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Slobber Knocker #81: Rescaldo do Survivor Series


Sejam bem-vindos ao Slobber Knocker desta semana. No momento em que começo a escrever isto, ainda se ressaca do Survivor Series que se mantém fresco. Na altura em que isto sai, se calhar querem é que eu fale de outra coisa. Mas aqui está mais uma revisão do Survivor Series, evento com altos e baixos e com boas e más implicações futuras....

O evento em si foi satisfatório, sem chegar a algo espectacular e, como já disse, abriu portas para um bom futuro e abriu outras para um mais tremido e controverso. Cada um desses será analisado ao longo do texto, pois debruçar-me-ei sobre cada combate individualmente, como o faço sempre. Logo, sem mais demoras:

The Miz derrota Kofi Kingston no Kickoff


A combinação do tipo que nunca sabem o que fazer com ele e o gajo que não sabem o que fizeram com ele e andam agora a tentar descobrir o que mais fazer. Eu explico: Kofi Kingston está aqui, está no Hall of Fame com um recorde de títulos do midcard, todos eles de transição e/ou de falta de ideias do que fazer com o pobre; The Miz, ao contrário do que se esperava, desde que se tornou Face, tem sido mais ou menos tão interessante como ver tinta a secar. E agora foram colocados nesta feud, para emendar um deles, mas feito de uma forma que parecem estar a tentar emendar os dois.

Muito simples, uma Heel Turn não magoaria nenhum deles. The Miz, já está provado que, apesar de ele ser um perfeito babyface fora do ringue, ali dentro fica-lhe melhor ser um mete-nojo de primeira categoria, é o papel que ele desempenha melhor. O Kofi... É mesmo só para experimentar, a ver no que dá e a ver se dá para refrescar alguma coisinha. Porque até nem acho que saísse dali grande Heel, o homem é a simpatia em pessoa quando entra em ringue e o seu estilo de luta puxa pelo público. Além disso, ele também leva muitas vezes a cruz do "underdog". Logo ele talvez não tenha o melhor perfil para Heel, mas quem sabe, ele não surpreenderia. O que digo era mesmo só para experimentar.

E quanto a este combate, os dois passados parágrafos são uma longa história para me referir a um só combate, mas a história do combate acaba por ser a mesma. The Miz voltou à sua origem e foi uma besta com Kofi, com a desculpa de que os colocaria no card. Até é bem pensado. E sai o combate com essa ideia de que Miz ainda respeita Kofi mas este quer fazê-lo engolir os dentes. E desenvolvem um combate de forma simples mas boa até, foi um combate decente de Kick-Off e já deu para mostrar que havia boa plateia para o resto do programa, quando a arena estivesse mais cheia. Trabalharam ali uma série de inversões para mostrar que estavam equilibrados e, em seguida, partiram para a acção mais agitada, mantendo o equilíbrio. Escolheram dar a vitória a Miz, colocando-o por cima, revelando que a emenda é para ele e que estão a começar a tentar arrebitá-lo de novo. Mas dá-se o curioso após o combate e Miz oferece a mão a Kofi e tudo o que recebe é uma galheta de mão aberta que até ouviu sinos. Com essa atitude, mais parecia que Kofi era o Heel.

Mas o que ficou ali em aberto foi a feud. E as implicações futuras para este combate são essas mesmas: isto vai continuar, Kofi não está satisfeito, está a frincha aberta para uma remodelação de Miz como melhor lhe assentar, e se calhar Kofi também não vai ficar igual a si mesmo. Veremos. E que façam algo minimamente interessante com os midcarders condenados...

The Shield (Roman Reigns, Seth Rollins e Dean Ambrose) e os Real Americans (Antonio Cesaro e Jack Swagger) derrotam Cody Rhodes, Goldust, Jimmy Uso, Jey Uso e Rey Mysterio num 5-on-5 tradicional de eliminação


Acho que ficou bem claro quem foi a figura do combate. Todos sabemos bem que foi o Mysterio. Agora fora de brincadeiras, acho que se alguém tinha dúvidas sobre a alta fé e grandes planos que têm para o brilhante Roman Reigns, bastou assistirem ao Survivor Series para ficarem esclarecidos. Bastou ver Reigns a dominar aquele enxoval de Superstars com um devastador Spear. Bastou vê-lo a virar a grande desvantagem em que a sua equipa se encontrava, colocando 4 dos adversários no bolso. Bastou ver o destaque que lhe davam e a recepção de Face que ele teve após a sua impressionante conquista. E bastou ver a sua atitude durante o combate e após o combate em que era como se tivesse "badass" escrito na testa, sem precisar de lá ter realmente algo. Homem do combate e homem da noite.

