Slobber Knocker #73: Tudo em família...
Sejam bem-vindos a mais uma edição do Slobber Knocker que anda a ficar cada vez mais numeroso. Para esta semana, volto a vasculhar os acontecimentos actuais do que se passa pela nossa TV para arranjar um tema. E consegui um que já deve ter sido discutido antes, mas aqui vou fazê-lo da forma menos usual - já é costume.....
Uma das principais histórias a decorrer na WWE é o da família Rhodes e a sua tensão com a família McMahon, principalmente com o membro dessa mesma família que lá têm emprestado, Triple H. Está a dar boa notoriedade a Cody Rhodes que já teve problemas para se desenterrar, anteriormente. E pode ser desta que ele vá para o topo para ficar. Rivalidades entre famílias já não são nada de novo, daí que eu queira olhar um pouco para isso... Mas de maneira diferente. Vou antes pegar em famílias. E refiro-me mesmo às grandes, aquelas que pensamos de imediato. E quiçá ver se dava para se fazer algo como amanharam aqui e bem com a família Rhodes.
Será que faço isto resultar? Teremos que ver, mas primeiro uma olhadela ao exemplo actual e que deu a ideia a este artigo:
A família Rhodes
Talvez não seja a família que se pense de imediato, no que diz respeito a famílias do wrestling. Não é das mais numerosas e não tem já camadas de gerações. Mas Dusty Rhodes é uma das mais adoradas lendas e consagrado Hall of Famer, Goldust deve ser das personagens mais caricatas e admiradas de que se tem memória das últimas duas décadas e Cody Rhodes é uma boa representação do presente e futuro seguros da WWE.
Porque não fazer algo com eles, em vez de colocar os irmãos frente a frente, como já chegou a ser o plano? Foi bem pensado e estão a fazer uma boa história, a partir de umas férias dadas a Cody, que transformaram em despedimento, que transformaram em regresso de um veterano, que transformaram em drama familiar. Inteligente e tem dado bons segmentos. Já têm compromisso marcado para o Battleground, onde os irmãos enfrentarão os The Shield, com o seu pai no seu canto. Volto a dizer que está bem feito e tem dado bons momentos - já a começar pelo Goldust andar de fatinho mas com a cara pintada na mesma, adoro isso - mas... Que temos com outras famílias?
A família Hart
Pode recorrer-se a uma expressão popular: São mais que as mães! É de facto, uma família numerosa e corre talento por aquele sangue. Mesmo que seja Bret Hart quem encabece a família, em representação, e logo a seguir lhe siga Owen, em fama, quem encabeça a árvore genealógica é Stu Hart, que já nos deixou. Falando de seus filhos é que começa a longa enumeração: para além de Bret e Owen, seguem-se Smith Hart e Bruce Hart. Keith Hart e Dean Hart, que também já nos deixou, em 1990. Através de casamentos ainda entraram para a família Jim Neidhart, casado com Ellie e de onde saiu Natalya Neidhart, que ainda meteu lá Tyson Kidd através do seu casamento; B.J. Annis, casado com Georgia e de onde saiu o grande amigo de CM Punk, Teddy Hart; Ben Bassarab casado com Allison, sem frutos em ringue e já divorciados; e sem esquecer Diana Joyce, que casou com outra lenda, o British Bulldog, Davey Boy Smith, e de onde saiu David Hart Smith. E como se ainda não fossem suficientes, vai-se a ver e através de parentescos mais afastados, até o Roddy Piper é primo daquela gente. Porque ainda não eram suficientes.
