragilizado e viu-se precisamente o contrário.
Total: ** 3/4
AJ Lee (c) vs Brie Bella
Uma lutadora é a
face da nova divisão de Divas. Teve um período de ascensão bastante assinalável
e não tem caído de popularidade desde que o atingiu. Do outro lado está uma
cara bonita que de há alguns anos para cá tem partido corações por isso mesmo,
juntamente com a irmã gémea, já para não falar do facto de ser figura presente
no rol de protagonistas do reality show Total Divas. Ou seja, um duelo bastante
“mediático” (talvez o maior possível dentro da divisão) que, por este estatuto,
conseguiu agarrar, q.b., o público de Miami. Pena algumas hesitações e manobras
mal executadas que fizeram desviar os olhos do público para outras àreas que
não a do wrestling.
Em termos
lógicos, mais uma vez AJ Lee mostrou-se à vontade para conduzir um combate e
fê-lo de maneira subtil. Assumiu o domínio do combate desde cedo e manteve-se
por cima com a arrogância que se pede a um heel, dando lugar a um “come back” progressivo
de Brie Bella que, apesar de não ter o público por detrás dela, conseguiu
cumprir a obrigação de o fazer na altura certa.
O final poderia
ter tido mais impacto, não fosse o Black Widow executado de forma lenta... mas
ficam as boas intenções e o facto de se inserir de forma teoricamente credível
no combate.
Total: **
Daniel Bryan vs Randy Orton
É simplesmente a
maior rivalidade da atualidade na WWE, é a storyline que encabeça cada programa
(e isso inclui webshow’s) que a empresa apresenta ao mundo. É esta batalha o
principal motivador de muitos lares nos EUA pagarem 50 e tal dólares para ver o
evento inteiro. Bryan continua em alta, Orton nunca foi uma figura à qual se
ficasse indiferente e pelo meio estava um nome lendário do wrestling
profissional, Shawn Michaels. Ah!, e ainda havia uma estrutura de metal a
envolver a contenda.
Era quase impossível haver mais ingredientes para que o “Big Fight Feel” se fizesse sentir.
Como é óbvio, a psicologia de ringue já partia com vantagem... e como Daniel Bryan estava em ringue, isso ficou ainda mais ampliado com uma excelente prestação do ex-campeão da WWE, assim como a de Orton, que interpretou o papel de heel de forma excelente.
E claro, o público de Miami era uma plateia “fácil”.
Se o storytelling
fosse vestuário para combate, a contenda enverdaria um fato de gala. Não digo
que seja do melhor que já se viu, mas certamente que fez jus a um Main Event de
um grande show. A lógica esteve de mão dada com a imprevisibilidade, os
domínios não foram exageradamente unilaterais nem houve doses (a mais ou menos)
exageradas de “selling”. Só há alguns promenores a apontar, nomeadamente quando
Orton fez o pin em Bryan após uma cadeirada (na altura em que havia várias
cadeiras no ringue) no adversário, quando podia (pelo domínio que exercia) ter
executado um spot bem mais violento nele. Mas isso não apaga o ritmo frenético
que o combate teve de início a fazer jus ao que estava em jogo: título da WWE e
a vantagem numa rivalidade cega. Excelente abordagem de ambos os lutadores, com
Orton a ganhar vantagem por ter mais “experiência”. Depois, trocas de domínios
subtis, com apenas uma falha no encadeamento lógico (houve uma altura em que
Bryan executou vários “dives” seguidos e ao terceiro Orton escapou... o que é
uma contradição pelo facto de já estar enfraquecido pelos anteriores)... mas
que não desfaz a estrutura “histórica” impecável que os intervenientes deste
combate foram construíndo.
O entrosamento
entre ambos os lutadores foi notável. Desapareceram as hesitações e
desconfianças e deu-se lugar a uma batalha bastante fluída, sem medos de se
“acelerar” na execução das manobras e na violência das mesmas.
O final acaba por
ser credível pelas emoções que Shawn Michaels vinha a viver até então. O seu
melhor amigo tinha sido atacado e ele teria que fazer algo em relação a isso,
seria quase instintivo. Aceita-se perfeitamente.
Total: **** 1/4