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Slobber Knocker #92: X-Pac Heat


E sejam bem-vindos a mais um Slobber Knocker. Se acharam o título do artigo estranho, então que tenha, pelo menos, aberto a curiosidade e que vos tenha feita abrir o artigo. Afinal, o que é isso do “X -Pac Heat”? Eu explico.....

Confesso que não é uma expressão das mais utilizadas entre a comunidade online de wrestling. A expressão é retirada do “TV Tropes”, que se baseia em factores característicos de filmes, TV, música, entre outros. E a trope “X-Pac Heat” é uma das poucas que se aplica exclusivamente ao wrestling. E o que é afinal? Quando um lutador é um bom Heel, este fica coberto de heat mas o heat certo. Heat direccionado à sua personagem. É vaiado mas as pessoas ainda o querem ver e gostam de vê-lo a levar uma sova. E é trabalhado para que ganhe esse heat. No caso do “X-Pac Heat”, o lutador tem heat porque o público genuinamente o detesta, quer vê-lo fora dali e este não precisa de fazer nada para obter heat, apenas aparecer porque já é muito. É heat legítimo. Por aqui, já devem ter entendido que não me lembrei deste assunto assim do nada e que há uma razão e um acontecimento recente para isto ter sido trazido à baila.

Mas afinal, porquê o X-Pac? É verdade que já foi discutida a mudança de nome para essa tal “trope”, porque hoje em dia não nos lembramos de X-Pac tão mal assim e, enquanto não nos lembrarmos da sua sextape com a Chyna, até nem temos grande razão para o detestar. Mas como vou listar vários lutadores que exemplificam bem este factor presente no wrestling, começo já por quem lhe deu o nome e já fica a explicação do porquê:

X-Pac


Hoje já não se sente tanto heat sobre Sean Waltman, mas nos seus dias mais tardios da sua carreira, este já se tornava um daquels exemplos de lutador que já era mandado embora por um público hostil. Já longe iam os seus dias com os D-Generation X, onde ainda gostavam dele. Mas com o grupo acabado, X-Pac não avançou um mínimo e manteve a sua personagem sem qualquer evolução e sem apresentar algo de interessante. Nem sequer se envolvia em storylines importantes. Mas estava sempre lá. E a ganhar.

Chegou ao ponto que o público não queria ver X-Pac, afinal, para quê? Já chateava. Mas lá vinha ele, para ganhar mais um combate por razão nenhuma, quase todas as semanas, e muitas vezes contra alguém promissor e mais importante do que ele. E quando parecia que se ia envolver numa rivalidade mais decente, após perder algum combate... Rapidamente resolvia tudo num squash que fazia tudo voltar ao mesmo.  E nos bastidores, a coisa não melhorava muito. Como um orgulhoso membro dos The Kliq, não eram poucas as vezes que andava por lá a fazer asneiras e a puxar cordões para se beneficiar.

Junta-se isto a uma carreirada de lesões que lhe prejudicavam as agora pobres performances, sem que ele pensasse sequer em desistir ou abrandar e uma personalidade que deixava a desejar, com atitudes arrogantes e aquele hábito que já mencionei que tinha, de trabalhar com algum nome bom e promissor para depois o squashar e ganhar atenção. Os cânticos de “X-Pac Sucks” ouviam-se e nem era preciso ele estar a competir, ou estar presente sequer. A WWE lá tentou capitalizar e deu-lhe a stable Heel “X-Factor”, que não lhe ajudou em nada. Saiu da companhia com heat por parte do público e dos colegas. Acham que já chega? Da sua vida pessoal ainda vinham as boas novas de violência doméstica na sua relação com Chyna, uma sextape vinda da mesma relação que só será vista por masoquistas ou por prisioneiros de Guantanamo e problemas com vícios em metanfetamina. Era difícil ser fã de X-Pac, se ainda restava algum. Entretanto, as coisas já acalmaram, o público já o aceita melhor mas ficou a expressão. Felizmente para X-Pac, há gente com mais “X-Pac Heat” do que X-Pac.

