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MMA: UFC Fight Night 29: Maia vs. Shields - Antevisão + Pesagens


Nesta quarta-feira, o UFC desembarca em uma nova cidade brasileira para seu sexto e penúltimo evento em território brasileiro em 2013. O Ginásio Poliesportivo José Corrêa, em Barueri, na Grande São Paulo, será palco do UFC Fight Night: Maia vs Shields, também chamado de UFC Fight Night 29, evento que conta com dois combates que vão clarear a parte de cima das categorias dos meios-médios e galos.....

Na luta principal, o paulista Demian Maia pode ser nomeado o desafiante número um dos meios-médios em caso de vitória categórica sobre o americano Jake Shields. Já no combate que abre o card principal, o pernambucano Raphael Assunção disputa com o americano TJ Dillashaw uma chance de se aproximar do title shot entre os galos.

O capixaba Erick Silva faz mais uma luta em território nacional, desta vez no combate coprincipal contra o sul-coreano Dong Hyun Kim. O paulista Thiago Silva segue sua reescalada entre os meios-pesados contra o americano Matt Hamill. Na mesma categoria, o paulista Fabio Maldonado e o americano Joey Beltran prometem trocar pancadas como se não houvesse amanhã. Para completar, na categoria imediatamente abaixo, o mineiro Rousimar Toquinho encara o duro americano Mike Pierce.

No card preliminar, serão quatro duelos, um deles inteiramente verde-amarelo: o meio-médio Ildemar Marajó mais uma vez dá as boas-vindas a um estreante nacional, agora o ex-TUF 16 Igor Araújo. Na mesma categoria de peso, o integrante do TUF Brasil 2 Yan Cabral tem sua chance contra o estadunidense David Mitchell.

O peso mosca Iliarde Santos tem mais uma árdua tarefa em sua carreira pelo UFC contra o experiente Chris Cariaso. Abrindo os trabalhos na tarde paulista, um duelo de estreantes entre o brasileiro Alan Nuguette e o americano Garett Whiteley, pela divisão dos leves.

O card completo do UFC Fight Night 29: Maia vs. Shields é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Peso-meio-médio: Demian Maia  x Jake Shields
Peso-meio-médio: Erick Silva  x Dong Hyun Kim
Peso-casado: Thiago Silva x Matt Hamill
Peso-meio-pesado: Fábio Maldonado x Joey Beltran
Peso-meio-médio: Rousimar Toquinho x Mike Pierce
Peso-galo: Raphael Assunção x TJ Dillashaw

CARD PRELIMINAR

Peso-meio-médio: Ildemar Marajó x Igor Araújo
Peso-meio-médio: Yan Cabral x David Mitchell
Peso-mosca: Iliarde Santos x Chris Cariaso
Peso-leve: Alan Nuguette x Garett Whiteley


O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 18:00 horas do Brasil e 22:00 horas de Portugal 

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Demian Maia (BRA) vs Jake Shields (EUA)

Mudar de categoria é um expediente comum para quem entra em fase de resultados negativos em sequência. No caso de Demian, a decisão se mostrou certeira, uma vez que o lutador se tornou um furacão como meio-médio. Voltando às origens, o paulista não tomou conhecimento de Dong Hyun Kim, Rick Story e Jon Fitch, três duros oponentes reduzidos a quase nada.

É lugar-comum falar de toda a competência de Demian na luta agarrada. O multicampeão de jiu-jítsu e submission é tido como o melhor lutador de chão do UFC em todas as categorias. Na nova categoria, tornou-se um lutador mais forte que a média e ainda mais capaz de conduzir a concorrência à sua zona de conforto. Se como peso médio ele já derrubava wrestlers do naipe de Chael Sonnen com facilidade, o cenário ficou ainda mais favorável como meio-médio, visto que os três oponentes batidos tinham na luta olímpica sua principal ferramenta.

Como se trata de MMA, é preciso destacar que Maia também andou evoluindo no boxe – o primeiro round da luta contra Mark Muñoz mostra que, no mínimo, o brasileiro aprendeu a usar os punhos. Se ainda não é um crescimento capaz de torná-lo um striker, pelo menos o deixa com mais um trunfo contra Shields.

