MMA: UFC 166: Velasquez vs. Dos Santos III - Antevisão + Pesagens
Mais um capítulo da história será escrita no octógono mais famoso do mundo. O UFC 166, que será disputado no Toyota Center, em Houston, Texas, marca o terceiro encontro entre o campeão dos pesos pesados Cain Velasquez e o desafiante e antigo dono do cinturão Junior Cigano.....
O pay-per-view de outubro terá ainda mais dois duelos válidos pela categoria mais nobre do MMA. Na luta coprincipal, Daniel Cormier se despede da divisão dos pesados contra o favorito do público Roy Nelson. Já o brasileiro Gabriel Napão encara o nocauteador Shawn Jordan.
Em combate de alta relevância pela categoria dos leves, o ex-campeão do Strikeforce Gilbert Melendez mede forças com o campeão da primeira edição do TUF, o também americano Diego Sanchez. Abrindo a porção principal do evento, o ex-desafiante dos moscas John Dodson dá as boas-vindas à organização a Darrell Montague, o melhor lutador da categoria que ainda não havia assinado com o UFC.
O evento terá oito lutas em um extenso card preliminar, além das tradicionais cinco principais, exibidas em pay-per-view nos EUA.
Um combate muito interessante será quando o ex-campeão do Bellator Hector Lombard estrear no peso meio-médio contra o antigo dono do cinturão do Strikeforce Nate Marquardt. Na mesma divisão, o checheno Adlan Amagov busca a segunda vitória na nova casa contra o finalizador TJ Waldburger.
Outro duelo atraente ocorre entre os médios Tim Boetsch e CB Dollaway que, juntos, devem somar uns duzentos anos de experiência no UFC. Também cascudos neste negócio de trocar sopapos dentro de uma jaula, George Sotiropoulos e KJ Noons se encaram pela divisão dos leves. Ainda em 70 quilos, o vencedor do TUF 13 Tony Ferguson luta contra o integrante da décima quinta edição do programa Mike Rio.
As mulheres estarão representadas pela antiga líder do Strikeforce no peso galo Sarah Kaufman e a pequenina Jessica Eye, que faz sua estreia pela organização. Mudando de gênero, mas mantendo o ponteiro da balança na mesma casa, o prospecto japonês Kyoji Horiguchi visita o ameaçado Dustin Pague na luta de abertura do evento. Quando eles deixarem o octógono, será a vez do peso pena Jeremy Larsen receber mais um estreante da noite, o californiano Andre Fili.
O card completo do UFC 166 é o seguinte:
CARD PRINCIPAL
Cain Velásquez x Junior Cigano
Daniel Cormier x Roy Nelson
Gilbert Melendez x Diego Sanchez
Gabriel Napão x Shawn Jordan
John Dodson x Darrell Montague
CARD PRELIMINAR
Tim Boetsch x CB Dollaway
Nate Marquardt x Hector Lombard
Sarah Kaufman x Jessica Eye
George Sotiropoulos x KJ Noons
T.J. Waldburger x Adlan Amagov
Tony Ferguson x Mike Rio
Jeremy Larsen x Andre Fili
Dustin Pague x Kyoji Horiguchi
Cain Velásquez x Junior Cigano
Daniel Cormier x Roy Nelson
Gilbert Melendez x Diego Sanchez
Gabriel Napão x Shawn Jordan
John Dodson x Darrell Montague
CARD PRELIMINAR
Tim Boetsch x CB Dollaway
Nate Marquardt x Hector Lombard
Sarah Kaufman x Jessica Eye
George Sotiropoulos x KJ Noons
T.J. Waldburger x Adlan Amagov
Tony Ferguson x Mike Rio
Jeremy Larsen x Andre Fili
Dustin Pague x Kyoji Horiguchi
------------------------------------------- Countdown-------------------------------------------
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 19:15 horas do Brasil e 23:15 horas de Portugal
------------------------------------------- Antevisão-------------------------------------------
Cain Velasquez (EUA) vs Junior dos Santos (BRA)
O atual campeão dos pesados está numa fase curiosa. A última vez que Velasquez enfrentou alguém diferente de Cigano ou Antonio Pezão foi na primeira conquista do cinturão contra Brock Lesnar, há exatos três anos. Desde então, perdeu para Cigano, nocauteou Pezão, recuperou o título de Cigano e voltou a nocautear Pezão.