Batista


O que disse ao início, assim que expliquei o que era, todos se lembraram de alguém e todos perceberam que esta ideia veio de algum lado. E olhamos para um caso recente. Para o tão aguardado regresso que todos queriam e pediam e choravam e suplicavam por ele. Não se lembram de ouvir o público eufórico a cantar por Batista enquanto ele lá estava? Não? Então pronto, agora há “Bootista” e vai-que-chutas.

Se existe mesmo alguém que queria o regresso dele e agora também o está a vaiar, então tenho muita pena. Mas isso nunca se aplicou a mim, acho que até podem verificar em Slobber Knockers antigos, que já mencionei que não precisava nem queria o Batista de volta para nada. Mas eles acharam que sim e ele lá veio. E eu continuei indiferente. Ganhou combates que ninguém achava que ele merecia e eu ainda não tinha alterado muito a minha aprovação por ele, nunca aprovara. E ainda agora, espero pelos seus combates pela plateia que rouba o show e torna o combate divertidíssimo – a do Elimination Chamber foi de chorar por mais.

Mas lembremo-nos: Batista nunca foi propriamente dos favoritos unânimes e sempre esteve longe de ser um dos heróis da comunidade do wrestling, especialmente a online. Nem sempre teve pops gerais, ouvia umas secas quando não queria e o que não faltava eram imagens cómicas onde se poupavam em elogios. E entenda-se, com todo o respeito por ele e por seus fãs e com gostos à parte, ele nunca foi assim tão grande espingarda. Tinha os seus momentos, mas nunca apresentou algo por aí além, pouco mais do que o habitual apelo de um powerhouse Face. Pelo menos que me cativasse, não havia muito. E não deixou assim tantas saudades, pois o público não estava propriamente a transbordar de entusiasmo quando voltou... Ou quando mostrou estar em baixa forma, ou quando ganhou  o Royal Rumble logo ao regressar ou quando ocupou o main event da Wrestlemania que outra pessoa merecia.

Depois acontece como no Elimination Chamber. Batista vem para ser recebido como um herói de guerra... Da tropa inimiga. Canta-se por Daniel Bryan, por CM Punk, por RVD, Y2J ou Brock Lesnar. Canta-se “Bootista” alto e em bom som. Reage-se a cada golpe aplicado pelo “Animal” como se este estivesse a pontapear um bebé, um cachorro ou um idoso. Alberto Del Rio, o tipo com mais dificuldade em manter o interesse do público e ficar over... Parecia um babyface de topo a cada ataque seu. E só faltava àquele povo arrastá-lo para fora da arena fisicamente,porque já quase o faziam através dos apupos. Os fãs ainda existem e têm todo o direito em manifestar-se – numa plateia é que não se devem ouvir – mas será que Batista consegue alguma vez recuperar de um tombo como este?

John Cena


Este não é nenhuma surpresa e é o nome mais óbvio e dos primeiros a pensar-se quando se fala deste já esclarecido assunto. Nos dias de hoje, até já pode ter havido evolução suficiente para que alguns considerem isto “John Cena Heat”. Mas, a não ser que esteja em território hostil, as plateias costumam estar bem divididas. Não deve ter havido mais ninguém na história a agitar uma plateia da mesma forma que ele.

Mas Cena já passou por elas todas. Assim que se iniciou, era aquele desgraçado que mal tinha reacções. Foi preciso uma piada de Halloween em que este apareceu disfarçado de Vanilla Ice, para a malta achar piada e ver que a gimmick de rapper até lhe assentava. Mostrou ser um bom Heel, mas também ganhou popularidade e não tardava nada estava a virar Face. Para sempre. E a partir daí vinham os problemas. Largaram a gimmick para a de um babyface heróico genérico, encheram-nos a TV e os main events com ele, desleixaram os combates dele expondo-lhe as limitações de forma fatal e aborrecendo a malta que cada vez mais cantava “Cena sucks!”

