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Lucas Headquarters #140 – Caixa de surpresas



Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos sejam a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Que tal correu o vosso feriado? Aproveitaram para descansar, reorganizar as ideias? Fazem bem, pois então!! Que isto não pode ser só “trabalho, trabalho, e o dinheiro ‘tá no…” vocês já sabem.


Eis-nos entrados no mês de Maio, que vai começar em grande (Backlash é já no Sábado e é em território francês, o que significa que vamos ter oportunidade de ver em direto!!) e que vai terminar, igualmente, com nota artística (Marigold Fields Forever dia 20 e Double or Nothing dia 26). Portanto, vai ser um Maio recheado de ação, isto antes de entrarmos na famosa silly season, que vai atravessar os três meses de Verão.


Entrámos no mês de Maio, é verdade, mas a nossa reflexão de hoje ainda diz respeito a Abril. O último fim de semana do mês ficou marcado por dois acontecimentos que foram recebidos de forma diferente pela audiência: O Draft da WWE e o All Star Grand Queendom, da STARDOM, que se cruzaram, embora com ligeiros acertos de calendário, no mesmo período de tempo.


Feliz ou infelizmente, eu não vi os episódios do RAW e do SmackDown em que o Draft aconteceu, o que é raro porque, nos últimos tempos, raramente tenho perdido um episódio dos shows semanais da WWE. Mas digamos que os moldes em que a WWE organiza o Draft atualmente (e alguns dos pressupostos que a empresa anunciou no Draft deste ano) deixaram muito a desejar.




E sim, eu agora vou correr o risco de parecer um Velho do Restelo, um saudosista do modelo clássico do WWE Draft em que havia combates, escolhia-se uma Draft Pick e nós nunca sabíamos quem é que ia aterrar em que brand. E a verdade é que, num tempo em que as redes sociais ainda não dominavam o quotidiano, isto funcionava que nem ginjas porque a seleção era completamente aleatória e nós não tínhamos qualquer informação e/ou fundamento sobre o porquê de todas aquelas trocas acontecerem, o perfeito contrário do que temos agora.


E tudo isso nos rendeu grandes momentos no que diz respeito a escolhas de peso para RAW e SmackDown: Quem não se lembra, por exemplo, da surpresa que foi o Draft de 2008? Quem não se lembra de estar de queixo caído quando Jim Ross, a voz do RAW durante mais de dez anos àquela parte, foi selecionado para o SmackDown? Ou da apoteose que foi quando Triple H, WWE Champion naquela altura, foi também ele selecionado para o SmackDown, fazendo com que o título voltasse a ser exclusivo da brand azul pela primeira vez desde 2005?




Hoje em dia, todo o processo se resume, quase basicamente, aos GM’s anunciarem nomes do alto de um palanque. Parece-me que das duas uma: Ou estão a treinar para anunciar futuras candidaturas às presidenciais americanas, ou estão a ponderar passar o resto da vida a chamar pessoas dentro de um guichet de um qualquer centro de saúde.


E depois, os próprios resultados foram estupidamente previsíveis (tirando um par de exceções). O facto de os campeões não poderem ser selecionados já lhe tirava alguma magia (parte do que fazia resultar o Draft era precisamente o facto de ninguém estar a salvo de mudar de brand), mas depois vejamos: Bianca Belair… SmackDown. Jey Uso (YEET!)… RAW. Liv Morgan… RAW. Ilja Dragunov… RAW. Jade Cargill… SmackDown.


Tudo nomes que já tinham lutado nestas brands ao longo do último ano. As únicas surpresas talvez tenham sido Baron Corbin de regresso ao SmackDown (depois de se ter reencontrado no NXT) e Blair Davenport (Bea Priestley para os amigos) também a ingressar na brand azul. Fica um amargo de boca pela demasiada previsibilidade da coisa, mas pode ser que alguns dos novos – e até velhos – nomes que chegam aos rosters acabem por deixar boa impressão.