O faixa-preta quarto dan está com 35 anos, 1,83m de altura, de envergadura e tem cartel profissional de 18-4, com ótimo 12-4 no UFC, organização onde estreou com quatro submissões da noite seguidas. Demian nocauteou o primeiro adversário da carreira e conseguiu mais duas vitórias deste modo via contusão dos rivais. Por outro lado, nove tiveram que desistir depois de algum estrangulamento ou torção. Maia perdeu para Anderson Silva, Mark Muñoz e Chris Weidman por decisão, além de ter sido nocauteado por Nate Marquardt.

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O cara que chegou ao UFC com a banca de ter conquistado cinco cinturões e com 15 vitórias seguidas experimentou a dura vida da maior organização do mundo. As três vitórias conquistadas (Yoshihiro Akyiama, Martin Kampmann e Tyron Woodley) foram contestadas, outra (Ed Herman) virou no contest por doping e as demais, derrotas acachapantes (nocaute rápido contra Jake Ellenberger e passeio de 25 minutos contra Georges St-Pierre).

Assim como Demian, a principal ferramenta de Shields é o jiu-jítsu – neste caso, o “american jiu-jitsu” desenvolvido na academia de Cesar Gracie. Ele é um wrestler subestimado, dono de ótimas quedas e melhor ainda no trabalho no clinch, área onde ele dominou até mesmo wrestlers laureados como Woodley e Dan Henderson. A troca de golpes é o principal calo no jogo do americano, alguém que praticamente só usa o boxe na distância para chegar ao combate corpo a corpo.

Shields é um ano mais novo que Demian, luta MMA profissionalmente desde 1999 e tem as mesmas altura e envergadura do rival. Seu cartel atual é de 28-6-1, com a luta sem resultado contra Herman. Jake conseguiu dez vitórias por submissão e três por nocaute na carreira. Nos últimos 13 anos, só sofreu a interrupção contra Ellenberger (em condições especiais, já que Shields havia acabado de perder o pai) e jamais foi finalizado profissionalmente.

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A maioria olha torto para luta de chão, mas não há como torcer por nada diferente quando dois grapplers desta estirpe se encontram no octógono. Em um duelo movimentado, técnico, cheio de nuances, o velho chavão “tudo pode acontecer” estará mais firme do que nunca.

As melhores oportunidades para o americano serão drenar o corte de peso do brasileiro no clinch (sem arruinar seu próprio condicionamento) ou tentar ficar por cima quando o combate for ao chão. Porém, no fim das contas, a aproximação agressiva de Demian o conduzirá a situações de controle na luta agarrada e a uma vitória por decisão.

Erick Silva (BRA) vs Dong Hyun Kim (COR)

O capixaba chegou como um furacão no UFC, nocauteando Luis Beição e Carlo Prater (luta que se transformou em desclassificação por golpes ilegais) em menos de um minuto e finalizando Charlie Brenneman em sua única luta fora do Brasil. Alçado cedo demais aos tops, acabou jonfitchzado no UFC Rio 3 e teve que recuar. Em junho de 2013, Erick bateu Jason High com uma das mais belas finalizações do ano.

O que faz com que Erick atraia tantos fãs é a combinação letal de jiu-jítsu com muay thai, mistura típica do MMA brasileiro. O atleta de Vila Velha juntou suas artes de modo altamente ofensivo, confundindo os rivais com trocas intensas de base, chutes, joelhadas voadoras e outros artefatos lançados de ângulos pouco ortodoxos. Mesmo quando perdeu para Fitch, forçou o americano a superar uma batalha e um mata-leão que teria feito muita gente se render. Na troca de golpes, o “mata-cobra teleguiado” acabou se tornando a principal arma.

Parceiro constante de treinos de Ronaldo Jacaré na X-Gym, Erick está com 29 anos, tem 1,80m de altura e dez centímetros a mais de uma envergadura bem explorada. Seu cartel é de 15-3, com 3-2 no UFC. “Índio” nunca foi nocauteado ou finalizado, mas já fez nove oponentes se renderem e deixou outros três nocauteados.