E se repararmos bem, pela n-ésima vez este ano, o trio dos coletes negros tem o combate da noite. E já agora atira-se para o tacho o nome de Cody e Goldust, que desde que se juntaram têm roubado uns quantos espectáculos também - leia-se, praticamente todos em que têm entrado. Este combate não foi excepção e foi uma bela chave para abrir o evento. Começou de uma maneira que me deixou dividido. Um desvaste à equipa Heel deixou-me a pensar: ou iam varrê-los e fazer os Faces prevalecer com soberania, o que não me agradaria. Ou a outra opção, iam deixar uns certos indivíduos a parecer fortíssimos ao virar o resultado. Foi esta última e pode alterar-se ligeiramente a expressão que utilizei para "indivíduo a parecer fortíssimo", pois destacou-se um. 

Queria mais de Dean Ambrose, pois não só é um lutador que merece destaque mas também é Campeão e esses convêm ficar bem vistos. A sua derrota para o seu próprio descontrolo até pode contribuir para a sua personagem psicótica, mas não fica muito bem aqui. As duas eliminações seguidas começaram a contribuir para a tal preocupação, mas também a alimentar o bicho do que se viria a passar. E antes disso ainda tivemos direito a um swing duplo do Cesaro, que esses são sempre bons de se ver. 5 contra 2. Um par de Spears e a coisa abrandava e equilibrava um pouco mais. E, claro, para não ser só um a equipa e para o outro não ser só o cavide a segurar o mérito do parceiro, Seth Rollins também teve o seu momento antes de ele mesmo também ir para o balneário.

E é então neste 2 contra 1, que se erguem algumas emoções e em que muitos dão por si realmente a torcer, sem se aperceber. A torcer para que o indivíduo que já estava a começar um tremendo momentum... Que o mantivesse e o aumentasse. Para regozijo de todos, assim se deu e assim que Goldust foi eliminado, já o público estava ao rubro - por todo o respeito e adoração que a plateia e eu temos por Goldust, aquele momento pertencia a outro. Quando vejo o Rey a prepararo 619, começo eu a preparar a minha reacção e dou por mim a reagir que nem um mark. Porque acabavam de deixar alguém ter uma performance épica e souberam fazê-lo. E bastava ver o foco que lhe deram, a sua atitude, a sua reacção, as constantes menções ao seu impressionante feito, destacando-o como um dos mais dominantes na história do Survivor Series. Eles não dariam essa proeza ao R-Truth ou ao Tensai ou ao Curt Hawkins... Sabíamos que, naquele momento, estava uma estrela a preparar um crescimento imenso...

Para o futuro, o que se pode dizer? Que Reigns tem um grande futuro garantido? Acho que não é necessário mencionar. E espero que o mesmo se possa dizer dos outros dois, quero que The Shield fique na história como o início do grande trajecto de três multi-Campeões. Mas a curto prazo, é possível que os Campeões Tag Team prolonguem os seus problemas tanto com os The Shield como com os Real Americans. Se der para ser com os dois... Está a chegar o TLC, época de loucura, portanto podem dar asas à imaginação. Atirem os Usos à panela que eles também sabem dar espectáculo. Quanto a Ambrose, talvez esteja em Mysterio o seu próximo rival pelo título. E que seja para sair por cima, que o Mysteria anda à rasca para sair por cima na rivalidade com o joelho para andar agora a ganhar títulos, e não lhe fica mal colocar malta over - não é que ele não esteja habituado, também.

