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Mac in Touch #80 - Elimination Chamber - Análise combate-a-combate (parte II)

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Mac in Touch de quarta-feira, o regular... mas no seguimento do "extra", onde comecei a analisar o PPV Elimination Chamber do passado domingo. Ficará finalizada a análise ao PPV nas linhas abaixo, desde o fantástico combate entre os Shield e os Wyatts (5/5 de Psicologia de Ringue e Química/Entrosamento!) até ao final do evento.

Aqui fica:

 Elimination Chamber – análise combate-a-combate (parte II)


 Shield (Dean Ambrose, Roman Reigns e Seth Rollins) vs The Wyatt Family (Bray Wyatt, Eric Rowan e Luke Harper)

A ambição dos The Shield em fazer parte da Elimination Chamber ficou gorada quando estes foram vítimas de danos colaterais do ataque dos Wyatts que visaria, por certo, John Cena. O ataque custou aos “Hounds of Justice” a última possibilidade de encabeçar a Wrestlemania e a vingança era nota dominante para este combate.

A premissa é muito simples e não era preciso mais para que o público aderisse “cegamente” a esta história que opunha as duas fações mais populares no wrestling profissional hoje em dia. Os seis membros envolvidos marcam presença no coração da quota de mercado mais ruidosa da indústria (online) e não seria de esperar nada menos que um ambiente fantástico em redor do combate a “colorir” a batalha... mas as expetativas foram superadas! O cenário auditivo deste combate foi qualquer coisa de orgásmica para qualquer fã de wrestling pertencente à comunidade online, com cânticos de “This is Awesome” mesmo antes de o combate começar!

Quando Dean Ambrose deu o primeiro murro na paz podre que marcou os primeiros minutos de confrontação entre ambas as equipas, o público chegou ao delírio, dando o mote para um combate exemplarmente gerido na perspetiva da psicologia do ringue, com highspots aos quais o público aderiu de forma entusiasmante e uma excelente gestão de entradas (nomeadamente as de Roman Reigns e de Bray Wyatt) que fizeram deste combate, seguramente, um dos melhores dos últimos anos neste aspeto (p. de ringue).

No que diz respeito ao storytelling, gostei da forma como Seth Rollins foi escapando às investidas de Harper e da estratégia adotada pelos Shield em neutralizar os Wyatts. Foi bastante credível a forma como os “monstros” deixaram de atacar e perfeitamente justifícavel toda a sequência (absolutamente fantástica) de Seth Rollins que terminou num dive para fora do ringue e que constituiu um ponto de viragem no combate.
Foi notório o entrosamento entre todos os envolvidos no combate, assim como a capacidade técnica que Ambrose ou Rollins ofereceram à contenda, tornando-a ainda mais apelativa aos olhos de uns fãs deliciados...

... que só se importaram com o final do combate por este ter constituído o término de uma meia-hora de wrestling extremamente bem praticado entre lutadores da sua preferência.

Quanto à credibilidade do final, discute-se o facto de Ambrose não ter aparecido e aí terá estado, possivelmente o único ponto fraco do combate... apesar de essa ausência ter sido, creio eu, inserida para propósitos de storyline.

Factor 0: 4,5/5
Storytelling: 4,25/5
Psicologia de Ringue: 5/5
Química/Entrosamento: 5/5
Duração/Previsibilidade/Final: 4/5

Total: ****1/2



Combate pelo título de Divas 
AJ Lee (c) vs Cameron

Este combate tinha uma história de vingança por trás, apesar desta ser inserida um pouco à pressa por AJ Lee ao referir-se a Naomi, de forma irónica, “lamentando” a sua lesão. A sua parceira, Cameron tentou responder à campeã feminina procurando vingança pela sua companheira de equipa.