Talvez a coisa mais desagradável no MMA atual é se preparar para procurar uma brecha em Georges St-Pierre. A segunda deve ser saber que você vai encarar o furacão Velasquez. Nunca se viu um peso pesado com a capacidade cardiorrespiratória do americano. Do primeiro ao vigésimo quinto minuto, Velasquez é capaz de imprimir um ritmo quase doentio às suas lutas, atacando sem parar, praticamente sem quedas bruscas de rendimento.
A característica física de Cain é muito bem acompanhada da qualidade técnica. O duas vezes all-american na Divisão I da NCAA pela forte Arizona State University tem a luta olímpica aprimorada diariamente por Daniel Cormier, seu treinador e amigo. No wrestling, Velasquez foi capaz até de derrubar um dinossauro como Brock Lesnar. A destreza no wrestling abre caminho para o ground and pound que confunde os rivais por ora ser calmo e metódico, ora ser explosivo e em alto volume.
Velasquez ainda conta com um kickboxing agressivo. Além de poder de punch elevado, ele mescla como raros na história da categoria a capacidade de socar e chutar com a de entrar para uma queda. Isto significa que a guarda dos oponentes sempre estará em estado de alerta: se subir muito as mãos para se proteger de golpes traumáticos, o adversário se abre para uma queda, mas se baixar muito a guarda para defender quedas, fica exposto a socos e chutes. Foi assim que Cigano sofreu em dezembro.
O homem que não sorri nem quando está de folga com a família tem 31 anos, 1,85m de altura, 1,96m de alcance e costuma lutar variando entre 108 e 110 quilos. Velasquez tem cartel profissional de 12-1, sendo 10-1 pelo UFC e 1-0 no Strikeforce. Foram dez nocautes (oito no primeiro round) e apenas Cigano e Cheick Kongo sobreviveram a dois rounds, perdendo em decisões (o brasileiro em cinco rounds e o francês em três).
* * *
O retrospecto recente de Cigano é uma verdadeira gangorra. Ele viu sua escalada triunfal no UFC ser coroada com um nocaute em 64 segundos sobre Velasquez. Em seguida, defendeu o cinturão deixando Frank Mir em situação vexaminosa. Então veio a revanche contra o ex-campeão e a surra homérica que fez levantar as odiosas teorias da conspiração que Cigano teria entregado a luta. No último combate, o nocaute sensacional sobre Mark Hunt mostrou uma nova ferramenta, ótima consciência tática e um problema que pode ser grave neste sábado.
Se Velasquez é o mais atlético lutador que a divisão dos pesados já viu, Cigano talvez seja o melhor boxeador. Dono de uma movimentação leve e bem articulada, ele consegue usar o jogo de pernas como defesa, liberando os braços para ficarem mais baixos, facilitando a defesa de quedas – que sempre foi uma enorme virtude até Velasquez dizimá-la no UFC 155. Ofensivamente, seu jogo é um verdadeiro balé violento: jabs que entram como marretas, ganchos que atngem o alvo com naturalidade e uppercuts que botam construções de concreto (ou Fabricio Werdum) no chão agora são parceiros de chutes, algo que ele sempre fez bem nos treinos, mas só foi exibir na prática ao mandar Mark Hunt para a vala.
Por outro lado, há de se comentar sobre a grande dúvida que é a luta agarrada do catarinense, dúvida esta que não para de crescer a cada combate. Cigano usa raramente as quedas. Apesar de ser faixa preta do talentoso treinador Yuri Carlton, ninguém nunca viu o jiu-jítsu do ex-campeão, nem quando a oportunidade esteve escancarada contra Velasquez ou Hunt. No combate deste sábado, Junior terá mais uma oportunidade de colocar em prática o lado obscuro de seu jogo, visto que o campeão eventualmente deixou brechas no trabalho de solo em combates anteriores.
Cigano deveria ter estado no auge da forma física no primeiro encontro entre os dois, mas o lutador acabou se envolvendo em polêmica com seu preparador físico ao dizer que “virou o fio” e caiu em overtraining. Desta vez, pelo menos no shape, as coisas parecem estar melhores do que nunca para o brasileiro, que investiu em um pequeno ganho de peso para ficar mais forte – e com ainda maior poder de nocaute. Isto pode ser muito útil, já que coração e capacidade de absorver castigo não faltam ao ex-campeão.