Cruzemos agora os mares e oceanos do globo e falemos de STARDOM, mais propriamente do All Star Grand Queendom, esse sim, o verdadeiro objeto da nossa análise. Vocês recordam-se de eu vos ter dito, quando fiz a antevisão à atípica edição do 5 STAR GP do ano passado, de vos ter dito que a STARDOM ainda não tinha um evento que fosse declaradamente visto como algo semelhante a uma WrestleMania, certo? Nessa ausência, a malta tratava o Dream Queendom – último PPV do ano civil, que geralmente acontece no final de Dezembro – como tal, mais não fosse porque a maioria das grandes decisões, sobretudo aquelas que acontecem no último trimestre do calendário, aconteciam ali – e isso originava grandes momentos.


O Dream Queendom de 2022 foi pródigo nisso: Tivemos o regresso de Mina Shirakawa após lesão (que marcou também o início daquilo que seriam as Club Venus e, agora, as ExV), tivemos um excelente combate entre Utami Hayashishita e KAIRI, Saya Kamitani a defender (novamente de forma brihante) o seu Wonder of STARDOM Championship e, last but not least, Giulia e Syuri a darem espetáculo durante meia hora, com a anglo-nipo-italiana a triunfar e a acabar a sua história muito antes de Cody Rhodes sequer sonhar em acabar a dele.



Semelhante vibe teve também o Dream Queendom do ano passado, com os grandes destaques a irem para o combate entre Giulia e Megan Bayne – no qual a americana demonstrou uma considerável evolução em ringue, levando Giulia ao limite – mas também a “desforra” – se é que se pode chamar assim - entre Maika e Suzu Suzuki, depois de Tam Nakano ter sido obrigada a abdicar do título por lesão.




Eis que, após duas edições de All Star Grand Queendom, é possível constatar que a STARDOM quer fazer de dito evento a coisa mais próxima ao maior evento do calendário da empresa – e nem a altura do calendário em que o PPV acontece nos parece deixar dúvidas disso. Essa já era, aliás, a intenção de Rossy Ogawa quando tivemos a primeira edição do evento no ano passado – o slogan, “Greatest Show in Stardom History”, já deixava bem clara tal intenção. No entanto, tudo o que houve nesse PPV – desde o regresso de Mei Seira até à carga emocional do último combate de Himeka, passando pelo blockbuster que foi Mercedes vs Mayu e ainda pela surpresa do Tam vs Giulia – comprovou-o.





Mas, na indústria do wrestling como em tudo nesta vida, fácil é que as coisas saiam bem uma vez. Difícil, quase impossível em muitos casos, é dar seguimento ao que de bom se fez. Por isso, assim que se anunciou nova edição de All Star Grand Queendom, a expectativa era alta, não só pelos bons resultados do evento do ano passado senão também pelas expectativas que havia em relação a este ano, porque, em bom rigor, este era o primeiro grande evento da “era Taro Okada”, e as impressões até aqui tinham sido muito positivas.


No geral, o All Star Dream Queendom deste ano não foi o evento que contrariou essas expectativas, antes pelo contrário: Foi um evento que, à semelhança do antecessor, trouxe algo de inesperado, estabelecendo pontes entre eventos que aconteceram no passado – e dos quais provavelmente pouca gente se lembra – e abrindo portas para novos (e interessantes futuros).


E já que falamos de futuros, parece que vai haver algum character development – e o que aconteceu no início do ano, com várias wrestlers a sair e stables a acabar, é propício a isso. Parece, sobretudo, haver uma tendência (positiva) para abanar um pouco as convenções que já estavam estabelecidas e criar uma atmosfera de verdadeira imprevisibilidade dentro do roster, algo que, na minha opinião, sempre faltou nas storylines que Rossy Ogawa produziu, e que só acontecia se o apoio a uma wrestler fosse tão grande que teria que existir uma storyline onde esta saísse como uma heroína (veja-se o que aconteceu entre Giulia e Natsupoi, em meio ao redemptior arc desta primeira).


Resumindo, o All Star Grand Queendom foi, como o próprio título diz, uma caixa de surpresas. Tivemos momentos inesperados, combates previsivelmente bons, combates que não esperávamos que fossem tão bons mas foram, e um regresso que pode abrir muitas portas a partir daqui. Mas, mais do que falar disto tudo no geral, o melhor é dissecarmos cada acontecimento em particular…


Saya Kamitani: A toda a velocidade!