Exemplo de utilização da família em storyline: Basta pensa em tag teams, lendários pares que Bret fez com cunhados seus e com quem partilhou títulos. Mas se quisermos pensar numa história que envolva verdadeiramente a família em massa, teremos que retornar a 1993. Jerry Lawler considerava a coroa de "King of the Ring" de Bret Hart uma farsa, pois ele é que era o verdadeiro rei. Para continuar com provocações, insultava a família, logo a começar pelo pai. No Survivor Series, teríamos um belo presente, um combate com a equipa Hart, constituída por cinco membros da família contra Jerry e os seus "cavaleiros". Houve confusão com Lawler e acabou por ser Shawn Michaels a substituí-lo, mas deu para reunir a família naquele ringue, foi o que importou. Culminou numa Heel Turn de Owen Hart e mais problemas se dariam com a família, mas desta vez internos.
E agora?: Que se poderia fazer com os Harts agora? Os irmãos estão todos reformados. Da geração nova, desperdiçaram uma boa tag team que eram os Hart Dynasty e em seguida desperdiçaram cada um deles individualmente. Mas conseguiriam fazer algo com a malta nova? Aproveitando bem Tyson Kidd, Natalya e trazendo de volta David Hart Smith e arriscando com Teddy Hart? - para se pegar no backstage com CM Punk, já agora. Quiçá com Bret Hart a orientá-los e a apoiá-los do lado de fora? Dava para fazer e muitos iam gostar mas... Qual seria o propósito? Feud com McMahons? O problema supostamente já foi resolvido mano-a-mano na Wrestlemania XXVI, para quê esticar mais? Os lutadores a exigir respeito pela família e pelo seu legado, tendo em conta o seu pouco uso? Acabava por ir dar ao mesmo que já mencionei encima, ia dar aos McMahons. Não há muito por onde mexer, logo é deixar estar e ver se a malta nova ainda dá cartas, nem que seja separadamente, pelo menos...
A família Anoa'i
Se os outros são mais que as mães... Estes davam para fazer uma vila. Família com origem na Samoa e com muitos lutadores notáveis a ter passado pelos ringues da WWE com sucesso moderado a alto. Posso enumerar integrantes, mas prefiro nem entrar nos pormenores dos parentescos porque é bem possível que acabe por me confundir. Começo por mencionar os Wild Samoans, constituídos por Afa e Sika. Entre os filhos de Afa, contam-se Samu - de quem foi manager nos Headshrinkers -, Manu e o menos conhecido L.A. Smooth. Os filhos de Sika também são bem conhecidos, o mais velho lutou conhecido como Rosey e o miúdo mais novo anda por lá agora a dar que falar, como Roman Reigns. E ainda faltam os sobrinhos destes, como Black Pearl, conhecido em independentes; Yokozuna, que gostava de fazer de conta que era Japonês, antes de nos deixar; os três irmãos Tonga Kid, Umaga (mais um que esteja a descansar em paz) e Rikishi. Aprofundando ainda mais pelos ramos de Rikishi, aparecem-nos os gémeos Jimmy e Jey Uso que vão dando cartas na actual divisão de equipas.
Mas aparentemente ainda não era suficiente. Estes não chegavam e tinha que se ir buscar à outra afiliação... Os Maivias... Se o nome vos é familiar, é normal, temos que recuar ao lendário Peter Maivia, cuja filha casou com Rocky Johnson - contra a sua vontade - e que veio a ter um filho a quem chamaram de... Rocky Maivia. Ou The Rock, ou Dwayne Johnson, lá como lhe preferirem chamar e dependendo de qual ecrã ele esteja a trabalhar. Família acolhedora, será que dá para reuni-los todos no Natal ou no Dia de Acção de Graças?
Exemplo de utilização da família em storyline: Tirando as tag teams que se iam formando (Wild Samoans, Headshrinkers, 3-Minute Warning, The Usos, etc.) não estou a ver alguma história em que se abordasse esta família. Aliás, muitos destes parentescos nem eram reconhecidos em TV. Hoje ainda não dizem que Roman Reigns e os Usos são primos em segundo grau quando lutam pelos títulos Tag Team. Nunca se referiam a Umaga como irmão de Rikishi. O Yokozuna era Japonês. E o The Rock é demasiado grande para ser associado aos primos, quem quer saber dos primos? Não me recordo de algum acontecimento em que a família tenha vindo à baila, mas se souberem de algo...
