Slobber Knocker #138: "Slobber Knocker Road to Wrestlemania": Multi-Man Intercontinental Championship Ladder Match
Sejam todos bem-vindos a esta nova
edição do Slobber Knocker, que continua a série de artigos “Road
to Wrestlemania” iniciada na anterior semana. Com a recepção e
feedback estonteante que recebeu na semana passada, é óbvio que
tinha que voltar a fazê-lo. Ou então, já tinha delineado que o
faria e ainda acho que posso agradar os meus leitores silenciosos.
Claro que o assunto será outro e desta
vez focar-me-ei noutro combate que já parece estar completo ou
talvez tenha ainda mais uns ajustes finais talvez. O esqueleto já
parece estar todo à vista e, para já, a ideia agrada-me bastante e
acho que está aqui um combate de roubar o show e de reinstalar o tão
necessário valor naquele moribundo título. Refiro-me, claramente,
ao combate Ladder pelo título Intercontinental.
Marcado logo como um “Multi-Man
Ladder Match” sem especificar o número de concorrentes nem quem
iria competir, ficou o espaço aberto às participações que, para
já, têm agradado bastante. Ficam-se pelos seis? É que até têm
aqui uma malta de peso...
Façamos a análise com a estrutura do
artigo à antiga e depois lá se verá se dá para se falar de mais
alguma coisa.
Bad News Barrett
Claro que este é o mais evidente e que
sempre esteve lá garantido. Afinal é o Campeão. Não parece mas é,
dados os constantes roubos do título e a sua colecção pouco
simpática de derrotas. Mas é o Campeão e é ele que tem que
defender o cinto contra uma data de homens a tentar chegar ao dito
por uma escada. Tarefa difícil e se ele acha que tem muitas chances
de sair do grande palco ainda como Campeão... I'm afraid I've got
some bad news!
Uma nota curiosa: esta é já a
terceira Wrestlemania em que Barrett entra como Campeão
Intercontinental. E sujeita-se a ser a terceira vez que não sai de
lá vitorioso – é de notar que na sua primeira derrota ele não
defendia o título. Porém, não se deve descartar a hipótese de ter
sucesso na defesa do cinto. Esta streak de derrotas e toda a história
a colocá-lo mal visto, com toda a gente a andar com o título menos
ele, pode ser uma maneira de culminar na sua vitória para limpar
tudo e redimir-se.
Mas também temos que ver que Barrett
não tem um historial muito famoso nem em reinados como Campeão nem
em participações na Wrestlemania. E há muito nome de peso a querer
o prémio que ainda lhe pertence. E o sacana do título até ficava
bem bonito na cintura de muitos desses outros competidores, portanto
as nuvens estão negras lá para o lado do senhor que gosta de dar
más notícias mas que agora se sujeita a levar ele com elas. Têm,
contudo, a missão de deixá-lo bem visto. Barrett não pode ficar
para sempre como o tipo que podia ir longe mas que vai tendo sucesso
interrompido no midcard. Se é para deixar o título Intercontinental
então que saia em força e que exista um bom plano para ele logo a
seguir. Este ainda é o Barrett que liderou os Nexus e esse “rookie”
ia encaminhado para ser enorme.
É o Campeão, logo é o que entra com
ouro mas não o vejo no topo do ranking como possíveis vencedores.
Não significa que não o venha a ser na mesma. Não será dos que
beneficiará dos spots mais aéreos deste tipo de combate mas é
agressivo que chegue para capitalizar de diferentes maneiras com bons
momentos. Se actualmente não está a ser visto como um candidato
credível a vencer o combate e reter o título, convém que o seja no
combate, logo um domínio não caía mal. Deixemos em aberto a sua
possibilidade.
Dean Ambrose
Tudo o que o Fastlane nos disse foi que
a caça de Dean Ambrose não acabou e que aquele finish nunca é o
ideal para um campeonato em PPV. E Ambrose apenas deu um passo mais
longe ao roubar o título por poucas mais razões do que... Quer e
pode. E apetece-lhe ter aquele título, não acha que Barrett o honra
como os lendários antigos Campeões o honraram e já que não o
ganhou, obtém-no à força.
É mais uma boa adição à sua
personagem louca e cómica sem ser palhaça. Há algo de hilariante
na forma como continuamente rouba o título como se tivesse razão e
como se aquilo lhe pertencesse. A forma frontal como ele o rouba ao
seu verdadeiro dono, tomando a mal, como se aquilo fosse dele e como
se o dono não tivesse qualquer direito de recuperar aquilo que é
seu, torna toda esta história mais engraçada ainda. E foi Ambrose
que começou isto e é de Ambrose o primeiro nome a atirar-se para o
monte das escadas que se vão erguer na Wrestlemania.
