MMA: UFC Fight Night 56: Shogun x St. Preux - Antevisão + Pesagens
Duas semanas após o UFC 179, o octógono volta a aterrissar no Brasil desbravando uma nova cidade. A mineira Uberlândia será palco de mais uma tentativa de recuperação de Maurício Shogun, além do importante confronto entre os moscas Ian McCall e John Lineker....
O torcedor brasileiro ainda está baixando a adrenalina do inesquecível duelo entre José Aldo e Chad Mendes, que aconteceu há duas semanas, mas o octógono mais famoso do mundo já desembarcou novamente no nosso país. O Ginásio Municipal Tancredo Neves, também conhecido como Sabiazinho, em Uberlândia, será palco no próximo sábado do UFC Fight Night 56, a sexta das sete incursões do UFC em território nacional em 2014.
Um dos maiores ídolos da história do MMA encabeça o card mineiro, em sua segunda aparição no Brasil neste ano. O ex-campeão Maurício Shogun tenta igualar seu retrospecto no UFC contra Ovince St. Preux, que o cerca no ranking oficial da categoria.
A luta coprincipal abrigará um importante duelo pela divisão masculina mais leve do UFC. O veloz Ian McCall encara o pegador John Lineker em confronto que provavelmente apontará o próximo desafiante de Demetrious Johnson. Outro combate de grande expectativa é a estreia de Warlley Alves como meio-médio. O vencedor do TUF Brasil 3 faz sua primeira luta depois de conquistar o título contra o também talentoso Alan Jouban.
ATUALIZAÇÃO: Ian McCall adoeceu e ficou impossibilitado de lutar no sábado. Por este motivo, o UFC cancelou o combate e passou o duelo entre Dhiego Lima e Jorge Blade para o card principal.
Iniciando os trabalhos no card principal, a peso palha mineira Juliana Lima encara a estreante Nina Ansaroff, parceira de Amanda Nunes. Em seguida, o meio-médio Claudio Henrique da Silva, o “Mineiro”, que nasceu em Mato Grosso, terá pela frente o inglês Leon Edwards, que também fará sua primeira luta no UFC.
O card completo do UFC Fight Night 56: Shogun x St. Preux é o seguinte:
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado: Maurício Shogun x Ovince St. Preux
Peso-meio-médio: Warlley Alves x Alan Jouban
Peso-meio-médio: Cláudio Hannibal x Leon Edwards
Peso-meio-médio: Dhiego Lima x Jorge Blade
Peso-palha: Juliana Lima x Nina Ansaroff
CARD PRELIMINAR
Peso-pena: Diego Rivas x Rodolfo Rubio
Peso-médio: Caio Monstro x Trevor Smith
Peso-leve: Leandro Buscapé x Charlie Brenneman
Peso-galo: Thomas Almeida x Tim Gorman
Peso-meio-médio: Wagnão Silva x Colby Covington
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 22:30 horas do Brasil e 00:30 horas de Portugal
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Peso meio-pesado: Maurício Shogun (BRA) vs Ovince St. Preux (EUA)
Como tem sido tradição em sua trajetória na maior organização do mundo, Shogun (22-9 no MMA, 6-7 no UFC) segue inconstante. A única vez que venceu duas consecutivas, contra Mark Coleman e Chuck Liddell, foi compensada por derrotas para Alexander Gustafsson e Chael Sonnen. Em seguida, um suspiro quando quase arrancou fora a cabeça de James Te Huna e vinha muito bem contra Dan Henderson, mas acabou vitimado pela Bomba-H em Natal.
Como tantas vezes já foi dito, Shogun é um dos maiores talentos naturais que o MMA já teve o prazer de ver em ação. O curitibano tem base no muay thai da Chute Boxe, muito agressivo e potente, embora cada vez menos móvel. Os chutes, que já foram armas poderosas, hoje são vistos com menor intensidade, mas ainda representam perigo. A meia guarda é muito ativa, embora pouco utilizada. A facilidade de passar guarda quando está por cima, o thai clinch e, principalmente, o ground and pound do capiroto montam uma linha ofensiva de altíssimo gabarito. O grande problema de Shogun é a parte defensiva, além do inconstante preparo atlético.
O americano de origem haitiana St. Preux (16-6 no MMA, 4-1 no UFC) nunca apresentou no UFC a mesma inconsistência de resultados de seu oponente. Pelo contrário. Nas primeiras quatro lutas no octógono, OSP venceu todas sem precisar atuar por 15 minutos em nenhuma das ocasiões. Escalou o ranking e viu o nível de competição subir quando bateu de frente com Ryan Bader e foi completamente anulado pelo wrestling do adversário.
