Mac in Touch #81 - TNA Lockdown 2014 - Análise (light) combate-a-combate
Antes de avançar para mais uma edição do Mac in Touch, devo lamentar a minha ausência destas lides durante 2 semanas.
Não tenho conseguido arranjar tempo para me dedicar à escrita mais aprofundada sobre wrestling. Normalmente os artigos que vos escrevo têm alguma ponderação e requerem um certo "rasgo" de criatividade. Escrevê-los sem um destes factores (tempo e/ou criatividade), só para cumprir o dia e deixar "vomitado", aqui, algo sem sentido, seria completamente absurdo....
O tempo chegou (não sobrou) para vos trazer o Mac in Touch, habitual de quarta-feira, contudo, a criatividade não abunda para estes lados, por agora, daí não ir além da análise do LockDown que, ainda assim, teve de ser encurtada para uma versão mais light relativamente às análises habituais de PPV.
Não me levem a mal os fãs da TNA, porque isto aconteceria com que companhia fosse durante um período tão ocupado como o que tenho em mãos, mas só pude escolher três combates (os principais, na minha óptica) para analisar profundamente, ficando os outros categorizados com análises quantitativas.
TNA Lockdown 2014 - Análise (light) combate-a-combate
Chris Sabin e Bad Influence (Christopher Daniels e Frankie Kazarian) vs. Representantes da Wrestle-1 (Great Muta, Sanada e Yasu)
Total: ** 1/2
Mr. Anderson vs Sam Shaw
Total: **
Suicide vs Tigre Uno
Total: * 3/4
Combate pelo título das Knockout
Madison Rayne (c ) vs Gail Kim
Total: ***
Combate "Last Man Standing"
Gunner vs James Storm
A psicologia de ringue era algo previsivelmente em alta pelo que se construiu antes do combate: uma história envolvendo dois ex-melhores amigos que se tornam rivais pelo facto de um estar em ascenção e outro em queda, e da ganância do segundo estar a impedir o crescimento do primeiro. Um drama intenso que seria difícil de credibilizar, mas que a equipa criativa da TNA logrou fazer, alicerçando-o em bases lógicas...
O término do combate aconteceu de forma pouco gradual e algo inesperada, pelo
que no que diz respeito ao storytelling é uma das falhas que se tem a apontar,
embora, dentro deste campo, e excluindo este final, o combate tenha sido
irrepreensível.
Quanto à
psicologia de ringue, creio que o público aderiu muito na fase inicial da
contenda, e foi decrescendo no entusiasmo emprestado ao combate. Algo que não
compreendi, pois ambos os lutadores estiveram bem na procura da promoção de uma
luta entretida.
É de lamentar a
ausência de alguns highspots durante o combate. É certo que, perante a
constituição de ambos os lutadores, seria prudente não o fazer... mas o risco e
a intensidade deveriam ser aplicadas com toda a força neste tão esperado
confronto entre ambos.
O final, pelo
facto de surgir de forma pouco gradual e abrupta, prejudicou o combate...
embora se aceite o esgotamento de Storm após algo tão doloroso como um queda de
uma Superplex a atravessar duas cadeiras.
Total: *** 1/4
Combate pelo título da TNA
Magnus ( c) vs Samoa Joe
Batalhas entre
antigos parceiros parecem marcar a realidade da TNA. Não vejo como algo
negativo o facto de se repisarem fórmulas semelhantes para combates diferentes,
desde que resultem e agradem ao público. Era o caso desta, bem construída e com
a envolvência de dois lutadores com um passado longínquo em termos de parcerias
(a que ambos tiveram enquanto campeões de equipas da TNA e enquanto membros da
Main Event Mafia) e em termos de rivalidades, com uma série de combates pelo
título de TV de Joe, despoltada pela eliminçaão do britânico da Bound for Glory
Series de 2012.
Chegavam a um ponto de não retorno quando Joe venceu um combate para determinar o candidato principal ao título da TNA, detido por Magnus. Isto envolveu muito mais que uma rivalidade entre os dois, sendo Dixie Carter e os seus “súbditos” chamados ao barulho.
Partia-se, portanto, de uma premissa relativamente simples, mas com contornos suficientemente complexos para lhe dar uma singularidade e uma familiaridade que os fãs apreciam, e que chegaria para que estes estarem “vidrados” no combate...
... algo que,
surpreendentemente não aconteceu. A tentativa de estabelecer um ambiente intenso
à volta do combate exercida por ambos os lutadores foi notável mas isso acabou
por não ter reflexos práticos na resposta do público, que decidiu estar calado
a maior parte do tempo durante o combate.
Magnus e Joe
foram muito mais vítimas do que culpados neste aspeto. Mesmo tendo em linha de
conta que se esperaria um início mais “vistoso” do combate (isto é, mais troca
de murros) em consonância com a rivalidade entre os dois lutadores.
