MMA: UFC 185: Pettis vs. Dos Anjos - Antevisão + Pesagens
Depois de um raro fim de semana de descanso, a maior organização do MMA mundial retorna com o segundo evento em pay-per-view seguido, algo também difícil de acontecer nos dias atuais. O American Airlines Center, ginásio do Dallas Mavericks, da NBA, receberá o UFC 185, com duas disputas de cinturão e um card principal bem forte, com nove top 10 e um campeão olímpico em ação....
O combate mais importante da noite texana traz a segunda defesa do cinturão dos leves por parte de Anthony Pettis. O espetacular campeão vai bater de frente com o niteroiense Rafael dos Anjos, número um do ranking oficial do UFC e dono de uma das mais sensacionais arrancadas de carreira já vistas no octógono.
Outro título estará em jogo quando a campeã peso palha Carla Esparza, vencedora do TUF 20, colocar sua coroa na mesa contra a polonesa Joanna Jedrzejczyk, outra desafiante número um do ranking no card deste sábado.
Num aguardado duelo que pode revelar o desafiante número dois da divisão dos meios-médios, o ex-campeão Johny Hendricks, primeiro na classificação oficial, terá no “imortal” Matt Brown, quinto do ranking, um adversário para uma forte candidata a luta da noite. Antes deles, o número oito dos pesados Roy Nelson vai testar novamente o queixo do número nove, Alistair Overeem. Abrindo a porção principal, o ex-desafiante dos moscas Chris Cariaso, décimo colocado, pega o ex-campeão olímpico de wrestling Henry Cejudo.
CARD PRINCIPAL
Peso-leve: Anthony Pettis x Rafael dos Anjos
Peso-palha: Carla Esparza x Joanna Jedrzejczyk
Peso-meio-médio: Johny Hendricks x Matt Brown
Peso-pesado: Alistair Overeem x Roy Nelson
Peso-mosca: Chris Cariaso x Henry Cejudo
CARD PRELIMINAR
Peso-leve: Ross Pearson x Sam Stout
Peso-médio: Elias Theodorou x Roger Narvaez
Peso-leve: Daron Cruickshank x Beneil Dariush
Peso-pesado: Jared Rosholt x Josh Copeland
Peso-mosca: Sergio Pettis x Ryan Benoit
Peso-leve: Jake Lindsey x Joseph Duffy
Peso-galo: Larissa Pacheco x Germaine de Randamie
Peso-leve: Anthony Pettis x Rafael dos Anjos
Peso-palha: Carla Esparza x Joanna Jedrzejczyk
Peso-meio-médio: Johny Hendricks x Matt Brown
Peso-pesado: Alistair Overeem x Roy Nelson
Peso-mosca: Chris Cariaso x Henry Cejudo
CARD PRELIMINAR
Peso-leve: Ross Pearson x Sam Stout
Peso-médio: Elias Theodorou x Roger Narvaez
Peso-leve: Daron Cruickshank x Beneil Dariush
Peso-pesado: Jared Rosholt x Josh Copeland
Peso-mosca: Sergio Pettis x Ryan Benoit
Peso-leve: Jake Lindsey x Joseph Duffy
Peso-galo: Larissa Pacheco x Germaine de Randamie
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 19:30 horas do Brasil e 22:30 horas de Portugal
------------------------------------------- Antevisão------------------------------------------
Cinturão peso leve: C Anthony Pettis (EUA) vs #1 Rafael dos Anjos (BRA)
Atrás apenas de Ronda Rousey como o lutador do UFC com mais finalizações consecutivas na atualidade, Pettis (18-2 no MMA, 5-1 no UFC) passou pouco mais de um ano sem lutar entre a conquista e a primeira defesa do cinturão. Em outubro de 2013, ele catou o braço de Ben Henderson no primeiro round e levou o título para Milwaukee. No último mês de dezembro, colocou o prêmio em jogo e voltou a finalizar. A vítima da vez foi Gilbert Melendez, considerado então o segundo melhor do mundo na categoria.
Poucos atraem (ou deveriam atrair) tanta atenção ao lutar quanto Pettis. A cada vez que o “Showtime” sobe no octógono, cresce a expectativa sobre o inesperado, o que raramente é visto. Lutador de base no kickboxing/muay thai/taekwondo, ele tem o mais diverso arsenal de chutes dentre todos da organização. O boxe não está no mesmo nível, mas é acima da média e muito bem utilizado nas combinações. A movimentação tem poucas falhas e ele normalmente troca a base em relação ao oponente para confundi-lo. Pettis tem ficado mais difícil de ser derrubado e, mesmo quando alguém o coloca no chão, tira ferramentas da guarda com a mesma facilidade e desenvoltura com que ataca seus oponentes em pé – Melendez e Henderson que o digam. Depois de ser anulado pelo wrestling de Clay Guida, mostrou que sabe fazer o mesmo contra Jeremy Stephens, embora esta não seja uma tática que ele use constantemente.