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Kim vai traçando um percurso bem parecido com o de Yushin Okami. Ele se recuperou de derrotas por nocaute contra Carlos Condit e Demian com dois triunfos seguidos, anulando Paulo Thiago e Siyar Bahadurzada, ficando com o perigoso risco de se tornar porteiro de divisão.

Com base no judô, Kim é mestre na arte de grudar nos oponentes e sufocá-los no chão, sem dar espaço nem para se coçar. Foi assim que Paulo Thiago, Bahadurzada e vários outros sofreram contra o cobertor coreano. Ainda que sua evolução na trocação seja evidente, com muitos golpes em linha reta, o boxe de Kim serve basicamente para encurtar a distância. Quando está corpo a corpo com o adversário, ele costuma ser letal nas quedas e joga o corpanzil sobre os oponentes, trabalhando no ground and pound sem clemência, comprovando seu apelido de Stun Gun, aquela arminha de eletrochoque que serve para paralisar a vítima.

O asiático de 31 anos é um enorme meio-médio de 1,85m de altura e 1,93m de envergadura. Seu cartel no MMA profissional é de 17-2-1, sendo 8-2 no UFC. Ele só foi derrotado por uma violenta joelhada voadora de Condit e sucumbiu a uma costela machucada contra Demian Maia. Fora isso, venceu seis vezes por nocaute e finalizou um japonês em 2006.

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A torcida brasileira espera por uma grande vitória de seu prospecto preferido, mas Erick poderá ter uma noite longa de sofrimento. Kim já riscou em seu caderninho todas as ameaças que o rival possa apresentar, seja perigo no jiu-jítsu (Paulo Thiago e Nate Diaz), seja poder de nocaute com um só golpe (Bahadurzada) ou trocação versátil (Amir Sadollah).

A vantagem de Silva é reunir todas as qualidades acima de uma só vez e ainda poder contar com a pressão do ambiente hostil contra o rival. Porém, ele não poderá de modo algum permitir que Kim grude, pois este será o fim. Não adianta tirar faixa preta da sacola porque o coreano não dá espaço e raramente perde posição na luta agarrada. O tempo será inimigo de Erick, que terá que ter muita calma para controlar a distância e chegar ao golpe derradeiro, repetindo o feito de Condit. Porém, cada minuto que passar aproximará Kim da vitória por decisão.

Thiago Silva (BRA) vs Matthew Hamill (EUA)

De candidato a astro ao emprego por um triz. Não tem sido fácil a vida de Thiago. Depois de perder a invencibilidade – e um provável title shot – para Lyoto Machida, o paulista entrou em má fase e mesclou contusões com derrotas e suspensões por doping em duas vitórias que viraram lutas sem resultado. Até que se redimiu com um nocaute sensacional sobre Rafael Feijão, na final do TUF Brasil 2, lembrando aos fãs o tempo em que era o prospecto mais violento da divisão dos meios-pesados.

Apesar de ser faixa preta de jiu-jítsu, Silva ficou famoso no MMA pelo poder de nocaute enorme, beneficiado pelo estilo furioso de trocar golpes, queixo de pedra e pelo clinch que suga boa parte da barra de energia dos adversários. Fora o brasileiro Claudio Godoy, derrotado por decisão em sua quarta luta, e o holandês Dave Dalgliesh, finalizado no combate seguinte, todas as demais vitórias de Thiago aconteceram através da via rápida dolorosa – e apenas três adversários resistiram ao primeiro round.

Aos 30 anos, Thiago trocou a American Top Team pela Blackzilians, tem 1,85m de altura e seis centímetros a mais de alcance. Seu cartel oficial é de 15-3, com 6-3 e dois no contest na maior organização do mundo. Além do nocaute para Lyoto, Thiago saiu derrotado por decisão contra Rashad Evans e Alexander Gustafsson, em lutas que se arrastou no octógono, mas mostrou boa capacidade de absorver castigo, característica repetida na vitória que virou no contest contra Stanislav Nedkov e contra Feijão.

