MMA: UFC Fight Night 33: Hunt x Pezão - Antevisão + Pesagens
O octógono do UFC volta a atravessar o Oceano Pacífico e a linha do Equador para desembarcar em Down Under no último evento da série Fight Night de 2013. O Brisbane Entertainment Centre será palco do UFC Fight Night: Hunt vs Pezão, que conta com diversos brasileiros e nomes em busca de recuperação na programação.....
Na luta principal, os pesos pesados Antonio Pezão e Mark Hunt tentam refazer suas trajetórias depois dos nocautes acachapantes sofridos no UFC 160, em maio. No duelo coprincipal, o ex-campeão dos meios-pesados Maurício Shogun busca novamente apagar uma derrota, desta vez contra o pegador James Te Huna.
Ryan Bader é mais um meio-pesado que precisa recuperar sua reputação. Seu oponente será o veterano Anthony Perosh, que sacodiu a carreira com um nocaute violento no UFC Rio 4. Garantindo um card principal que dará trabalho à balança, Pat Barry encara o local Soa Palelei em confronto de pesos pesados. Abrindo os trabalhos da programação principal, as mulheres entram em ação quando Julie Kedzie der as boas-vindas à potiguar Bethe Correia.
O card completo do UFC Fight Night: Hunt x Pezão é o seguinte:
CARD PRINCIPAL
Mark Hunt x Antônio Pezão
Maurício Shogun x James Te Huna
Ryan Bader x Anthony Perosh
Pat Barry x Soa Palelei
Dylan Andrews x Clint Hester
Julie Kedzie x Bethe Pitbull
CARD PRELIMINAR
Takeya Mizugaki x Nam Phan
Nick Ring x Caio Monstro
Richie Vaculik x Justin Scoggins
Bruno Carioca x Krzysztof Jotko
Ben Wall x Alex Garcia
Mark Hunt x Antônio Pezão
Maurício Shogun x James Te Huna
Ryan Bader x Anthony Perosh
Pat Barry x Soa Palelei
Dylan Andrews x Clint Hester
Julie Kedzie x Bethe Pitbull
CARD PRELIMINAR
Takeya Mizugaki x Nam Phan
Nick Ring x Caio Monstro
Richie Vaculik x Justin Scoggins
Bruno Carioca x Krzysztof Jotko
Ben Wall x Alex Garcia
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 21:20 horas do Brasil e 23:20 horas de Portugal
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Peso Pesado: Antonio Carlos Silva (BRA) vs Mark Richard Hunt (NZL)
O sonho de cinturão de Pezão (cartel de 18-5, sendo 2-2 no UFC) ruiu de modo avassalador quando um cruzado e uma sequência de marteladas de Cain Velasquez deram cabo do brasileiro em menos de um minuto e meio. Foi até um espancamento mais modesto do que os três minutos de sofrimento e banho de sangue que o campeão lhe submetera um ano antes, no UFC 146. Entre as duas surras, Pezão havia aterrisado seu imenso punho direito na cara de Travis Browne, infligindo a primeira (e única até o momento) derrota da carreira do havaiano, e na de Alistair Overeem, em fevereiro, em dois nocautes violentos e surpreendentes.
Hunt (9-8, sendo 4-2 no UFC) também nutria o desejo de conquistar o cinturão mais famoso do mundo, mas sucumbiu antes de desafiá-lo. Após quatro vitórias seguidas, incluindo assombrosos nocautes sobre Cheick Kongo e Stefan Struve (este ganhou um maxilar partido após a bigorna do neozelandês fazer contato), Hunt viu seu conto de fadas chegar ao fim com um chute rodado de Junior Cigano no mesmo evento em que Pezão foi derrotado pela segunda vez por Velasquez.
Os punhos pesadíssimos talvez sejam a única semelhança entre Pezão e Hunt. O samoano mostrou queixo de concreto contra Cigano, enquanto o brasileiro deixou claro nos últimos anos que sua confiabilidade contra fortes pancadas não é das maiores. Ainda que a mão direita de Pezão tenha considerável poder destrutivo, Cigano precisou bater muito em Hunt para que o queixo do neozelandês acusasse o castigo. Por outro lado, Marcos Ricardo é pouco mais do que amador no chão, área onde o faixa preta de judô e jiu-jítsu nascido em Brasília e criado na Paraíba é especialista.
