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Brock Lesnar: Death Clutch - Parte II (Cap. 14) | Literatura Wrestling


Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.

Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!


Parte II: The Next Big Thing
O PRÓXIMO NA LISTA? THE BIG SHOW!

O meu próximo adversário depois de Undertaker deveria ser originalmente Hulk Hogan. Ele iria regressar para procurar vingança depois de eu tê-lo destruído naTV. Vince queria fazer uma storyline onde Hogan quereria ajustar contas, e um combate Lesnar vs.Hogan aconteceria no Madison Square Garden como o main event do Survivor Series 2002. Eu iria ser cabeça de cartaz noutro PPV. Vince queria que Hogan parecesse muito bem, mas que não conseguisse derrotar-me pelo título. Eu creio que o velho Hulkster não gostou muito da ideia, e o que eu soube de seguida é que iríamos seguir com o “Plano B”... Big Show!

Eu já me tinha encontrado com Show quando eu ainda estava em Louisville, e nós não nos demos bem logo de seguida. Ele irritou Vince, ou outra pessoa, porque ele não estava em forma e eles enviaram-no para a equipa de desenvolvimento como castigo. Ele era um homem gigante, com mais de dois metros de altura e 200Kg, mas Vince queria que os seus wrestlers “parecessem bem”. Ninguém pagaria para ver um par de gordos a rolar no ringue.

Então, eu conheci Show pela primeira vez quando estava em Louisville para aprender tudo sobre o negócio, e eu estava a levar tudo a sério. Eu queria alcançar o roster principal e os grandes pagamentos assim que pudesse. Quando Show foi despromovido para Louisville, ele olhava para as pessoas que treinavam lá como se todos fossem vermes ou algo do tipo. Ele estava todo mal humorado desde o início, porque ele precisava perder um pouco de peso, e todos lá tinham medo dele. Todos, exceto eu.

Eu não tinha medo do Show, mesmo que ele tivesse uns 30 centímetros e uns 90 Kg a mais do que eu, e eu deixei isso bem claro para ele desde o primeiro dia. Nós estávamos a treinar e nós entrámos no ringue. Ele pensou que eu era apenas mais um idiota novato que seria intimidado por ele, mas eu derrubei-o no tapete com um double leg takedown, e ele chorava por piedade. Eu mantive a pressão nele porque eu não gostei nem um pouco do modo como ele dizia que era melhor do que todos os outros por lá. Eu conquistei o seu respeito naquele dia, e não tive problema nenhum em fazer isso.

Noutro dia, ele estava a praticar bullying com todos, e eu decidi fazer-lhe o mesmo de novo. Ele ficou furioso comigo e disse-me, “Eu voltarei aos main events, ganharei milhões, e tu ainda estarás por aqui em Louisville, a montar o ringue.”

Quando eu cheguei ao topo, eu decidi lembrar Show dos nossos pequenos incidentes em Louisville. Assim que eu comecei a trabalhar com Show, eu esperei até o momento certo e disse-lhe, “Lembras-te de quando estávamos em Louisville, quando me disseste—”

Ele cortou-me imediatamente aí e disse, “Eu sei onde é que estás a querer chegar com isso, e vai-te lixar!” Eu continuava a torturar aquele grande desgraçado... e enquanto fazia isso, eu torturava-o mais um bocadinho. “Hey, eu não te derrubei lá também, à frente de toda a gente?” Eu ria-me muito, mas eu gostava do Show, porque ele se tornou numa das melhores pessoas com quem poderias ficar por perto.

Fogo, ele até chorou quando eu disse a todos que eu iria sair da WWE. Ele era apenas um homem super simpático e sentimental, aprisionado naquele corpo de gigante. Aquilo não era fácil. Eu sei disso porque, quando eu tinha quase 140 Kg de músculos, era muito difícil carregar todo aquele peso. Imagina adicionar mais 90 Kg de uma massa não tão magra em cima de tudo, e mais uns 30 cm de altura?

Eu adorava trabalhar com Show porque, tal como com Undertaker, eu estou lá dentro com alguém que até eu chamaria de monstro. Muitas pessoas consideravam-me um monstro, mas Big Show realmente era um, portanto eu não me importava de levar uma sova dele. A diferença entre trabalhar com Taker e trabalhar com Big Show, além da mística que Undertaker tinha, era que Show legitimamente pesava exatamente 500 libras (229 Kg). Não era apenas uma gimmick feita. Ele realmente pesava 500 libras! Levantá-lo era complicado. Doía.

Por muito grande que ele e por muito que doesse levantar o seu grande rabo do ringue e atirá-lo de volta, eu tinha que fazê-lo, e eu tinha que brilhar ao fazer isso, porque a WWE estava a planear o Show derrotar-me pelo título. A história envolveria Paul Heyman “a apunhalar-me pelas costas”, e a ajudar Big Show a vencer o título do invicto Brock Lesnar. Portanto, para preparar isso, eu tinha que derrubar 229 Kg em cada noite, e aquilo causou alguns danos no meu corpo ágil.

