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Lucas Headquarters #165 – WWE ID: O regresso do monopólio?


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão, tudo em cima? Bem-vindos sejam a mais um “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! O Halloween já terminou, não já? Então olhem, tenham todos um Feliz Natal, um excelente 2025, já agora bom Carnaval, boa Páscoa, boas férias e yada yada yada. Ah, outra coisa: O processo de descongelamento da Mariah Carey está finalmente completo. Isto quer dizer que lá vamos nós ter de levar com a “All I Want For Christmas Is You”, pelo menos até ao Dia de Reis. Seja o que Deus quiser…




Portanto, hoje quero fazer com vocês um exercício coletivo de “enfrentar os medos”, porque todos nós os temos. Há alguns que ficam connosco quando somos crianças e depois desaparecem (como por exemplo, o medo do escuro, se bem que no caso do Bruce Dickinson… parece que esse medo ficou com ele bem para lá do álbum dos Iron Maiden com o mesmo nome, que data de 1992) e há outros que ficam connosco mesmo quando somos adultos (como por exemplo, o medo de ir à falência, não vá algum bar estar fechado; ou o medo de irritar a esposa, que se ativa dentro de nós de forma inconsciente quando não a deixamos ir às compras).


Mas este exercício que me ocorre fazer esta semana não me aparece por mero acaso. Aliás, não seria descabido se eu vos dissesse que ele está intimamente ligado àquilo que foi a edição número 141 deste espaço, que se não leram, podem fazê-lo aqui.


Basicamente, eu nessa dita edição teci algumas considerações mais ou menos pertinentes sobre indie wrestling, numa altura em que estávamos a dar a conhecer várias indies aqui no site ao postar os seus shows, uma iniciativa que, infelizmente, não teve muita adesão mas que, para mim, será sempre muito querida, porque me permitiu conhecer STARDOM e abriu-me as portas ao joshi, isto já no Verão de 2021, portanto há pouco mais de três anos.


Nessa edição eu realcei algumas daquelas que considero ser as principais virtudes das empresas que, apesar dos poucos (ou quase nenhuns) recursos de que dispõem, conseguem movimentar-se habilmente dentro do desafiante mercado que é o mercado do wrestling. E a primeira virtude que realcei é que o indie wrestling é o começo de tudo. Todos os wrestlers que chegaram aos grandes palcos do mainstream wrestling e que hoje admiramos com uma imensa paixão (Seth Rollins, Becky Lynch, MJF, Willow Nightingale, etc.), todos eles começaram por aqui.






E isso foi importante para eles não apenas para darem os primeiros passos (ou, melhor dito, as primeiras quedas) dentro do ringue, mas também para formarem as primeiras amizades, estabelecerem as primeiras “ligações” dentro deste negócio (de modo a terem uma ideia dos terrenos que querem pisar e das empresas que querem representar)… No fundo, para se moldarem enquanto profissionais deste ramo, complementando, obviamente, a sua moldagem enquanto seres humanos.


A par das indies, outro meio muito importante para a formação de futuros wrestlers são as chamadas escolas (ou academias) de wrestling. E se as indies são o começo de tudo no que diz respeito ao âmbito profissional do wrestling (na medida em que é nas indies que, muitas vezes, os wrestlers se ambientam ao ambiente de competição que o negócio traz, formando também as primeiras amizades e conexões na indústria e cimentando o que aprenderam antes), são as escolas de wrestling que lhes fornecem as bases teórico-práticas que eles depois precisam aplicar quando chegarem aos primeiros combates enquanto lutadores profissionais.


As escolas de wrestling – que, nos últimos anos, têm crescido bastante até no nosso país – proporcionam o desenvolvimento num ambiente muito mais controlado, colocando os wrestlers perante situações e contextos que, obviamente, desconheceriam se fossem jogados de cabeça no wrestling profissional. Na esmagadora maioria dos casos, são os próprios wrestlers que detêm esse tipo de escolas, proporcionando também um valioso capital de experiência aos alunos.


As escolas de wrestling têm, já de si, um papel formativo, mas prevê-se que nos próximos tempos comecem mesmo a funcionar como uma rampa de lançamento para a WWE.


Na tarde da passada terça-feira, surgiram as notícias que a WWE ia lançar a WWE ID, que basicamente ia dar a wrestlers de várias escolas de wrestling uma “via rápida”, digamos assim, para se afirmarem no mundo do wrestling


No início instalou-se a dúvida sobre se isto significaria um regresso da WWE à intenção de monopolizar o produto (algo que tem sido veementemente criticado pelos fãs, sobretudo nos últimos anos), uma vez que as nuances de funcionamento desta nova iniciativa ainda não estão claras para muitos. Mas antes de fazermos esse exercício coletivo de que tanto vos falo, importa explicar primeiro no que consiste o WWE ID, talvez isso ajude a clarificar algumas dúvidas que tenham.


