Mac in Touch #77 - "Punk fora? Ainda bem!"
Sejam bem-vindos a mais um Mac in Touch. Agradeço a vossa participação no último artigo, e lamento o facto de não ter avaliado, de forma, detalhada o combate Royal Rumble como, pelos vistos, se queria mas fi-lo seguindo a minha integridade intelectual - não tendo traçado, previamente, parâmetros para avaliar um combate tão diferente do combate de wrestling vulgar, não seria honesto avaliar o combate Royal Rumble....
Agradeço a quem gostou da análise e juntamente com o "daniel souza" lamento que o combate não tenha enchido as medidas.
Mas passando à frente, para o tema de hoje - a saída de CM Punk ainda é o tema do momento e decidi abordá-lo dada a minha satisfação pelo sucedido... e não, não sou um "hater" acérrimo do "Best in the World", bem pelo contrário!
Confusos? Abaixo a explicação:
"Punk fora? Ainda bem!"
A notícia chegou
com estrondo. Já se falava da possível saída de CM Punk da WWE há algum tempo
(ele próprio afirmara que precisava de fazer uma pausa no que a wrestling diz
respeito), e sabia-se que o seu contrato iria expirar no verão de 2014, mas
dada a presença da estrela “Straight Edge” no Royal Rumble, onde fora eliminado
por Kane dando azo à continuidade de uma possível storyline entre ambos (ainda
para mais, sendo eliminado quanto estava nos últimos lugares da Rumble),
ninguém entre o conjunto de espetadores assíduos e apaixonados pela indústria conseguiria
prever que Punk deixasse de ser empregado pela WWE 24 horas depois.
O corte foi
brusco, Punk entrou, determinado, no “desemprego” renunciando a qualquer
regalia financeira que pudesse receber do seu antigo empregador... e ainda bem.
Ainda bem porque:
1. É sinal que CM
Punk, ao longo dos anos, soube gerir as suas poupanças. Soube crescer
financeiramente, ao contrário de muitos outros lutadores que estoiraram milhões
atrás de milhões, ao ponto de ter a autonomia de poder decidir o seu próprio
caminho sem olhar ao quão caro isso pode custar.
2. A WWE tem a fama
de conseguir explorar os seus lutadores até ao tutano. Isto é algo que vem
desde o tempo de Bruno Sammartino (que entrou em colisão com Vince McMahon Sr.)
e que não foi amenizado pela criação de um Sindicato de Lutadores de Wrestling,
pelo que o poder instaurado pela empresa liderada de Vince McMahon sobre a
indústria é visível. Quem não aceitar estes termos, é, por norma, visto,
internamente, como alguém que cria problemas com facilidade e com um ego
insuflado. Punk não ligou a estes preconceitos e tomou a decisão tendo em vista
o seu bem estar ignorando o que os outros pudessem pensar sobre ela, o que
revela um enorme amor próprio e que vai contra aquilo que parece estar
pré-estabelecido na nossa sociedade, hoje em dia – o que os outros pensam de
nós é mais importante tem de estar acima do nosso bem estar.
Punk colocou o
seu corpo em primeiro lugar, não se prostituiu por fama ou dinheiro como tantas
e tantas pessoas o fazem na indústria de entretenimento, e foi para casa
correndo um risco muito menor (relativamente aos John Cena’s da indústria do
wrestling) de chegar aos 50/60 anos com mazelas físicas que o impeçam de
brincar os seus netos (ou, melhor dizendo, os netos dos amigos) sem limitações.
3. Punk soube pôr um
término a estes anos de contrato. Depois de ser eliminado por Kane da Royal
Rumble, seria de esperar que entrasse em rivalidade com Big Red Monster e fosse
sempre a descer até à sua rescisão sem qualquer pagamento. Nos termos em que
saiu, não recebeu tanto dinheiro como receberia se saísse no Verão, mas a sua
popularidade saiu intacta e ainda é visto como alguém que ocupa um lugar de
main eventer ... na WWE, e no coração dos fãs.
Não foi
gradualmente desaparecendo do imaginário dos espetadores e da indústria. Saiu,
apesar de despido de um cinto, pela porta grande.
4. Não se prendeu a
laços afetivos. É certo que o facto de se ter amigos num lugar está a
deixar de ser fator de peso para alguém se deixar ficar nesse mesmo sítio para
um ser humano comum, mas ainda assim é de louvar a atitude de Punk, deixando a namorada,
com quem viajava regularmente, e amigos íntimos como Daniel Bryan, Kofi
Kingston, ou Paul Heyman.
Após tudo isto,
devo dizer que admiro cada vez mais a pessoa Phil Brooks. Saiu por decisão
própria e impulsionado pelos seus próprios princípios tomando uma decisão que
só o irá beneficiar a longo prazo. Foi uma das poucas pessoas que conseguiu
fugir da “escravatura” da indústria do wrestling imposta pela WWE ao longo dos
últimos anos e que tantas vítimas fez (Chris Benoit é exemplo flagrante).
Fico triste como
fã do seu trabalho de ringue, mas felicíssimo pela pessoa por detrás dele.