Mac in Touch #64 - Survivor Series 2013 - Análise combate a combate (parte I)
Regressam as análises de PPV's a este espaço passadas três semanas desde o Hell in a Cell. Desta vez é o Survivor Series, um evento com alguma história dentro da WWE, o alvo da minha "crítica".
Não foi um show muito bem preparado em termos de storylines, e inclui, no Main Event, estrelas algo desgastadas no que diz respeito à sua reputação dentro da companhia. Contudo, houve algumas surpresas positivas, e o show, em termos de combates individuais, não esteve aquém (ok, também não era difícil) do esperado.
Não foi um show muito bem preparado em termos de storylines, e inclui, no Main Event, estrelas algo desgastadas no que diz respeito à sua reputação dentro da companhia. Contudo, houve algumas surpresas positivas, e o show, em termos de combates individuais, não esteve aquém (ok, também não era difícil) do esperado.
Esta primeira parte da análise engloba o pré-show e "cobre" o evento desde esse combate até à contenda pelo título Mundial, "saltando" (para a a segunda parte) o confronto entre Curtis Axel e Big E Langston pelo título Intercontinental.
Aqui fica:
Survivor Series 2013 - Análise combate-a-combate (parte I)
Kofi Kingston vs The Miz
Miz e Kofi
fizeram parelha na última edição do Monday Night RAW e o primeiro, movido por
razões que desconheço, ao ver o seu colega em aflição e procurando o “tag”,
decidiu prolongar-lhe a agonia, provocando-o antes de sair do ringue. É um bom
pretexto para se ter um combate, sem dúvida, mas duvido que tenha sido
assimiliado como um atrativo extra pelos fãs, pelo que a psicologia do ringue
poderia ressentir-se, correndo-se o risco de o público tratar este combate como
uma simples contenda de Monday Night RAW...
... e não esteve
longe disso até perto do fim, quando Kofi aplicou um “SOS” ao seu adversário e
se notou alguma adesão do público, com a contagem (1, 2...) a ser acompanhada
devidamente. Portanto, em termos de psicologia de ringue, não fugiu muito a um
combate vulgar das madrugadas de terça-feira.
Quanto ao
storytelling, a forma como o combate começou é compreensível vendo as coisas
sem “background” histórico por trás, mas colocando este, acaba por não fazer
muito sentido querer-se terminar o combate cedo como tentaram Miz e Kofi com
consecutivos “pin’s” aplicados um ao outro.... sim, Miz “retratou-se” com um
aperto de mão, mas isso só torna a história ainda mais surreal e dota-o de uma
coerência duvidosa. De resto, creio que não há nada de grave a apontar no que
diz respeito ao desenvolvimento do combate... sempre ensombrado pelo tal
antecedente “histórico”.
A química entre
ambos os lutadores não foi a melhor e logo no início se verificaram vários
botches na sequência de “rollup’s”/”pin’s”/”schoolboy’s”/”assentamentos”... tal
como aconteceu no final, com Miz a conseguir o pin de forma muito estranha,
dando ao combate um término com poucos alicerces lógicos.
Total: * 1/2
Combate tradicional Survivor Series
Rhodes (Cody Rhodes e Goldust), Usos (Jimmy e Jey) e Rey Mysterio vs The Shield (Dean Ambrose, Roman Reigns e Seth Rollins) e Real Americans (Jack Swagger e Antonio Cesaro)
Ter vários lutadores
no ringue é motivo suficiente para que este receba o foco das atenções na sala.
É como uma mulher com um par de mamas apelativo. Pode ser bom ou mau verificar
o que para lá se passa, se é só fogo de vista ou se há de facto qualidade, mas
o que é certo é que se olha. Posto isto, a psicologia de ringue beneficia do
facto de haver várias pessoas no ringue...
... com o poder
apelativo que acarretam, como é o caso dos Rhodes (em pleno estado de graça),
dos Shield ou de Rey Mysterio, apesar do seu regresso ter sido feito à pressa
(ilustrando bem a falta de confiança da WWE, sabendo que o público iria ficar
menos entusiasmado com um “parceiro secreto” na equipa babyface do que com Rey
Mysterio).