O que é o WWE ID?





O WWE ID (que significa WWE Independent Development) é basicamente uma iniciativa que confere o selo WWE ID a várias escolas de wrestling que dela queiram fazer parte. Qualquer empresa ou escola de wrestling que beneficie deste selo terá o apoio da companhia em três áreas distintas: Treino, Desenvolvimento e Mentoria.


Para já, são cinco as escolas de wrestling que têm o selo WWE ID no início deste projeto: A Reality of Wrestling, de Booker T (Houston, Texas), a Nightmare Factory, de Cody Rhodes (Atlanta, Georgia), a Black and Brave Academy, de Seth Rollins (Davenport, Iowa), a Elite Pro Wrestling Training Center (Concord, New Hampshire) e a KnokX Pro Academy (Los Angeles, California).






Para além disso, a WWE irá identificar potenciais futuros talentos com esse mesmo selo, e estes terão direito, para além de mentoria e desenvolvimento, a apoio financeiro por parte da empresa, podendo também aceder a todas as infraestruturas da mesma, sendo que os fãs também terão direito a testemunhar todos estes pequenos passos que levarão os wrestlers até ao topo da “cadeia alimentar”.


WWE ID: O regresso do monopólio?





Como já tinha dito há bocadinho, esta nova iniciativa da WWE deixou muitos fãs de wrestling com dúvidas e com medos. Basicamente, muitos pensam que a WWE ID abre caminho a uma nova monopolização do mundo do wrestling, que muitos creem que a AEW conseguiu eliminar quando chegou em 2019.

E, se querem que vos seja sincero, esse medo é compreensível. Afinal, dezassete anos de monopólio da WWE, com os últimos anos a serem marcados por decisões criativas questionáveis que resultam na perda da paixão de muitos fãs pelo wrestling (ou pelo êxodo de outros em busca de alternativas mais cativantes, sobretudo no panorama japonês.

Mas parece-me, também, que isto já se parece mais com uma reação provocada pelo trauma do que outra coisa qualquer. Para já, o WWE ID deverá, numa primeira fase, ser maioritariamente aplicado a escolas de wrestling (o que não quer dizer que não existam talentos fora delas que não sejam marcados por esse selo, e com a exceção da ROW, que é considerada empresa) e depois… essas escolas de wrestling são, na sua grande maioria, detidos por talento que já trabalhou, ou trabalha, para WWE. Portanto, nesta primeira fase, o WWE ID “movimenta-se” apenas dentro daquilo que é a hierarquia e o sistema da própria WWE. Não me parece que existam razões para temer o regresso de uma monopolização do produto – e vamos ver uma das evidências disso no ponto seguinte.


Se os wrestlers acham bem…


Embora o foco deste artigo tenha sido a reação que os fãs tiveram a esta nova iniciativa, não deixa de ser menos interessante que alguns wrestlers também já se tenham pronunciado. E aí o caso muda de figura, para melhor, diria eu.






Calcemos as botas de um wrestler. Imaginem vocês que treinam num ginásio que só tem as máquinas básicas e lutam para uma empresa onde ganham, vá, 1000€ por mês. Essa empresa não tem nenhuma máquina de media por detrás (para além dos típicos posts nas redes sociais), e só vão assistir aos shows cerca de 200, 300 pessoas.


Agora, imaginem que têm a hipótese de ficar com o selo WWE ID. Passam a ser mentorados pelo Seth Rollins, por exemplo, e passamos a ter a hipótese de treinar com ele três vezes por semana, com acesso às infraestruturas que a WWE dispõe. Para além disso, vêm documentado o vosso progresso e, dali a uns tempos, ganham um contrato onde vos cai 200000€ na conta ao fim do mês.


E mesmo que não tivessem direito ao dito contrato, só o facto de treinarem com os melhores talentos do wrestling atual, de terem acesso a todo o tipo de infraestruturas e de verem como progrediram para melhor se poderem avaliar a vocês próprios, não vos faria aceitar esta proposta?


Com certeza estariam a mentir se dissessem que não. Com todas as reservas que isto causa, a verdade é que dá a muitos talentos uma hipótese de brilhar quando, muitas vezes, não o conseguem fazer de outra forma. Agora, isto também nos dá uma obrigação enquanto fãs: A de continuar a apoiar as indies e a dar-lhes razão para continuarem a fazer o que melhor sabem com o pouco que têm. Se não o fizermos, aí sim, todo o esforço desenvolvido vai acabar por ser aglutinado por esta iniciativa. Mas se os wrestlers a aplaudem, porque não nós? Ou será que no fim do dia, somos só fãs das empresas?


O que acham desta nova iniciativa por parte da WWE? Acreditam que irá resultar?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!! Ah, antes que me esqueça... bom Crown Jewel!!

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