E a este já lhe atribuo uma
probabilidade mais forte de sair por cima. Literalmente, tendo em
conta a escada até. Mas com essas foleirices à parte, Ambrose entra
na Wrestlemania com algo a completar, uma missão interrompida.
Sabemos que o final do seu combate no Fastlane não foi o mais
convencional e apenas deixou a porta aberta para o seu rematch. Logo
é alguém que já leva mais motivação anterior. E até foi ele que
começou com esta brincadeira de roubar cintos. E é alguém por quem
os fãs já puxavam há mais tempo. É como se estivesse escrito que
Ambrose saísse da Wrestlemania como Campeão ainda antes de entrar
aquele gado todo que depois se juntou.
Será recordado no final do combate e
da noite. É o Dean Ambrose, o gajo é tolo. Vai fazer alguma.
Podemos recordar a sua participação no último Money in the Bank,
onde partilhou um spot com Seth Rollins onde quase fez questão de se
partir a meio para um aterrador Superplex do topo de uma escada.
Dêem-lhe uma escada e mais gajos tolos como ele – e olhem que isto
tem uma constituição de luxo – e ele vai aprontar alguma. Ganhar
também é uma possibilidade, apenas tem que passar por cima de
outros nomes de peso. Apenas posso garantir um... Acho eu. Também
não me cabe a mim garantir nada.
Dolph Ziggler
E cá está o outro óbvio favorito.
Homem que já pôde saborear o título ao longo do ano anterior mas
nunca a prazo suficientemente longo. Já há demasiados anos que ele
é um “futuro main eventer” e convinha que arrancassem para ele
ser um actual main eventer. Mas se é para dar a importância ao
título Intercontinental que eles aparentam estar a querer dar agora,
então até seria bem premiado com um reinado jeitoso num ponto de
partida tão bom como a Wrestlemania.
Se é para realmente fazer do título
Intercontinental aquele título que já foi noutros tempos, o título
do empenho, o que antecedia a captura do título principal ou até o
sucedia sem se perder ímpeto ou importância do ex-Campeão Mundial,
então é uma boa altura para Ziggler ter um reinado a sério com
esse cinto, a roubar o show com ele e a mostrar a toda a gente aquilo
que já todos sabem: ele é dos competidores de topo no plantel e é
no topo que merece estar. Agora toca a estabilizá-lo. A ele e ao
cinto também, já agora.
Um forte favorito a sair vencedor e a
imagem do último Monday Night Raw com o mesmo a erguer o cinto acima
da sua cabeça após subir uma escada pode muito bem ser simbólica e
um forte aviso. Tem um estatuto de “sempre pronto” para ter um
título e está na lista dourada dos fãs que recebem de bom grado
qualquer novo reinado que este tenha. E já não seria sem tempo que
ele tivesse uma forte vitória e celebração na Wrestlemania, ainda
para mais vendo que ele não tem assim tantas vitórias no grande
palco. E tinha público para causar o agite com ele.
Também não vai passar despercebido e
consta entre aqueles que estão lá para fazer das suas. Já é
habitual roubar o show com certos spots em combates mais simples,
quanto mais quando leva uma estipulação destas. Tem a experiência
como vencedor do Money in the Bank e tem lá uns amigos com quem pode
trabalhar bem, em especial um recente Campeão Intercontinental com
quem roubou todo um PPV, a combater por esse título, nesse tipo de
combate. Logo é um forte candidato a sair daqui como homem do
combate em termos de exibição em geral e de vitória. Não é que
seja grande novidade, não havia outra maneira de o incluir.
R-Truth
Duvido que encontrem muitos que
seleccionem o resgatado R-Truth como favorito para vencer este
combate. E até seria a partir daí que eles podiam amanhar uma
surpresa daquelas mas não seria das mais bem recebidas nem seria uma
jogada inteligente. Nada contra R-Truth mas existem demasiados nomes
muito melhores a competir com ele e Truth já não tem o momentum e
star power mínimo que já teve noutros dias.