St. Preux está longe de reunir a quantidade de talento de luta que Shogun e provavelmente nunca vai chegar perto daquilo. A favor do estrangeiro, um preparo físico muito acima da média, com lastro de treino acumulado no wrestling, futebol americano e atletismo, em provas de velocidade e lançamento de disco, na University of Tennessee. OSP é forte como um touro, tem técnica decente no kickboxing e mescla imaginação fértil com grosseria, especialmente no violento ground and pound, quando está no controle posicional no solo, o que o torna um lutador perigoso.
Muito se falou que a substituição de Jimi Manuwa, que quebrou o pé há alguns dias, por St. Preux tornou a missão de Shogun um pouco mais complicada. É verdade, assim como também é que OSP, que enfrentaria Francimar Bodão em Uberlândia, viu o nível de competição crescer vertiginosamente.
Embora não seja um wrestler do nível de Bader, St. Preux é capaz de dar problemas à defesa desajustada de Shogun no domínio do meio-campo. Na troca de golpes, Manuwa é mais técnico, mas OSP é tão forte quanto e pode se fazer valer do fato de Shogun ser um alvo facilmente acertável.
Como se vê, o cenário não é animador para o brasileiro, principalmente para a versão inconstante que ele se tornou nos últimos anos. Ainda assim, o queixo de concreto e o favorecimento da técnica sobre a força bruta fazem a balança pender para o lado de Shogun. Usando uma abordagem agressiva, sem deixar OSP ficar em posição confortável, o ex-campeão deve anotar seu sétimo nocaute no UFC.
Peso mosca: Ian McCall (EUA) vs John Lineker (BRA)
Devido a uma virose sofrida por Ian McCall no dia de ontem, a luta foi cancelada!
Peso meio-médio: Warlley Alves (BRA) vs Alan Jouban (EUA)
Finalmente chegou a hora de ver Warlley (7-0 no MMA, 1-0 no UFC) se testar numa categoria de peso mais condizente com seu tipo físico e contra competição de maior nível. Considerado o maior talento e a maior esperança revelada em todas as edições do TUF Brasil até agora, o lutador da X-Gym conquistou o título da terceira temporada com vitórias maiúsculas sobre o favorito Wendell Negão, sobre Wagnão Silva, que abre os serviços em Uberlândia, e contra Marcio Lyoto.
A expectativa sobre Warlley é plenamente justificada. Principal pupilo de Ronaldo Jacaré, o jovem mineiro de 23 anos é uma máquina física e incrivelmente talentoso, capaz de se impor em qualquer área do jogo. Alves tem um kickboxing centrado e muito potente, apesar de não tão móvel (assim como seu mestre), é mortal no clinch e muito perspicaz no chão, onde mostra senso de oportunidade diferenciado. Ele deu uma mostra de versatilidade no TUF ao nocautear Ismael Marmota com joelhadas mortais no thai clinch, finalizar Wagnão quicando em uma perna e fazer de tudo contra Lyoto.
Mesmo tendo feito apenas uma luta no UFC, Jouban (10-2 no MMA, 1-0 no UFC) mostrou em menos de cinco minutos várias de suas características ao sair na mão de modo desenfreado contra Seth Baczinsky e acabar nocauteando o Polish Pistola de modo brutal, em duelo que rendeu o bônus de luta da noite a ambos.
Ex-desafiante na RFA, onde perdeu a disputa do cinturão para Mike Rhodes, próximo adversário de Erick Silva, Jouban começou treinando na Saekson Muay Thai em 2005, mas logo virou pupilo de Eddie Bravo na 10th Planet Jiu-Jitsu, onde recebeu a faixa marrom e vem aprendendo as manhas do carrasco de Royler Gracie. Atualmente Jouban treina também na Black House, tornou-se perigoso em todos os aspectos do jogo, mas segue fundamentando suas atuações no muay thai agressivo e quase despreocupado defensivamente, confiando muito no queixo de pedra, uma característica que provavelmente lhe trará problemas no sábado.
Jouban é um teste excelente para o atual estágio de Warlley, especialmente porque pode fazer o brasileiro ter que agir sob pressão de um ataque constante e furioso.
