Slobber Knocker #107: Palas nos olhos da TNA?
Bem-vindos ao Slobber Knocker desta semana! Semana agitada tem sido estas. Continuamos com segmentos bizarros no Raw, desenvolvimentos para o Money in the Bank a dar os seus últimos passos... E eu a voltar-me para outra companhia para abordar um assunto que já tem vindo a dar assunto de conversa há bastante tempo....
Numa altura marcada pelo confirmado regresso do ringue de seis lados - e pela divisão de opiniões de wrestlers, enquanto os fãs mantêm a quase unanimidade - vemos o regresso de uma das coisas mais singulares e que mais marcou a TNA no ponto alto da sua existência. Pode ser visto como uma manobra de desespero, pois a companhia atravessa uma das suas fases mais difíceis: assistências pobres, continuação de críticas, abandono de várias estrelas de topo, falta de starpower, o pânico da irrelevância e outro factor que tem dado bem que falar: discussão sobre plágio sempre a aumentar.
Um assunto destes causa sempre agite porque há uma coisa que se faz sentir bem por entre os fãs internautas da TNA e que se sinta mesmo muito bem neste espaço: são dos fãs mais defensivos. A companhia que admiram e defendem é, de facto, a mais fragilizada actualmente e a que mais regularmente se encontra "a jeito" para as críticas, o que os torna logo dos fãs mais defensivos. Então antes que isto descalabre, fica já o aviso: o artigo não é uma crítica à companhia, apenas uma análise e ponto de vista e vem de alguém que acompanha o produto semanalmente e que costuma desfrutá-lo assiduamente, apesar dos seus defeitos - como com qualquer outra companhia em qualquer outra altura.
Fica então aqui uma enumeração de paralelismos entre situações da TNA que podem dar que falar por semelhanças e fáceis comparações a peripécias decorridas na WWE:
O Campeão Mundial
A situação mais polémica e que mais tinta tem feito correr tem que ser a situação do main event que ficou a sofrer pelo seu timing e até pela sua pouca credibilidade. Numa altura em que se dirigissem a alguém e contassem a história de um underdog barbudo que conseguiu, finalmente, sair por cima e ganhar o título Mundial após lutar duas vezes na mesma noite de forma árdua... O mais inocente identificaria a Wrestlemania e a conquista de Daniel Bryan como o assunto em questão, até alguém o corrigir e apontar que, na verdade, se referia a um episódio do Impact Wrestling, com a Wrestlemania ainda recente, a conseguir o feito acima descrito.
Sofre já aí de timing e levanta logo as questões: se não é para cópia, para que é exactamente? Eric Young sempre foi um lutador tremendo e com um lugar no topo merecido... O problema é que não andava a ser vendido como tal e a sua subida foi demasiado repentina para se sentir credível. Não fazia muito tempo e Young mal aparecia em TV e quando aparecia era para comédia e para ser o Santino da TNA - aqui já não aponto plágios, aqui é só forma de compreender. Era um gajo que não sabia com quem lutava e que mantinha a tradição de Acção de Graças com o combate do fato de peru - algo que qualquer Campeão Mundial faz - enquanto jobbava ocasionalmente. Tão depressa se tornou o Campeão principal da companhia que vendo um PPV "One Night Only" gravado há uns meses ainda mostrava Eric Young como o midcarder doido... No ar na altura em que ele já era Campeão...
Já aí há muito pano para mangas, mas se o mesmo alguém continuasse a contar a história e prosseguisse a relatar a sua seguinte feud intensa, com o seu ex-parceiro de equipa, um monstro mascarado... Traria alguns sorrisos de recordações dos Team Hell No e lembraria a rivalidade entre Daniel Bryan e Kane, que se estendeu até Bryan ser forçado a ficar de fora. Tirando a parte que, na verdade se referia aos episódios à volta de Eric Young e Abyss. E estavam as críticas instaladas e Dixie Carter a não ajudar muito à reputação, respondendo directamente com "winks" sarcásticos, chegando a afirmar que inventou barbas... Como forma de obter heat, já que era Heel. Mas com afirmações que caem sobre toda a companhia e a sua credibilidade.
Se quisermos estender a coisa, ainda temos mais por onde pegar. A janela que estava aberta para a TNA se escapar era a de que Eric Young não combatia contra os poderes maléficos da autoridade e até tinha a figura autoritária do seu lado. Até que se esqueça tudo, se dê a Heel Turn de MVP e inicie a sua feud com o Campeão, fazendo de tudo para o rasteirar. E por cima disso, uma união com Kenny King e Bobby Lashley num grupo que só não era mais Evolution porque não havia Shield para a oposição. Até temia que lesionassem o Eric Young e lhe lançassem o ultimato de que, ou ele cedia o título ou a ODB seria despedida - dá para temer, eles tinham as ferramentas todas...