O melhor caminho para Pezão é encurtar a distância e levar o oponente para o solo. Se conseguir executar este plano, Pezão poderá esmagar Hunt e cansá-lo largando couro no ground and pound enquanto prepara o terreno para uma finalização. Este cenário fica ainda melhor quando lembramos que Mark passou um tempo lidando com uma cruel infecção por estafilococos, que consumiu sua saúde em parte do segundo semestre.
Para azar do brasileiro, o Super Samoano deverá resistir pelo menos alguns minutos antes de o gás cobrar a conta. Neste começo, Hunt deve se aproveitar da lentidão e movimentação parca de Pezão para entrar no enorme raio de ação do brasileiro e encaixar uma mão no igualmente muito grande queixo do ex-parceiro na American Top Team. E quando isso acontecer, é fim de linha para o simpático Pezão, que deve conhecer seu fim na primeira parcial.
Peso Meio-Pesado: Maurício Rua (BRA) vs James Te Huna (NZL)
É duro acreditar que o antigo melhor meio-pesado da história do MMA esteja escalado para uma luta de tão pouca relevância, mas o histórico recente de Shogun (21-8, sendo 5-6 pelo UFC) mostra que não tinha como ser diferente. O curitibano vem de duas derrotas seguidas, perdeu três das últimas quatro lutas e quatro nas seis apresentações mais recentes. E o pior não foi nem ser completamente dominado por Alexander Gustafsson. Duro de acreditar foi ter tido tanto trabalho para nocautear Brandon Vera e acabar finalizado por Chael Sonnen no primeiro round.
Te Huna (16-6, com 5-2 no UFC) também perdeu para Gustafsson, mas emendou quatro vitórias seguidas ao revés, mostrando poder de fogo e resistência ao ser golpeado. Quando estava próximo de entrar no top 10, não foi páreo para a locomotiva Glover Teixeira, que o mandou ao solo e o finalizou em meio round. Se por um lado o maori só perdeu para os dois principais desafiantes da categoria, por outro exibiu a enorme dificuldade que James tem na luta de chão.
O Shogun dos velhos tempos colocaria um oponente como Te Huna no bolso e o comeria com farinha. Acontece que o Shogun dos velhos tempos hoje mais parece uma ilusão mantida por sua grande legião de fãs. Envolver-se em uma pancadaria desenfreada contra um cidadão de ótima capacidade de absorver castigo não parece ser uma boa para a atual fase de Shogun, visto que Te Huna pode aproveitar o momento para derrubar o brasileiro e amassá-lo no ground and pound.
Ao escrever estas linhas, me dei conta: “Shogun vai perder?” Caso ele não dê um jeito de evitar o confronto físico com Te Huna, é provável. A favor do brasileiro, o camp realizado na equipe de Demian Maia deve ter afiado ainda mais seu jiu-jítsu ofensivo, que pode ser uma arma vital caso o neozelandês radicado na Austrália consiga derrubá-lo – Shogun tem uma das mais subestimadas guardas da categoria, ainda que não a use há tempos.
Apesar de a probabilidade maior ficar na casa de Te Huna por decisão, vamos de Rua por submissão (juro que será a última vez).
Peso Meio-Pesado: Ryan Bader (EUA) vs Anthony Perosh (AUS)
No UFC da redenção, Bader (15-4, com 8-4 pelo UFC) precisa se reorganizar para deixar de ser o “lutador do quase” e voltar a merecer toda a expectativa que colocaram após vencer o TUF 8. Ele quase virou desafiante, mas foi atropelado por Jon Jones e passou o papelão de ser finalizado por Tito Ortiz, que estava há anos sem saber o que era vencer. Ryan então se recuperou com duas vitórias dominantes e, quando voltava a se aproximar do cinturão, levou um nocautão de Lyoto Machida. Conquistou a submissão mais rápida da história da categoria contra Vladimir Matyushenko e esteve perto de nocautear Glover, mas se afobou e voltou a cair estatelado por conta de um contragolpe.
Perosh (14-7, com 4-2 no UFC) tem história contrária. Chegou ao UFC com quase 40 anos na cara, como substituto de véspera, levando um sacode do já acabado Mirko Cro Cop. O “Hipopótamo” então resolveu baixar de categoria e cravou três triunfos consecutivos contra concorrência da parte de baixo da tabela. Com moral, viu sua vida entrar em montanha-russa de 21 segundos. Recebeu Ryan Jimmo e foi nocauteado em sete segundos. Em seguida, veio ao Rio de Janeiro e deu cabo de Vinny Magalhães em 14.