E agora?: Agora também ia parecer estranho lembrar-se de repente que são todos família. Juntar o Roman Reigns, os Usos e trazer algum dos que andem nas Indys ou até o Rosey se ele ainda andar por aí de boa saúde, com Rikishi a guiá-los e quiçá, uma visita de The Rock a cada 6 meses. Fazia uma stable de impôr respeito até e se calhar até só bastava aliar o Reigns e os Usos com um manager, que já dava para algo, mas voltamos àquela estaca: qual seria o propósito? Só porque sim? Uma equipa Heel que se viraria a The Rock, numa altura em que este se lembrasse de regressar e a reclamar disso mesmo? Ou o contrário, The Rock a mostrar o orgulho no negócio e na sua família e liderar uma stable? - e aparecer a orientá-los de vez em quando. Isto dava boa TV sequer? Ou mais vale continuar a esconder os parentescos?
Los Guerreros
Também já bem conhecida, mas quem se destaca são poucos membros. Até fazemos girar tudo à volta de um, mas nem é ele quem a encabeça, temos que começar por Gory Guerrero. Depois então chegam os filhos. Podemos começar por Eddie Guerrero, talvez conheçam esse. Entre seus irmãos constam Chavo Guerrero Sr., Mando Guerrero que muito trabalhou ao longo dos 70s e 80s, Héctor Guerrero que se conhecem melhor como comentador da TNA, estão errados, porque deviam conhecê-lo como o Gobbledy Gooker. Os ramos ainda descem e há dois lutadores de terceira geração. Chavo Guerrero Jr. conhecemos bem e continua empregado e Shaul Guerrero, filha de Eddie e Vickie, já constou no plantel do NXT como Raquel Diaz.
Estes são mais fáceis de enumerar porque já não são tantos, mas também é um caso em que são poucos os que ficam fora do wrestling - normalmente são as mulheres e aqui até é um raro caso em que nenhuma se foi casar com um outro wrestler para ter a certeza que a família aumenta ainda mais.
Exemplo de utilização da família em storyline: Nunca criaram conflitos com muitos deles, nem entre eles. Mas muita tag team saiu daqui. Desde as várias condições com os lendários lutadores da segunda geração até à mais popular e recente aliança entre tio e sobrinho com Eddie e Chavo Jr. A má utilização do nome e legado da família Guerrero foi para exploração. Com a trágica morte de Eddie, de quem ainda hoje sentimos falta, veio um push para Rey Mysterio em que só faltava desenterrar-lhe o corpo e fazê-lo ter segmentos. Abuso da utilização do seu nome e às custas da sua morte, um lutador tem um push e uma storyline inteira foi criada. Há quem diga, como defesa, que era assim que Eddie quereria, que o espectáculo continuasse, mas muitos fãs não conseguem manter-se confortáveis a assistir a tal acto.
E agora?: Agora é um pouco difícil com uns para cada lado. Chavo e Vickie foram sempre aliando-se quando podiam, mas agora estão um para cada lado. Se Chavo ainda estivesse na WWE - leia-se, se ele quisesse saber ainda menos da sua própria dignidade e aguentasse lá ainda mais tempo a ser gozado - podiam aproveitar a Raquel Diaz e fazer um bizarro trio, cujo propósito também ficaria ali algo fosco. O push a Raquel, com Chavo a orientá-la? Chavo a trabalhar a divisão de Divas sempre era melhor que algumas coisas que ele chegou a andar lá a fazer. Mas separados, há pouco a fazer. O que se fez foi na estreia de Chavo na TNA, nova exploração do nome de Eddie, desta vez mais ligeira, para deixar Chavo over. Não se cantava o seu nome, cantava-se o de Eddie, num caso de "close enough", mas não saiu uma storyline propriamente dita... Nem dava... Era para vir mais exploração...