Aos 29 anos, Cigano tem 1,94m de altura e dois centímetros a mais na envergadura. Seu cartel profissional é de 16-2, com os mesmos 10-1 no UFC do arquirrival. Ele é uma máquina de produzir nocautes que já mandou adversários para o beleléu em doze oportunidades. O saudoso Eduardo Maiorino sofreu a única finalização de Cigano, que, por sua vez, já bateu para Joaquim Mamute.
* * *
O trabalho de Cigano será basicamente o mesmo que deveria ter tido em dezembro, mas que só conseguiu parcialmente: se movimentar bastante, principalmente lateralmente, com perfeito controle do espaço físico, lançando combinações para tentar diminuir a pressão imposta por Velasquez. Como o próprio Luiz Dórea, seu treinador de boxe, disse, Junior não pode desperdiçar golpes.
O grande problema é que fazer isso por vinte e cinco minutos contra o campeão é virtualmente impossível. Velasquez sempre é o primeiro a atacar e, em forma, executa esta tarefa com um volume anormal. Não importa para onde o oponente se mexa, Cain estará em sua cara lançando tudo que se possa imaginar. E, nesta situação, ele vai conseguir a queda, não importa quantas o oponente defendeu antes.
Na segunda luta, Velasquez viu que deu espaços no chão e que só não foi atacado ali porque parece que Cigano definitivamente não tem muitos recursos nesta área (o brasileiro não evoluiu no jiu-jítsu nem contra o limitado Hunt). Porém, para não dar chance para o azar, Velasquez recrutou os serviços de Marcus Buchecha, o número um do jiu-jítsu na atualidade, para pelo menos melhorar sua defesa enquanto ataca no ground and pound.
O cenário para a luta varia em duas circunstâncias: Junior Cigano encontra uma brecha para entrar com uma combinação ou contragolpe e vence por nocaute no começo do combate. Superado o momento inicial, Velasquez passa a impor seu alto volume e consegue um nocaute técnico na segunda metade da luta ou outra vitória por decisão dominante. O prognóstico é que o cinturão continuará em San Jose.
Daniel Cormier (EUA) vs Roy Nelson (EUA)
Parece que o preconceito quanto ao físico de Cormier ficou para trás. Pelo menos é isso que se espera ao falar do cara que fechou o Strikeforce com um título mais importante que o de Alistair Overeem, que nocauteou violentamente Antonio Pezão e que humilhou Josh Barnett e Frank Mir.
Depois de ter sido vice-campeão nacional na Divisão I da NCAA pela Oklahoma State University, Cormier migrou para o wrestling internacional, foi medalha de bronze no Mundial de 2007 e disputou os Jogos Olímpicos de 2004 e 2008 (este como capitão da seleção americana) competindo no estilo livre. O sujeito é tão bom wrestler que é o treinador de Velasquez e “King” Mo Lawal na American Kickboxing Academy. Ele jamais foi derrubado numa luta de MMA e fez gênios da luta agarrada como Barnett e Mir parecerem iniciantes despreparados.
Além de ser um dos melhores wrestlers em atividade no MMA, DC também é um boxeador e kickboxer desenvolto, capaz de aplicar ótimos chutes altos e com bom poder de destruição em seus punhos. Mesmo com a mão quebrada, lançou toda sorte de combinações sobre Barnett. Contra Pezão, mesmo socando para cima (o que diminui a potência dos ataques), mandou o gigante a nocaute.
Cormier é um dos menores pesos pesados do plantel do UFC e já confirmou que vai baixar de categoria ganhando ou perdendo no sábado. Ele tem 1,78m de altura, 1,80m de envergadura e costuma atuar com 108 quilos, mas provavelmente se apresentará ainda mais leve contra Nelson. DC está invicto como profissional, assim como todos da equipe americana de luta de 2008 que migraram para o MMA. Ele tem doze vitórias em igual número de combates, com 1-0 no UFC, tendo conquistado cinco triunfos por nocaute, uma por submissão clássica e duas fazendo os oponentes pedirem penico debaixo de socos.
* * *
Os punhos de marreta de Nelson o colocaram num conto de fadas que fez os fãs esquecerem as patéticas atuações contra Mir e Fabricio Werdum. Nocautes cabulosos sobre Dave Herman, Matt Mitrione e Cheick Kongo, onde nenhum alcançou três minutos no octógono, fizeram os incautos acreditarem que aparecera o próximo campeão. A realidade voltou a bater à porta quando o simpático gorducho foi embaraçado por Stipe Miocic.