A soma de estilos de Bader e Perosh daria um lutador bastante interessante ao juntar a habilidade de luta olímpica do duas vezes all-american na Divisão I da NCAA, que também tem um boxe decente, à faixa preta de jiu-jítsu do australiano (o problema é que o híbrido não saberia chutar). Mas a realidade é separada e altamente favorável ao americano. Mesmo com retrospecto recente de 4-1, é difícil escapar da ideia que Joe Silva escalou Perosh para servir de escada, diante de sua torcida, para a recuperação de Bader.
Ainda que Bader tenha sido finalizado em duas oportunidades, pode-se dizer que nem Jones nem Ortiz usaram o jiu-jítsu para desenvolver as vitórias – eles apenas finalizaram as lutas assim. Contra representantes fiéis da arte suave, como Vinny Magalhães e Rogério Minotouro, “Darth” Bader não encontrou nenhuma dificuldade para vencer. E assim deve acontecer em Brisbane. Mesclando boxe com quedas e ground and pound, Bader chegará à interrupção na primeira metade do combate.
Peso Pesado: Patrick Barry (EUA) vs Soa Palelei (AUS)
O americano figuraça só soube o que era vencer mais de um combate seguido no começo da carreira, quando abriu 3-0 fora do UFC. Na maior organização do mundo, Barry (8-6, com os mesmos 5-6 no UFC de Shogun) só repetiu resultado uma vez, nas derrotas para Cheick Kongo (uma das viradas mais antológicas da história do MMA) e Stefan Struve (na luta entre o maior e o menor peso pesado da organização). Nas demais, sempre alternou vitórias sobre a raspa do tacho, excetuando Shane Del Rosario, com derrotas para concorrentes nem tão bons assim (como Lavar Johnson e seu amigo Shawn Jordan).
O australiano teve um longo intervalo de oito anos entre a primeira e a segunda luta no UFC. Palelei foi nocauteado por Eddie Sanchez em dezembro de 2007, parou um ano e meio, foi espancado por Daniel Cormier e venceu oito oponentes do naipe do cartel de Barry. Como a divisão dos pesados é a mais rasa do mundo, o Hulk atendeu um chamado de Joe Silva e voltou ao UFC. Em agosto, fez uma das piores lutas dos últimos anos – quiçá desde a criação das Regras Unificadas de Conduta do MMA – , mas reestreou tirando a invencibilidade da máquina finalizadora Nikita Krylov, que também teve uma atuação lamentável.
Um dos motivos que faz Barry continuar empregado (e vencendo um aqui e outro ali) é o talento na troca de golpes moldado no sanshou (foi vice-campeão mundial) e também pelo mito do muay thai “Mr. Perfect” Ernesto Hoost. Sua mobilidade, habilidade e capacidade de colocar os pés onde quer são um interessante contraponto à força física e poder de nocaute de Palelei, que se ressente de talento na hora de montar combinações versáteis e, principalmente, de escapar delas.
O queixo reprovável de Barry será uma bomba-relógio contra a agressividade de Palelei no começo da luta, onde a chance de um dos dois cair desacordado é gigante. Caso o combate chegue à sua metade final, os fãs podem ir ao banheiro ou fazer pipoca porque o espetáculo tenderá a ficar lamentável. Soa deve procurar encurtar a distância para cravar Pat no solo e despejar um pesado ground and pound. Porém, numa destas perseguições, HD conseguirá uma brecha para conectar uma combinação que mande o australiano para a vala no primeiro round.
Peso Galo Feminino: Julie Kedzie (EUA) vs Bethelania Correia (BRA)
Apesar do cartel irregular de 16-11 (na época), Kedzie chegou ao UFC precedida por uma batalha acirrada contra a ex-campeã Miesha Tate, ainda no Strikeforce. No primeiro combate no UFC, em julho, Julie voltou a sofrer com a pujança física de uma adversária – no caso, Germaine de Randamie. Presa no thai clinch em boa parte do tempo, Kedzie ficou sem ação, mas ainda assim vendeu uma decisão dividida para os juízes por conta do bom segundo round.
Pupila da Pitbull Brothers em Natal, formada em Ciências Contábeis, a paraibana Bethe Pitbull (6-0) tem curta carreira profissional (estreou em maio do ano passado), mas conseguiu sua chance após encher os olhos de Wallid Ismail na única chance que teve no Jungle Fight, em junho, quando chegou a levar um susto no chão, mas dominou Erica Paes por praticamente todo o combate enquanto conseguiu manter as ações em pé. Ismail estava pronto para colocá-la para disputar o cinturão em sua organização, mas cancelou os planos quando Sean Shelby a convocou para o UFC.