O início do
combate não trouxe muito “fuzz” à contenda, e a primeira sequência acabou por
desiludir não só pelos protagonistas mas pela forma como acabou. O que se
passou a seguir, com Ambrose a agredir Goldust e a instalar o caos, foi muito
bem concretizado, com uma organização notável entre os 10 homens do ringue. A
entrada de Goldust recebeu uma ovação enorme, como sinal da envolvência do
público após esta sequência feliz. Este teve uma performance bastante sólida no
ringue, vendendo bem as manobras que foi sofrendo, e tornando o tag e a entrada
de Rey Mysterio em algo bastante bem recebido e valorizado pelo público, dando
origem à eliminação de Swagger. O domínio assumido por Cesaro, que se passou a
seguir, acaba por fazer sentido embora seja estranho que ninguém tenha
interrompido nenhum dos Giant Swings aplicados aos Usos, e só Rhodes conseguiu
parar o Real American remanescente, que também acabou eliminado de forma
surpreendente e... ilógica. Seguiu-se o período dourado dos Shield que acabou
por não fazer sentido – esta ilustração das capacidade dos ex-campeões de tag
team poderia ter acontecido antes, quando estavam numa desvantagem numérica
maior e não numa altura em que lutavam contra o prejuízo (vulgo eliminações de
membros da sua equipa). Ganharam o domínio, foi algo bonito de se ver e até
contribuiu para que a psicologia de ringue continuasse em alta, mas em termos
de storytelling foi algo mal exectuado... tal como a eliminação de Seth Rollins
por Rey Mysterio numa altura em que o primeiro ganhava ímpeto e que o segundo
estava a ser “empurrado” pelo domínio do opositor não logrando, inclusivé, o
tag na altura em que aconteceu o “double down” (ambos caídos no chão).
Seguiu-se Roman Reigns contra o resto, e a sequência que teve com Goldust foi
qualquer coisa de fantástica, com o veterano a conseguir valorizar o “novato”
de forma adequada, tornando próxima a sua vitória para que a consequente reação
fosse ainda mais incrível rumo à vitória.
A forma arrojada
com que Reigns foi valorizado é de realçar. Houve coragem da parte da WWE e
isso merece destaque na análise do combate, até pelas implicações “históricas”
que isto terá no futuro. Afinal é um novo monstro, um novo “top player” que
nasce.
Houve entrosamento entre quase todos os membros do combate, apesar da “ferrugem” (NORMAL) que Rey Mysterio ainda não consegue esconder.
Combate de eliminação 7x7
AJ Lee, Tamina Snuka, Kaytlin, Rosa Mendez, Aksana, Summer Rae e Eva Marie vs Nikkie Bella, Brie Bella, Jojo, Alicia Fox, Natalya, Cameron e Naomi
O balneário
junta-se para batalhar as “estrelas de TV”. Como aliciante, a previsível
disfuncionalidade entre os membros da equipa que iria enfrentar o “cast” das
Total Divas. Uma premissa algo fraca, mas foi suficiente para termos uma boa
receção por parte do público.
O tempo não é
ilimitado, e ter 14 divas em ringue num combate de eliminação teria de ser
gerido à pressa... a forma como foi feito foi a possível, e não critico a WWE
por isso mas sim por ter “criado” este combate. Foi completamente ridícula a
sucesão de eliminações causadas por finishers maioritariamente mal executados,
como é exemplo gritante o Spine Buster de Aksana.
O entrosamento
não foi o melhor entre as lutadoras, ao que não ajudou a falta de lógica que
lhe antecedeu.
Destaco apenas a
mobilidade de Naomi e a necessidade de lhe ser dado outro lugar na hierarquia das
divas.
Mark Henry vs Ryback
Um “open
challenge” criado na noite do evento não é algo que chame a atenção de quem
comprou o evento, contudo, foi Mark Henry que respondeu. Um regressado aos
ringues. Posto isto, o golpe que a psicologia de ringue sofriria naturalmente
foi atenuado.
O domínio que
Ryback conseguiu obter no início do combate não foi muito credível por ter sido
conseguido demasiado cedo na contenda (numa altura em que ainda deveria estar a
digerir a “surpresa” da resposta ao seu desafio). Mas o World’s Strongest Man
conseguiu retomar o domínio usando o poste do ringue a seu favor (algo excusado
dada a sua força). Manteve, bem, o seu domínio... e que se tornou demasiado
folgado (ao ponto de permitir uma homenagem a Junkyard Dog [que lhe ficou bem,
atenção]) para a diferença entre ambos os lutadores.
