Brock Lesnar: Death Clutch - Parte III (Cap. 31) | Literatura Wrestling
Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.
Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!
Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!
Parte III: A Espada na Minha Garganta
“UFC 91: MEU COMBATE VS.RANDY COUTURE"
“UFC 91: MEU COMBATE VS.RANDY COUTURE"
Foi-me dito que o meu próximo combate no UFC ia ser contra Cheick Kongo,
o kickboxer e lutador de Muay Thai vindo da França. Kongo é um dos lutadores de
MMA que possui uma maior ofensiva, e eu pensei que iria conseguir combater bem
contra ele, porque eu poderia facilmente levá-lo ao chão e controlá-lo.
Então, recebi a mensagem de que Dana White queria oferecer-me a
oportunidade de uma vida. Eu não iria maiscombater contra Cheick Kongo. Eu iria
combater contra Randy Couture pelo UFC World Heavyweight Championship.
Randy é o Padrinho do MMA, uma lenda viva que ainda é um velho filho bastardo.
Randy estava chateado com o UFC quando as negociações para um combate contra
Fedor Emelianenko acabaram mal, e o pessoal de Randy disse que ele poderia "retirar-se"
doUFC enquanto ele ainda era campeão, e depois ir combater por outra
organização. Pelo que eu entendi, a ideia era que Randy iria para outro lugar para
ter mais ação e um cheque maior. O UFC e Randy acabaram exatamente como eu e a WWE.
Todo o mundo estava a processartodo o mundo, o que significa que um monte de
tempo e dinheiro estava a sergasto, sem retorno sobre esse investimento.
O UFC tomou a decisão de criar um "título temporário", que eu
gostava de chamar o "título falso", já que para ganhar esse cinto,
tudo o que tinha a fazer era derrotar o outro candidato. Se queres governar por
cima de um reino, tens dederrubar o rei que está a ocupar o trono. Randy era o
rei da divisão dos pesos-pesados, mas o UFC cansou de esperar por ele para
defender a sua coroa, então eles pensaram e decidiramfazer algo como o Vince
McMahon e transformaram uma situação mánuma máquina de fazer dinheiro.
O plano era primeiro liquidar a ação judicial com Randy. Os advogados do
UFC colocaram-o contra a jaula, porque não havia nenhuma maneira dele ser capaz
de saltar para outra organização, enquanto ele ainda estava sob contrato com o
UFC. Nenhum juiz ia comprar o esquema de "retirada" e de seguida
permitir que Randy "saísse da sua retirada" apenas para que ele
pudesse conseguir o combate contra Fedor.
Assim que as coisas acalmaram, Randy iria defender o título contra mim.
Enquanto isso, outros dois pesos-pesados iriam batalhar pelo título falso...
digo, o título temporário... e então os dois campeões iriam encontrar-se pelo
Undisputed UFC World Heavyweight Championship. A decisão foi um exemplo de génio
do marketing, uma situação em que todos saíram a ganhar.
Couture resolveu a sua ação com o UFC e concordou em defender o seu
título no UFC 91 no dia 15 de Novembro de 2008, no MGM Grand Garden Arena, em
Las Vegas. Eu não poderia pedir por uma maior ou melhor oportunidade na vida.
Um monte de fãs hardcore do UFC estavam ressentidos pelo facto de que eu
estava a receber uma oportunidade de título apenasno meu terceiro combate no
UFC, o meu quarto combate de MMA no geral, mas a minha atitude era muito
simples.
Que se lixem eles.
Só um tolo é que recusaria a oportunidade de lutar contra Randy Couture pelo
campeonato dos pesos-pesados do UFC em Las Vegas. O que é que eu deveria fazer?
Dizer "não, obrigado"?
"Oh Meu Deus, Sr.White, eu não sou digno"?
“Eu preciso de mais alguns combates antes de eu ganhar a aceitação do
público para me tornar no pretendente ao título de pesos-pesados de Randy
Couture!"?
Eu aproveitei a oportunidade que me foi apresentada, e eu aproveitei-a ao
máximo. Isso é o que um lutador faz. Isso é o que qualquer empresário faria.
VOCÊS não fariam isso pela VOSSA família?
Tantos atletas que vão para um grande combateestragariam a cabeçaouvindo
os críticos e aqueles que se dizem especialistas. Todo o mundo estava a dizer
que eu não pertencia naquele combate. Que eu não o mereci. Randy tem muita
experiência, eu continuava a ouvir. Eu, entretanto, não tinha habilidades. Mas
eu nunca comprei a expetativa, a publicidade ou o marketing. Ignoreitudo.
Quando entram no Octógono, a campanha publicitária não significa nada.
Reputações não significam nada. Nada mais importa, a não ser o que acontece
quando eles fecham a porta da jaula.
É tão puro. Dois gladiadores. Um ganha. O outro perde.