Big E Langston derrota Curtis Axel pelo Intercontinental Championship e retém o título


Quiseram manter a coisa simples. Mas pelo menos o título foi defendido no PPV, o que já é de louvar. Se tivermos em conta que se planeia para 2014 dar um bom destaque a Langston, então pode ser que o título Intercontinental tenha mais valor e notoriedade. Curtis Axel não foi um mau Campeão, até pelo contrário, mas podia ter sido melhor se fosse melhor utilizado. Ao ser usado como o segunda mão de Paul Heyman numa feud com CM Punk, o cinto até pode aparecer em TV, mas com pouco efeito. E com a pouca utilidade que teve para Heyman, ficou a parecer um pouco fraco. E eu estava bastante entusiasmado com ter Axel a Campeão Intercontinental.

Quanto ao combate, repito. Quiseram mantê-lo simples, mas sem deixar morrer. Foi bom. Ou suficiente, vá. Espero que seja o início para um bom reinado de Big E Langston e que ele tenha bons desafios e bons combates no futuro. Porque por enquanto a coisa vai andando calma e esta disputa foi simplificada e nem procuraram abordar muitos spots nem fazer a coisa parecer difícil para Langston. Espero que seja só ao início porque vejo potencial em Big E. Apesar de muitos não gostarem muito dele, até vejo nele um bom powerhouse, com velocidade, agilidade, atletismo e outros factores que o tornem interessante. Desde o NXT que via que ele não era mais um monte de músculo e que se safava lindamente em ringue. Ao microfone, ele até consegue umas coisas quando toma uma postura cómica. Mas ainda é algo a precisar de trabalho. Em termos de powerhouses, vejo-o superior a Ryback mas muito inferior a Roman Reigns - que esse está noutro nível.

O combate foi OK, suficiente, como disse, podia ter acontecido em TV. E aconteceu. Este mesmo é que foi o rematch e não acrescentou nada ao que aconteceu primeiro. Colocado aqui para que o título finalmente constasse no card.

Falando no futuro, temo que as coisas não estejam muito claras para Curtis Axel. Apesar de achar que ele tem o essencial apoio de Triple H no backstage, não lhe vejo grande rumo para já e, não me admiro muito se o vir no Superstars daqui a umas semanas. Mas talvez esteja enganado e até o preferia, talvez aproveitem a sua semi-parceria com Ryback. Ryback esse em quem veria um potencial futuro adversário para Big E Langston se quiserem fazer a colisão de powerhouses e se quiserem cimentar o push de Ryback em direcção ao título da WWE como demasiado na altura. Mas há outros caminhos, veremos...

As Total Divas (Natalya, Brie Bella, Nikki Bella, Naomi, Cameron, JoJo e Eva Marie) derrotam as True Divas (AJ Lee, Tamina, Kaitlyn, Summer Rae, Alicia Fox, Aksana e Rosa Mendes) num 7-on-7 tradicional de eliminação


Era a noite das meninas sensíveis. Foi um tal de umas a cair e outras a tombar, umas deitadas e outras estendidas, que um gajo até se perdia. Ou elas desleixam-se porque têm mais parceiras para vir ou então estavam muito vulneráveis nessa noite, ao mais mínimo move lá ia uma para o chuveiro - nada de usar a imaginação nesta última parte. Acho que se alguma tivesse uma pestana no olho e outra lhe soprasse, já seria suficiente para conseguir o pin. Fora de exageros, foi um combate estranho, já sabemos que elas eram muitas e que não valia a pena perder muito tempo com elas, mas isto saiu de forma descontrolada.

Não há maneira de me lembrar da ordem das eliminações, mas também acaba por ter pouca importância. E quem eliminou quem e como... Esses é que se varreram completamente. Mas o que mais gostei e que devo realçar: as reacções a Eva Marie e Summer Rae. Eva Marie está cobertinha de heat porque já todos perceberam que ela nem faz ponta de ideia do que raio está ali a fazer, mal entende o produto e o que eu já vi dela em termos de wrestling foram roll-ups e todos eles botchados. É só potencial aí. Já Summer Rae teve o melhor pop de todas as senhoras e até gostei disso. Já desde o NXT que me apercebi que esta era boa em ringue - grande feud que teve com Paige - e a sua afiliação a Fandango dá-lhe uma personagem que facilita qualquer um a gostar. Outro pormenor interessante foi o apoio a JoJo, e fico naquela: realmente nunca a vi a competir, não sei o que ela vale em ringue. Até é normal que haja curiosidade por parte do público em ver o que ela faz. E, vá lá, tímida, com alguma falta de jeito visível, mas já fez melhor figura que a outra parceira. Vê-se ali algo em que pegar que, com treino possa dar em algo decente. Ela ainda é novinha, verde como tudo, mas até se esforça. Pode-se tentar algo com esta, a outra, mandem-na para outro sítio onde só interesse o físico dela, porque é o que ela tem.