A adoração do público a Nelson não se dá apenas por causa da vasta pança e da cabeleira e barba desgrenhadas. Nelson parece possuir uma bomba atômica no punho direito. Ele não só bate com muita violência como também lança combinações justas e fareja oportunidades como um cão de caça, qualidades desenvolvidas nos treinamentos com o ex-pugilista Skipper Kelp, que cultivou as mesmas características quando lutava. Ao menor sinal de hesitação do adversário, lá vem a pedrada com endereço certo.
O campeão do TUF 10 tem também cartas na manga pouco utilizadas, mas de enorme valor. Nelson é faixa preta de Renzo Gracie, com larga experiência principalmente em competições de submission. Defensivamente, Nelson deixa enormes buracos que foram facilmente explorados por Cigano, Werdum e Miocic, mas tem enorme poder de absorção de castigo. O “Big Country” também lida bem com o clinch, mas nada que possa servir como alento contra alguém da estirpe de Cormier. Roy ainda peca na movimentação, principalmente se o combate se arrastar.
Com 1,83m de altura e 1,85m de envergadura, Nelson é um dos menores pesos pesados do plantel do UFC, mas é maior que o oponente de sábado. Ele tem 36 anos e ostenta cartel de 19-8, com 6-4 em lutas válidas pelo UFC. No começo da carreira, ainda se desenvolvendo em outras habilidades, Roy botou o jiu-jítsu pra jogo e finalizou cinco oponentes. Com o tempo, passou a confiar no boxe e a colecionar nocautes, chegando a doze vitórias pela via rápida dolorosa. Para mostrar como é um lutador cascudo, “Big Country” só foi nocauteado por Andrei Arlovski há cinco anos e jamais foi finalizado.
* * *
Contra oposição do nível de Brendan Schaub, Herman, Mitrione ou Kongo, a mão direita de concreto de Nelson é de grande serventia. Contra um lutador do calibre de Cormier, a chance de “entrar uma mão” praticamente se reduzem a pó.
Enquanto Nelson avançar em busca do golpe salvador, dará brechas para ser punido por combinações de socos e chutes de Cormier nas mais diversas distâncias e ângulos. Caso o combate chegue ao confronto agarrado, a possibilidade de Nelson derrubar o ex-wrestler olímpico é ainda menor do que a de um soco definitivo. E como Roy é bom no chão por cima, mas ineficiente na guarda, podemos esperar que Cormier aplique quedas e maltrate o oponente no ground and pound até a vitória por decisão em larga margem.
Gilbert Melendez (EUA) vs Diego Sanchez (EUA)
Campeão mais dominante da história do Strikeforce, Melendez foi o único do elenco da extinta organização a migrar para o UFC diretamente em uma disputa de cinturão. Contra Ben Henderson, “El Niño” mostrou o talento que o fez ser considerado um dos dois melhores do mundo na categoria, mas a decisão dividida o impediu de ser o primeiro pupilo de Cesar Gracie a se tornar campeão do UFC.
Para alcançar este nível técnico, Melendez baseia seu jogo no wrestling de ritmo alucinado, com boas quedas e ground and pound sufocante e ininterrupto, que não dá brechas nem para astros do jiu-jítsu como Shinya Aoki e Rodrigo Damm, devidamente atropelados no Strikeforce. E conforme a confiança aumentava com as vitórias, a qualidade na troca de golpes aflorou, amparada principalmente no boxe dentro do pocket (mas muito hábil também na longa distância) e jogo de pernas, capazes de fazê-lo bater trocadores do naipe do ex-boxeador Jorge Masvidal e do seu arquirrival Josh Thomson.
Gilbert tem 31 anos, 1,75m de altura e cinco centímetros a mais no alcance. O retrospecto profissional é de respeito, com 21-3, sendo 2-0 no PRIDE, 3-0 no WEC e 11-1 no Strikeforce. Melendez conquistou onze triunfos por nocaute e uma submissão na base da pancada, mas nunca finalizou um oponente no jiu-jítsu, apesar de ser faixa preta na arte suave. O ex-desafiante é companheiro de equipe de Nate, Nick Diaz e Jake Shields na Cesar Gracie Jiu-Jitsu, além de liderar a Skrap Pack e ter montado a El Niño MMA Training Center com Shields e com o campeão mundial de muay thai Jongsanan Woodenman.