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Derrotas seguidas para Rampage e Gustafsson fizeram Hamill decidir se aposentar. Porém, um pedido da filha o trouxe de volta depois de um ano inativo. Ele sentiu o ritmo, mas conseguiu vencer Roger Hollett e ficou mais um ano parado.

Matt é um sujeito de grande popularidade, principalmente pela bela história de vida – ele é surdo de nascimento – que rendeu um filme. Mas é também um bom e esforçado lutador. Tricampeão nacional da Divisão III da NCAA, medalha de prata em greco-romana e ouro no estilo livre nos Jogos Olímpicos para Deficientes Auditivos, Hamill é um atleta que fez bem a transição para o MMA. Não é um virtuose, mas compensa eventuais deficiências com muita vontade, preparo físico e um estilo que lhe permite se virar em qualquer canto (ele é também faixa roxa de jiu-jítsu).

Aos 36 anos, Hamill tem 1,85m de altura e 1,93m de envergadura. Seu cartel de 11-4, feito praticamente inteiro no UFC (só a primeira luta foi por outra organização), tem alguns detalhes curiosos. Ele foi derrotado por Michael Bisping, na Inglaterra, num dos maiores roubos da história do UFC. Por outro lado, Hamill é o responsável pelo cartel de Jon Jones não ser mais imaculado – o atual campeão o espancou, mas acabou desclassificado por lançar cotoveladas ilegais. Vencedor, Hamill deixou o octógono naquele dia carregado.

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Com uma luta em dois anos, Hamill terá dificuldade em encontrar o melhor ritmo contra um oponente que fará a quarta em um ano e meio. Sem a capacidade de trocar na longa distância como Gustafsson, caberá ao americano usar o expediente das quedas que deram a vitória a Rashad sobre Thiago. Porém, diante de seus conterrâneos, o mais provável é que o paulista se empolgue e consiga transformar o combate em pancadaria e alcançar mais um nocaute no primeiro round.

Fabio Maldonado (BRA) vs José Felipe Beltran (EUA)

Por retrospecto, o simpático Fião poderia estar talvez no top 20 dos meios-pesados não tivesse estado do lado errado de decisões controversas contra Igor Pokrajac e Kyle Kingsbury. Maldonado venceu James McSweeney e Roger Hollett, mas levou uma surra de proporções bíblicas de Glover Teixeira.

Em todas as ocasiões, Fabio deu verdadeiros shows de sua principal característica, a luta na curta distância e os violentos ataques contra os corpos dos oponentes. Invicto em 22 lutas de boxe profissional (21 nocautes), Maldonado tem boa condição cardiorrespiratória, é bastante habilidoso na troca de socos e não só tem capacidade irreal de encaixar golpes como motiva-se quando é atingido. Apesar de ser faixa marrom de jiu-jítsu, seu principal ponto fraco é a luta de solo e a defesa de quedas.

Maldonado está com 33 anos, tem 1,85m de altura e seis centímetros a mais de envergadura. Seu retrospecto profissional no MMA é de 19-6, com 2-3 no UFC. Mandou treze oponentes para a vala através de nocautes dolorosos (Jessie Gibbs foi forçado a desistir, no Bitetti Combat 7, debaixo de um ground and pound violento) e só foi nocauteado pelo médico que o obrigou a desistir do combate contra Glover.

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Yushin Okami e Jon Fitch foram demitidos, mas Beltran foi recontratado. Depois de quatro derrotas nas últimas cinco lutas como peso pesado (série entremeada pela vitória sobre o tosco Aaron Rosa), o brigador de rua foi dispensado, diminuiu a circunferência abdominal, baixou de categoria, venceu um ninguém e voltou ao UFC. Como meio-pesado, foi superado por James Te Huna e viu a vitória sobre Igor Pokrajac ficar sem resultado por ter sido pego no antidoping.

A principal característica do Mexicutioner é a resistência em absorver punição. A derrota para Lavar Johnson, que lhe rendeu o corte do UFC em janeiro de 2012, foi a única vez em que saiu nocauteado. A durabilidade vem também da capacidade de transformar as lutas em trocações bizarras, apoiadas num dirty boxing feio e desengonçado, mas que causam danos grandes quando seus punhos encontram carne humana.