Quanto ao combate não há muito a acrescentar, já o disse. Foi eliminação atrás de eliminação; as Divas estavam todas muito frágeis e arrumavam com pouco; foi equilibrado, afinal de contas as eliminações seguidas iam alternando de lado e elas eram mais que as mães, não deu para haver diferenças muito grandes. E ganhou a equipa esperada e foi Natalya a heroína da equipa, o que é compreensível, não fosse ela a superior naquele grupo e também uma das superiores naquele plantel feminino. No final, o Michael Cole até se enganou e disse que a Natalya era a única sobrevivente quando a Nikki ainda lá estava. Não é que eu o possa culpar... Um gajo perdia-se no meio de tanta eliminação...

Para o futuro... Ora, estão aqui todas as Divas disponíveis - a Layla parece estar de baixa, então - para ver em quem pegar para ir atrás de AJ e do seu título. Tamina virar-se-á contra ela um dia, mas ainda falta um bocado, ela ainda é útil onde está. Do lado das "Total Divas", de onde acho que possam extrair a próxima Campeã... Por mim continua-se a insistir na Natalya. É a mais ideal, enquanto a Naomi não amadurecer um pouco mais, e a sua choradeira da última oportunidade deixa em aberto mais uma oportunidade. E a AJ teve que desistir ao Sharpshooter dela, já lhe dá algo. E ao menos foi para um Sharpshooter... Da maneira que as coisas estavam, com outra, acho que lhe calcavam um pé e já estava a desistir...

Mark Henry derrota Ryback num Open Challenge


O propósito de Open Challenges: dar a alguém que fazer antes de o enterrar. Não digo que estejam a planear atirar o Ryback ao poço, mas já estiveram mais longe. E já vimos isso a acontecer. "Ah e tal, sou muito bom, nenhum de vós chega para me bater, sou o maior, tragam daí a vossa maior ameaça". Regressa alguém, limpa-lhe o cebo e lá vai ele dormir que o mal dele é sono. Lembram-se do Crimson? Até é possível que não, mas recordem-se como ele passou de um invicto na TNA a jobber na rapidez de um "Open Challenge".

Não digo que o caso de Ryback seja assim tão extremo, mas já se sabe que eles, para já, não planeiam levá-lo muito longe. E lá vem o "Open Challenge" para lhe dar algo que fazer que dê para ele ficar mal e que dê para puxar uma surpresa e fazer regressar alguém. Até foi um agradável regresso de Mark Henry, com direito a um interessante novo visual e tudo. O combate não foi dos mais memoráveis e foi um típico combate de "cala a boca com essa treta do Open Challenge". Mas deu para o Mark Henry fazer ali uma espécie de meio quase um crossbody. Não foi a melhor execução mas se eu visse um bisonte daqueles a levantar do chão para saltar na minha direcção, já estava morto antes de ele chegar a mim, dou-lhe o crédito por isso.

Combate simples, pouco memorável, não muito apelativo e com o simples propósito de trazer Mark Henry de volta e de calar o Ryback. Quanto ao futuro, já fiz uma menção a Ryback anteriormente, acho que não vale assim tanto a pena estender-me sobre um assunto que nem se sabe se tem grande assunto. Em relação a Mark Henry, fico pensativo... Juntar-se-á a Big Show numa batalha contra a autoridade? Reabrirá os seus assuntos com os The Shield? Rivalizar com Randy Orton pelo título, com chegou a ser rumorado? Agora com esta soneira que estão a preparar com o Cena e o Orton, ficam as dúvidas. Mas há algo para ele e a sua carreira não deve durar muito mais, portanto até o podiam retirar em nota alta...

John Cena derrota Alberto Del Rio pelo World Heavyweight Championship e retém o título


Aposto que apanhou todos de surpresa. O Cena a ganhar. Quando foi a última vez que isso aconteceu? O que talvez não esperassem foi o que veio a acontecer mais tarde... E que se calhar não o esperavam porque não o queriam. Mas isso é outro assunto para outra altura. O que interessa aqui é o combate com Del Rio pelo título que Cena ganhou logo ao regressar, antes do tempo. E, é daquelas coisas onde nem dá nem vale a pena gastar muitas palavras: Não era dos combates mais esperados, não ficará como um dos mais recordados, mas cumpriu o seu dever e eles souberam fazer o seu trabalho de forma competente.