Não vou já atirar acusações ao ar nem espetar com as mãos no fogo já a insinuar coisas. Não quero estar aqui a dizer que a TNA andou a copiar intencionalmente à descarada as histórias que decorriam na TV da WWE, e claro que há sempre aquela abertura para que seja puramente coincidente. Se o foi, veio em péssima altura, não foi bem administrado e Dixie Carter, naquelas afirmações que mencionei, não soube lidar com a situação, nem um pouco. Já se encurralou e acabou por se queimar quando alguns dos próprios fãs deixaram de os levar a sério, a partir da sua desconfiança. Ficavam os fãs fiéis também cépticos. Se foi tudo uma questão de mau timing, então tinha que selar em boa nota: uma semana e pouco depois do título ser retirado a Daniel Bryan, Eric Young também perde o seu. Quase que podia dizer "Se não há razões para o Daniel Bryan ser Campeão, então também já não há razões para o Eric Young ser Campeão"... Especulações ao rubro...
Creepy Knockout
Se antes viam-se paralelismos entre a parceria de Gail Kim e Lei'd Tapa e a de AJ Lee e Tamina Snuka, esses podem ser colocados de lado. Duplas é algo muito abrangente e ter uma lutadora Campeã Heel a necessitar de protecção de uma lutadora que intimide... Nem é algo de novo e exclusivo. Por acaso calharam na mesma altura, mas nem é nada demais a que se possa apontar o dedo - nem a intenção deste artigo é essa, já o disse. No que me foco é algo que difere dos outros casos, porque não é algo que vem "na altura". O paralelismo que se pode fazer é com algo que já tem quase dez anos, logo nem sequer é timing. É mesmo algo que apenas faz lembrar uma outra história.
Actualmente passa-se muita coisa na divisão de Knockouts e a existência de várias histórias faz com que algumas se deixem para o segundo plano, como é o caso da que vou mencionar que até parecia, inicialmente, que ia ser a principal e de destaque, com a sua devida culminação e tempo de PPV. Mas ficou "on hold".
Refiro-me à nova Knockout que veio brindar com os seus impressionantes atributos físicos e com potencial em ringue: a bela Brittany. Ainda vista como uma "rookie" começou por oferecer ajuda a Madison Rayne por querer ser boa, amiga e prestável e por poder ajudar uma lutadora que lhe serviu de inspiração. Por aí, tudo bem. Nem havia aí nada de especial para Brittany se tornar "especial" ou para fazer lembrar outra coisa qualquer. A coisa é que se foi intensificando, Brittany começou a tornar-se insistente e Madison Rayne começou a ficar desconfortável. Brittany entrava quase em estado obsessivo por uma mulher sua colega e a memória da estreante Mickie James na WWE em 2005 vem-nos à memória.
Eventualmente a coisa saiu cá fora e Brittany assumiu a sua admiração por Madison Rayne, de forma pouco usual, deixando Madison mais desconfortável ainda e a especulação maior ainda - e muito depravado mais contente ainda. Esperava-se que o resto do procedimento visse Brittany a tentar imitá-la, alterar o seu comportamento e virar Heel e ter o tão desejado contacto físico com Madison Rayne, sem necessitar de reproduzir o beijo entre Mickie James e Trish Stratus. A coisa parecia dirigir-se para lá, com Brittany a chatear-se e a dar indicações para uma Heel Turn, mas a sua história ficou para segundo plano com a apuração de Gail Kim para um campeonato no Slammiversary, com o regresso de Taryn Tarrell e com as Beautiful People ainda a ser o principal alvo de todas as Knockouts. Ainda nem dá para perceber se vai retomar-se ou ficar no ar e ter apenas breves menções e um ocasional"tease".
E lá está, é apenas um caso de algo que faça lembrar outra coisa já com uns bons anos. Nem sequer é algo que se possa acusar, até é algo que possa trazer boas memórias. Afinal, não se vê uma cópia, vêem-se pontos de comparação para que uma coisa faça lembrar a outra e, se estiver a gosto, que seja no bom sentido. Numa nota curiosa, a acrescentar aos já mencionados paralelismos com Mickie James, assim que Brittany foi apresentada, em fotografia, como a nova Knockout, foi mostrada com umas roupinhas sulistas de cowgirl, que nem uma estrela de country... E qual foi o primeiro nome que veio à cabeça de toda a gente? - neste caso, referente à sua gimmick já na TNA.
Gajos esquisitos, discursos esquisitos, sítios esquisitos... Esquisitices!