Quando o árbitro dá instruções aos dois guerreiros para
"combater", a verdade sobre um homem vai ser revelada. Vinte mil fãs a
gritarem. A audiência mundial do pay-per-view. Todo o mundo a assistir cada
movimento teu. Todo o mundo a querer que os holofotes estivessem sobre eles
naquele momento.
Se não te preparares mentalmente, estásapenas a dirigir-te para uma
derrota. Ou acreditas em ti mesmo, na tua academia, nos teus treinadores, e em
quem tu és... eo que podes fazer... ou não acreditas.
No momento em que me ofereceram o combate pelo título contra Randy, eu
tinha-me mudado para Alexandria, Minnesota, que é cerca de três horas a
noroeste de Minneapolis. Criei o meu próprio centro de treinos, o DeathClutch
Gym.
Eu coloquei o meu antigo treinador de wrestling, Marty Morgan a comandar
o campo. Greg Nelson e Erik Paulsonentraram no barco como os meus treinadores
de MMA, e trabalharam comigo na minha defesa de submissão, golpes e plano de
jogo geral. Eu estava a combater contrao campeão da Divisão I da NCAA por duas
vezes, Cole Konrad, e o All-American da Divisão II da NCAA por duas vezes, Chris
Tuchscherer. Eu trouxe alguns homens grandes e duroscomo Kirk Klosowsky e Jesse
Wallace,portanto eu sempre tive pessoas que poderiam puxar-me maistodos os dias.
Quando eu precisava de trabalho em habilidades específicas, nós iríamos
contratar a melhor pessoa disponível, como o campeão mundial de Jiu Jitsu Brasileiro
por 7 vezes, Rodrigo "Comprido" Medeiros.
Eu atualmente gosto de Randy Couture. Bem, eu gosto dele agora. Eu não
deixei o seu estatutode lenda entrar na minha cabeça antes que entrassemos no Octógonoum
contra o outro. Indo para esse combate, eu ficava a lembrar-me da lição que eu
tinha aprendido contra Wes Hand. Eu não queria ter qualquer respeito por Randy.
Ele estava no meu caminho, um obstáculo a ser superado no meu caminho para o
campeonato dos pesos-pesados do UFC. Randy Couture estava a impedir-me de
proporcionar uma vida melhor para a minha família, e essa é a única maneira que
eu queria olhar para ele.
Quando entras no Octógono com Randy, não estás apenas a lutar contra ele,
estás a lutar contra tudo o que ele realizou no desporto de artes marciais mistas
também. Seria fácil para qualquer um ser intimidadopelo seu passado, para seres
admirado com o lutador de pé do outro lado do mesmo Octógono que tu. Mas eu
sabia que, assim que eu pensasse: "Uau, este é Randy Couture, ele é isto e
é aquilo", eu estaria acabado. Eu já teria perdido o combate, mesmo antes
decomeçar.
Então eu disse a mim mesmo: "Eu já sei o que Randy Couture é. Agora
eu quero descobrir o que ele não é."Essa é a grande diferença entre mim e
todos aqueles que ele derrotou. Eu não entraria no Octógonocolocando Randy em
algum pedestal acima de mim. Eu nem sequer olharia para ele como um igual.
Olhei para ele como alguém que eu queria derrotar. Na minha mente, não tinha dúvidas
de que eu era o melhor homem, o campeão mais merecedor.
Assim que pisei o Octógono naquela noite, a arena inteira estava a
vaiar-me comuma paixão. Fez-me lembrar os meus dias como um heel na WWE. Os fãs
do UFC não queriam ver o seu herói esmagado por um "falso” lutador
profissional vindo da WWE. Eles queriam ver Randy a mostrar que eu não
pertencia ali, derrubar-mee enviar-me de volta à porta de Vince McMahon numa
caixa.
A partir do momento em que o público teve a primeira visualização de
Couture, os gritos de "Randy... Randy... Randy!" encheram a arena.
Por muito que o público estivessea vaiar-me, eles estavam a torcer por Randy
Couture. Eu estava a adorar cada momento disto. Eu sabia que ia ganhar. O meu
treino atingiu o pico no momento certo. A minha confiança estava em altas
depois de tanto tempo. Eu olhei através do Octógono, e tudo o que eu via eraa
pessoa que eu iria esmagar e derrotar pelo título dos pesos-pesados. Eu estava a
minutos de distância de ser capaz de dar a melhor vida possível para a minha
família.
Durante a primeira ronda, eu ouvi o conselho dos meus treinadores, e
apenas tentei sentir Randy. Poderia levá-lo contra a jaula? Poderia manobrá-lo?
Iria-me deixaralgumas aberturas?
O modo como eu estava a sentir Randyera que ele estava no seu velho pão
com manteiga, e tentou-me levantar contra a jaula, onde poderia usar o seu boxe
sujo contra mim. Mas eu pressenti isso, dei um golpe e levei-o para o chão,
onde fui capaz de controlá-lo. Todos os três árbitros tinham-me a mim como
vencedor da ronda nas suas anotações.