Com cartel de 14-8, Beltran conquistou onze vitórias por nocaute e só foi finalizado uma vez, além do nocaute contra Johnson (as demais derrotas foram por decisão). Ele tem 1,84m de altura e seis centímetros a mais de envergadura.

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Sempre que alguém perguntar o que faz Beltran no UFC, a resposta é dada por este confronto. Fabio e Joey vão saciar o desejo de sangue dos fãs que só se importam com soco na cara e corpo estirado no chão.

O grande ponto de interrogação fica por conta da preparação de Maldonado. O sorocabano saiu brigado da Team Nogueira e fundou a Team Maldonado, mas ele mesmo reconheceu que não tem a mesma estrutura de treinos que encontrava no Rio de Janeiro. Pulando de academia em academia em busca de versatilidade, Maldonado pode ter feito um camp deficiente. Isto pode ser um problema caso Beltran resolva esmagá-lo contra a grade.

No confronto de dois lutadores com inacreditáveis capacidades de absorver castigo e continuar avançando, o vencedor vai ser o público que vai vibrar com a luta da noite.

Rousimar Palhares (BRA) vs Michael Pierce (EUA)

Mesclando muita força física, submissões violentas e psicológico instável, Toquinho tem uma história de altos e baixos no UFC, ora deixando os fãs com esperança, ora desesperados. Depois de infantilmente ser nocauteado por Nate Marquardt, Toquinho quase arrancou uma perna de David Branch e Mike Massenzio, além de violentar Dan Miller. Quando o próprio UFC o preparava para voos mais altos, Palhares sucumbiu diante de Alan Belcher, numa luta em que ele pareceu ter ficado sem saber o que fazer depois que o americano defendeu uma chave de perna sua e ainda “ousou” atacá-lo no chão. Na sequência, foi brutalmente nocauteado por Hector Lombard e, para piorar, pego no antidoping.

Faixa preta primeiro dan de Murilo Bustamante, Toquinho é um dos finalizadores mais temidos da história do MMA, não só por ter muita eficiência como também por muitas vezes machucar o oponente. Além de ser muito bom de quedas e um monstro de forte, ele acaba levando as lutas para o chão mesmo se embolando com o adversário, como fez no UFC Rio 2 com Massenzio, ou se jogando nas pernas do oponente, como fez com Dan Henderson e outros. Ou seja, se você tem amor ao seu joelho, evite a todo custo ter Toquinho grudado. Por outro lado, o mineiro de Dores do Indaiá é deficiente na troca de golpes.

Toquinho está com 33 anos e trocou a Brazilian Top Team pela Team Nogueira durante o cumprimento da suspensão. Ele tem 1,73m de altura (mais baixo até que alguns pesos penas) e sete centímetros a mais na envergadura. Seu cartel profissional é de 14-5, com 7-4 no UFC e dez triunfos por submissão. No ano retrasado, foi vice-campeão do ADCC, pegando três adversários na chave de perna e sucumbindo apenas para o gênio André Galvão.

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Pierce é mais um daqueles casos cujo maior expoente era o hoje decadente Jon Fitch: lutador valoroso, competente e vencedor, mas pouco valorizado por conta de seu jogo pouco empolgante e baixo índice de finalização de lutas. Ele vem tentando mudar este panorama depois de nocautear violentamente Aaron Simpson e David Mitchell.

Com um wrestling forte, lapidado na Divisão I da NCAA, e trocação sólida, além de um queixo de aço e ótimo condicionamento físico. Sua base na luta olímpica é mais utilizada defensivamente do que para levar os combates para o solo. A especialidade da casa é travar o oponente no clinch e de lá acertá-lo com cotoveladas e socos curtos no dirty boxing. Outro golpe que Pierce desenvolveu muito bem é o contra-ataque com ganchos curtos, que incomodou muito Baczynski e mandou Simpson para outra dimensão.