Outras famílias
Falando brevemente de mais alguns exemplos de famílias, menos numerosas, menos possíveis ou nem necessidade de menção, para concluir o artigo.
Os McMahons: Estes são os que cabem na categoria de "sem necessidade de menção". Muitos anos e muita storyline com os McMahons, sejam todos aliados ou uns contra os outros, são uns dos principais alicerces do negócio - it's what's best for business. E actualmente... Já o estão a fazer, utilizando o genro que muito estrategicamente lá se colocou, Triple H, Hunter Hearst Helmsey McMahon, que fica bonito. Mas isso é certo: dá sempre para se fazer algo com os McMahons...
Os Ortons: Aqui ficam só pai e filho. E já aconteceu. Mas qual era a necessidade de fazer isso agora? Está certo que nós muito pedimos um Randy antigo, mas também não é preciso ser tão antigo, até acho que já estamos a ter um bom Randy actualmente. Bob Orton Jr. esteve lá para o lançar e fez bem o seu trabalho, agora o Randy - membro da família que mais engrandeceu o nome - não precisa de ninguém que o oriente. Só as vozes na cabeça...
Os Von Erichs: É... Isto... Está um bocado difícil. É das famílias mais antigas e muito possivelmente das primeiras dinastias na indústria do wrestling. Sobra ainda algo a carregar o nome numa nova geração sob a forma feminina, mas não dá para se fazer nada. Principalmente tendo em conta que dos 5 filhos que o lendário Fritz Von Erich teve, só um sobreviveu e os outros 4 tiveram o fim à sua vida de formas muito negras. Uma história familiar obscura, portanto o melhor é não se mencionar muito em TV, quanto mais fazer histórias à volta disso - e com quem?
Os DiBiases: Já vai tarde. Ted DiBiase Jr. já foi com as trouxas e foi sem nada memorável recente para que saísse com bom sabor. Se quisessem ficar com ele e aproveitar que os seus irmãos também são lutadores e trazer um, até podiam fazer uma tag team jeitosa, com o pai a manager, que seria uma mais valia para a divisão de equipas. Como não parece haver qualquer interesse em dar continuação ao bom nome DiBiase, que já vai na sua quarta geração, então que se dane, não dá para nada...
Os Rotundas: Se os anteriores podiam ser uma versão moderna dos Money Inc., outra forma de o conseguirem seria através destes, com Irwin R. Schyster, IRS para os amigos, a servir de manager. O problema desta tag team? Para isso acontecer, Bray Wyatt teria que deixar de ser Bray Wyatt, o que... Por favor não. Está demasiado bom como está para pensar nele doutra forma. Não há necessidade de Rotunda Family quando a Wyatt Family safa-se melhor. E a outra metade, Bo Dallas, está tão over com os fãs como as duas fatias das pontas do pão-de-forma, ninguém parece gostar dele - apesar que ele está a construir bom heat à volta disso e a criar uma personagem mais ou menos interessante. Logo, foi só para lembrar que esta família também lá anda, porque não há qualquer razão para fazer isto acontecer... Nem de lembrar ao mundo os parentescos.
Os Hogans: HA! Este está aqui só por brincadeira. Mas mesmo assim conseguiram fazer histórias à volta deles, mesmo que nenhum deles lute - à maneira McMahon, mas estes ainda iam para o ringue. Mas pronto, podia ter corrido pior - levou a outras coisas boas.
E creio que já possa concluir aqui o meu falatório, se me faltar alguma família muito essencial, ainda bem que existe uma caixa de comentários e leitores atentos. Estão à vontade para acrescentar casos, fazer uma análise semelhante à minha e comentar o artigo em si, de modo geral e de modo específico, sobre cada família que falei. É a conversa do costume, podem fazer o que quiserem.
Que o tema tenha sido de agrado e que para a semana eu volte a cá estar com um artigo suficiente, pelo menos.
Cumprimentos,
Chris JRM