Esta última parte já é habitual em Cena. Pode-se dizer e tudo e mais alguma coisa acerca das suas limitações e das mais limitações ainda que colocam sobre ele e é tudo verdade. Mas na hora de dar um combate, não é difícil lembrarmo-nos e começarmos a enumerar bons combates que constam no currículo do Campeão por 14 vezes. E neste caso, até com um lutador que é bom em ringue mas que já se queimou e não consegue manter-se relevante e credível, ele consegue ter um bom combate. É claro que, dadas as circunstâncias, não é dos que prende mais a atenção.

Levaram uma história ligeiramente diferente para o ringue, desta vez. Já esperamos que o conto do Cena ter regressado cedo demais e ter um braço frágil é o que vai reinar nos próximos meses. E tendo em conta que o adversário é o Del Rio, este até lhe chama um figo. Mas a história do braço lesionado a servir de alvo aqui foi ligeiramente alterado. Retiraram a protecção, contando que ajudaria Cena psicologicamente e não chamaria tanto a atenção de Del Rio, enquanto que, para quem está fora, saberia que a área magoada ainda estava fragilizada e mais desprotegida, logo mais vulnerável. E isso ia custar a Cena, que chegou a ver-se à rasca. Mas é o Cena, sair por cima não é propriamente novidade para ele.

Foi um bom combate, deu para manter a malta acordada, mas não era o mais esperado da noite e não será o mais lembrado. Cena voltou a sair por cima sem parecer muito afectado após o combate, mas isso já é costume. A forma que ele engendrou para dar a volta até nem ficou a parecer fácil - como eles fazem muitas vezes e não devem - e até nem foi daqueles combates em que ele leva uma sova a viagem toda para acordar no fim. Saiu-se bem e parece vir em boa forma para quem se previa uma baixa de meio ano.

Já sabemos o futuro de Cena e parece que tiveram a brilhante ideia de colocá-lo contra Randy Orton com ambos os títulos em jogo. Algo que causou um certo desgosto por parte de muitos fãs que, não só não querem ver unificação de títulos, como não têm muita vontade de ver Cena e Orton pela quinquagésima vez. Já foi há um tempo mas muito povo ainda não recuperou bem. Para Del Rio é que não sei. Se ele já parecia sem rumo quando era Campeão, quanto mais sem cinto. Como, apesar de tudo, ainda gosto dele, queria ver se o mantinham relevante e lhe davam uma boa feud, sem necessitar de títulos. Num Slobber Knocker de há umas semanas atrás, em que abordava o que fazer com uns quantos tipos desaparecidos e pouco importantes, associei vários a ele. Mas não, não creio que algum ande sequer perto de roçar a quase-concretização. Sei o que disse, fiquei muito longe, era essa a ideia. Mas a ver se temos um Ricardo Rodríguez vingativo, um Rob Van Dam regressado ou mais alguém que simplesmente não tenha paciência para Aristocratas Mexicanos...

CM Punk e Daniel Bryan derrotam a Wyatt Family (Luke Harper e Erick Rowan)


Olhando para este elenco, duvido que sobrem algumas dúvidas quanto à qualidade do combate. De um lado, a combinação de dois dos lutadores mais talentosos e favoritos do público. Aqueles que a malta preferia que estivesse a disputar títulos e tretas de "caras da WWE" e isso tudo, em vez dos outros dois que já lá andavam há uns cinco anos atrás. Do outro lado, estão uma das melhores coisas a estrear na WWE em tempos recentes. A conquistar rendidos já a partir da sua personagem, não deixam nada a desejar no seu trabalho em ringue - dois grandalhões assustadores sem qualquer problema em movimentar-se de forma ágil. 