Virou uma espécie de tradição. Não há combate dele em que não se cante “Let’s go Cena!” com vozes mais agudas, seguidas dos mais graves “Cena sucks!” como resposta. Tornou-se um divertimento para a plateia. E Cena criou o seu próprio tipo de reacção e creio que até conseguiu transformar o seu “X-Pac Heat” em qualquer coisa própria. O que queiram chamar à relação amor/ódio com a plateia, é algo que vai para o Hall of Fame com ele. E até mesmo os que estão bem fartos dele, vão sentir saudades de mandá-lo à fava, quando ele tiver que ir mais tarde ou mais tarde – isso não está para tão cedo. O seu heat também difere um poucos dos restantes porque o pessoal está bem fartinho do velho “Cena wins”, dos main events previsíveis, das suas manobras-maravilha letais, dos seus no-sell após uma valente carga de porradae do pouco esforço em dar-lhe combates verdadeiramente bons. Mas estas mesmas pessoas não têm muito por odiar John Cena, o homem, que está lá sempre e trabalha duro, que chegou àquele estatuto com esforço, que ajuda a malta nova no backstage – há histórias a dizer o contrário também – que tem recordes de obras de caridade e que tem muitos combates de 5 estrelas no currículo para quem supostamente não sabe – ele pode não ser dos que sabe mais, mas sabe, mas primeiro que lhe dêem asas para tal...

É caso para dizer que há o “John Cena” heat e que seja dele e que já tenha avançado do tal “X-Pac Heat”. Mas também não haja dúvidas que, para um Face de topo, não se regista na história um desses que tenha sido tão vaiado. Ainda para mais, os tempos mudam. Mas o Cena não.

The Rock


Um caso de um lendário Superstar que está bem habituado a ter plateias inteiras rendidas a si e de ter pops de fazer saltar perucas. Mas já teve uns episódios menos felizes nessa sua carreira onde teve que levar com umas reacções menos convidativas e alguns cânticos menos simpáticos. Um deles foi logo ao seu início. Rocky Maivia era um jovem que parecia ter uma estátua sua a ser adorada pelos oficiais, tamanho era o push que lhe estavam a dar ao início e tal era a admiração que tinham por ele. Mas nem todos estavam de acordo.

Enquanto esses mesmos oficiais encantados viam ali um babyface perfeito, pronto para receber um push até à Lua, logo na sua estreia... O público via apenas um babyface chato e genérico a ser-lhes metido pelos olhos dentro à força para que fosse a próxima “big thing”, para desgosto de todos. E o menino bonito da companhia começou a ter reacções menos simpáticas que não condiziam, de todo, com a sua atitude positiva e sorridente. E como já é costume na WWE, assobiavam para o lado e faziam de conta que não ouviam, varrendo essas reacções para debaixo do tapete, nada impede o Rocky Maivia de ser grande. Mas as coisas pioraram. Quando os cânticos de “Die, Rocky, die!” se tornavam cada vez mais altos, a coisa tornava-se séria.  Começaram a reconhecer isso e a mencionar os cânticos. Finalmente utilizaram isso e às custas dessas reacções, o puto Maivia teve um pretexto mais do que bom para virar Heel  e poder mandar bocas ao público e a toda a gente. E resultou. Oh, se resultou. Agora conhecido simplesmente como The Rock, nascia uma lenda e através das suas excelentes promos sempre a mandar alguém à fava da maneira que só ele sabia. Começaram a gostar dele depois de virar Heel. E nunca ninguém conseguiu tornar “X-Pac Heat” em ovações ensurdecedoras como este tipo.