Em termos de
storytelling, a sequência inicial do combate é simplesmente fantástica. Aqueles
primeiros 7/8 minutos de domínio de Joe são o que se deve fazer em qualquer
combate de wrestling – uma disputa técnica exercida com uma qualidade sublime.
Trocas de domínio constantes, mas credíveis, e a assunção de um “líder do combate”
estabelecida gradualmente (Samoa Joe).
Numa prespetiva idealista, dever-se-ia ter dado o domínio ao “heel” de forma a que o comeback de Joe fôsse bastante apluadido. Mas mesmo aí, não creio que tenha existido uma falha propriamente dita, pela superioridade técnica e pela maior experiência de Samoa Joe.
Contudo, a partir dos 10 minutos do combate, altura em Magnus o assumiu, a lógica do combate caiu um bocaidnho, com momentos de underselling, desde logo com a “passagem de testemunho” no que ao domínio diz respeito – Magnus conseguiu-o com duas ou três manobras após ter sido massacrado pelo seu adversário durante muito tempo.
A nova passagem de testemunho foi mais credível, com Joe a ter as rédeas do combate rumo a um final... estranho.
A entrada de
Abyss em cena veio prejudicar um combate que vinha a ser quase exemplar do
ponto de vista lógico. Até aparecer um braço vindo debaixo do ringue, vinha a
ser feito aquilo que qualquer batalha entre dois profissionais de wrestling
profissional deve ser, algo que deve ter agradado o setor do purismo da
indústria, o que não é nada fácil.
Assim, a descredibilização veio reduzir vários pontos no que ao storytelling diz respeito, e descredibilizar todo um combate assente em bons pressupostos lógicos bastante fortes. Foi como confiar numa pessoa durante tanto tempo e apanhá-la numa mentira escandalosa.
Para além de tudo
o que foi dito, e porque um combate destes não deve terminar com um parágrafo
negativo. Gostei da intensidade usada com a introdução de sangue no combate.
Era uma daquelas histórias cujo duelo precisava de uma certa dose extra de
intensidade. A escolha do sangue, não seria a minha, apesar de se tratar de uma
decisão acertada.
Total: *** 3/4
Combate "Lethal Lockdown"
Equipa MVP (MVP, Davey Richards, Eddie Edwards e Willow) vs Equipa Dixie (Bobby Roode, Austin Aries, Robbie E e Jesse Godderz)
Um combate com
vários homens dentro de um ringue tem de deter, sempre, a atenção do público e
a psicologia de ringue é um dos fatores mais beneficiados no combate por causa
disso mesmo. Para além disso, alguns dos nomes mais populares da TNA estariam
em confronto numa batalha que seria o culminar da principal storyline da
companhia.
Tudo somado, a
psicologia do ringue já deveria estar beneficiada...
... mas o público
de Miami foi bastante esquisito ao longo do show, e só animou perto do final,
quando os American Wolves usaram o spot do duplo Dropkick em Jesse Goddarz, com
o membro dos BroMans a ter um caixote do lixo a amplificar o impacto da dor.
Até aí, nem a sequência inicial (o início de um combate, seja em que categoria
fôr – singulares, equipas... - é sempre das alturas com maiores “pop’s”), nem
as entradas (houve a tradicional contagem decrescente, mas nada de
transcendente para além disso) nem mesmo manobras mais arriscadas tiveram uma
reação audível. No caso das segundas (entradas), pode-se apontar o dedo à TNA
ou aos lutadores que foram entrando, especialmente aos BroMans, que pouco ou
nada fizeram para potenciar a atenção do público à entrada de um novo elemento
de um combate.
O final acabou
por ser positivo em termos de psicologia de ringue, mas não apaga a imagem de
um combate que teria, à partida, enorme potencial para causar grande frenesim
entre o público... e não o fez.
Em termos de
storytelling, houve muita coisa a correr mal. O início foi bem executado, mas à
medida que foram entrando novos lutadores, a lógica do combate foi-se deteriorando,
dando-se primazia à espetacularidade (pouco lograda perante um público
aparentemente pouco impressionável, conforme referido acima), o que prejudicou
o combate com “doses” de selling muito mal geridas – tanto se abusava dele
(quando Roode tinha o crossface aplicado, havia membros da Team MVP a ser
controlados pelos seus adversários quando podiam perfeitamente esboçar uma
reação – especialmente Willow... algo necessário para a espetacularidade, é
certo, mas completamente descrível) como havia períodos de underselling.
O final teve
impacto pela introdução do turn de Bully Ray – que, aos olhos do espetador
iniciado na indústria, não conseguiu ser um “arbitro” credível (aí aponto o
dedo à TNA, pelo facto de não o “fardar” decentemente).
Total: ** 1/2
Nota final do PPV: 2.75/5