Se o caminho de Pettis até aqui é glorioso, pode-se dizer o mesmo de Dos Anjos (23-7 no MMA, 12-5 no UFC). O desafiante deixou muito para trás um passado em que poucos acreditavam em seu sucesso. Consolidado, tem apenas uma derrota nas últimas oito lutas, foi o último a vencer Donald Cerrone e o primeiro a nocautear Ben Henderson. Beneficiado pela lesão de Khabib Nurmagomedov, que o venceu há 11 meses, Rafael vai coroar a virada de um lutador unidimensional para um dos mais completos e versáteis da mais dura divisão do MMA mundial.
A base de Rafael vem do jiu-jítsu, como a maioria dos brasileiros de sua geração. Ele é um técnico faixa preta de Roberto Gordo, muito bom nas transições e nos encaixes de finalização, que ele mistura com um ground and pound ativo. Porém, faz tempo que Dos Anjos não usa a arte suave. E isso não é um demérito. O niteroiense evoluiu tanto como lutador que hoje deixa a impressão de ser um trocador, tamanha a melhora que os treinos na Evolve MMA e principalmente com Rafael Cordeiro proporcionaram ao seu muay thai. Ele não é plástico ou genial como Pettis, mas movimenta-se bem, tem excelente condicionamento físico, mescla as combinações com precisão e tem poder de nocaute muito elevado. O wrestling ofensivo é usado em menor escala, mas o defensivo permite que ele mantenha os combates onde lhe for mais cômodo.
Os dois últimos oponente de Pettis entraram com uma tática que parecia boa: pressioná-lo contra a grade para desgastá-lo. Tanto Gil quanto Ben quebraram a cara, descobriram que Pettis é mais forte do que aparenta e sempre arruma um jeito de fazer o combate retornar ao centro. Temos aí, então, um caminho que Dos Anjos não deve seguir, até porque ele tem menos wrestling que Melendez e Henderson.
A ligeira vantagem de cerca de 5cm na envergadura é suficiente para Pettis ficar confortável na distância. A pressão no pocket, sem precisar grudar, diminuindo o arsenal do campeão, deve ser uma tendência de Rafael, mas sempre tomando cuidado para não ser pego pelos contragolpes que Anthony executa quando sai do infighting, o que acabou custando a derrota para Henderson e Melendez.
Como visto, há um caminho para Rafael vencer. O problema é ficar o tempo inteiro ligado, já que uma “pettiszice” pode acontecer a qualquer momento. E aqui reside o principal problema para o brasileiro, que é se expor mais do que o desejado quando ataca, especialmente contra um sujeito paciente e cirúrgico. A aposta é que veremos uns 10 a 12 minutos competitivos, mas Pettis deve achar sua brecha e conseguir o nocaute a partir de então.
Cinturão peso palha feminino: C Carla Esparza (EUA) vs #1 Joanna Jedrzejczyk (POL)
Principal favorita a conquistar o título do TUF 20, primeiro disputado inteiramente por mulheres e primeiro a dar um cinturão ao vencedor, Esparza (10-2 no MMA, 1-0 no UFC) justificou toda a expectativa de campeã do Invicta FC ao finalizar a queridinha do público Rose Namajunas depois de se impor física e tecnicamente durante três rounds. Na semifinal, ela passara por outra favorita, Jessica Penne. Antes do TUF, ela já havia vencido três integrantes do atual plantel (Bec Rawlings, Felice Herrig e Nina Ansaroff).
Hoje, Esparza é muito mais estabelecida como lutadora do que na época em que apareceu no Bellator e já divide com Jessica Aguilar, campeã do WSOF e também ex-Bellator, a primeira posição mundial. O wrestling continua sendo seu ponto mais forte com as quedas, o controle posicional, as ótimas transições e o ground and pound, mas esta área está cada vez mais incisiva e agressiva, fazendo um bom contraponto à paciência que também sabe mostrar em busca de uma finalização. Em pé, a “Cookie Monster” é boa e veloz contragolpeadora, lançando em grande volume as combinações de jab-direto entrando e saindo, que servem tanto para encurtar a distância quanto para pontuar.