O outro momento foi mais recente. Nada a retirar ao seu regresso em 2011, aquilo foi entusiasmante e os fãs estavam loucos. Um combate na Wrestlemania contra John Cena? Até faz sentido, siga, aceita-se. Saiu um combate razoável/bom. Pronto, o público não era assim tão apreciador do sistema de ter veteranos a lutar em part-time, mas este ainda puxava boas reacções. Mas começaram a esticar a corda e no Verão de 2012, veio dizer que tinha um campeonato pelo WWE Championship marcado para o Royal Rumble de 2013. Então é assim? Vem, tem dois combates, pede e tem? OK, talvez isto já não caia assim tão bem. Chega ao Rumble e acontece ainda pior: o reinado de mais de um ano, mais de 400 dias, que CM Punk tivera, tão brilhante... Acabava com um People’s Elbow e um Superstar apenas semi-activo e que já era mais actor de Hollywood que wrestler era o Campeão da WWE, que não estava sempre nos shows e que era anunciado como um convidado. Apesar de ser o Campeão. Mais? Tudo para defender contra John Cena na Wrestlemania uma segunda vez, apesar da tag “Once in a Lifetime”. Um combate que era aceitável a primeira vez, mas que nem todos queriam. E que saiu OK. A ser repetido quando quase ninguém o queria, para sair paupérrimo e uma fraca repetição do anterior – mais a extra troca de finishers desamparada que só faz revirar os olhos. Perde e não é visto outra vez. E é apenas questão de ver o Raw após a Wrestlemania, com todas as recordações da noite anterior: cada vez que Rock aparecia – ou Cena, mas esse já está habituado – os apupos eram ensurdecedores. E por esticarem demais algo como isto, vai ficar esta mancha difícil de remover e a tornar-se o primeiro a ser lembrado quando se fala em The Rock, ofuscando toda a sua excelência anterior e tudo aquilo que tornou Dwayne Johnson no grande The Rock que foi tão bem recebido no seu regresso inicial...

Eva Marie


Que transição. De Rock para Eva Marie. Gosto destes contrastes. Mas como isto não tem qualquer correlação em termos de importância, tinha que mencionar uma Diva cuja situação é tão exclusiva e, no entanto, tão cómica.

Encaremos, na divisão feminina, é difícil alguém conseguir reacções a sério. A AJ é das que recebe melhores pops – o que não é bem suposto acontecer – e a Natalya ouve boas reacções enquanto está no ringue, porque ainda dá gosto vê-la. A Summer Rae até está over por factores cómicos e associação – e não há pecado a apontar-lhe – e a Emma, apesar de não ser tão grande como no NXT, ainda se vai safando. Talvez quando a Paige estreie, ela venha para partir tudo. Mas para heat? Qual é a que consegue bom heat a sério?

Um caso que se registe na história e de que nos possamos lembrar é o de Lita. Por estranho que pareça pensar nisso agora, ela já foi bem odiada após o infame triângulo amoroso com Matt Hardy e Edge. A malta adorava os Hardy Boyz e viam o Matt e a Lita como o casal perfeito. Isto até ela decidir montar-lhe os palitos com o Edge. E o Matt Hardy é que foi despedido por se queixar. Meu, o heat com que os outros dois ficaram. Edge soube utilizar isso a seu favor e tornou-se o melhor Heel do seu tempo e não demorou muito até tornar a ser adorado outra vez por isso mesmo. Mas a Lita teve um período difícil, muito mau gosto a aguentar e muitas bocas foleiras difíceis de ouvir. Raramente a plateia lhe chamava um nome digno. Actualmente, ninguém consegue defender o Matt Hardy em situação nenhuma e já dá para entender que não é flor que se cheire. Passa a vida a fazer asneiras e a actual mulher pode não lhe pôr os cornos, mas insere-lhe umas galhetas nos mesmos que ele até vai para as mugshots feito num oito. E Lita já ganhou o seu respeito de volta, muito simplesmente por ser uma das melhores Divas de sempre.

