Lucas Headquarters #152 – DELTA: Um caso de sucesso em menos de cinco anos
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão?
Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no
WrestlingNotícias!! Começaram os Jogos Olímpicos, o que vem comprovar que o
Verão é tão melhor quando há desporto a passar na TV e não aqueles infindáveis
programas sobre mercado do futebol. No que toca a wrestling, Agosto
também promete ser um mês olímpico, porque quatro das principais companhias de wrestling
vão entrar em cena com os seus principais PPV’s (ou PLE’s, conforme o caso)
e os tradicionais torneios:
A WWE apresenta o Summerslam, dia 3 (Sábado) e o Bash In
Berlin, dia 31 (também um Sábado);
A AEW vai organizar mais um All In em Wembley, no dia 25 de
Agosto (Domingo, e com possibilidade de ser visto em direto!!);
A STARDOM organiza uma remodelada edição do 5 STAR GP (de 10
a 31 de Agosto);
Também dia 31, começará a edição inaugural do torneio DREAM
STAR GP, da MARIGOLD!!
Portanto, como já puderam constatar, vamos ter um mês de
Agosto muito atarefado no que diz respeito à cobertura de eventos. Mas, a seu
tempo, lá chegaremos.
Para já, e terminando o sétimo mês do ano, vamos focar-nos
naquele que tem sido um tema, também ele, recorrente no mundo do wrestling:
A WWE e a construção da próxima geração de wrestlers femininas. E ainda
que não o façamos no geral (até porque a “estrela” da edição desta semana será
a sua mais recente aquisição), achei por bem fazer uma perspetiva e dar algum
contexto, fazer, digamos, um “ponto de ordem à mesa”, até para introduzir a protagonista
da edição desta semana.
É notório que Triple H já anda a querer assegurar que a divisão feminina da WWE tenha wrestlers capazes de “segurar a tocha” – pun definitely intended – pelo menos para os próximos dez anos. Há muitas wrestlers lá dentro que já provaram ser capazes de manter o protagonismo quando for a hora de passar para o Main Roster – Roxanne, Cora Jade e Tatum Paxley são as três principais wrestlers capazes de o fazer neste momento – mas o foco dos fãs tem incidido sobretudo sobre aquelas wrestlers com um currículo de respeito noutras empresas que vêm, também elas, segurar essa tocha e quem sabe, levá-la ainda mais além.
Falo, obviamente, de Stephanie Vaquer e Giulia. Quando
falamos em Stephanie Vaquer e em Giulia falamos de duas wrestlers cuja
chegada à WWE é bastante significativa, embora qualquer rumor mais ou menos
credível que as ligasse à empresa há uns meses atrás fosse suficiente para
gerar cabeçalhos e capas de jornal. Mais do que isso, estamos a falar de duas wrestlers
que eram (e no caso de Giulia, ainda são) a cara das principais empresas
onde estavam – CMLL, STARDOM e MARIGOLD – portanto, toda a excitação gerada em
volta destes nomes é compreensível.
A estas duas junta-se agora uma terceira cara, a quem muita
gente reconhece indesmentível qualidade. Sobre esta terceira aquisição pouco se
sabe – mesmo a nível biográfico – mas a verdade é que levantou verdadeiras
ondas numa zona do globo que até é bastante profícua a gerar talento para o wrestling.
Refiro-me a uma jovem que dá pelo nome de DELTA, ou Delta
Brady, se quiserem. E não, antes que me perguntem, ela não leva a vida a beber
o café do senhor Rui Nabeiro e também não é filha e nem sobrinha do Tom Brady.
A questão é que DELTA é um caso de sucesso apenas comparável
ao de, por exemplo, AZM, ou de Suzu Suzuki, ou, talvez, de Victoria Yuzuki
(embora este último não se traduza, ainda, em títulos ou conquistas
individuais, tirando a de Rookie do Ano, que recebeu ainda na STARDOM).
DELTA é um caso de sucesso mas também é a confirmação do
regresso de uma tendência que a WWE havia quase abandonado com Vince McMahon no
poder: A confirmação do primeiro W.
