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Lucas Headquarters #171 – Cinco combates que tens de ver antes de 2024 acabar


Ora então boas tardes, minhas velinhas do Advento!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Como é que estamos a lidar com esse frio? Bem? Lembrem-se que aqui nos Headquarters está sempre mais quentinho, sobretudo agora que estamos a chegar ao Natal…


Mas, para já, ainda não é de Natal que vamos falar. Para já vamos dar um pulinho no calendário, e se isso não é humanamente fazível (que eu saiba, ainda ninguém inventou a máquina do tempo, ao contrário do que me tinham prometido para aí em 2003), ao menos que o façamos aqui, onde as palavras ganham, semanalmente, uma magia que dá cor ao wrestling.


Sim, já perceberam pelo título que esta edição está mais para o fim do ano do que para o Natal. E não é que eu queira ignorar olimpicamente essa venturosa noite em que Jesus Cristo nasceu, aliás, se as empresas de tecnologia e brinquedagem cumprissem, com rigor, o calendário, arrisco-me a dizer que seria Natal a partir de Abril, pelo menos. E bem sei que para que 2024 passe à história ainda faltam, a bem dizer, duas semanas e mais uns pós, pelo que muitos de vocês poderão dizer (e com alguma propriedade) que ainda é cedo para escrever este tipo de artigos, e que devia deixá-los para a última semana, onde o contexto é mais propício e os balanços, positivos e negativos, são feitos de forma mais fácil e natural.


Acontece que estamos a 14 de Dezembro. Como disse, para terminar o ano restam-nos duas semanas, o que, na linha do tempo, é uma ínfima partícula, e tempo insuficiente para que aconteça alguma coisa que mude radicalmente aquilo que é o panorama do wrestling para o que falta percorrer deste ano.


É verdade, temos Saturday Night Main Event esta noite, mas a mim parece-me que será mais um evento para apelar ao nostalgia pop do que outra coisa. A WWE, embora esteja a fazer o trabalho de promoção que lhe compete, não tem promovido aquilo como se de um verdadeiro PLE se tratasse, e mesmo se olharmos ao próprio matchcard, os resultados parecem-me ser estupidamente previsíveis, pelo que não vou gastar muito tempo a falar sobre isso.


Dito isto, penso que, antes de entrarmos definitivamente no espírito natalício (e isso há de acontecer, de uma maneira ou de outra, na próxima semana) vamos começar a fazer balanços. E esta é a altura certa para fazer aqueles balanços que são mais “específicos”, isto é, aqueles que se focam num aspeto em particular e que não contribuem, em grande medida, para o veredito final do ano que termina, porque aí já teremos que olhar para as coisas de uma forma mais abrangente e, sobretudo, mais crítica.


A nível pessoal, este tipo de balanços específicos era algo que já queria fazer, pelo menos, desde o ano passado, porque existe uma quantidade cada vez maior de fãs que prefere focar-se mais naquilo que foram os principais combates do ano do que fazer um apanhado geral daquilo que aconteceu desde Janeiro até aqui. A preferência por este exercício é compreensível, sobretudo quando o fã de wrestling é aquele exemplar do ser humano que está continuamente a fazer um esforço (não raras vezes, um grande esforço) para atrair fãs para o negócio. No fundo, é aquele “serviço público” de que eu tantas vezes falo, e que também faço aqui, embora de outras formas.


Isto não invalida que não se faça uma retrospetiva daquilo que foi 2024 em termos de wrestling lá mais para o fim do ano, isto porque há sempre malta que não acompanhou o wrestling de maneira tão profunda nos últimos doze meses, e quererá ter um apanhado daquilo que se passou ao longo deste ano à sua disposição. Provavelmente será um artigo mais longo, a aparecer lá mais para o fim do ano, portanto peço-vos, desde já, que se ele vier a ganhar vida, tenham paciência para o ler.


Dito isto, este ano decidi trazer-vos um outro tipo de retrospetiva, correspondendo aquilo que é o foco desse grande número de fãs. E quero acreditar que este artigo aparece mesmo na altura certa: Aquela altura em que estamos a caminhar para o fim do ano, no entanto, o dia 31 parece-nos, ainda, relativamente distante, o que ainda vos dá algumas semanas para voltarem a este artigo.


