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Mac in Touch (extra) #76 - Análise combate-a-combate - Royal Rumble 2014


Mais um PPV, mais um Mac in Touch do vosso Pete O'Mac. Desta feita é o sempre especial Royal Rumble, que tem a particularidade de não ser analisado em duas partes mas apenas em uma por força da escassez de combates....

Antes de partir para a análise propriamente dita, devo agradecer a vossa participação na caixa de comentários do meu último artigo. Houve três pessoas a comentar e isso é algo que, face ao que vinha a acontecer até então (com exceção da primeira parte da análise ao Wrestle Kingdom), não deixa de significar uma melhoria.

Deixo, como é costumo, o apelo às vossas críticas, aqui fica:

Royal Rumble 2014 - Análise combate-a-combate


Pré-show
Combate pelos títulos de Tag Team da WWE
Cody Rhodes e Goldust (c) vs. The New Age Outlaws (Billy Gun e Road Dogg)

Os New Age Outlaws ganharam grande preponderância no final dos anos 90, como parte dos DX e conseguiram “envelhecer” bem no que a popularidade diz respeito. A longa introdução de Jesse James ainda é dita em uníssono pelos fãs e a forma como são recebidos está longe da indiferença que outras “lendas” do passado receberiam. A inclusão deles na rivalidade com CM Punk fez com que aumentasse o heat e até foi isso que os trouxe para o combate pelos títulos de tag team... mas não fez muito sentido e poderia baralhar o público nesse sentido, mas a popularidade dos intervenientes (no qual incluo o (não-tão) recente estado de graça que Goldust conseguiu atingir) assim como a capacidade dos mesmos em trazer o público ao combate, atenunou qualquer efeito negativo na aderência da audiência e, consequentemente, na psicologia de ringue...

... que teve bons momentos. Lembro-me dos vários spots executados por Goldust e Cody Rhodes que levantaram o público e foram inseridos nos timmings perfeitos pelo que se louva a gestão da forma como estes foram inseridos.

Em termos de storytelling foi um combate sólido, com um toque, notório, da velha escola, na medida em que houve o cuidado de inserir credibilidade em todas as manobras que eram executadas e de serem introduzidas em períodos de tempo onde “encaixassem” legitimamente. Assim, apesar de não ser um combate que se demarcasse, tornou-se credível.

O tempo que a contenda teve foi o que de mais negativo houve com este combate, apesar do final ter sido bem preparado... embora o que o levou a ele não justificasse que houvesse um final após 6 minutos.






Total: ** 1/2 


Bray Wyatt vs Daniel Bryan

Wyatt tentara puxar Daniel Bryan para a sua facção, Bryan eventualmente cedera e entrara numa Síndrome de Estocolmo esquisita... mas tudo fora planeado pelo “goat face” de forma a entrar dentro da cabeça de Wyatt. Tudo somado, foram 3 meses de pseudo-alianças e confrontos sem que ambos os lutadores se enfrentassem num combate de singulares, pelo que esta batalha seria bastante antecipada.

Também a forma como Bryan pega no público e o traz para o combate é excelente e potencia, à partida, um combate independentemente da preparação que ele tenha.

Assim, a psicologia de ringue estaria, à priori, beneficiada.

Ambos os lutadores encararam, de forma coerente, as personagens. Bryan desempenhou na perfeição o papel de um homem àvido de vingança enquanto Wyatt se mostrou surpreendido... mas eventualmente conseguiu tomar o controlo fruto de maior poder mental. A forma como surgiu foi bastante credível, com um contra-ataque a um Suplex na zona de “fora” do ringue... e a partir daí, Wyatt soube “assumir” o combate de uma forma exímia para um heel, não deixando Bryan atacar de maneira alguma e infligindo dor de uma maneira tal que a sofreguidão de Bryan era também a de quem via. Eventualmente este conseguiu contra-atacar e gostei da forma gradual com que se efetuou a passagem de domínio para Daniel Bryan e até o final foi bastante credível, com dois “Sister Abigail” aplicados ... embora tenha surgido de forma algo brusca, numa espécie de interrupção a um “comback” de Bryan.

Tudo somado, um excelente combate, um entrosamento impecável e uma psicologia de ringue notável a todos os níveis. Wyatt surpreendeu pela positiva e Bryan esteve, como costuma, excelente!
                                         





Total: ****


Big Show vs Brock Lesnar

O regresso de Lesnar tinha de ter um bom oponente. Alguem que o consolide, definitivamente, como uma besta imparável. Ninguém melhor, para esse papel que um gigante como Big Show. Não só pelo peso e altura deste, mas também pela popularidade que ele tem.