Sem dúvida, das melhores coisas a brindar-nos o ecrã na WWE em muito tempo. Com o Verão passado vinha também a Wyatt Family, já conhecida no NXT, pronta para fazer estragos. E quando falo em estragos, refiro-me a coisas boas. Actualmente, aquele que antes era o despercebido Husky Harris, agora é daqueles a quem prestamos atenção quando tem um microfone na mão, juntando-se a Dean Ambrose no grupo dos "newcomers" que dominam o dito instrumento de comunicação.
Esses seus dotes comunicativos começaram a ser expostos de uma maneira muito à "Cape Fear" - sem nos trazer um novo Waylon Mercy - e mostravam Bray Wyatt, na floresta, rodeado pela sua fiel "família" a profetizar ideias sob a forma de palavras e frases indecifráveis. Filosofias de louco que não é tão louco assim. Tínhamos aí uma personagem interessante que prometia muita coisa boa, como tem vindo a ser. Avançam-se uns bons meses e vemos o Jeff Hardy com uma pintura mais esquisita ainda, no meio da floresta, a pregar alguma estranha missa sob a forma de mensagens crípticas. A anunciar a vinda do "Willow", para flectir cabeças de quem não deixava de ver ali o Jeff Hardy.
E realmente assim continuou, "Willow" era um bizarro alter-ego de Jeff Hardy que ele parece ter adquirido ao assistir à WWE e ao gostar imenso do Bray Wyatt, dadas as suas semelhanças. Até vivia no meio da mata. Só não tinha uma lanterna e uma cadeira de baloiço, mas tem um guarda-chuva engraçado e até vende a sua máscara que, por acaso, não é de ovelha. E não tem qualquer afiliação à "Sister Abigail" nem usufrui da ajuda de crianças inocentes, mas parece ter contacto com o seu "lado Jeff Hardy". E as maiores semelhanças acabam por ser nos seus discursos enigmáticos, mesmo que ditos de forma diferente - admito que até acho piada àquela nota alta que o Willow atinge numa sílaba aleatória da sua frase - e em sítios diferentes: um está no escuro, num sítio desconhecido; o outro está no escuro, algures no backstage, por cima de alguma coisa, à procura do Sting de 1996, possivelmente. Willow parece muito mais uma trip de ácidos que correu mal do que Bray Wyatt, isso é certo, mas há espaço para semelhanças.
O ponto a ter em conta é que este "Willow" já é antiguinho e foi com isto que Jeff Hardy se estreou no seu percurso inicial independente. Mais uma questão de timing ou a personagem sofreu umas edições de forma a levantar suspeitas dos espectadores cépticos? É a questão deste artigo, afinal, volto a lembrar que não é um texto repleto de acusações.
Quanto à questão da família de esquisitóides, actualmente vemos a TNA a recordar o bom e velho Kizarny - não através do Sinn, lutador que interpretou a dita lenda, e que também trabalhou na TNA - na "Menagerie". Knux fartou-se de ser motard, voltou para casa com segmentos dramáticos e trouxe a Rebel, o Crazzy Steve e o Rob "The Freak" Terry de máscara. Há mais semelhanças com o Kizarny realmente, dado o tema de circo, mas de Wyatt Family já não tem nada a não ser a esquisitice. O grupo parece estar a ficar over e está a conseguir ser a sua própria "coisa". Digo isto porque já ando a ficar fã do Crazzy Steve e da Rebel. Já o Rob Terry de máscara continua a ser o Rob Terry de máscara...
Nota: O "Sister Abigail", finisher utilizado por Bray Wyatt era, curiosamente, o finisher utilizado por Mike Knox. Se ele quisesse mesmo fazer paralelismos agora que os teria por direito, podia seguir por aqui. Até podia dar um beijo na testa ao adversário, se não estiver exclusivamente reservado ao pé da Rebel... Não o culpo se estiver, também...
Uma escada, um prémio e muitos gajos
É aquela altura do ano. Desde que se deixou de guardar este combate e este cobiçado prémio para a Wrestlemania, que o combate Money in the Bank tem sido disputado no seu próprio PPV, durante o Verão. E quando digo que está na altura, na verdade, o correcto a dizer-se é que é já este Domingo. "Money in the Bank" traz-nos o seu tradicional combate que coloca vários Superstars do midcard médio e alto a batalhar num combate de escada, com o objectivo de alcançar a mala "Money in the Bank", que pode ser trocada pelo título Mundial quando o seu detentor bem entender e quando lhe der mais jeito.
E porque estou a desperdiçar espaço e texto na explicação deste conceito? Preciso assim tanto de encher o artigo? Nem é preciso ser fã de wrestling há muito tempo, creio que alguém que tenha começado a assistir à WWE ontem já sabe como funciona o Money in the Bank. Mas a razão porque descrevo o dito cujo é para situar. Localizar. Colocar um ponto com algum propósito.