Uma das primeiras surpresas que nos trouxe o PPV foi Saya Kamitani a ser coroada a nova High Speed Champion. E isto parece mentira, sobretudo depois do memorável reinado que teve como Wonder of STARDOM Champion. Parece, até, uma “passagem de cavalo para burro”, perdoe-se-me a expressão, porque toda a gente esperava que o próximo objetivo de Saya fosse, evidentemente, o World of STARDOM Championship.


O combate em si não teve grandes pontos de interesse – teve pouco menos de sete minutos – mas deu para ver que a nova campeã está, cada vez mais, a mudar o seu estilo, apostando numa abordagem com mais artes marciais e menos voos de cortar a respiração – as recentes lesões que teve assim obrigam. Não obstante, Kamitani não ganhou para o susto: Saki Kashima, a campeã derrotada, quase conseguiu fugir com o cinturão…



 Starlight Kid pelo preço de… Thekla?



Foi, sem dúvida, um dos momentos do show e um plot twist ao nível da vitória de Tam Nakano no All Star Grand Queendom passado: Thekla regressou após quatro meses de ausência (fez uma pausa após o fim das DDM em Janeiro para preparar nova exposição) e, quando toda a gente pensava que se ia juntar às ExV (devido ao passado que tem com Maika) acabou por atacar brutalmente Mina Shirakawa, anunciando que iria juntar-se às OEDO Tai e consumando um inesperado heel turn. 


Logo depois, após perder um Four Way Match pelos Goddess of STARDOM Tag Team titles (onde participaram, para além das Crazy Star, as FWC e também as 02line), Starlight Kid é expulsa do grupo, no que parece ter sido uma consequência natural da entrada da Toxic Spider.



 


Esta decisão parece-me não só acertada (a gimmick de Thekla funciona, a meu ver, muito melhor como heel) como nos faz lembrar o percurso de Natsupoi, que passou de um papel secundário nas Donna del Mondo para um papel de destaque nas Cosmic Angels, onde se assumiu como o braço direito de Tam Nakano e onde já conquistou vários títulos.


A decisão de Thekla poderá ter o mesmo resultado, ainda para mais quando, nas OEDO Tai, apenas Natsuko Tora tem levantado algumas ondas recentemente (pela via da participação no 5 STAR GP do ano passado e o combate que teve com Tam Nakano logo a seguir). Momo Watanabe pouco mais tem feito que um papel de bully a um nível mais secundário, e Ruaka, apesar do destaque que vai tendo aqui e ali, tem apenas 19 anos e um longo caminho a percorrer. Se o tempo irá jogar a favor de Thekla? Esperar e ver. Mas que as circunstâncias a colocam num lugar de destaque, isso sem dúvida nenhuma.


Ícone contra Deusa



Era, talvez, o combate mais aguardado do evento – mais até que o combate à melhor de três que opôs Maika e Momo Watanabe pelo World of STARDOM Championship. Mayu Iwatani e Sareee enfrentaram-se em mais uma paragem no excelente percurso que Sareee tem feito desde o regresso ao Japão, e o combate não desiludiu em nada – pode vir até a ser o Match of The Year.


Houve de tudo: Spots arriscados (aquele Dragon Suplex na borda…), momentos de suspense mas, acima de tudo, muitas nearfalls que deixaram a sensação de que poderia cair para algum lado (ou até mesmo dar empate). Mas o que há a destacar aqui é a agressividade mostrada pelas wrestlers, sobretudo por Mayu. A IWGP Women’s Champion não tinha nada a perder – ela é a Icon por alguma razão – mas quando se vai enfrentar alguém com o calibre da “Deusa do Sol”… é preciso ter noção do quão altas estão as expectativas. E Mayu sabia-o.


É sempre interessante ver como uma gimmick goody-two-shoes como a de Mayu Iwatani esconde o lado mais agressivo da wrestler, sobretudo quando o combate é contra uma adversária de reputação similar (como foi também Syuri, no início do ano). No entanto, esta dicotomia é bastante eficaz, porque uma Mayu que leva as coisas a sério apenas e só quando está perante dificuldades gera muito mais reações do público e cimenta (ainda mais) o seu legado como a melhor joshi wrestler desta geração.



E vocês, que análise fazem do All Star Grand Queendom? O que é que vos surpreendeu no PPV?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!

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