Para a massa
corporal de ambos os lutadores, o entrosamento foi bom.
O braço lesionado de John Cena foi falado com insistência durante o build-up para este combate, o que dá ao combate um encanto especial do ponto de vista técnico, ainda por cima tendo em conta a manobra usada por Alberto Del Rio como finisher (Cross Armbreaker, com histórico de muitos danos conseguidos nos adversários). A presença de Cena no seu estado natal traria um apelo extra a quem estava na audiência e seria de esperar uma boa reação ao campeão mundial.
O domínio inicial de Alberto Del Rio aceita-se e foi sendo construído de forma bastante sólida e coerente. Se não houvesse background histórico por trás, seria uma espécie de domínio exemplarmente executada por alguém que conceberíamos como heel porque é isso que um mau da fita faz: exercer o seu domínio, baixando o ritmo do combate. Porém, houve um aspeto que falhou no início da contenda – Del Rio não ter usado o braço de Cena para ganhar vantagem - ... mas fora isso, o combate, em termos de storytelling teve um início fantástico, e uma boa sequência, até porque Del Rio conseguiu dar seguimento de forma credível, e desta vez... usando o braço do seu adversário. Cena foi tentando reagir e não conseguiu, o que aumentou ainda mais a expetativa para quando conseguiu ter as rédeas do combate. Isto é pro-wrestling simples e eficaz, daquele tipo que não se deve perder – o heel a exercer o domínio e a adiar a “revolta” do babyface (anulando todas as tentativas deste para controlar o combate) de forma a que haja uma reação estrondosa da parte do público quando isso acontecer. Algo que pode não acontecer na prática, mas que resulta sempre numa adesão enorme por parte do público ainda que não seja o melhor para se fazer em termos lógicos do ponto de vista competitivo (tendo em atenção que temos dois lutadores de nível semelhante, seria de esperar um domínio mais dividido com o derrotado a ser aquele que mais desgaste consentiu).
Portanto, um combate com alguma falta de lógica do ponto de vista do storytelling, mas que se aceita pelo seu cômputo geral e o principal responsável é Del Rio pela forma sublime como conduziu este combate. Foi o heel perfeito.
Ás ações de Del Rio corresponderam excelentes reações da parte de Cena, consentido bem o domínio do adversário. Isto significa excelente química entre ambos.
O domínio inicial de Alberto Del Rio aceita-se e foi sendo construído de forma bastante sólida e coerente. Se não houvesse background histórico por trás, seria uma espécie de domínio exemplarmente executada por alguém que conceberíamos como heel porque é isso que um mau da fita faz: exercer o seu domínio, baixando o ritmo do combate. Porém, houve um aspeto que falhou no início da contenda – Del Rio não ter usado o braço de Cena para ganhar vantagem - ... mas fora isso, o combate, em termos de storytelling teve um início fantástico, e uma boa sequência, até porque Del Rio conseguiu dar seguimento de forma credível, e desta vez... usando o braço do seu adversário. Cena foi tentando reagir e não conseguiu, o que aumentou ainda mais a expetativa para quando conseguiu ter as rédeas do combate. Isto é pro-wrestling simples e eficaz, daquele tipo que não se deve perder – o heel a exercer o domínio e a adiar a “revolta” do babyface (anulando todas as tentativas deste para controlar o combate) de forma a que haja uma reação estrondosa da parte do público quando isso acontecer. Algo que pode não acontecer na prática, mas que resulta sempre numa adesão enorme por parte do público ainda que não seja o melhor para se fazer em termos lógicos do ponto de vista competitivo (tendo em atenção que temos dois lutadores de nível semelhante, seria de esperar um domínio mais dividido com o derrotado a ser aquele que mais desgaste consentiu).
Portanto, um combate com alguma falta de lógica do ponto de vista do storytelling, mas que se aceita pelo seu cômputo geral e o principal responsável é Del Rio pela forma sublime como conduziu este combate. Foi o heel perfeito.
Ás ações de Del Rio corresponderam excelentes reações da parte de Cena, consentido bem o domínio do adversário. Isto significa excelente química entre ambos.
Total: *** 1/4