Mas que Diabo, isto não é sobre ela, para quê um parágrafo tão grande sobre ela? Porque é um caso na história de uma Diva com muito heat e que era legítimo. Depois dela... Só a bela mas “cepa” da Eva Marie. Ninguém lhe pode retirar nada quanto aos seus atributos físicos e toda a gente sabe que dava uma excelente modelo, aí iam adorá-la. Mas ela deu logo a impressão de que sabe tanto de wrestling como eu de avionagem ou gerontologia. Em ringue, a sua move-set baseia-se em roll-ups tortos apenas e não mostra qualquer potencial ou abertura para existir mais do que isso. Fora do ringue, continua a saber tanto como dentro. Portanto no meio de um grupo de Divas com reacções mínimas... Vem ela e rebenta a escala do heat feminino e coloca todos a apupá-la. O heat é tão forte que duvido que os gajos todos se importem com o físico dela.  Começou a tentar ser Heel, depois a tentar ser Face... Nem dá para perceber bem, porque o seu estatuto é o de “Uma que está a ocupar o espaço de alguma excelente Diva que haja no NXT”. Com um microfone na mão, devia conseguir igualar uma Vickie Guerrero – que, por sua vez, é apenas genial em conseguir o seu heat, é boa no que faz e o público no fundo até a adora, porque adora vaiá-la. Eu se estivesse numa arena, provavelmente a apupava enquanto fazia vénias.

Ela até pode estar a ser apresentada como uma “bitch” no Total Divas, mas duvido que aquela malta toda que a manda pregar para outra freguesia veja ou queira saber desse programa. Não sei se querem trabalhar isto, mas não sei se a coitada com atributos físicos que a podem levar a muito sítio – já levaram – tem salvação...

The Miz


Outro desgraçado que já as passou negras. Também é um caso de alguém que conseguiu ganhar respeito com o tempo e é daqueles que teve que trabalhar bastante, talvez o dobro de alguns para chegar onde já conseguiu chegar. Mas quando começou... Pobre Mike Mizanin. Uma dica muito rápida: se vens de um reality show e vens vendido como tal, por muito fã de wrestling que sejas, não esperes ser muito bem recebido. E o desgraçado devia saber isso, mas lá se esforçou em fazer o seu trabalho.

E qual era o seu trabalho? Ser o anfitrião de segmentos como o “Divas Search”, andar à beira do público, gritar que nem um retardado e botchar 70% das suas falas. Bom trabalho, estás assustadoramente over assim. Como se já não fosse suficiente vires de onde vieste, nem sequer saber fazer ponta de um chifre do que te mandam fazer. O rapaz estava nervoso. E lá atrás não o ajudavam muito. Só o mandavam fazer figura de parvo, ser um jobber sem ponta de credibilidade, vesti-lo de forma parva e até fazê-lo caminhar de forma parva. Acrescente-se uma catchphrase tão boa como “Hoorah!” e temos uma estrela. Da choça, só se for. Os cartazes a chamar-lhe um “MIZtake” comprovavam isso. E no balneário tratavam-no tão bem como na plateia, nem deixavam o moço equipar-se lá dentro juntamente com os outros e se há alguém que lhe fez bem a vida negra foi o JBL. Mas o sacana não desistiu e trabalhou. Assim que melhorou em ringue, ao microfone e juntou-se a John Morrison, convenceu alguns. Lançou-se a solo e foi sempre evoluíndo, mostrando cada vez mais talento ao microfone. E o gajo que gaguejou a tentar anunciar um concurso de Divas viria a tornar-se WWE Champion e um Heel legítimo. E admito que na altura, adorava-o. Mas o que ele teve que atravessar até aí.