Fui para a segunda ronda, e apanhei Randy com a mão direita, mas ele
respondeu e apanhou-me com uma direita que fez um corte acima do meu olho.
Randy viu o sangue e pensou que me tinhaabalado, e ele veio para terminar o trabalho.
Foi quando eu descarreguei sobre ele. Eu acertei-o atrás da orelha esquerda com
um golpe sólido, e ele caiu.
O momento em Randy caiu, eu saltei para cima dele. Eu sabia que era a
minha oportunidade de acabar com ele, e eu não ia parar até que o árbitro,
Mario
Yamasaki, me puxasse e me declarasse o vencedor. Eu ataquei Couture sem
misericórdia. Era exatamente como ir à caça. Eu nunca ia dar-lhe uma oportunidade
de escapar. Eu apenas continuei a mandar os meus punhos para cima dele tão duros
o quanto eu poderia. Eu podia sentir o gosto da vitória, eu podia sentir a
vitória a apenas alguns momentos de distância.
E então foi quando Yamasaki parou a luta, e declarou Couture incapaz de
se defender de forma inteligente do meu ataque. A Lenda tinha sido derrotada.
Eu era o UFC World Heavyweight Champion!
Derrotar Randy Couture pelo título foi um grande momento para mim, mas no
fundo da minha mente, tudo em que eu conseguia pensar eracolocaras minhas mãos
sobre Frank Mir novamente. Por muito que a conquista do título fosse o maior
momento profissional que eu já tive, perder esse primeiro combate no UFC para
Frank ainda estava a incomodar-me.
Enquanto isso, o UFC ainda iria coroar um campeão “temporário”, e ele
iria enfrentar-me pelo título incontestável. Eu tenho que deixar tudo com Dana
White e o marcador de combates do UFC, Joe Silva, porque eles realmente sabiam
o que estavam a fazer. A luta pelo título temporário ia ser entre Antônio
"Minotauro" Nogueira e... vocês adivinharam... o meu velho amigo
Frank Mir.
Eu queria realmente combater contra Big Nog, porque ele parecia o tipo de
lutador que eu iria gostar de enfrentar no Octógono. Ele é apenas um lutador da
velha guarda que gostava do campo de batalha, o mesmo tipo de mentalidade de guerreiro
possuída por Randy Couture. Mas apesar de eu querer testar as minhas
habilidades contra Big Nog, eu queria arrebentar com Frank Mir ainda mais. Eu
precisava de me redimir contra Frank. Aquela derrota para ele era dolorosa para
mim.
Quando Big Nog e Frank enfrentaram, eu estava bem na primeira fila, e eu
estava a torcer por Frank o tempo todo.
Desde o primeiro momento do combate, eu poderia dizer que Nogueira estava
doente. Ele deveria estar na cama, não no Octógono. Eu não estou a falar sobre
alguém que está gripado ou algo assim, ele estava realmente doente.
O que nenhum de nós sabia na altura é que Nog tinha acabado de enfrentar
uma infecção por estafilococos. Quando ele entrou no Octógono contra Frank, ele
não estava a 100 por cento. Ele não estava nem mesmo a 50 por cento. Os reflexos
dele não estavam lá, o tempo de reação dele era atrasado, e ele fez Frank parecer
como Muhammad Ali.
Frank Mir, o homem que nasceu com uma ferradura dourada no seu rabo, mais
uma vez recebeu de presente uma vitória. Ele ficou no Octógono contra alguém
que era muito mais do que um homem, muito mais do que um lutador que ele jamais
poderia esperar ser, e ele teve um nocaute fácil, porque o seu adversário não tinha
nada que estar a combater naquela noite. Frankie Boy foi coroado o campeão temporário
dos pesos-pesados do UFC, e ele deveria ter-se retirado naquele momento,
porque o próximo passo dele seria contra mim.
O UFC colocou a câmera em cima de mim no público para obter a minha
reação. Eu apenas sorri, e disse à multidão que Frank tinha acabado de me dar
um presente de Natal antecipado.
Eu não sei se Frank realmente, acreditava verdadeiramente no seu coração
que ele seria capaz de me deter pela segunda vez, mas eu sabia com a certeza absoluta
que eu iria vencê-lo, e obteria a minha vingança... e me tornariano campeão mundial
incontestável.
O meu combate com Frank foi programada para daqui a alguns meses, mas ele
teve de adiá-la devido a uma lesão no treino. Que acabou por ser outro golpe de
sorte para Frank, porque ele agora tem que me enfrentar pelo título incontestável
no combate de destaque do maior evento de artes marciais mistas de todos os
tempos, o UFC 100.
Traduzido por: Kleber (nWo4Life)
Adaptado por: FaBiNhO
No próximo capítulo: No próximo capítulo, Brock Lesnar nos contará sobre sua redenção! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!