O combate no Survivor Series era bem simples. Eu fazia o F-5 no Show, mas Paul iria, então, revelar que ele “se vendeu, traindo Brock Lesnar” ao quebrar a contagem do árbitro. Um minuto depois, eu teria o meu título roubado. Eu era o maior “heel”, ou “homem mau”, na WWE, e eu fui roubado. Os fãs sabiam que a minha personagem iria atrás de Show e Paul por “vingança”, o que me tornou um novo “babyface”, ou herói. Eu não diria que a minha personagem se transformou num “bom menino”, eu apenas iria bater nas pessoas que me pagavam para ver bater.



Uma noite, na África do Sul, Show e eu estávamos a trabalhar o main event. Nós já estávamos a trabalhar juntos há meses, e aquilo se tornou um combate muito fácil em que nós podíamos fazer todas as noites e deixar as pessoas felizes por terem pago o seu dinheiro para nos ver. Ele vinha ao ringue com Paul, e Paul fazia uma promo, provocando todo o público, o que as pessoas no wrestling chamam de “criar heat”. Então, eu entrava e começávamos o combate quentes, onde eu derrubaria aquele grande bastardo uma boa quantidade de vezes. Show conseguia o seu heat, falhava alguma coisa e eu batia nele, fazia um F-5 nele e então fazia um F-5 no Paul após o combate. Os fãs adoravam isso. Eu adorava isso, porque nós sabíamos a rotina, e isso funcionava. Sem problemas, certo?

Então lá estávamos nós em alguma cidade da África do Sul. Pensa sobre isso. África do Sul. Manter tudo simples. A mesma rotina. Era seguro, funcionava, e eu estava a magoar-me o suficiente de ter de atirar este monstro com mais de 200 Kg todas as noites. Eu estava cansado... Eu estava lesionado... E eu não queria nenhuma surpresa.

Logo antes do nosso combate, Show surgiu donde eu estava a vestir-me, fumando um cigarro. Apenas isso já é engraçado, porque um cigarro naquelas enormes mãos parecia um palito de dente. Eu odeio cigarros, e ele precisava de saber disso. Após eu o fazer apagar aquela coisa, ele disse, “Vamos mudar o combate desta noite”.

Nós estávamos muito longe de casa. Nós poderíamos até mesmo estar no planeta Marte. Nós sabíamos o combate. Era fácil. Para quê mudar? Show ficou muito irritado comigo e ele continuou a dizer e a repetir “Eu sou um veterano, eu sou o heel, eu digo como vai ser o combate!”

Eu não podia acreditar que ele estava a falar a sério. OK, nós estávamos todos a lidar com o stress de viajar por todo o mundo. Más notícias para Show. Eu não estava para aturar as complicações dele naquela noite.

”Como tu quiseres fazer, está bem para mim”, eu disse ao gigante mal humorado, “apenas diz-me no ringue”

Então, lá estava aquele gigante de mais de dois metros com 200 Kg, e ele estava a resmungar com ele próprio, enquanto se afastava de mim. É muito engraçado quando penso nisso agora, porque Show é a pessoa mais adorável que poderás conhecer, mas ele deixou-me cheio de vontade de dar cabo dele na África do Sul, entre todos os lugares!

Show estava zangado e ofegante a sair do ringue, determinado em ditar o combate como ele quisesse, mas assim que eu entrei no ringue, eu agarrei-o e comecei-lhe a fazer Suplexes por todo o ringue. Show encarralou-me no canto e dar-me uma grande estalada à volta do meu peito, mas eu desviei-me e agarrei-o pela cintura. Assim que as minhas mãos estavam cruzadas, ele tinha uma grande ideia do que vinha a seguir. Eu iria articular as minhas ancas e iria atirá-lo por todos os lugares que eu quisesse. Show começou a gritar comigo “Não, não, não, não, não, não, não, não, não!”, mas eu não lhe dei ouvidos. Eu atirei-o pelo ringue, e ainda consigo ouvir o barulho de quando ele caia!

Antes que ele se pudesse levantar, eu corri até ele, agarrei-o e cruzei as minhas mãos nele de novo. Ele começou a entrar em pânico. “Brock, o que diabos estás a fazer? Espera, espera, espera, espera, espera, espera, espera!”. Então eu atirei-o mais algumas vezes. Ele aprendeu a sua lição.

Após aquilo, nós demo-nos muito bem. Eu ia até Show quando chegava o momento do combate que eles chamam de “heat”, que é quando o heel deixa o público irritado ao bater no babyface, e construía-se uma antecipação para o babyface se reerguer e dar cabo do heel. Show tirava-me do sério algumas vezes, mas eu não conseguia odiá-lo. Eu tenho a certeza que o tirava também do sério às vezes, especialmente quando eu trazia um anão para jantar, numa certa noite. A propósito, Big Show morre de medo de anões. Eu não sei o porquê. É uma fobia. Então, apenas para “provocá-lo”, eu trouxe um connosco... e ele ficava a dar algumas trincas no hambúrguer do Big Show!


Traduzido por: Kleber (nWo4Life)

Adaptado por: FaBiNhO

No próximo capítulo: Brock Lesnar nos contará sobre os problemas da vida como wrestler! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!
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