O azar do americano é que a revelação brasileira é superior tecnicamente em todos os aspectos do MMA. Se conseguir evitar a pancadaria que Jouban sugou Baczinsky, Warlley não deverá encontrar dificuldade para prender o americano no clinch, desgastá-lo no melhor estilo Ronaldo Jacaré e lançando-o ao chão a fim de anotar sua quinta vitória por finalização na carreira profissional.
Peso meio-médio: Claudio Henrique da Silva (BRA) vs Leon Edwards (ING)
Ex-atleta da Nova União nas competições de jiu-jítsu, atualmente residente em Londres, Claudio (10-1 no MMA, 1-0 no UFC) foi convocado pelo UFC para preencher uma vaga no último card realizado na capital inglesa. Mostrando talento na luta agarrada, superou o finalista do TUF Smashes Brad Scott em duelo equilibrado, onde o britânico era o favorito.
Claudio é dono de diversos títulos na arte suave, incluindo uma medalha de bronze no Mundial de 2005, duas pratas no Europeu, no peso e no absoluto, além do título brasileiro em 2002. Bom de quedas, de instinto finalizador no chão (pegou três rivais no mata-leão e outros três na chave de braço) e muito difícil de ser removido de uma posição dominante no solo, o brasileiro ainda se ressente de maior desenvolvimento na troca de golpes em pé.
Atendendo a uma convocação de última hora, Edwards (8-1 no MMA) fará sua estreia no UFC logo em território inimigo, no mais hostil dos cenários do MMA mundial. Ele chega à mais forte organização do esporte trazendo consigo o cinturão britânico do BAMMA (evento que já abrigou Claudio Mineiro), conquistado há pouco menos de dois meses, em mais uma demonstração de seu enorme poder de fogo.
“Rocky” Edwards passou a treinar artes marciais aos 17 anos para fugir dos problemas da adolescência, quando costumava brigar muito nas ruas (o apelido inclusive veio por causa disso, segundo o próprio Edwards). Tomou gosto pelas lutas de verdade, profissionalizou-se e trouxe da fase problemática um estilo agressivo e explosivo. Por não ter passado por modalidades de base, vem montando um jogo sem vícios, mas ainda pouco testado na luta de solo.
O clássico striker vs grappler pavimenta a história do MMA desde sempre. E lá vamos nós para mais um capítulo desta saga.
Cada lutador é bastante competente em sua área de força, mas o mesmo não se pode dizer em relação ao ponto onde o rival é especialista. Contra o brasileiro há o fato de suas habilidades na troca de golpes servirem basicamente para levá-lo ao clinch. Como a luta começa em pé, na longa distância, é complicado imaginar que a abordagem de Claudio funcione contra um trocador explosivo e de bom jogo de pernas. A não ser que sinta a estreia, a aposta é num nocaute do lutador inglês.
Peso palha feminino: Juliana Lima (BRA) vs Nina Ansaroff (EUA)
Depois de pedir dispensa do TUF 20, Juliana (6-2 no MMA, 0-1 no UFC) teve a chance de começar sua carreira no UFC antes que o público conhecesse o futuro das concorrentes do reality show, que vai apontar a primeira campeã da categoria. Na estreia, a mineira encontrou enorme dificuldade com o muay thai de elite de Joanna Jędrzejczyk e acabou dominada e derrotada na decisão dos juízes.
Ju Thai, como o apelido indica, tem seu forte na arte tailandesa, onde obteve cartel de 9-1, mas disputou inúmeras competições de jiu-jítsu, montando seu jogo com base na típica escola brasileira de MMA. Na troca de golpes em pé, Juliana é agressiva, lança golpes em enorme quantidade, mas sofre com a precisão. Defensivamente, confia inadequadamente em se proteger com bloqueios de luvas de 4oz, usando pouco o jogo de pernas e a movimentação de cabeça, o que acaba deixando-a como um alvo mais facilmente acertável do que ela desejava. A mineira largou um trabalho de seis anos numa empresa de turismo para se dedicar integralmente à vida de lutadora profissional.
tDepois de um começo de carreira complicado, com três derrotas consecutivas para gente como Carla Esparza, favorita no TUF 20, e Barb Honchak, atual campeã do Invicta FC, Ansaroff (6-3 no MMA) se recuperou, tornou seu cartel positivo e recebeu um convite para atuar na principal liga feminina. No Invicta FC 7, a americana anotou um violento nocaute sobre Munah Holland, garantindo assim um contrato com o UFC, onde estreia neste sábado.