Agora Miz atravessa outra fase conturbada. Não conseguiu ficar tão over e relevante. E agora, como um fraco Face, recebe o segundo pior tratamento, após o “X-Pac Heat” que ele já experienciara – a indiferença. Ninguém quer saber de Miz e custa a crer que aquele midcarder que anda lá perdido a vaguear já foi WWE Champion e já fechou uma Wrestlemania. Pareciam estar a trabalhar uma nova Heel Turn para o  voltar a fazer interessante, mas foi a lado nenhum, preferem tê-lo a fazer praticamente nada. Deixem o Miz ser Miz e ele pode recuperar algo. Ou então vistam-lhe umas calças à Aladdin outra vez. Mas que se lixe, já conseguiu a Maryse depois daquilo tudo, já tem a vida feita!

Bo Dallas


UnBOlievable! O actual/ex NXT Champion – tenho que jogar pelo seguro, porque escrevo isto antes do NXT Arrival, mas sai depois – já teve a sua dose de heat indesejado e que se pôde transformar em heat como deve ser. Tudo porque já se estavam a preparar para fazer uma daquelas asneiras e já nos queriam forçar o IRS Júnior.

Todos se lembram da sua participação no Royal Rumble de2013. Aí ninguém se opôs, era só um moço novo a estrear. Teve pouca reacção porque afinal de contas ainda era um estreante e tinha pouco ou nada para estar já over – ele nem no NXT era dos que mais puxava fortes reacções. Mas não quiseram ficar só por estreá-lo, tiveram que torná-lo o “underdog” das “upsets” quando elimina o Campeão Intercontinental Wade Barrett e ainda faz questão de o derrotar limpo no seguinte Monday Night Raw. Já aqui o público não achava assim tanta piada porque um moço verde e sorridente a levar um push forçado já andava a fazer lembrar muito outros Maivias doutras bandas.

Por essa altura, assim que abortaram o plano e o mandaram de volta para o NXT, ainda o mantinham como Face. Um Face que era mais vaiado que todos os Heels juntos – mesmo que no NXT houvesse uma tendência a virar Heels por serem demasiado adorados – e que ouvia os agradáveis “No more Bo!” a ecoar pela pequena arena. E como se não fosse suficiente, ainda se torna o principal Campeão do NXT ao derrotar um legítimo favorito dos fãs, Big E Langston, enquanto mostrava os seus primeiros sinais de se tornar Heel.

Viraram-no Heel e souberam como o fazer. Ajustaram-lhe a personagem para que se tornasse o “Heel que ainda nem sabe que é Heel” e que pensa que o público ainda o adora. Isto levou a segmentos onde demonstra a sua óbvia ignorância perante a hostilidade dos fãs, “cativa-os” com catchphrases e trocadilhos apatetados, trata lutadores mais admirados e até mais velhos e experientes do que ele como se fossem miúdos amadores ainda muito verdes para estar ao nível dele e faz tudo com aquele sorriso estampado que dá vontade a muitos de o retirar a estalo. Feito. O gajo demonstrou ter a sua piada e começou a ter bom heat e algum respeito. Eu, que não estava convencido antes, comecei a ficar fã de Bo Dallas assim que este começou a mudar a sua personagem – pode não ser ainda nada por aí além em ringue mas também não há grande pecado, além do finisher, a apontar-lhe. Mais um caso de “X-Pac Heat” bem trabalhado. Ainda há quem mantenha o mesmo escárnio por Dallas e só agradecem por ser o irmão certo a receber push no roster principal. Mas tem que se admitir que ele até tem jeito para a coisa e começa a amadurecer e a demonstrar potencial... Estará alguma vez verdadeiramente over na liga grande?

CJ Parker


Pode não ser um caso tão extremo mas, para fechar, achei que um muito recente e ainda no seu epicentro e, quem sabe, ainda desenvolvimento, era uma boa menção. Este já teve a sua evolução de “Não queremos saber” para “Continuamos a não querer saber”, culminando num “A sério, não queremos mesmo saber, vai-te embora!” CJ Parker começou como um jobber genérico e as pessoas nem se lembravam. Tiveram que entrevistá-lo e falar nele como um “retornado” para eu saber que ele não estava a estrear. Pegar em jobbers, dar-lhes uma gimmick e iniciar um push é uma boa medida. Mas tem que ser bem feita. Há tiros certeiros como Aiden English que foi tremendamente bem recebido e permanece como um dos meus favoritos. E há tiros ao lado como CJ Parker.