The
First W stands for “World”
Ora, como todos sabem, o primeiro W na sigla WWE significa “World”, já que WWE quer dizer World Wrestling Entertainment. E sim, a WWE sempre contratou, desenvolveu e pôs nas bocas dos fãs wrestlers de outros pontos do globo, como por exemplo Paige (nka Saraya) (Inglaterra), Gunther (Áustria), Rey Mysterio e Eddie Guerrero (ambos do México), Rhea Ripley (Austrália) e por aí fora.
Por outro lado, a WWE também pôs wrestlers de vários
pontos do globo nas bocas dos fãs pelos piores e mais incompreensíveis motivos.
Para confirmarmos isto basta olharmos para a quantidade de wrestlers japoneses
que a empresa desperdiçou ao insistir em não lhes dar o tempo de antena que o
seu talento merece: Shinsuke Nakamura, Akira Tozawa e até Kairi Sane (na
primeira passagem).
Neste momento, a chegada de DELTA vem confirmar duas coisas:
Que a WWE realmente contrata bons talentos de vários e diversificados pontos do
globo terrestre (Stephanie Vaquer do Chile, Giulia da Itália/Inglaterra/Japão e
agora DELTA, da Austrália), mas não se fica por aí.
Com Triple H no comando do processo criativo, a empresa parece estar mesmo decidida a contratar esses talentos porque acredita no seu potencial e porque sabe que podem vir a ser as próximas grandes estrelas, ao ponto de fazer cedências para garantir que a sua contratação não cai por terra, como aconteceu precisamente com Giulia.
Mais do que isso, ao contratar três wrestlers
com um currículo considerável em outras empresas, Triple H parece ter
abandonado a ideia que Vince tinha desenvolvido nos últimos anos, isto é,
contratar renegados do futebol americano com físico suficiente para passarem
por wrestlers, e transformá-los em wrestlers através do
Performance Center. E sabemos que essa ideia resultou que nem ginjas quando o
único ex-jogador de futebol americano do qual se pode realmente dizer que é um
dos melhores de sempre é o Roman Reigns, e mesmo assim ainda há de vir muita
gente dizer que ele só lá está porque tem Anoa’i no nome…
Quem é DELTA?
Como vos disse, biograficamente falando, de DELTA sabe-se
muito pouco. Mas a nível do seu percurso no wrestling, sabe-se o
suficiente para dizer que ela pode vir a ser um caso sério.
DELTA é uma daquelas wrestlers que se encaixa
perfeitamente no estilo de wrestling que a WWE emprega, mais focado nas gimmicks
e nos wrestlers e nas storylines do que propriamente no wrestling
puro e duro (como é o caso da
AEW). Passada que está a fase do choque após as confirmações de Giulia e
Stephanie Vaquer, não deve surpreender ninguém que estas três wrestlers são excelentes aquisições para a WWE no sentido em que carregam consigo
um carisma e uma popularidade que só a WWE pode – e muito provavelmente vai –
maximizar.
Dito isto, a contratação de DELTA
vem “completar o ramalhete” de uma forma estupenda. Tendo apenas praticamente
quatro anos de carreira, e pouco ou nada sabendo sobre ela no que diz respeito
a dados biográficos, presumimos que DELTA é uma wrestler relativamente
jovem, que já fez muita coisa com especial relevância neste seu curto percurso,
mas que ainda tem muito mais para fazer.
DELTA é uma wrestler que chega da Riot City Wrestling, uma indie australiana onde também atua o seu irmão mais
velho, Dean Brady, contra quem teve o seu último combate em solo australiano.
Já nessa altura o carisma que ela tinha se fazia notar pelas dezenas –
dir-se-ia, talvez, centenas – de cartazes à agradecer à jovem wrestler pela sua passagem pela empresa, outros com os
tradicionais pedidos para que não se fosse embora…
Portanto, temos aqui uma
combinação de dois fatores que é, no mínimo, promissora: Juventude e carisma.