A polonesa Jedrzejczyk (8-0 no MMA, 2-0 no UFC) chegou ao UFC sem fazer barulho. Ela foi fazer dentro do octógono, depois que duas vitórias sobre brasileiras a deixaram na condição de primeira desafiante da mais nova categoria da organização. A europeia estreou com uma acachapante vitória sobre Juliana Lima, a “Ju Thai”, mostrando sua superioridade na arte que apelida a adversária. Em seguida, bateu Claudia Gadelha num combate de resultado controverso – 12 dos 14 veículos coletados no MMA Decisions viram vitória para a representante da Nova União.
Formada em Educação Física, Joanna se dedicou ao muay thai por muitos anos antes de migrar definitivamente para o MMA, em 2012. Como amadora, conquistou o campeonato europeu em quatro oportunidades e o mundial em cinco. Ela tem uma mentalidade extremamente agressiva em pé, capaz de lançar combinações prolongadas em ritmo muito intenso, deixando até especialistas na troca de golpes desconfortáveis, formando um estilo diferente do de seu maior ídolo, o Mr. Perfect Ernesto Hoost. O thai clinch é forte, com joelhadas e cotoveladas, mas não costuma variar para quedas, o que a deixa um pouco previsível. O wrestling defensivo, no entanto, é sólido o suficiente para manter seus combates em pé, mas terá o maior teste da carreira contra Esparza.
O ritmo muito forte das duas deverá ser a tônica deste combate, mas a diferença de estilos vai ser o diferencial. Não será muito inteligente da parte de Esparza dar uma de valente e trocar pancada. Portanto, espera-se que a desafiante ocupe o centro do octógono e a campeã circule pela periferia, entrando e saindo, como é de seu feitio.
Neste cenário, cada entrada de Esparza deverá terminar numa tentativa de queda ou ao menos numa joelhada contra o tórax. A insistência deve acabar rendendo louros, com a campeã derrubando, deixando a polosesa com as costas no chão e eventualmente capturando um mata-leão ou guilhotina nos rounds finais.
Peso meio-médio: #1 Johny Hendricks (EUA) vs #5 Matt Brown (EUA)
Não fale de decisões de juízes na frente de Hendricks (16-3 no MMA, 11-3 no UFC). O ex-campeão dos meios-médios se envolveu em algumas das maiores polêmicas dos últimos tempos em suas últimas três apresentações. Apesar do retrospecto de 1-2, há quem considere o barbudo vencedor dos três compromissos, contra Georges St. Pierre, em novembro de 2013, contra Robbie Lawler (única que Johny venceu) e na revanche contra o atual campeão. Ao invés de fechar a trilogia contra Lawler, Hendricks preferiu ficar ativo e aceitou um duro combate, abrindo caminho para Rory MacDonald.
O “Bigg Rigg” é um dos mais talentosos lutadores da atualidade em qualquer categoria de peso, um dos que mais evoluiu (e assim segue até hoje). O wrestling de bicampeão da Divisão I da NCAA pela poderosa Oklahoma State University segue sendo sua maior arma e a canhota, que parece um tiro de bazuca, já mandou muita gente para a vala. Porém, nas últimas lutas, especialmente nas três polêmicas, Hendricks acrescentou uma movimentação técnica, que, se não é das mais velozes, é capaz de encarar um carateca do naipe de GSP traçando rotas objetivas no octógono e facilitando a tarefa de encurralar o adversário. Assim, seu boxe fica mais limpo, contando com variações de ataques contra cabeça e corpo. Até os chutes, especialmente os que visam as pernas do adversário, passaram a ser mais utilizados. Falta a ele, porém, maior cuidado defensivo, ficando menos exposto aos golpes contrários.
Rafael dos Anjos não é o único dono de uma recuperação notável na carreira. Brown (19-12 no MMA, 12-7 no UFC) tinha cartel zerado entre vitórias e derrotas, a um passo da demissão. De repente, ele se transformou. Acumulou nocaute atrás de nocaute e venceu sete vezes consecutivas. Ficou a uma luta de disputar o título, algo impensável há menos de quatro anos. Matt então parou em outa fase mágica, a de Lawler, que o venceu numa das melhores batalhas do ano passado.