É aqui visto como “o outro” no
meio de toda a lista de integrantes e aquele cuja presença muitos
vêem como sendo apenas para encher e completar o inicialmente
planeado sexteto. Fica a questão se Truth terá o estofo para ser um
candidato ao título Intercontinental. Olhando ao seu percurso
diríamos que não mas olhemos para o seu todo. Ainda nem há quatro
anos atrás e ele era candidato principal ao WWE Championship e
integrou uma tag team que encabeçou um Survivor Series onde
partilhou ringue com The Rock. E é um veterano neste negócio, há
que lembrar. Logo Truth nunca será propriamente uma estrela mas é
aquele que tem feitos e carreira para que seja resgatado de quando em
vez e a ter a sua oportunidade para lembrar que ele ainda é alguém
no meio disto tudo. #GiveTruthaChance, dizia-se por aí.
Foram espertos em construí-lo de modo
a ter atenção e até algum apoio dos fãs. Se fosse o mesmo R-Truth
que pouco faz além de cantar a mesma música que já tem toda a
gente farta, vezes sem conta e acabando com um “Whoop! There it
is!” como se em pleno 1993 estivéssemos, ninguém ia dar um chavo
por ele e mais depressa o mandavam arrumar-se para deixar os Zigglers
e os Ambroses desta vida fazer o seu trabalho. Mas deram a volta a
coisa e tornaram a pô-lo doido, como a malta sempre o apreciou mais.
Não chegou àqueles níveis de doido de 2011, o melhor momento da
sua carreira, algo tão bom não deve ele alcançar tão facilmente.
Mas já é alguma coisa e o conjunto de disparates sem sentido ou
conexão que ele cospe na mesa de comentários já servem para
entreter qualquer coisa. Com esta atitude, é um R-Truth mais
divertido que entra na Wrestlemania e é um R-Truth que cativa mais
os fãs.
Mas claro que não cativará o
suficiente para ser um dos favoritos e é o que está mais longe
disso nesta vasta lista de participantes. Até no próprio combate.
Terá os seus momentos, com certeza, a intenção é fazer disto um
combate equilibrado, e não tenho dúvidas que ele fará um trabalho
impecável e que fará tudo menos estorvar. Mas ainda assim é capaz
de ser o que passará mais despercebido entre todos, não parecendo
estar para ele guardado qualquer grande momento ou spot. Mas já que
tem uma carreira tão longa mas com tão pouco, porque não dar-lhe
um momento Wrestlemania de repetições futuras?
Daniel Bryan
E aqui está outro para rebentar com as
costuras da qualidade que este combate promete ter. Já excluído do
main event, tem que se procurar logo um novo posto onde o deixar. E
já andaram ali a puxar cordas para que fosse um encontro respeitoso
com Dolph Ziggler com o único propósito de roubar o espectáculo,
dar umas liçõezinhas de como se faz isto e obrigar os fãs a limpar
baba que possam ter deixado no chão da bancada. Mas Ziggler
rapidamente entrou na rota do título Intercontinental. E sobrou a
outra possibilidade que não passava de uma enorme desilusão:
Sheamus. Isto já aconteceu duas vezes e não aconteceu nenhuma, logo
não vale a pena tornar a mexer nisto. Portanto até sabe bem ver
Bryan a mostrar interesse naquele título.
É bom para ele que se integra num
combate que pode muito bem ser “aquele” e é ainda melhor para o
título que, para além de toda esta atenção e cobiça que anda a
ter ultimamente, também ganha a atenção de um lutador que
encabeçou a Wrestlemania do ano anterior, de onde saiu WWE World
Heavyweight Champion e há umas semanitas atrás andava a lutar para
voltar a isso mesmo. Mas olhou para o título Intercontinental e não
viu qualquer rebaixamento e até achou que era um cinto jeitoso para
ter. Não devemos ver isto como prender Daniel Bryan no midcard
porque não devemos ver o título Intercontinental como preso no
midcard e se é para isso que estão a trabalhar, só tenho votos a
favor.
Só não sei se é o vencedor porque
não sei se o querem premiar com esse cinto. Se acham que parece mal
que ele se torne o gajo que nem chega à corrida pelo WWE World
Heavyweight Championship nem consegue já ganhar outro ligeiramente
mais abaixo, também não deve ser visto assim. Apenas se deve
encarar como um caminho para Bryan com pouco rumo. Não me parece que
planos futuros envolvam Bryan a defender o título Intercontinental,
mesmo que fosse bastante plausível e desse ao cinto um bom estatuto
de “show stealer” e a candidatar-se a ter assiduamente o combate
da noite. Até lhe fazia maravilhas. Não se descarte a ideia, para
já, esperemos o que se tem guardado para Daniel Bryan.