Levavam uma história simples para culminar no combate: os membros da família assustadora atacaram os dois populares wrestlers porque "o diabo mandou". Os dois populares wrestlers conhecem-se bem e têm muita coisa em comum, logo não lhes custaria nada juntar-se para se vingar em conjunto. Nas semanas seguintes, a rivalidade instalar-se-ia com uns galhardetes para trás e para a frente. Simples. E a história do combate também era simples: Punk e Bryan sedentos de porrada, Wyatt Family tão assustadora como sempre e a mostrar-se dominante, Bray Wyatt a assistir de perto para desconcentrar ainda mais e a equipa Face a necessitar de vários olhos em muitas direcções para se orientar no meio daquela bizarrice toda.

Confesso que esperava que a Wyatt Family vencesse, para prolongar a feud e para que eles mantenham bastante domínio ao derrotar duas "vacas sagradas gordas" como aqueles dois. Nem precisava de ser limpo. Nem convinha que fosse muito, ainda eram Punk e Bryan do outro lado, é suposto ficarem a parecer tudo menos fracos. E apesar da vitória clara e limpa, acho que o fizeram suficientemente bem para não se ficar a desejar mais ou a achar que houve algum desequilíbrio e alguma das equipas possa ter ficado mal vista. Souberam trabalhar uns spots porreiros para impressionar mais, como se pode contar com a powerbomb a Bryan do canto ou o salto de Punk sobre Bray Wyatt no exterior, mas optaram por construir um combate mais progressivo e com um desenvolvimento mais tradicional. Creio que tenha ficado logo atrás do combate de eliminação de abertura, como combate de destaque da noite.

Para o futuro, já temos mais perguntas. Daniel Bryan foi "raptado" e sabe-se lá o que poderá fazer com ele. É o que se vai desenrolar ao longo das próximas semanas, a ver o que sai para o TLC. Mas já ficou explícito que a Wyatt Family ainda vai andar ocupada com Daniel Bryan, só nos falta saber as razões. Já CM Punk, parece ter arranjado problemas com aqueles que, há um ano atrás, o defendiam. Atacado pelos Shield, veremos o que está guardado para esta malta. Será que Paul Heyman ainda está envolvido? Teremos que esperar para ver, há razões para vermos o Monday Night Raw e não são propriamente os "guest hosts"...

Randy Orton derrota Big Show pelo WWE Championship e retém o título


Lá deve ter havido quem desligasse o PPV mais cedo, antes de chegar aqui. Mesmo que tivesse fortes implicações de história e fosse o evento principal... Havia muita gente que não tinha assim tanto interesse em ver isto. Já o viram no primeiro semestre deste ano, com os papéis invertidos, e nem na altura era algo que morriam por ver. E notou-se a falta de sabor num combate que pouco passou dos 10 minutos, nunca teve o seu grande momento e levou com cantos de "Boring!" algo que deve deixar os oficiais atrás da cortina a radiar de alegria, de facto. Mas que fique a mensagem, não era bem isto que o pessoal queria.

Mas lá teve que ser e lá se viu o combate que em nenhum momento conseguiu apresentar algo de especial, passou rápido mas de forma algo lenta, e que não se manteve como algo de memorável, pois o único que era suposto lembrarmo-nos era o final e o pós-final. Lá deve ter havido quem fizesse isso, entre quem teve o privilégio de se servir de vídeos online ou de outra trafulhice que facilita a vida a quem não lhes dá dinheiro. O combate desenvolveu-se de forma algo lenta, com Randy a demonstrar momentos de medo e com vários botches a apontar: o primeiro até foi o momento mais animado da noite, que até parecia que o próprio Orton estava a aguentar o riso, quando teve dificuldades em sair do ringue e atrapalhou-se com a corda inferior. Conta-se também o DDT do canto superior que acabou por ser um DDT normal, assim que Show cai das cordas, o que puxou heat involuntário do público - mas que o Randy soube aproveitar, dou-lhe crédito por isso. E ao final, a "punt" tão pouco utilizada por ser tão bruta... Acabou por ficar mal feita, com o ângulo da câmara a denunciar a sua execução cuidada - ou leia-se, falhada, que aquilo ainda foi um desvio grande, para aleijar o Big Show, só se fosse com o vento.