* * *
O primeiro campeão da história do TUF é um cara controverso. Nas últimas lutas, Sanchez venceu três de quatro, mas apenas a vitória sobre Paulo Thiago foi justa. Tanto o triunfo sobre Martin Kampmann quanto sobre Takanori Gomi aconteceram por causa do famoso truque do lutador que “anda para frente”. Mesmo levando cacete a luta toda, Diego conseguiu enganar os juízes. Contra Jake Ellenberger não teve jeito, já que os dois primeiros rounds de pressão decidiram a luta, mas Sanchez novamente mostrou que, contra ele, uma luta nunca está decidida até que chegue ao final.
Sanchez é um lutador que ganha as multidões com uma coragem do tamanho do globo terrestre. O rapaz já levou algumas surras antológicas, como contra Penn, John Hathaway, Martin Kampmann e Jake Ellenberger, mas jamais para de atacar, ainda que esteja com o rosto deformado. Sua capacidade na luta olímpica e no ground and pound são muito fortes, assim como o preparo físico, mas Diego já mostrou que é também perigoso mesmo quando joga por baixo, onde a faixa preta de jiu-jítsu aparece na guarda ativa. A trocação levanta a torcida, mas o expõe a golpes em demasia, que normalmente lhe custam as lutas, ainda que os juízes façam questão de esculhambar.
O lutador que mudou o apelido de “Pesadelo” para “Sonho” depois que resolveu seus vícios de droga e birita está com 31 anos, mede 1,78m de altura e tem cinco centímetros a mais de envergadura, tornando-se um dos maiores pesos leves, fisicamente falando, no UFC. O integrante da equipe de Greg Jackson tem cartel de 24-5, com 13-5 pelo UFC. Seis oponentes foram nocauteados, outros seis finalizados e três pediram penico sob pancadas. O nocaute para BJ, que aconteceu por causa de um profundo corte que forçou o médico a parar a luta, foi a única vez que Sanchez foi derrotado antes de uma luta terminar – se dependesse de sua vontade, Diego lutaria até o final, mesmo que o crânio ficasse exposto.
* * *
Melendez é melhor que Sanchez em todas as áreas do jogo, mas El Niño disse uma frase que expressa bem o que ele vai passar no octógono: “Vai ser uma luta bagunçada. Eu sei que vou me machucar”. E vai mesmo.
Como os dois esbanjam capacidade atlética, podemos esperar uma briga de cão. Gomi mostrou o caminho de negar as quedas de Sanchez enquanto o ataca na longa distância. Melendez é capaz de fazer isso ainda melhor, encurtando a distância quando achar o espaço para entrar com uma queda e abrir rombos no rosto de Sanchez. Como Diego não se incomoda em ser golpeado na cara, o melhor será repetir a tática de Thomson na última luta contra Melendez, aproveitando eventuais espaços na trocação para derrubar rapidamente.
Na briga do quem-derruba-quem, Melendez é tecnicamente mais capaz de vencer os momentos de trocação e tomar a dianteira. Mesclando combinações com quedas e ground and pound, ele deve vencer por decisão em luta sangrenta.
Gabriel Gonzaga (BRA) vs Shawn Jordan (EUA)
A fim de recuperar o status de quem um dia já disputou o cinturão do UFC, Napão tem um ano de 2013 corrido. Ele finalizou “Big” Ben Rothwell em janeiro e levou 17 segundos para acabar com a carreira de Dave Herman no UFC, em julho. No meio, a polêmica derrota para Travis Browne, que o brasileiro alega ter sido vítima de golpes ilegais.
Faixa preta quarto dan de jiu-jítsu, modalidade em que já foi campeão mundial e usa como principal base para seu excelente jogo de luta agarrada praticado no MMA, Napão desenvolveu o muay thai na Chute Boxe a ponto de ter aplicado um dos mais espetaculares nocautes da história do MMA, sobre Mirko Cro Cop. O brasileiro é muito forte fisicamente e tem um jogo de quedas decente e sólido, mas sua inconsistência e a falta de cuidados defensivos andou atrapalhando seu talento natural. Para corrigir, desde que retornou ao UFC, Napão tem confiado mais no grappling, correndo menos riscos. Neste sábado, esta tática será fundamental.
