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American Dragon #22 - Como Contruir uma Personagem


Saudações a todos! Antes de começar mais uma edição deste espaço, peço desculpa pela minha ausência na semana passada. A verdade é que me tenho afastado um pouco da realidade do wrestling (talvez por um dia-a-dia mais ocupado), porém espero que seja apenas um "mau bocado". Hoje, no American Dragon, vou escrever aquele que, na minha opinião, é o guia para construir uma personagem no mundo do wrestling atual. Não percam!

1. Criar algo novo

Existe uma ideia que já foi explorada inúmeras vezes pela CWO fora e que faz, sem qualquer dúvida, toda a razão. A indústria do wrestling está velha e, movidas pela vontade de captar dinheiro, destaque e audiências, as empresas de wrestling já criaram e fizeram de tudo numa tentativa de criar sempre "algo novo". A verdade é que, no wrestling, já nada é novo. Por mais duro que isso seja.
Stone Cold Steve Austin com os seus potes de cerveja, Shawn Michaels com a sua gimmick de "Sexy Boy", Undertaker como Deadman, The Rock como "The Great One", enfim, dá para notar que os maiores nomes que a indústria conheceu simplesmente tinham algo de completamente diferente em si em relação a tudo o resto. Tinham aquele toque mágico, aquela forma de andar, falar, vestir, entre outros. Eram simplesmente, originais.

Nos dias que correm, pode-se dizer que é bem mais complicado criar algo que espante o público. O público já viu de tudo e mais alguma coisa! Não há muito por onde inventar. É como aqueles plásticos com bolhas que vêm quando compramos um frigorífico novo... de forma a reviver a boa infância, rebentar aquelas bolhinhas de ar era das coisas mais divertidas de se fazer nos primeiros anos de vida de qualquer pessoa. Porém, quanto mais tempo essas bolhas estiverem a ser furadas, menos bolhas haverão para estalar e, por isso, será preciso procurar cada vez mais para poder encontrar uma "virgem". Este é o melhor exemplo da vida real que encontro quando tento explicar a situação desta indústria atualmente. O único problema é que, neste caso, o plástico já está praticamente desvirginado por completo.

Criar algo novo é essencial, como expliquei. É a mais importante de todas as tarefas, porém, não é a única - está longe de o ser. Sabendo que nos dias que correm esta tarefa é cada vez mais difícil, vamos agora passar para o "resto" sobre o manual de criação de uma personagem de sucesso.

2. A interação com o público

É também um ponto a ter em conta. Apesar de ser original, a gimmick pode não cair no gosto do público e isso é cortar-lhe as asas - sem o apoio do espetador, nada se desenvolve. Olhando para o célebre exemplo de Daniel Bryan. Nos planos, constava um combate contra Triple H na WrestleMania - senão ainda pior. Graças à grande "lavagem de cérebro" feita pelo público após o Royal Rumble, adivinhe-se: Daniel Bryan enfrenta Triple H na WrestleMania sob a possibilidade quase certa de lutar pelo título mundial nessa mesma noite.

Roda tudo à volta daquilo que o público quer. Se o público gostar do que vê, vai dar audiências, vai dar dinheiro e vai falar disso na sua vida real. E, afinal, não é mesmo este o objetivo de uma empresa de wrestling? Então, para nossa felicidade, como fãs, podemos dizer que a indústria do wrestling depende de nós e no dia em que não houver nada mais de interessante para ver na nossa opinião, a indústria morrerá. Um show sem público não é um show. É como um campo de futebol sem balizas. Simplesmente, é um fator crucial e responsável por muita da magia que o wrestling transmite. Pena é que só alguns possam entender esta magia (leiam a vigésima edição deste espaço onde exploro este tema aqui).

Portanto, após termos algo original e que caia no gosto do público, pode estar praticamente tudo pronto para a nova gimmick interpretada por um bom profissional. Que mais faltará?

3. Não ter pressa de construir o que quer que seja

Cidades como New York, Los Angeles, São Paulo, Paris, Tóquio ou Milão não se fizeram num dia, muito menos num mês ou num ano. Levou o seu tempo. O mesmo acontece com este tema, uma vez que, por vezes, certas gimmicks não são construídas com calma e insistência e acabam no esquecimento. Bom exemplo disso é Fandango que após a WrestleMania 29 teve todo o destaque do mundo mas que, apesar disso, não viu o seu "spotlight" aproveitado a longo prazo pela WWE. O resultado está à vista de todos...

Por outro lado, um bom exemplo é Ryback. Andou durante meses a destruir minorcas e através disso consolidou-se a sua gimmick e, quando chegou aos combates contra Punk pelo WWE Title, estava já com o destaque que um contender pelo título máximo da empresa deve ter. Foi um caso de uma construção feliz, apesar de, mais uma vez, a WWE ter estragado tudo isso meses depois.

E basicamente é isto. É ter em atenção aos detalhes, não fazer coisas à pressa e saber fazer as coisas quando é propício a tal. É como convidar uma mulher para a cama sem jantar, cinema nem a tour por todas as lojas de roupa existentes na porra do shopping. É cedo demais e, aqui, se encontra mais um exemplo de como este processo de criar, construir e apresentar uma personagem ao público se torna complicado. É por isto que apenas um ascendem ao topo e, muito por causa disso também, que menos ainda são os que lá ficam. Para quem diz que o wrestling são "socos" fingidos, parece que afinal a temática tem bem mais voltas que se lhe dar do que parece...

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Muito bem, é tudo por esta semana! Não se esqueçam de deixar um comentário sobre a vossa opinião sobre este tema, respondendo à pergunta da semana. Cuidem-se bem e bom fim-de-semana!

Pergunta da Semana: Se tu mesmo pudesses construir uma gimmick no mundo do wrestling, como seria? E que lutador acharias que protagonizaria melhor dentro desses parâmetros?
Com tecnologia do Blogger.