Apesar de ser talentosa e ter muita vontade e agressividade, Bethe, que é faixa roxa de kung fu, ficou prejudicada no confronto de estilos. Kedzie desta vez será a maior lutadora em ação e buscará incansavelmente a luta agarrada, tentando jogar a brasileira no solo para trabalhar as posições na arte suave. Pitbull, por sua vez, provavelmente tentará a mesma estratégia que lhe rendeu a vitória no Jungle. No fim, o poder de definição vai fazer falta à brasileira e Kedzie deverá triunfar por decisão.
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CARD PRINCIPAL
Peso-pesado (até 120,7kg) - Mark Hunt (118,9 kg) x Antônio Pezão (119,8 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg) - Maurício Shogun (93 kg) x James Te Huna (93 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg) - Ryan Bader (93 kg) x Anthony Perosh (92,5 kg)
Peso-pesado (até 120,7kg) - Pat Barry (107,5 kg) x Soa Palelei (119,8 kg)
Peso-médio (até 84,4kg) - Dylan Andrews (83,9 kg) x Clint Hester (84,4 kg)
Peso-galo (até 61,7kg) - Julie Kedzie (61,2 kg) x Bethe Pitbull (61,2 kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-galo (até 61,7kg) - Takeya Mizugaki (61,2 kg) x Nam Phan (61,2 kg)
Peso-médio (até 84,4kg) - Nick Ring (83,9 kg) x Caio Monstro (84,4 kg)
Peso-mosca (até 57,1kg) - Richie Vaculik (57,2 kg) x Justin Scoggins (56,7 kg)
Peso-médio (até 84,4kg) - Bruno Carioca (83,9 kg) x Krzysztof Jotko (83,9 kg)
Peso-meio-médio (até 77,5kg) - Ben Wall (76,2 kg) x Alex Garcia (77,1 kg)
A diferença de altura do brasileiro Antônio Pezão, que mede 1,93m, e o neozelandês Mark Hunt, que tem apenas 1,78m - 15cm a menos que o rival - fez com que o paraibano aproveitasse para encarar de cima o adversário na luta principal do UFC Fight Night no Combate: Hunt x Pezão, esquentando a pesagem oficial do evento, que aconteceu na madrugada desta sexta-feira em Brisbane, na Austrália. Na maior parte, no entanto, o clima que marcou o evento foi o de cordialidade entre os lutadores.
Além de Pezão, que ficou no limite da categoria dos pesos-pesados, com 120,7kg, os quatro outros brasileiros que atuarão no evento também bateram o peso em suas categorias: Maurício Shogun entre os meio-pesados, Caio Monstro e Bruno Carioca entre os médios e Bethe Pitbull, entre as pesos-galos.
Se o gigante Antonio Pezão fez a tradicional cara feia para Hunt, o mesmo não se pode dizer de Shogun, que mostrou muito respeito a James Te Huna na tradicional encarada após passar pela balança. O embate entre ambos é o segundo mais importante da noite. Já entre as mulheres o tom foi outro. Bethe Pitbull não se intimidou com a estreia no UFC e encarou duramente Julie Kedzie, que, em resposta, debochou da brasileira, fazendo caretas enquanto Pitbull a fulminava com os olhos.
Confira os pesos registrados pelos lutadores na pesagem desta quinta-feira:
CARD PRINCIPAL
Peso-pesado (até 120,7kg) - Mark Hunt (118,9 kg) x Antônio Pezão (119,8 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg) - Maurício Shogun (93 kg) x James Te Huna (93 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg) - Ryan Bader (93 kg) x Anthony Perosh (92,5 kg)
Peso-pesado (até 120,7kg) - Pat Barry (107,5 kg) x Soa Palelei (119,8 kg)
Peso-médio (até 84,4kg) - Dylan Andrews (83,9 kg) x Clint Hester (84,4 kg)
Peso-galo (até 61,7kg) - Julie Kedzie (61,2 kg) x Bethe Pitbull (61,2 kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-galo (até 61,7kg) - Takeya Mizugaki (61,2 kg) x Nam Phan (61,2 kg)
Peso-médio (até 84,4kg) - Nick Ring (83,9 kg) x Caio Monstro (84,4 kg)
Peso-mosca (até 57,1kg) - Richie Vaculik (57,2 kg) x Justin Scoggins (56,7 kg)
Peso-médio (até 84,4kg) - Bruno Carioca (83,9 kg) x Krzysztof Jotko (83,9 kg)
Peso-meio-médio (até 77,5kg) - Ben Wall (76,2 kg) x Alex Garcia (77,1 kg)