A preparação para este combate não foi a mais feliz, até porque parece ter havido uma mudança de planos por parte dos “diretivos” da WWE quanto ao lutador a enfrentar por Brock Lesnar e porque Show teve uma promo extremamente irritante na antecipação deste combate...

... mas o constante evitamento de Lesnar ao confronto com Big Show torna esta contenda interessante e a popularidade dos lutadores faz com que o público adira a este combate, mesmo com as condicionantes de uma preparação subexplorada.

A forma como o combate começou não foi propriamente credível, mas não por culpa dos intervenientes – o árbitro deu início ao combate sem que Show estivesse visivelmente bem. O uso das cadeiras por parte de Lesnar percebem-se pela insegurança que este vinha a ter para esta contenda, depois dos confrontos que teve com Show, assim como o murro por desespero utilizado pelo gigante logo no início da contenda. O desenrolar do pouco combate que houve não foi muito credível pelo underselling de Show nem mesmo pelo súbito final.

Tudo somado, foi impressionante ver Lesnar executar um F-5 em Big Show e é sempre bom notar esta intensidade em combates de wrestling, contudo, quando há carência de lógica num combate, não se pode levar este a sério, e perdendo este a credibilidade, fica, naturalmente, muito mais frágil.






Total: * 1/2 


Combate pelo título mundial da WWE
Randy Orton (c ) vs John Cena

A WWE tentou vender este combate como um dos maiores de sempre, mas a forma forçada como o fez transmitiu uma “vibe” de desespero que o descredibilizava à partida. Isso e erros graves como a entrada tardia (quando é ele o senhor vendido como o que chega em primeiro e sai por último dos compromissos relacionados com a WWE) de John Cena na arena da RAW, com o equipamento de wrestler vestido para vingar o ataque de Orton ao seu pai ou o facto de Triple H ter tirado todo e qualquer mérito que Orton pudesse ter relativamente ao ter conquistado o título (transformando-o numa “oportunidade” oferecida pela autoridade) tornavam o combate pouco apetecível a quem gosta de lógica no wrestling.

É certo que a história que se pretendia contar era intensa e que há público que a “compre”, tal como é do conhecimento geral que Orton e Cena vendem muito... mas para fãs mais “atentos”, este não era o combate que fosse facilmente comprado – era mais do mesmo e a história descrível.

Parece claro como àgua que nenhum dos lutadores são aqueles que o público desejaria ver a lutar pelo título da WWE. Cena tem sido odiado ao longo dos anos, e Orton não é propriamente uma estrela em ascensão. Assim, com duas personagens estagnadas, seria de esperar uma reação como a do público de Pittsburgh, que tomou chamou para ela a atenção do combate, mostrando à WWE e ao mundo o desinteresse por este combate (“We Want Refunds”, “End this Match”, “This is Awful” e “Boring” são exemplo disso mesmo). A psicologia de ringue ficou afetada por isso mesmo.

Em termos de storytelling, o combate pode ser considerado credível, mas teve a enorme condicionante de ter um público que aderiu muito pouco para aquilo que vinha a ser vendido até então. Para além disso, houve demasiado “enchimento de chouriços”, progressos sem consequências palpáveis para o seguimento levado pelo combate.

A contenda não passou da vulgaridade de um combate de Randy Orton (estando Cena do outro lado, seria sempre o seu adversário a “comandar”) e, consequentemente, não houve grande excitação para além do final do combate...

... que salvou o resto do combate, tornando-se apoteótico com a troca de finishers entre ambos os lutadores que silenciaram um público pouco aderente àquilo que se ia passando no ringue até então. Aí houve imprevisibilidade, a incerteza que faz do wrestling o desporto que todos nós gostamos, e a noção, ainda que breve, de que estão dois lutadores a mostrar todo o seu arsenal e mais algum para conquistar um título que os rotula como os maiores do balneário da WWE.





Total: ** 1/2


Combate da Royal Rumble

Este combate insere-se nos "gimmick matches", mas é ainda mais especial do que estes pelo facto de ter, ainda que à vez, trinta homens dentro do ringue, um cenário que é mais propenso à adesão do público do que o normal e que torna o entrosamento bastante complicado, tal como a construção de uma linha lógica na história do combate. 

Por tudo isto, seria injusto analisar este combate através dos mesmos fatores com que analisei os outros. 

Não tendo traçado, no passado, parâmetros especiais para análises a Battle Royals ou a Royal Rumbles, não creio que estivesse a ser honesto ao analisar/classificar o combate e inseri-lo no mesmo patamar dos combates que já analisei.

Posto isto, deixo-vos apenas a minha classificação geral, o fator 0, que é a primeira sensação com que ficamos após o término do combate.


Total: ***
Nota final do PPV: 2.75/5
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