São os pontos principais a destacar do combate. Lá trabalharam o habitual bump do árbitro, porque esses oficiais são sempre mais sensíveis que as Divas em combate de eliminação e mandaram os dois lutadores para o pé da plateia, para ver se arrebitava, porque acção no público causa sempre entusiasmo. Serviu para fazer um momento, mas um momento não faz um combate. O fim estava próximo, mesmo que muito não tivesse decorrido e acontece o previsível: Randy ganha sem interferência na terra do Tanas! A música de Triple H soa e introduz a estimada autoridade para distrair Big Show por tempo suficiente para Orton recuperar do maço/punho que tinha levado e conseguir aplicar um RKO, seguido de um punt que seria mesmo em cheio no cabelo do Big Show, se ele o tivesse. Sem surpreender ninguém, Randy vence. Sem surpreender ninguém, Triple H rompe a sua promessa sem a romper realmente. E, talvez surpreendendo um pouco, Cena vem para trazer uma surpresa que até nem é das mais agradáveis. E fechavam um Survivor Series em que a(s) parte(s) que o público preferia não foram bem as que eles queriam.


Para o futuro, já sabemos que Randy vai enfrentar Cena, para pouco regozijo de muitos fãs, no TLC, por ambos os títulos. Veremos no que vai dar e se for para fazer isto, ao menos que seja para descobrir uma boa história e que dê numa boa preparação para a Wrestlemania. Não façam asneira, quando as coisas já estão tremidas. Já Big Show parece estar de baixa, com tanta patada que ele levou na cabeça - no Raw, pelo menos, foram mais acertadas. Mas fica por saber o que vem a seguir. Vai mesmo fechar os seus problemas com a autoridade? O seu tease para um combate com Triple H não passa disso mesmo? De um tease? Lá está, temos que continuar a ver...

Os segmentos

Ao longo de toda a noite, vimos Randy Orton a não conseguir esconder a sua atrapalhação. Até tentou convencer o árbitro a roubar para ele, vá-se lá ver o desespero do homem. Como um miúdo irrequieto, passou muitas vezes pelo gabinete da autoridade, sem saber bem o que pedir. Eventualmente encontrou lá o Cena e já começou a fazer contas de cabeça. E nós também. Serviram para acrescentar tensão ao combate e contribuir para a sua pose de receio.

Ryback a mandar postas aos Hall of Famers. Mais um bocado e era o próximo Legend Killer. Silenciaram-no num instante e mantiveram o Superstar esfomeado pouco relevante no PPV no seu todo.

AJ a motivar as colegas, tendo em conta que ninguém gosta dela. Não acrescentou nada à história, pois já sabíamos que essa não ia ser a equipa mais funcional. Mas quando é que não é bom ver muitas Divas juntas?

Depois houve o segmento da noite que torceu muitos narizes. De gente que ainda anda a fazer de conta que estas publicidades meias apatetadas acontecem desde sempre. Com direito a participações de Santino Marella, R-Truth, Los Matadores, Fandango e... John Laurinaitis! Fica a minha confissão: markei que nem um tolo para o regresso temporário do Mr. Excitement! E aquela plateia também!

Ao todo, foi um PPV com altos e baixos, como já foi possível reter através da análise individual de cada encontro. Não deixou de ter os seus bons momentos e não deixou de ter o sentimento final pós-evento satisfatório, mesmo que tivesse muitas coisas que podiam ter sido melhor trabalhadas, tanto antes como durante o evento. E tendo em conta que no ano passado neste PPV, deu-se a estreia dos The Shield, este ano não houve assim algum momento que me deixasse quase a saltar como se tivesse 12 ou 13 anos outra vez. O mais próximo disso envolveu os mesmos, por acaso...

Fica a expectativa para o TLC que costuma apresentar um bom show todos os anos e assim o espero, mesmo que o main event não apresente as melhores expectativas. Há que aguentar com os erros que eles vão disparando de vez em quando que, nunca se sabe, eles ainda podem emendar, e a gente como fã cá fica à espera do bom arrumando o mau para a beira do prato.

E por aqui concluo este artigo que, mais uma vez, espero que não tenha sido maçador por ser apenas mais um e sem acrescentar algo de muito novo. O espaço está, como sempre, aberto às vossas opiniões sobre o artigo, sobre o evento, sobre as opiniões em relação ao evento, etc. Tudo à vossa disposição. Para a semana cá devo constar com um assunto que creio já ter em mente. Fiquem bem.

Cumprimentos,
Chris JRM

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