Mike está com 33 anos, tem 1,73m de altura e 1,80m de envergadura. O retrospecto profissional é de 17-5, com 9-3 no UFC e quatro vitórias consecutivas. Seus triunfos estão divididos em sete nocautes, uma submissão e oito decisões. Jamais foi nocauteado ou submetido – ele foi derrotado no UFC somente pelos tops (na época das lutas) Fitch, Josh Kosheck e Johny Hendricks, mas nenhum deles encontrou facilidade (Kos e Hendricks inclusive venceram em decisões divididas e contestadas).

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Se já era forte como peso médio, Toquinho deve ficar assustador como meio-médio. Porém, há de se aguardar para ver se o corte de peso vai mandar a conta. Contra Pierce, é praticamente o fim.

Como o americano é muito bom defensivamente, pode-se esperar que Pierce tenha treinado exaustivamente defesa de chave de perna. Mike pode testar o queixo de Toquinho, já reprovado em outras oportunidades, tanto em pé quanto no ground and pound. Se não conseguir um nocaute técnico, o americano deve anotar mais uma vitória por decisão.

Raphael Assunção (BRA) vs Tylor Jeffery Dillashaw (EUA)

Vindo de três derrotas em quatro lutas como peso pena no WEC, Raphael estreou no UFC e baixou para peso galo sem muitas expectativa após perder para Erik Koch. Porém, na nova categoria, conseguiu quatro vitórias seguidas, inclusive sobre o badalado prospecto Mike Easton, inteiramente dominado na troca de golpes, ponto forte do americano.

Raphael é faixa preta de jiu-jítsu com um bem desenvolvido jogo de quedas. Como ficou claro contra Easton, o pernambucano também vem mostrando evolução na troca de golpes, principalmente nos contragolpes, na movimentação geral e no jogo de pernas. O bom sistema de defesa de quedas do brasileiro receberá mais um duro teste nesta quarta.

Aos 31 anos, o brasileiro encontra-se na melhor fase da carreira, com privilegiado preparo físico e fazendo bom uso de sua experiência. Seu cartel apresenta 19-4, sendo 4-1 no UFC, com nove submissões e três nocautes. Ele tem 1,63m de altura, com 1,71m de envergadura.

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Desde que perdeu a final do TUF 14 para John Dodson – a única derrota em seu cartel – Dillashaw passou o carro em Walel Watson (com direito a dois 30–25), finalizou Vaughan Lee e nocauteou Issei Tamura e Hugo Wolverine, mostrando que pertence à elite dos pesos galos.

Se os Alpha Male vêm se tornando máquinas de destruição após a chegada do técnico Duane Ludwig, imagine Dillashaw, que já era um finalizador de lutas antes da mudança. Wrestling, ground and pound, agilidade no chão, submissões afiadas e ritmo físico intenso, características semelhantes às do parceiro de treino Chad Mendes, são as principais ferramentas do californiano. Para completar o cenário de terror, TJ ainda adicionou belas fintas e poder de nocaute ao seu jogo em pé.

Com 1,68m de altura e envergadura, Dillashaw, 27 anos, chegará ao combate com cartel profissional de 8-1, sendo 4-1 pelo UFC. Ele conquistou três vitórias por submissão e outras três por nocaute.

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Raphael terá que contar mais do que nunca com os chutes baixos para quebrar o ritmo intenso do oponente. Se deixar Dillashaw tomar conta da movimentação no octógono, o brasileiro pode ser sugado por um furacão.

Com ações ofensivas variando entre combinações de socos e chutes com quedas e ground and pound com muito giro, Dillashaw deve conduzir o combate até uma vitória na leitura das papeletas.

Antevisão original de MMA-Brasil 

-------------------------------------------Pesagens -----------------------------------------

 

 Apenas uma surpresa desagradável na pesagem do UFC Fight Night no Combate: Maia x Shields, nesta terça-feira: todos os lutadores do card ficaram dentro do limite permitido para suas categorias e confirmaram presença no evento de quarta-feira, menos o peso-meio-pesado brasileiro Thiago Silva, que ficou cerca de 900g acima dos 93,4kg de sua divisão e foi multado em 25% do valor de sua bolsa. Os protagonistas do espetáculo, os pesos-meio-médios Demian Maia e Jake Shields, fizeram encarada respeitosa e morna e foram ofuscados pela emoção presente nos brasileiros Rousimar "Toquinho" Palhares e Fábio Maldonado. Toquinho se emocionou e disparou um olhar cheio de raiva para seu adversário, Mike Pierce, enquanto o "Caipira de Aço" provocou Joey Beltran no palco e chamou a torcida para apoiá-lo.