Remodelado como um hippie que só queria espalhar a paz e o amor, ao som de música psicadélica e danças aparvalhadas, a primeira questão que ficou foi: conseguem mesmo vender uma personagem destas como um gajo que passa na Wellness Policy? Com uma gimmick de “stoner” tão grande que faz parecer o Shaggy do Scooby Doo Straight Edge... Via-se já aí uma lacuna. A segunda questão: será mesmo boa ideia? Coneguirá um hippie que parece estar a vaguear entre trips de ácidos a melhor ideia para um lutador em desenvolvimento? A terceira questão: será CJ Parker um indivíduo com o carisma necessário para vender uma personagem tão amável e divertida como este devia ser? E a questão final: será Tyler Breeze o melhor adversário para colocar alguém over como Face?

Não, não, não e raios me partam, não. A gimmick não parecia ser grande coisa e faziam-se ouvir os cânticos de “Change your gimmick!”. CJ Parker não parecia ser assim tão carismático como a sua personagem o devia fazer e até se apresentava como um tipo aborrecido. E Tyler Breeze é dos tipos mais adorados ali dentro, todos adoram a sua gimmick – eu incluído – e esperar que algum Face, já com pouco perfil, vá ficar over contra o model narcisista obsecado com selfies... Não, o heat vai todo para ele, ninguém vai querer saber e vão mandá-lo a ele, às suas rastas e às suas danças para casa.

Já o viraram, já reconheceram o heat e já o fizeram chateado com o público por não estar a sentir o “love”dos fãs. Já parece ter completado a sua Heel Turn a utilizar factores estranhos como o facto de ser ambientalista para heat – como se isso fosse algo mau. Acho que bastava ser o CJ Parker e já tinha heat. E pronto, fica este erro no NXT, quando este território parece estar cada vez melhor e é aqui, onde estão os rookies,que se fazem as boas decisões. Pode ser que este hippie esteja corrigido, temos que esperar para ver se fica over como um Heel, como deve ser ou se vai continuar a ser heat de aborrecimento.

Disse que ia fechar com este rookie e possível futuro Superstar e assim o faço. É claro que há mais exemplos, mas não podia abordá-los a todos, porque ainda planeio ter tempo para mais alguma coisa e os artigos não podem ser tão extensos para vos maçar. Mas posso deixar as menções honrosas como Jeff Jarrett no início da TNA quando tinha sempre o título nele e dava a ideia de que criara uma companhia só para se fazer grande, Great Khali, Garrett Bischoff, Matt Hardy actualmente ou o Michael Cole há um ou dois anitos atrás. Jesus, o Michael Cole. Agora já parece ter ganho respeito e o heat fica em Jerry Lawler.  Já todos percebemos que ele é um velho tarado, ass-kisser dos Faces, com tendência para piadas foleiras e algumas vezes ofensivas. Não é preciso estar sempre a demonstrá-lo e a fazê-lo levar na cabeça, quando é um Hall of Famer de respeito.

E ainda há mais para além destes, mas isso já deixo a vosso cargo lembrar.Opiniões pessoais não contam, só porque não gostam mesmo de um lutador. Se não for unânime e não estiver o público em geral a mandá-lo apanhar fruta para outro lado, não se considera. Heels que têm muito heat porque são bons Heels também não. Isto baseia-se mais em odiar o próprio performer ou algo que fizeram com ele, ao invés da personagem. Mas vá, acho que todos percebem ao olhar para os exemplos.

Não se esqueçam do feedback e lá tentarei voltar na próxima semana.Até lá, quero tudo rijo e pronto para mais wrestling e cada vez mais surpresas, afinal a Wrestlemania está cada vez mais perto!

Cumprimentos,
Chris JRM



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