Vem agora a parte comparativa em que recuamos umas semanas até ao Slammiversary e olhamos para o combate da X Division. Um elevado número de competidores, num combate de escada, a lutar, neste caso, por um título. As comparações saltam logo, porque as semelhanças estão lá, mesmo que não seja algo tão palpável e que dê para muita conversa - é um combate sem história e sem construção, que é assim porque é assim. O que compromete esta escolha é o mesmo grande factor que também anda aos açoites ás situações anteriores: o timing. Falei "naquela altura do ano" e aquela recente tradição de Verão. Escolheram essa altura para fazerem o seu combate/spotfest. E nem é só "pela mesma altura"... Tinha mesmo duas semanas de diferença e deu para se construir ambos ao mesmo tempo - por muito mínima a nula que tenha sido a construção do combate da X Division.
Há outros dois pormenores curiosos neste cenário. O primeiro é a curiosa semelhança que se encontra entre a mala e o título da X Division. A mala "Money in the Bank" é um mero contrato que pode ser trocado por uma chance ao título principal quando der na real gana ao Mr. MitB. O título da X Division é um título a sério e propriamente dito... Que, por acaso, desde os dois últimos anos, que pode ser trocado por uma oportunidade ao título Mundial no Destination X. Apenas um paralelismo curioso. Outro pormenor é que eles sempre tinham o combate "Ultimate X" que, por acaso, tem por costume banir o uso de escadas que já teriam bastante uso na outra companhia dali a duas semanas - apesar do confuso combate no último Bound for Glory que viu escadas a ser utilizadas e a serem decisivas. Podiam optar por um combate que era seu, era exclusivo e evitavam a comparação chata. Mas é possível que, com o Destination X aí á porta não quisessem deixar muitos "X" ao dependuro seguidos.
Visto que não penso acusar a TNA de ser o Shia LaBeouf, nunca foi essa a minha intenção, não tenho mais exemplos a acrescentar. E, vem agora aquela parte mais agradável para os fãs, mesmo que seja mais breve: a parte da defesa.
Não acho que a TNA se ande a colar á WWE com más intenções. É possível que goste de uma ideia ou outra e tente capitalizar nela, para si, à sua maneira. Todas o fizeram, todas o fazem, todas o continuarão a fazer, sendo a história com Eric Young a que se pode considerar a mais "grave" e propícia a críticas. Fica a sofrer com mau timing e com se encontrar numa daquelas más fases da TNA em que o seu produto tem estado a batalhar consigo mesmo. Também são episódios que vão acontecendo sempre, ainda para mais para uma companhia com pouco mais de uma década e com um crescimento tão rápido. E, sabendo que isto é cíclico, podemos esperar uma boa fase da TNA em breve.
Coisas a louvar actualmente podem ser o tal regresso do ringue de seis lados que, mesmo sendo uma manobra de algum desespero e que cause a oposição de vários competidores, é algo que atrai antigos fãs alienados e possa trazer algum do "feel" da TNA que cativou o povo há uns anos atrás. Se, por vezes sofrem com a falta de starpower, devido às ausências e às baixas, por outro lado mostra uma procura em sangue novo o que pode significar olhos bem postos no futuro. E vão aparecendo algumas decisões surpreendentes como a marcação do Bound for Glory, seu grande evento, para... o Tóquio, no Japão. Enorme e esperemos que seja um BfG tremendo, digno de pisar aquele solo tão rico em wrestling - especialmente para os puristas.
Conclui-se de uma forma simples: não há por que levar a TNA à cruz por cada erro que faça - e, já agora, qualquer outra companhia - nem acusá-los de plágio puro, duro e feio. É daquelas situações em que, acompanhando o produto como eu acompanho assiduamente e, vendo algumas das situações, dá para pensar: "Olha, isto faz lembrar aquela cena que aconteceu na WWE." E fica-se por aí. Algo mais depreciativo só num tom humorístico, que é algo que se deve manter sempre e com tudo. Nada a acusar á TNA, daí apresentar o título como uma inocente interrogação.
Chega de falatório e é altura de concluir o artigo, passando-vos a palavra como sempre, para comentarem o assunto como bem entenderem, opinarem sobre esta "polémica" como bem entenderem, falarem de outros casos de semalhanças - para qualquer lado - e defender alguns que aqui vêem, se acharem que há algo a acrescentar ao que disse. Pretendo estar cá na próxima semana, espero que o possa concretizar. Até lá, um bom Money in the Bank e uma continuação de um bom Mundial a todos, com Portugal agora fora da corrida... Boa sorte para os nossos leitores Brasileiros! Aqui fica a questão:
"Como acham que a história de Eric Young a Campeão podia ter sido abordada para se distinguir e diferir melhor e mais à vontade?"
Cumprimentos,
Chris JRM