Para chegar a ter a maior sequência de vitórias de uma das mais fortes divisões do UFC, Brown precisou se reinventar. A agressividade extrema, o instinto matador e o queixo dos infernos, suas principais características, nunca o abandonaram. Porém, ao equilibrar o lado psicológico, o “Imortal” evoluiu especialmente no aspecto tático, sabendo a hora de liberar a fúria ou de segurar o jogo. Os treinos na Ohio Regional Training Center, onde se encontram alguns dos melhores wrestlers dos Estados Unidos, fez seu jogo crescer bastante, a ponto de não ser mais possível saber se a antiga deficiência no jiu-jítsu defensivo permanece – hoje é difícil deixar Brown no chão em posição de desvantagem. Mantendo os duelos em pé, ele exerce forte pressão, especialmente na curta distância e no dirty boxing, de onde lança cotoveladas num volume assustador.
Uma palavra para definir este encontro: violência. Depois de trocar por dez rounds com um matador como Lawler, Hendricks provavelmente não tem mais medo de cara feia. Seu wrestling de elite e a força física devem neutralizar o agressivo clinch de Brown e fazê-lo atuar mais tempo na longa distância, onde o atual ponto de desenvolvimento de ambos favorece o ex-campeão.
Erick Silva mostrou o caminho nos golpes contra a linha de cintura, então espera-se que Johny mescle chutes e socos contra a região do abdômen de Matt para miná-lo. Como a luta será de três rounds, o problema de cárdio de Hendricks não deverá ter maiores consequências. Decisão unânime a favor de Johny Hendricks é o palpite.
Peso pesado: #8 Roy Nelson (EUA) vs #9 Alistair Overeem (HOL)
A surreal corrida de Nelson (20-10 no MMA, 7-6 no UFC) rumo à disputa do cinturão dos pesados do UFC terminou de maneira trágica. Depois de quatro nocautes brutais, o vencedor do TUF 10 parou na habilidade e na condição atlética de Stipe Miocic. Ao tentar se recuperar, encontrou alguém com queixo e mão direita ainda mais duros que os seus e acabou brutalmente nocauteado por Mark Hunt. Perto do fim da carreira, o “Big Country” deve reservar seus últimos momentos para buscar mais nocautes espetaculares – para o bem ou para o mal.
Graduado na faixa preta de jiu-jítsu por Renzo Gracie, com vitória no submission diante de Frank Mir, capaz de aplicar boas quedas, Nelson é um grappler de alto nível – ou já foi, visto que ninguém vê estas características em seu jogo faz tempo, desde quando despachou Kimbo Slice na rodada de estreia do TUF 10, há cinco anos. Porém, ele passou a se dedicar apenas a nocautear gente, guiado pela evolução do boxe treinado por Jeff Mayweather, tio do superastro Floyd Mayweather Jr, que lhe ensinou as manhas para que seu punho direito batizado pelo capeta encontre um caminho livre até o rosto dos pobres incautos. O queixo de Nelson já foi quase intransponível (ficou seis anos sem ser nocauteado entre Hunt e Andrei Arlovski) e sua capacidade de encaixar golpes era útil na aproximação rápida em linha reta, mas agora é preciso mais cuidado para analisar se o neozelandês pôs fim a este aspecto.
Para passar de grande esperança de apimentar a elite da categoria a se tornar um dos maiores engodos da história do UFC, Overeem (38-14 no MMA, 3-3 no UFC) precisou de pouco tempo. Caiu no antidoping, que não era surpresa para ninguém, antes de desafiar o cinturão de Junior Cigano, em 2012. Suspenso e recuado na fila, sofreu nocautes vexaminosos para Antonio Pezão, Travis Browne e Ben Rothwell. Entre elas, venceu Stefan Struve e Frank Mir, mas sem mostrar sombra do violento cidadão que assombrou a divisão a partir de 2010 – curiosamente, a fase ruim veio depois do doping e da proibição do TRT.
Overeem fez fama por causa do muay thai da escola holandesa, principal potência mundial entre os pesos mais pesados. Ele tem um thai clinch devastador, que fez Browne até chorar, e elevado poder de nocaute nos punhos, canelas e joelhos. Porém, na fase atual, a velocidade tem diminuído junto com a definição muscular de fisiculturista. “The Reem” é dono de um wrestling subestimado, tanto na parte ofensiva quanto na defensiva (é bom de aplicar quedas e bastante difícil de ser derrubado), além de ser muito perigoso no combate de solo, tanto que tem mais submissões do que nocautes na carreira. Seu problema, porém, é o queixo pra lá de reprovável: suas capacidades de nocautear e de ser nocauteado passaram a ser igualmente grandes. Contra um pegador violento como Nelson, o perigo rondará Overeem a cada segundo.
