Brock Lesnar: Death Clutch - Parte II (Cap. 16) | Literatura Wrestling

Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.

Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!

Parte II: The Next Big Thing
A MINHA PRIMEIRA WRESTLEMANIA

Kurt Angle lesionou-se indo para a WrestleMania 2003 em Seattle. Ele torceu o seu pescoço e foi determinado que ele precisava passar por uma cirurgia. Kurt não queria ficar um ano fora, portanto ele encontrou um cirurgião em Pittsburgh, que tinha uma alternativa envolvendo a raspagem do disco, ao invés da cirurgia de pescoço que os outros wrestlers faziam.

Kurt também não queria ficar fora por causa da cirurgia, porque ele queria receber aquele pagamento de main-event da WrestleMania. Eu não posso dizer que o culpo por isso. Eu queria aquele pagamento também.

Kurt e eu conversamos um pouco sobre o nosso combate, mas não falamos muito sobre isso. Nós sabíamos que conseguiríamos tirar o melhor um do outro, e eu sabia que tinha que proteger Kurt por causa do seu pescoço estar lesionado. John Laurinaitis seria o agente para o combate. Isso significa que ele era o coreógrafo, a pessoa que sabia o que nós íamos fazer, portanto as câmeras poderiam-nos seguir e cobrir a luta adequadamente. O agente transmite o final do combate de Vince, e então conta aos wrestlers, e cria toda a história do combate. Então ele regressa a Vince e espera que Vince goste.

John queria fazer algo especial porque vários olhos da corporação estavam sobre ele, porque ele estava a ser preparado para substituir Jim Ross como chefe das relações de talentos. Ele era agora o agente do maior combate do ano, o main event da WrestleMania. O título da WWE estava em jogo entre dois campeões amadores, dois wrestlers reais com legítimo passado atlético. Aparentemente, aquilo não era o suficiente para John Laurinaitis. Ele achava que o combate precisava de um momento WrestleMania.

Durante o almoço naquele dia, John veio até mim e sugeriu o seu grande final, que teria eu a fazer um Shooting Star Press para derrotar Kurt Angle pelo título da WWE. John tinha este conceito elaborado de que eu iria sempre safar-me de tudo o que Kurt aplicasse. Então, Kurt resistiria a um F-5. Já que nenhum de nós conseguia derrotar o outro com os nossos melhores golpes, nós tínhamos que tirar algo dentro do nosso saco de truques. Eu olharia para os lados, tentando descobrir como poderia derrotar Kurt. Então eu iria subir até à corda superior, e iria atingi-lo com um Shooting Star Press para fazer o pin em Kurt Angle e tornar-me no WWE Heavyweight Champion pela segunda vez. Aquilo era o grande final de John, para o maior combate, no maior evento do ano.

O único problema era que eu não fazia esse golpe há mais de um ano, e isso era muito perigoso para nós os dois. Muita coisa poderia sair errada quando um homem com mais de 130Kg faz um mortal para trás desde a corda superior até ao chão, e a margem de erro é pequena.

No entanto, John estava irredutível, “Brock, tens que finalizar o combate assim. Vai ser muito memorável. É o teu momento WrestleMania.” Eu continuava a pensar que o meu momento WrestleMania seria derrotar Kurt, assim como eu tenho derrotado a todos, e recuperar o título que me foi roubado no Survivor Series. Não era essa a história que estávamos a contar? Eu não queria fazer o Shooting Star. Isso não fazia sentido para mim.

E para intensificar um pouco mais a pressão sobre mim, Jim Ross sentou-se connosco e John começou a dizer “Não achas que Brock deveria finalizar o combate com um Shooting Star Press? Isso é muito impressionante, ninguém vê ele a fazer isso há muito tempo, bla, bla, bla.” J.R. pensou por um momento e disse, “Fogo, jovem, isso seria um grande momento WrestleMania!” Eles insistiam muito nessa ideia. Finalmente, estupidamente, eu concordei em fazê-lo, mas eu queria pelo menos praticar o golpe algumas vezes antes. Eu deveria ter ouvido os meus instintos e ter dito “NÃO!” Mas eu fui até ao ringue para praticar o salto desde a corda superior. John pegou em alguns colchões e empilhou-os no ringue para que eu não me magoasse durante o treino. Quando eu subi à corda superior e lancei-me no ar, aquilo foi na verdade muito fixe. Eu fiz uma aterragem perfeita na primeira vez. Eu tentei novamente e consegui uma segunda vez também. Após mais algumas vezes, eu estava a sentir-me muito bem com aquilo, e todos pensávamos que não haveria problemas quando eu o fizesse no fim do combate. O que eu não considerei foi que eu iria trabalhar com Kurt durante quinze até dezoito minutos, e eu provavelmente iria ficar morto de cansaço e a suar muito até ao momento de chegarmos ao final do combate.

Naquela noite, Kurt e eu demos o melhor show possível, considerando as circunstâncias. Nós tivemos um combate realmente físico, o que não era fácil se tu pensares no quão lesionado ele estava. Finalmente chegou a hora de fazer o Shooting Star Press, mas Kurt e eu ficamos a atirar-nos um ao outro nas cordas e a trabalhar nos cantos durante toda a noite. Quando eu agarrei a corda superior para subir, ela estava toda encharcada. Nada bom. Conforme eu subia, eu estava a pingar ainda mais suor para as cordas, mas eu não estava a pensar nisso. Todos no Safeco Field em Seattle sabiam o que estava para vir, e eles estavam todos a gritar para eu aplicar o golpe e derrotar Kurt Angle pelo título.

Lá estava eu, na corda superior, ambos os braços levantados em triunfo, a minha cabeça para trás, deixando o público engolir a suspensão... e então eu lancei-me para aplicar o Shooting Star Press. Todo fã de wrestling sabe o que aconteceu a seguir. A minha bota escorregou na corda molhada, eu rodei devagar, caí de um modo espetacular e provoquei em mim mesmo uma grande concussão. Eu quase parti o meu maldito pescoço. Eu ainda tinha consciência o suficiente para perceber que tinha de vencer, mas eu não lembro como terminei o combate.

Eu de fato terminei, o que significava que eu era novamente o campeão, mas eu não me lembro de nada. Nada mesmo. Consegues imaginar se eu tivesse levado um Knockout de mim mesmo... se aquele “golpe errado” tinha-se tornado no final? 

Na manhã a seguir, eu deveria fazer uma apresentação com os patrocinadores, mas eu não conseguia sair da cama do hotel. Após eu receber algumas ligações para me apressar, eu finalmente arrastei-me e consegui ir à apresentação. Quando a equipa do patrocinador me viu a vomitar por causa dos efeitos pós-concussão, eles enviaram-me de volta para o hotel.

Após tu jogares o Super Bowl ou a World Series, ganhas um tempo para ti mesmo, ou para levar a tua família para as férias. Não no pro wrestling. Tu voltas para o trabalho logo no dia a seguir, aparecendo na TV para o RAW na primeira noite, ou gravando para o Smackdown! duas noites após a WrestleMania. Kurt conseguiu resistir bem ao combate, e eu tive sorte de “apenas” ter sofrido uma concussão. Kurt foi fazer a cirurgia alternativa, e eu estava de volta à estrada como o campeão da WWE pela segunda vez.

Traduzido por: Kleber (nWo4Life)

Adaptado por: FaBiNhO

No próximo capítulo: Brock Lesnar nos contará sobre o seu segundo ano na WWE! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!