O combate decorreu com alguns bons promenores técnicos e houve alguma preocupação em estruturá-lo de forma credível, contudo, no geral, acabou por ser aborrecido em termos de psicologia de ringue até ao final, quando Tamina Snuka agrediu, involuntariamente AJ Lee. O facto de ter emendado o erro ao agredir Naomi custou o combate a AJ Lee, mas garantiu que mantinha o título, contudo, o facto de não ter sido a campeã a ganhar por desqualificação roça o ridículo e vai contra as regras estabelecidas no pro-wrestling, onde está claro que um lutador que invada o ringue e agrida uma das partes, a essa será atribuida a vitória... seja o agressor parceiro ou não.


Posto isto, considero que, apesar da boa química entre AJ Lee e Cameron e um storytelling mais ou menos bem construído, estivemos perante um combate com poucos motivos de interesse, algo aborrecido e com um final que destrói um pouco o fio lógico construído até então.

Factor 0: 1,5/5
Storytelling: 1,5/5
Psicologia de Ringue: 1/5
Química/Entrosamento: 2/5
Duração/Previsibilidade/Final: 1,5/5

Total: ** 1/2


Alberto Del Rio vs Batista

Desde que fora anunciado o regresso do “Animal” que Del Rio tem vindo a falar mal dele. O “Orgulho do México”, apesar de invocar o favorecimento de Batista em detrimento de estrelas como ele, não tem propriamente uma causa forte que justifique o ódio emprestado a esta rivalidade e que fez com que ele atacasse o visado das suas promos de forma violenta ... sem grande reação por parte do público. A reação de Batista foi previsível e justifica-se que a tivesse, contudo, o facto de não ter a melhor relação com os fãs da WWE não ajudou este “despique” a crescer rumo à importância que, porventura, os criativos da companhia esperariam que este tivesse.

Assim, o background histórico não ajudava a que a psicologia de ringue estivesse propriamente nos píncaros, contudo, há que ter em conta as reações eufóricas aos ataques de Del Rio e o enorme apoio que este recebeu da parte do público de Minnesota, que, com isso, entrou mais no combate... mas mais por um “casamento” feliz das circunstâncias do que propriamente pelo mérito dos lutadores.

Em termos de storytelling, o combate teve um início e uma construção bastante bons. A “espertice” de Del Rio fez com que ganhasse uma vantagem credível, ao atacar Batista com muletas. O domínio que este conquistou foi, por isso, absolutamente justificado e a forma como tentou “bancar” o heel foi sublime, com Batista a tentar “espreitar” por entre os buracos de fragilidade de Del Rio para atacar, com este a interromper esses fogachos. Isso dá beleza a um combate, e dá declaradamente a noção do bom e do mau da fita, embora isso não fosse visto pela maior parte do público. O pro-wrestling evoluiu e ficou provado que a imprevisibilidade do público tem de ser tida cada vez mais em conta na pré-seleção de histórias de forma a que não se atribuam papéis errados aos lutadores que pisarão o ringue. Um combate bem construído pode tornar-se algo desvalorizado e a lógica corre sérios riscos de se desvanecer de vez se as coisas assim continuarem.

O final foi completamente descrível e aconteceu com pouca emoção. Batista executou a Batista Bomb sem grande “momentum” prévio (talvez o tivesse tentado construir, mas terá sido traído pela “ferrugice”, normal, de que ainda padece) com muito pouca convicção. Para além disto, a manobra que terminou o encontro surgiu num momento em que não se justificaria que o “Animal” a fizesse, já que o domínio de Del Rio ainda era nota dominante, e uma interrupção brusca do mesmo não faria muito sentido do ponto de vista lógica dado que Batista não a executara antes quando estava menos desgastado. Pode-se dizer que se tratou de uma medida de desespero, mas essas, num lutador que ganhou a Royal Rumble há pouco tempo e que tem de ser construído como um dos wrestlers de topo da companhia, não ficam bem (para a credibilidade da companhia relativamente à construção daquele que será, supostamente, o maior main event do ano) se forem identificadas como tal.