Se a isto acrescentarmos o poderio físico (que é muito e que já faz com que os
fãs alimentem a esperança de a ver, num futuro não muito distante, frente a
frente com Rhea Ripley), então DELTA é o pacote completo e justifica
perfeitamente o rótulo de grande promessa do círculo quadrado.
Falando do carisma e da juventude,
DELTA vai partilhar balneário com aquelas que são consideradas por muitos como
as melhores wrestlers femininas
da atualidade. Estar lado a lado com Giulia e Stephanie é uma grande e
proveitosa oportunidade para ela, não só porque poderá aprender mais e limar
algumas arestas do seu trabalho em ringue, mas também porque poderá desenvolver
e consolidar o seu carisma, que é algo que tanto a anglo-nipo-italiana como a
chilena têm para dar e vender.
DELTA: Que
combates ver para conhecer?
De DELTA diz-se que é uma das mais
brilhantes promessas do wrestling, mas as
notícias da sua contratação (bem como o feedback largamente positivo que muitos
têm dado a esta wrestler) acabam
por apanhar desprevenidos aqueles que não acompanham indies que não sejam aquelas que geralmente têm algum mainstream (as que abordo aqui de forma mais ou menos regular,
portanto).
Sendo assim, decidi recomendar-vos
um par de combates que considero serem suficientemente esclarecedores quanto ao
potencial de DELTA e que acho que vos vão ajudar a perceber o quão boa ela já é
em todos os aspetos. Vai na volta e posso também matar a vossa sede de hardcore matches, porque sei que há sempre fãs mais inclinados
para esse estilo de wrestling. Como
sempre, considerem isto uma espécie de “serviço público”.
DELTA vs Dean Brady – No Holds
Barred Match: RCW Heavy Is The Crown, 6/7/24
Para resumir este combate bastam
apenas três palavras: Um sendoff perfeito.
O momento já era simbólico em
todos os sentidos: Seria o último combate de DELTA no país natal, e logo contra
alguém que a conhece tão bem: O irmão, Dean Brady. A estipulação, parecia,
adequava-se mais a ela, machona destemida com capacidade para levar tudo de
vencida, do que a ele, que se fosse há uns anos atrás não passaria de um cruiserweight enterrado no 205 Live.
Mas mais do que um sendoff perfeito, foi um combate que acabou por ser uma win-win: DELTA despediu-se em grande estilo, com uma
performance forte e que levou ao limite quer o próprio irmão, quer as
convenções da estipulação (as poucas que há). Atacaram-se com tudo: Cadeiras,
mesas, caixotes do lixo e nem o fogo de artifício escapou. Ele, por seu turno,
teve uma exibição bem sólida, demonstrando que um cruiserweight também
pode ter um power game capaz de
rivalizar com os melhores e conseguindo fazer com que a irmã passasse por
momentos de aperto.
Miki Fortune vs DELTA – Title Unification, RCW Battle For Supremacy,
2/12/23
O velho combate que opõe a força
irresistível ao objeto sempre em movimento, mas onde tanto uma como outra se
conseguiram exibir a bom nível. DELTA destaca-se aqui com momentos de pura
força bruta (como um cannonball onde
projeta Miki Fortune contra um dos cantos ou um delayed vertical suplex
como reversão a um inside cradle de Miki),
enquanto Miki acaba por apostar quase sempre num arsenal voador, que também
inclui várias moves de estilo
japonês (saito suplexes, por exemplo).
O que acrescenta mais qualquer coisa a este combate é a unificação dos dois títulos da companhia: DELTA era a RCW Champion e Miki Fortune a RCW Women’s Champion. Após 20 minutos de ação intensa, foi DELTA que acabou a sair por cima, numa vitória que confirmou o seu estatuto como um grande nome da RCW e uma grande promessa do wrestling em geral.
E vocês, já conheciam DELTA? Acham
que se pode vir a tornar num dos grandes nomes do wrestling?
E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não
se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí
em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um
artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!!