E, lá está, se os fãs não estão a
morrer assim tanto por tê-lo a Campeão Intercontinental como têm
para o ter no topo daquilo tudo, não deixarão de o ter como um
favorito, não será por isso que eles deixarão de fazer tremer a
arena com cantos de “Yes!” para que este suba a escada e consiga
o cinto que começou agora a cobiçar. Entra como um dos favoritos
mesmo que não seja propriamente uma das principais apostas. Mas está
longe de ser posto de parte, recordem.
Luke Harper
YeaYeaYeaYeaYea! Já o disse do “ponto
de vista” do outro e agora digo-o deste. Tem lá um amigo com quem
roubou o espectáculo todo a competir pelo mesmo título no mesmo
tipo de combate. É um Campeão recente e é demasiado bom para ficar
renegado de algo de destaque na Wrestlemania, logo merece que o
insiram em coisas boas. E tambem não precisa assim de grande
justificação. O que ele fez, que foi chegar lá, meter medo e
também ele roubar o cinto é suficiente para dar propósito a um
personagem destes.
Chegou tarde a esta história mas, como
já disse, nem precisava de muito, dado o seu carácter. Adequa-se
bem a ele. Chega, assusta, foge, dá porrada, leva e está dentro.
Agora será facilmente vendido como um forte candidato a Campeão
porque facilmente se tornará uma ameaça para todos os outros
integrantes. E que sirva para lembrar que ele não é um indivíduo
grande qualquer. Mete o Erick Rowan num bolso e tem talento em ringue
de invejar a muitos mais pequenos que ele. Logo este combate já é
uma boa recompensa para ele e uma boa aberta para ele nos recompensar
com uma boa exibição.
É um ex-Campeão Intercontinental e
deve ser vendido como tal. Forte candidato ao título e, para além
de ser alguém a quem o título não ficaria mal – já vimos há
pouco tempo que não fica – seria uma boa surpresa porque não é
dos nomes do chapéu para quem a malta penda mais. Mesmo que não se
importe nada. Mas fica em aberto, para já apenas temos que ver Luke
Harper como alguém que no combate terá um bom domínio físico e
posará sempre como uma legítima ameaça ao Campeão e a todos os
outros candidatos.
E como não é um gajo de medos, também
terá spots a recordar e não duvido que algum deles seja a doer. Já
teve um bem feio no seu encontro com Dolph Ziggler no TLC e cabe mais
um – vários – no seu repertório. Nem que seja com ajuda do
amigo Ziggler que também deve ter alguma planeada e já assistiu de
perto às suas maluqueiras com escadas por perto. E, volto a lembrar,
não é descartável como forte ameaça.
Com estes seis Superstars a competir
por um título que merece que lhe deem valor, existem notas a tomar
acerca deste combate:
- Vai lembrar bastante os antigos
combates Money in the Bank, quando estes ainda aconteciam na
Wrestlemania;
- Tem um legado a continuar: ao juntar palavras
como “Ladder”, “Intercontinental Championship” e
“Wrestlemania”, vêm à cabeça coisas épicas;
- Deve ter
bastante tempo para as coisas aquecerem bem, não são só os main
events que importam e que devem dispor de meia hora;
- Ninguém
deve sair mal visto;
- É uma boa medida para colocar vários
lutadores de valor a competir, sem terem uma feud concreta e sem
serem despachados para a battle royal que é feita de propósito para
dar tempo de antena aos desocupados;
- Abre um leque imenso de
seguimento de competição em direcção ao Extreme Rules;
-
Já pode ser escolhido como o combate da noite antes de acontecer.
Com essa análise, creio que já me
tenha pronunciado acerca do que fosse necessário. Bem tinha dito que
as estruturas dos artigos seriam todas diferentes e esta foi mais
simples e até mais tradicional, por assim dizer. Com pouco a
acrescentar mas são os meus dois cêntimos acerca deste combate com
boa expectativa que se avizinha para essa cada vez mais próxima
Wrestlemania. Se quiserem pronunciar-se desta vez, podem pegar no
simples tema já corrente e eterno que foi abordado várias vezes ao
longo de todo o texto:
“Acham este combate benéfico para o
título Intercontinental?”
Com as vossas opiniões e tudo mais que
vocês quiserem mencionar acerca disto me retiro e, como digo sempre,
planeio voltar na próxima, com um novo combate a ser abordado para
constituir esta Road to Wrestlemania do Slobber Knocker. Até lá
continuem a desfrutar desta Road to Wrestlemania e aproveitem este
calorzinho que veio espreitar cá para este cantinho Europeu!
Cumprimentos,
Chris JRM