Ter disputado uma luta no Invicta não é a única semelhança de Nina com Ju (que saiu derrotada na organização de Shannon Knapp). A americana também tem seu ponto forte no muay thai, mas usa uma abordagem bastante diferente da rival mineira. Enquanto Lima é muito agressiva, Ansaroff é mais técnica, mais metódica, mas menos explosiva. Em compensação, sua taxa de acerto de golpes é muito superior. Na parte de luta agarrada, a americana vem evoluindo nos treinos com a companheira Amanda Nunes.
Enquanto o combate estiver na troca de golpes, Ansaroff terá vantagem quando conseguir se manter longe da grade, onde Juliana exerce forte pressão com menor risco de desperdiçar pancadas. Dali também a brasileira poderá forçar o jogo isométrico do clinch e levar o combate para o chão, onde terá maior vantagem.
Em duelo muito difícil de prever, as possibilidades apontam para o volume de jogo de Juliana confundir os juízes brasileiros, algo infelizmente comum em eventos do UFC em território nacional. Quanto mais tempo Nina passar controlando o ritmo no centro, melhor para ela, mas a aposta é que a mineira leve uma decisão assaz apertada.
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Maurício Shogun e Ovince St. Preux confirmaram a luta principal do UFC em Uberlândia-MG ao ficarem dentro do limite dos meio-pesados - Shogun bateu 93,4kg e St. Preux, 93kg - na pesagem oficial desta sexta-feira, no Sabiazinho. Os dois fizeram uma encarada tranquila, mantendo distância segura um do outro. O único dos 22 atletas a não bater o peso de cara foi John Lineker, que ficou cerca de 300 gramas acima dos 57,2kg permitidos para os moscas. Nos bastidores, no entanto, ele perdeu o que faltava em cerca de 20 minutos e evitou ser multado pela organização.
Lineker tem um histórico ruim nesse aspecto, já que não bateu o peso em outras oportunidades. Desta vez ele foi provocado pelo rival Ian McCall, que marcou 57,2kg em cima da balança, apontou para a tela com os números e ainda passou a mão na barriga ao beber água de coco na frente do brasileiro. O americano ganhou aplausos da torcida ao entrar vestindo uma cueca do Brasil. A encarada entre os dois foi intensa.
Uma das melhores encaradas foi entre Warlley Alves e Alan Jouban. Após bater o peso, o campeão do TUF Brasil 3 usou seu tradicional estilingue para "atirar" no adversário, que fingiu desviar. Eles colaram os rostos e foram separados pelo matchmaker Joe Silva.
Joe também teve de intervir na encarada de Leandro Buscapé e Charlie Brenneman. O paulistano entrou com uma bandeirinha do Brasil e, empolgado, foi para cima do rival. O americano sorriu e não fugiu do desafio, para o delírio do público.
Já Tim Gorman provocou a torcida com aplausos irônicos. O estreante Thomas Almeida, seu adversário, entrou com uma cueca do Batman, e os dois fecharam a cara em boa encarada.
Ao fim da pesagem, a nova octagon girl Luciana Andrade posou para fotos ao lado de Camila Oliveira e Jhenny Andrade. Em seguida, no apagar das luzes, Francimar Bodão bateu o peso dos meio-pesados para garantir sua bolsa, já que saiu do card de última hora após a lesão de Jimi Manuwa - seu adversário, Ovince St. Preux, foi realocado para o duelo contra Shogun. Bodão está de "stand by" caso ocorra algum problema inesperado com Shogun ou St. Preux.
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado (até 93,4kg): Maurício Shogun (93,4kg) x Ovince St. Preux (93kg)
Peso-mosca (até 57,2kg): Ian McCall (57,2kg) x John Lineker (57,2kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Warlley Alves (77,6kg) x Alan Jouban (77,6kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Cláudio Hannibal (77,6kg) x Leon Edwards (77,1kg)
Peso-palha (até 52,6kg): Juliana Lima (52,1kg) x Nina Ansaroff (52,6kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-pena (até 66,2kg): Diego Rivas (66,2kg) x Rodolfo Rubio (65,8kg)
Peso-médio (até 84,4kg): Caio Monstro (84,4kg) x Trevor Smith (84,4kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Dhiego Lima (77,1kg) x Jorge Blade (77,1kg)
Peso-leve (até 70,8kg): Leandro Buscapé (70,8kg) x Charlie Brenneman (70,8kg)
Peso-galo (até 61,7kg): Thomas Almeida (61,7kg) x Tim Gorman (61,2kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Wagnão Silva (77,1kg) x Colby Covington (77,1kg)