É compreensível a ânsia dos fãs de ver o simpático Nelson nocautear o arrogante Overeem. Realmente, ninguém é louco de ignorar esta possibilidade, mas ela não é a mais provável.
O holandês sabe do perigo que corre e, principalmente, deve saber que esta se tornou praticamente a única arma do atual arsenal do americano. Overeem deve manter a distância e entrar, sempre pelo lado esquerdo de Nelson, para aplicar quedas. Com sua forte base por cima, Alistair deve atacar no ground and pound e só não conseguirá o nocaute técnico pela durabilidade e capacidade de atuar na guarda de Nelson. O “Big Country” deve tentar controlar os punhos de “The Reem”, mas não o suficiente para evitar o castigo e a derrota.
Peso mosca: #10 Chris Cariaso (EUA) vs Henry Cejudo (EUA)
Sabe aquela história de estar no lugar certo e na hora certa? Este é o retrospecto recente de Cariaso (17-6 no MMA, 7-4 no UFC). O ex-peso galo baixou de categoria e não deu sinal algum de que algo poderia ser diferente quando foi dominado por Jussier Formiga. Porém, venceu três combates consecutivos e se beneficiou de uma configuração especial de lesões, falhas em pesagens e derrotas de quem estava à sua frente no ranking para conseguir uma improvável chance contra Demetrious Johnson. A carruagem virou abóbora quando o campeão o finalizou no segundo round sem tomar conhecimento de nada.
Cariaso, que começou a vida de atleta como ciclista, tornou-se um bom lutador, daqueles que sabem se virar em todas as áreas do MMA, mas que não consegue atingir o nível de elite em nenhuma delas. Sua principal característica é a troca de golpes gerada de uma mistura de muay thai, kickboxing, sanshou e boxe, num estilo versátil que um dia justificou o apelido de “Kamikaze”, mas que se tornou um pouco mais burocrático quando ele passou a também usar o clinch contra a grade, tentando se fazer valer de sua força física maior que a média da divisão mais leve do UFC. Defensivamente, porém, o apelido segue em alta, não só na luta em pé quando no wrestling. Jogá-lo ao chão não é tarefa das mais complicadas para oponentes de alto nível na luta olímpica. Para um ex-campeão olímpico, então…
Cejudo (7-0 no MMA, 1-0 no UFC) já era famoso no cenário do MMA antes mesmo de estrear profissionalmente. Afinal, não é todo dia que um ex-campeão olímpico faz a migração (ele foi o terceiro a lutar no UFC, depois de Mark Schultz e Kevin Jackson, ambos no século passado). A carreira fora do octógono teve seis vitórias contra oponentes humanos e duas derrotas para a balança. Mesmo assim, foi contratado como peso mosca pelo UFC. Na estreia, voltou a falhar na pesagem, foi obrigado a subir de categoria e mostrou contra Dustin Kimura os motivos que fizeram muitos preverem seu sucesso no MMA. Depois da ótima atuação, Cejudo volta para os moscas em busca de mais um título importante.
Americano mais jovem a conquistar uma medalha de ouro olímpica no wrestling, Cejudo, eterno pupilo de Eric Albarracin, tem nesta antiga arte seu óbvio carro-chefe. Oriundo do estilo livre, ele tem quedas explosivas, um double-leg quase indefensável, força nas quedas cinturadas na grade, muito equilíbrio e defesa de quedas altamente sólida, que o deixa em vantagem na escolha de onde a luta vai transcorrer. Ele pode dominar seus oponentes caindo por cima, com controle posicional e ground and pound violento, mas pode também optar por manter os combates em pé. O kickboxing e especialmente o boxe de Cejudo evoluem a cada dia. O jogo de pernas está cada vez mais fluido e as combinações disparadas são rápidas, versáteis, explosivas e potentes. Além disso, o rapaz tem um condicionamento atlético ímpar, mas que pode ser reduzido pelo corte de peso, que nunca funcionou a contento para 57 quilos. Falta também a ele mais diversidade quando tem o controle no chão, mas provavelmente isso é questão de tempo.
Começar a corrida numa divisão rasa vencendo um top 10 e ex-desafiante é interessante para Cejudo. Na teoria, ele pode vencer um duelo de troca de pancadas em pé, especialmente se o corte de peso for bem executado e não lhe tirar velocidade e resistência. Ou Henry pode ainda tornar sua vida mais fácil mostrando o abismo que há entre seu wrestling ofensivo e o defensivo de Cariaso, jogando-o no chão e maltratando no ground and pound. Se não conseguir nocautear, a expectativa é que Cejudo vença por decisão sem deixar muita dúvida.