O carioca está com 34 anos, tem 1,85m de altura, 1,93m de envergadura e muita massa muscular que formam um armário que costuma lutar com peso entre 114 e 118 quilos. Seu cartel profissional é de 15-7, com nove submissões e seis nocautes a seu favor. Apenas uma luta do líder da Team Link foi para a decisão (a derrota para Brendan Schaub, quando não soube mudar a estratégia e acabou preso ao boxe do oponente). Por outro lado, Napão já foi nocauteado seis vezes, um péssimo sinal para quem vai enfrentar Shawn Jordan.
* * *
Jordan integra o elenco da série “O que faz fulano no UFC?”, mas vai se mantendo às custas de nocautes violentos, apesar da técnica inadequada para a maior organização do mundo. Em quatro lutas no UFC, nocauteou os limitados Oli Thompson e Mike Russow, além do amigo Pat Barry. Entre Thompson e Russow, uma derrota em apresentação mequetrefe contra Kongo.
O ex-jogador de futebol americano faz jus ao apelido de Selvagem, saindo na mão vigorosamente mesmo depois de apanhar durante a maioria da luta, como aconteceu contra Russow. Porém, a técnica normalmente é chutada para a lua, mesmo com os treinos na Jackson’s MMA com lutadores do mais alto nível como Jon Jones. A luta agarrada é seu principal problema – e é exatamente o grande trunfo do oponente.
O peso pesado baixo, gordinho e desprovido de técnica tem 1,83m de altura e 1,92m de alcance. Apesar disso, Jordan terá a seu favor a movimentação, aprimorada nos campos do esporte da bola oval. Seu cartel é de 15-4, com onze nocautes e três submissões.
* * *
Napão tem que ser pouco inteligente para resolver trocar pancada com Jordan no centro do octógono e transformar o combate em loteria. Kongo mostrou que o americano é limitado no clinch, área em que Napão domina com destreza.
Como o brasileiro não chegou a disputar o cinturão à toa, provavelmente ele vai usar alguma tática para encurtar a distância. E ele tem que fazer isso logo, já que é mais lento que o americano. Se Napão superar a pressão inicial de Jordan, eventualmente vai conseguir levar o combate para o solo e encaixar a décima finalização da carreira.
John Dodson (EUA) vs Darrell Montague (EUA)
Campeão do TUF 14 como peso galo, Dodson chamou atenção de todos com seu estilo elétrico que nocauteou os top 10 TJ Dillashaw e Jussier Formiga, este já como mosca. Escalado para disputar o cinturão, quase nocauteou Demetrious Johnson no começo da luta, mas acabou não resistindo ao sólido jogo do campeão.
Dodson faz parte do trio de ferro dos pesos moscas ao lado de Johnson e Joseph Benavidez, que lutarão pelo cinturão em dezembro. Recrutado por Greg Jackson na University of New Mexico com apenas 18 anos, o ex-desafiante tem origem na luta olímpica, mas especializou-se no sistema desenvolvido pelo seu mentor e hoje mostra talento em todos os ramos do MMA. Punhos rápidos e precisos, o maior potencial de nocautes da categoria, quedas explosivas e movimentação ininterrupta são suas principais características. Dodson costuma deixar alguns espaços na troca de golpes, mas o queixo resistente segura a onda – Johnson o pegou em inúmeras joelhadas no clinch e John seguiu em frente. O apelido de “O Mágico” parece refletir sua movimentação, pois ele parece se teletransportar e sempre estar diante de seu oponente, em qualquer canto do octógono.
Dodson tem 29 anos, 1,60m de altura e possui envergadura oito centímetros mais extensa. Seu retrospecto profissional é de 14-6, com 3-1 no UFC, sem contar as lutas dentro da casa do TUF. Das derrotas, metade foram na atual categoria e nenhuma delas aconteceu por interrupção. Por outro lado, Dodson nocauteou seis oponentes e finalizou outros dois.
* * *
Sabe-se lá porque Sean Shelby demorou tanto tempo para recrutar Montague às fileiras do UFC, visto que tratava-se do melhor mosca do mundo fora da maior organização do planeta. Com dez vitórias nas últimas onze lutas, incluindo triunfos sobre o astro Mamoru Yamaguchi e o ex-UFC Ulysses Gomez, Montague só perdeu para Ian McCall, que lhe tomou o cinturão do Tachi Palace Fights, antigo celeiro das categorias mais leves do MMA.