Os lutadores do card preliminar passaram sem muito alarde pelo palco da pesagem. Todos ficaram dentro dos limites de suas categorias e fizeram encaradas mornas. O clima esquentou quando subiram os lutadores do card principal. O peso-galo TJ Dillashaw, que abre a parte de cima do evento contra o pernambucano Raphael Assunção, ganhou a torcida ao mostrar uma cueca com o desenho da bandeira do Brasil. Porém, no duelo seguinte, a torcida soltou o famoso grito de "Uh, vai morrer!" para o americano Mike Pierce, que criticou seu adversário, Rousimar Toquinho, na semana passada.

O brasileiro, que desceu para o peso-meio-médio pela primeira vez e volta após uma suspensão de nove meses por causa de doping, foi ovacionado pela torcida e chorou ao subir ao palco. Ele bateu o limite da categoria e, na hora da encarada, quase encostou o rosto em Pierce, demonstrando muita raiva.

Em seguida, o americano de raízes mexicanas Joey Beltran subiu ao palco com uma bandana nas cores da bandeira do México e também ouviu os gritos de "Uh, vai morrer!" Ele incentivou os torcedores a gritarem mais alto, e seu adversário, o sorocabano Fábio Maldonado, gesticulou para a torcida que não deixaria o estrangeiro vencer na quarta-feira. Na encarada, os dois trocaram provocações e sorrisos irônicos, mas se cumprimentaram.

O público calou-se em respeito ao peso-meio-pesado Matt Hamill, que é surdo e não poderia escutar suas provocações. Seu oponente, o brasileiro Thiago Silva, também não deu muitas razões para o público se empolgar: mesmo após ficar completamente nu por trás das toalhas do UFC, ficou acima dos 93,4kg permitidos para sua categoria, com 94,3kg. Ele recebeu uma hora para perder o peso extra, mas, segundo o site "MMA Junkie", o lutador paulista tentou fazê-lo por 45 minutos, não conseguiu e desistiu de subir à balança novamente. Ele cedeu 25% de sua bolsa à Hamill e não estará apto a receber nenhum bônus de performance, como os prêmios de "Luta da Noite", "Nocaute da Noite" e "Finalização da Noite".

Tanto no evento principal como no coevento principal, nenhuma surpresa e muito respeito. Erick Silva trajou uma camisa com uma mensagem dedicada a seu filho, Kalléu, e cumprimentou Dong Hyun Kim antes e depois da encarada. Demian Maia e Jake Shields também passaram pela balança sem maiores problemas e se respeitaram no momento de posar juntos para as câmeras.

Confira os pesos registrados pelos lutadores na pesagem desta terça-feira:

CARD PRINCIPAL

Peso-meio-médio (até 77,6kg): Demian Maia (77,6kg) x Jake Shields (77,6kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Erick Silva (77,1kg) x Dong Hyun Kim (77,6kg)
Peso-casado (94,3kg): Thiago Silva (94,3kg)* x Matt Hamill (93kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg): Fábio Maldonado (92,5kg) x Joey Beltran (93kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Rousimar Toquinho (77,6kg) x Mike Pierce (77,6kg)
Peso-galo (até 61,7kg): Raphael Assunção (61,2kg) x TJ Dillashaw (61,7kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-meio-médio (até 77,6kg): Ildemar Marajó (77,6kg) x Igor Araújo (77,6kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Yan Cabral (77,1kg) x David Mitchell (77,6kg)
Peso-mosca (até 57,2kg): Iliarde Santos (57,2kg) x Chris Cariaso (56,7kg)
Peso-leve (até 70,8kg): Alan Nuguette (70,3kg) x Garett Whiteley (70,8kg)

* Ficou 900g acima do limite dos pesos-meio-pesados (até 93,4kg) e cedeu 25% de sua bolsa ao adversário

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