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Famoso pelos golpes acrobáticos, Anthony Pettis mostrou que também é bom em fazer cara de mau, nesta sexta-feira, em Dallas, durante a pesagem do UFC 185. O campeão do peso-leve do Ultimate fechou o semblante ao protagonizar uma encarada bastante intensa com Rafael dos Anjos, desafiante ao título da categoria. Eles ficaram muito próximos - embora não tenham se encostado.
- Deus faz tudo no tempo certo. Agora que tenho a oportunidade, vou agarrá-la - prometeu Dos Anjos, que havia escutado uma alfinetada de Pettis.
- Eu estou indo para vencer. Dallas, amanhã à noite, vou mostrar a vocês que este cara não tem chances contra mim.
Joanna Jedrzejczyk entrou sorrindo no palco, pesou-se e aguardou a chegada de Carla "Cookie Monster" Esparza, campeã do peso-palha. A polonesa deu um biscoito à adversária e, mais alta, abaixou-se para ficar na mesma altura da oponente ao encará-la. Simpática e aplaudida pelo público, Esparza aceitou o presente. Clima ameno entre as lutadoras, apesar da disputa do título.
A polonesa, logo após presentar a oponente, garantiu que o biscoito não estava "batizado".
- Eu sei que ela gosta e eu quero mostrar respeito por ela. Você pode comer o cookie (biscoito), não tem nada errado nele. É o cookie para você, o cinturão para mim.
Johny Hendricks e Matt Brown proporcionaram uma encarada séria. "The Immortal" olhou de forma pouco amistosa para o ex-campeão do peso-meio-médio do Ultimate, que agiu da mesma forma.
No duelo mais aguardado dos pesos-pesados, Alistair Overeem e Roy Nelson deixaram para esquentar o clima somente no octógono. Os gigantes cumprimentaram-se e travaram uma encarada morna.
Na terceira luta das preliminares, o irmão de Anthony Pettis, Sergio Pettis, fixou o olhar em Ryan Benoit, que tentou instigá-lo vociferando algumas palavras, mas não conseguiu incitar o rival.
Representante brasileira no card preliminar, Larissa Pacheco fez uma encarada séria e rápida com Germaine de Randamie. Depois, cumprimentaram Dana White e deixaram o palco discretamente.
Todos os atletas do card bateram o peso de suas respectivas categorias, exceto Daron Cruickshank, que ficou cerca de 600g acima do limite de 70,8kg para sua luta contra Beneil Dariush. Na segunda tentativa, o lutador ainda estava com 71,2kg. Com isso, foi obrigado a ceder 20% de sua bolsa de luta ao adversário, que ficou dentro do limite.
Confira os pesos registrados por cada lutador na pesagem do UFC 185 nesta sexta-feira:
CARD PRINCIPAL
Peso-leve (até 70,3kg): Anthony Pettis (70,3kg) x Rafael dos Anjos (70,3kg)
Peso-palha (até 52,2kg): Carla Esparza (52,2kg) x Joanna Jedrzejczyk (52,2kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg)*: Johny Hendricks (77,1kg) x Matt Brown (77,6kg)
Peso-pesado (até 120,7kg)*: Alistair Overeem (112kg) x Roy Nelson (115,2kg)
Peso-mosca (até 57,2kg)*: Chris Cariaso (57,2kg) x Henry Cejudo (56,7kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-leve (até 70,8kg)*: Ross Pearson (70,8kg) x Sam Stout (70,8kg)
Peso-médio (até 84,4kg)*: Elias Theodorou (84,4kg) x Roger Narvaez (84,3kg)
Peso-leve (até 70,8kg)*: Daron Cruickshank (70,8kg)** x Beneil Dariush (70,7kg)
Peso-pesado (até 120,7kg)*: Jared Rosholt (111,1kg) x Josh Copeland (119,7kg)
Peso-mosca (até 57,2kg)*: Sergio Pettis (57,2kg) x Ryan Benoit (57,2kg)
Peso-leve (até 70,8kg)*: Jake Lindsey (70,7kg) x Joseph Duffy (70,8kg)
Peso-galo (até 61,7kg)*: Larissa Pacheco (61,7kg) x Germaine de Randamie (61,7kg)
* Lutas que não valem o cinturão têm tolerância de 450g