Ainda em desenvolvimento técnico, o californiano chegou ao posto de número um do mundo quando conquistou o cinturão do TPF ao bater Gomez, mas perdeu o posto e a coroa para McCall. O “Mongoose” faz parte da primeira geração de lutadores que começou a treinar MMA desde o princípio – ele não tem histórico em artes marciais de base antes, apesar de ter frequentado algumas aulas de luta no colégio. Esta característica criou um lutador versátil, que sabe atuar tanto na troca de golpes quanto na luta agarrada. Darrell foi superior em pé contra um trocador da estirpe de Yamaguchi, usando combinações rápidas que dificultaram a vida do japonês afro.
Montague está com 25 anos e é sete centímetros mais alto que Dodson. Seu cartel é de 13-2, com a ótima marca de cinco nocautes e outras cinco submissões. Ele foi finalizado por McCall e nocauteado por Robbie Peralta, hoje um peso galo do UFC.
* * *
A estreia contra alguém como Dodson mostra como Montague é respeitado. Porém, sua missão será complexa. Ainda que ele eleve o nível da movimentação que mostrou contra Yamaguchi, talvez não seja suficiente contra um dínamo como Dodson.
Como o ex-desafiante imprime um ritmo forte, Montague precisaria do wrestling para quebrar a constância de socos e chutes lançados por Dodson, mas ele ainda não tem o talento desenvolvido como Demetrious Johnson. Então caberá ao estreante disputar pau a pau o combate na troca de golpes. Sendo assim, as maiores velocidade e criatividade de Dodson o conduzirão à vitória.
-------------------------------------------Pesagens -----------------------------------------
CARD PRINCIPAL
Peso-pesado (até 120,2kg): Cain Velásquez (109,1kg) x Junior Cigano (108,9kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Daniel Cormier (110,7kg) x Roy Nelson (112,9kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Gilbert Melendez (70,8kg) x Diego Sanchez (70,8kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Gabriel Napão (116,6kg) x Shawn Jordan (115,7kg)
Peso-mosca (até 57,2kg*): John Dodson (56,7kg) x Darrell Montague (57,2kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-médio (até 84,4kg*): Tim Boetsch (84,4kg) x CB Dollaway (84,4kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): Nate Marquardt (77,6kg) x Hector Lombard (76,7kg)
Peso-galo (até 61,7kg*): Sarah Kaufman (61,2kg) x Jessica Eye (61,2kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): George Sotiropoulos (70,3kg) x KJ Noons (70,8kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): TJ Waldburger (77,3kg) x Adlan Amagov (77,6kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Tony Ferguson (70,3kg) x Mike Rio (70,8kg)
Peso-pena (até 66,2kg*): Jeremy Larsen (66kg) x Andre Fili (67,4kg)**
Peso-galo (até 61,7kg*): Dustin Pague (61,2kg) x Kyoji Horiguchi (61,2kg)
* Limites das categorias já contando com uma libra (454g) a mais, que é a tolerância para lutas que não valem título.
** Fili foi multado em 20% de sua bolsa, valor que foi repassado ao seu adversário
O brasileiro Junior Cigano ficou poucos gramas abaixo do americano Cain Velásquez na pesagem do UFC 166, nesta sexta-feira, em Houston, EUA. O lutador catarinense radicado na Bahia registrou 108,9kg ao subir à balança - seu maior peso nas três lutas contra Velásquez -, enquanto o atual campeão da categoria marcou 109,1kg. Os dois se encararam de forma intensa, com ambos colocando o punho esquerdo rente ao rosto do outro. Após o show, Cigano prometeu:
- Com certeza, vai ser uma grande luta para os fãs, e vou dar a vocês mais um nocaute.
Cigano foi bastante vaiado pela torcida, composta em sua maioria por mexicanos e americanos de origem latina, que vibraram muito quando Velásquez subiu ao palco. O atual campeão assegurou aos fãs que lutará ainda melhor do que no UFC 155, quando se vingou de sua derrota na primeira luta com Cigano e derrotou o brasileiro por decisão unânime.
- Ele é um cara duro, e nesta luta espero ser mais duro ainda que na segunda. Treinei duro para uma luta de cinco rounds e estou preparado para o que for - disse Velásquez.