Storytelling: 3,5/5
Psicologia de Ringue: 2/5
Química/Entrosamento: 1,75/5
Duração/Previsibilidade/Final: 1/5

Total: **1/4


Combate Elimination Chamber pelo título da WWE
Alberto Del Rio vs Batista


A última paragem antes do Main Event da Wrestlemania estar definido é aqui. É aqui que se fica com certezas absolutas sobre quem irá encabeçar o maior evento do ano (e neste caso, trata-se de um dos maiores dos maiores eventos do ano – são 30 anos de Wrestlemania, número simbólico).

É um combate que envolve seis lutadores, e dos homens envolvidos, a maior parte têm um quota de popularidade bastante assinalável, já que um deles é o campeão, outro é a verdadeira bandeira da WWE (John Cena) e outro atingiu patamares de adoração que há muito não eram alcançados na programação (Daniel Bryan).

Estes dois últimos parágrafos têm os ingredientes que contribuem, sobremaneira, para que este combate, independentemente do que se desenrole dentro dele, tenha toda a atenção por parte do público, beneficiando, por consequinte, a psicologia de ringue...

... que neste combate podia ter sido melhor gerida se a entrada dos lutadores fosse controlada de forma a dar primazia ao espetáculo, coisa que não aconteceu porque Sheamus e Cesaro abriram as hostilidades e nenhum deles têm (ainda!) a capacidade de fazer prender o público, de o ter na mão como acontece com Bryan, mas nem este esteve no seu auge por propósitos de storytelling e storyline – tinha o ombro ferido -, apesar de ter levado por três ou quatro vezes o público de Minnesotta à loucura com a sua já habitual inquietude e com uma capacidade técnica única na indústria. A entrada de Cena marcou um pouco o combate porque a partir daí até final houve mais adesão da parte do público.

Há que destacar a reação ao pontapé de Sheamus na cabine onde estava Orton, assim como a sequência que envolveu Cesaro, Cena e Christian, com este último a ser catapultado por Cesaro após este sofrer um Cross Body de Cena.

Em termos de storytelling, o combate seguiu uma linha lógica relativamente credível. Aceita-se (e até se ganha pontos de credibilidade por isso) a menor fogacidade de Daniel Bryan pela suposta lesão no ombro, contudo podia tê-la vendido melhor na execução das suas manobras, embora estivesse simplesmente impecavel no aspeto técnico (como já é, aliás, apanágio) e tivesse compensado aí a menor credibilidade que a pouca venda do ombro trouxe ao combate... aliás, a forma como ele chega ao final e ainda sobrevive a um RKO é simplesmente descrível após o desgaste a que foi submetido, principalmente por Christian. Aí não culpo Bryan, mas sim os responsáveis pela organização da estrutura do combate.

Cena foi eliminado de forma igualmente descrível – quem escapa às manobras de que foi alvo, deveria resiste ir um Sister’s Abigail Kiss (por falar nos Wyatts, como é que eles entraram numa estrutura de aço com entradas controladas por tantos àrbitros, e ainda por cima fechada à chave?!), ainda para mais tendo sido feito o cover passado tanto tempo da manobra ter sido aplicado.

A forma como o combate terminou acabou por ser demasiado prevísivel. Se Kane estava nas redondezas, era mais que óbvio que iria custar o combate a Daniel Bryan, como de resto era previsível antes do combate. A única questão prendia-se com a entrada do Big Red Monster em cena, mas a partir do momento em que ela surgiu (e aconteceu de forma descrível, visto não parecer lógico que seja ele a figura de autoridade escolhida para verificar o bem-estar de uma estrela da WWE, ainda por cima dentro da Elimination Chamber, lugar onde há sempre esse risco), tudo se tornou demasiado claro sem que o combate tivesse terminado, mesmo com a réstia de esperança desenvolvida entre o público após Bryan ter escapado a um RKO.
Storytelling: 2,5/5
Psicologia de Ringue: 3,5/5
Química/Entrosamento: 4/5
Duração/Previsibilidade/Final: 2.5/5

Total: ***1/4


NOTA FINAL DO PPV: 2.5/5 
(salvo pelo Shield vs Wyatts)
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