A primeira surpresa da pesagem do UFC 166 foi a presença da ring girl Chrissy Blair, ex-Strikeforce, no lugar de Brittney Palmer, titular do evento. A mais famosa "moça da placa" do Ultimate, Arianny Celeste, apareceu de biquíni vermelho, habitualmente usado por Palmer. A segunda foi o peso registrado pelo estreante Andre Fili na segunda luta da noite: 67,4kg, mais de um quilo acima do limite de tolerância para o peso-pena, 66,2kg, em lutas que não valem cinturão. Fili aceitou o combate com duas semanas de antecedência, em substituição ao brasileiro Charles do Bronx, lesionado. O UFC anunciou que ele não tentaria bater o peso e será multado em 20% do valor de sua bolsa, que será transferido para seu adversário, Jeremy Larsen. Dana teve uma conversa com o estreante:
- Se você aceita a luta, você tem que bater o peso, não importa o que acontecer! - reclamou o chefão.
De cueca, KJ Noons foi o segundo a ficar acima do limite de sua categoria, com 71kg. Porém, após pedir a cobertura das toalhas e ficar nu, Noons conseguiu bater o peso, registrando 70,8kg. Ao encarar George Sotiropoulos, o lutador colocou a camisa do time de basquete local, Houston Rockets. A canadense Sarah Kaufman adotou a mesma tática e entrou no palco com uma camisa retrô da equipe, do ídolo Hakeem Olajuwon, e ainda fez uma finta e um arremesso idênticos ao do jogador ao tirar a blusa.
Após revelar durante a semana que estava sofrendo com sua descida ao peso-meio-médio, o cubano Hector Lombard bateu o peso com folgas: registrou 76,7kg, quase um quilo a menos do que era permitido. Seu adversário, Nate Marquardt, usou o limite de tolerância e ficou com 77,6kg.
Na abertura das pesagens para o card principal, o peso-mosca John Dodson roubou a cena ao pedir uma foto com Chrissy Blair antes de subir à balança, à qual se direcionou usando uma cueca com estampa de zebra e meia 3/4 verde-limão. Na encarada, o contraste: Dodson sorridente e de braços abertos, e Montague de braços para baixo e expressão séria. Logo depois, vieram os pesos-pesados Shawn Jordan e Gabriel Napão. O americano registrou 115,7kg, e o brasileiro, ainda de bigode, ficou em 116,6kg.
Os pesos-leves Diego Sanchez e Gilbert Melendez registraram 70,8kg cada. Apesar de se encararem de longe, ambos bateram no peito ao final da pose para fotos e trocaram provocações à distância. Na pesagem do coevento principal, Roy Nelson apareceu um pouco mais magro do que de costume e marcou 112,9kg. Daniel Cormier, que esperava pesar cerca de 102kg, ficou bem acima disso, mas ainda mais leve que seu adversário, com 110,7kg.
Confira os pesos registrados pelos lutadores na pesagem desta sexta-feira:
CARD PRINCIPAL
Peso-pesado (até 120,2kg): Cain Velásquez (109,1kg) x Junior Cigano (108,9kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Daniel Cormier (110,7kg) x Roy Nelson (112,9kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Gilbert Melendez (70,8kg) x Diego Sanchez (70,8kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Gabriel Napão (116,6kg) x Shawn Jordan (115,7kg)
Peso-mosca (até 57,2kg*): John Dodson (56,7kg) x Darrell Montague (57,2kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-médio (até 84,4kg*): Tim Boetsch (84,4kg) x CB Dollaway (84,4kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): Nate Marquardt (77,6kg) x Hector Lombard (76,7kg)
Peso-galo (até 61,7kg*): Sarah Kaufman (61,2kg) x Jessica Eye (61,2kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): George Sotiropoulos (70,3kg) x KJ Noons (70,8kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): TJ Waldburger (77,3kg) x Adlan Amagov (77,6kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Tony Ferguson (70,3kg) x Mike Rio (70,8kg)
Peso-pena (até 66,2kg*): Jeremy Larsen (66kg) x Andre Fili (67,4kg)**
Peso-galo (até 61,7kg*): Dustin Pague (61,2kg) x Kyoji Horiguchi (61,2kg)
* Limites das categorias já contando com uma libra (454g) a mais, que é a tolerância para lutas que não valem título.
** Fili foi multado em 20% de sua bolsa, valor que foi repassado ao seu adversário