Hoje quero trazer até vocês um top-5 de combates que foram tão bons que precisam de ser (re)vistos até ao dia 31 de Dezembro. A parte boa deste top é que há muito pano para mangas: O que não nos faltou neste ano foi bom wrestling, por isso poderia estar aqui a fazer top-5 atrás de top-5 até ao último dia do ano (e ainda sobrariam combates).


Outro aviso que acho pertinente fazer é que venham para esta edição com a mente o mais aberta possível. Sim, provavelmente vão encontrar aqui combates da WWE ou da AEW (estranho seria se assim não fosse), mas eu queria direcionar o foco para o joshi ou para as indies, já que representam aquela fatia da indústria que muita gente ouve falar, mas que ainda não teve o tempo ou a disposição necessária para experimentar e ver. E digo-vos, meus amigos… vocês não sabem o que estão a perder.



#5 – Mayu Iwatani vs Syuri (STARDOM All Star 

Grand Queendom 2024)





Os primeiros meses do ano não foram nada fáceis para a STARDOM. A empresa até começou o ano de forma relativamente grandiosa: O primeiro evento do ano, Ittenyon STARDOM Gate, deu-nos dois combates que ainda hoje estão entre os favoritos dos fãs (Maika e Megan Bayne vs Giulia e Suzu Suzuki e, para muitos um dos combates do ano, Syuri vs Mayu Iwatani pelo IWGP Women’s Championship).


Até que chega Fevereiro e acontece toda a polémica que envolve Rossy Ogawa e que culmina na sua saída da empresa e na formação daquilo que seria a MARIGOLD, passados uns meses. O primeiro grande PPV da companhia, já sob a tutela de Taro Okada, é o All Star Grand Queendom de Abril. As dúvidas eram muitas (como seria de esperar, porque o booking de Ogawa, com todos os seus clichés e picuinhices, até nem era dos mais controversos) e para as afastar, Taro resolve colocar frente a frente o ícone da sua empresa com aquela que estava (e ainda está) acima de todos os outros: Sareee. Em jogo, o IWGP Women’s Championship.


Para Sareee, tratava-se de provar que o seu regresso ao Japão tinha como objetivo dominar a cena joshi, depois de um período na WWE que ficou abaixo das expetativas. Para Mayu Iwatani, o principal objetivo era solidificar a sua lendária reputação, sabendo que pela frente teria uma Sun Goddess com renovada ambição.


O combate foi tudo aquilo que se esperava dele e mais um pouco. Desde o início rápido que nos deixou imediatamente presos ao ecrã até momentos de ofensiva mais estratégica e deliberada em que tanto uma como outra intercalavam o domínio do combate, a contenda teve de tudo. Teve emoção. Teve fisicalidade. Teve aqueles momentos em que duvidamos que o herói conseguiria superar o obstáculo. Mayu Iwatani e Sareee quase se aniquilaram uma a outra dentro de ringue, e mesmo na parte final do combate, quando os corpos se arrastavam e os cabelos já apontavam em múltiplas direções, elas nunca deram parte fraca e tentaram sempre superiorizar-se e mostrar aos fãs que valeu a pena acordar e sair da cama só para ver aquele combate. E valeu. 


A vencedora pouco importou: A história de superação contada por Mayu perante a dificuldade do obstáculo chamado Sareee foi o que fez deste combate um dos grandes combates de 2024.



#4 – Trilogia Mika Iwata vs Saori Anou 

(Junho/Setembro de 2024)




Pelo andar da carruagem, é uma trilogia que vai, com certeza, transformar-se em tetralogia mais cedo ou mais tarde (ver o que aconteceu depois do fim do combate contra Syuri) mas a trilogia que opôs Mika Iwata, da Sendai Girls, contra Saori Anou, da STARDOM, é dos momentos que marca o Verão deste ano que termina, sobretudo quando há um (ou vários) títulos em jogo.


O que distingue esta trilogia de tudo o wrestler é que coloca frente a frente duas wrestlers com uma aura semelhante nas respetivas empresas, mas cujas abordagens em ringue são substancialmente diferentes: Mika Iwata é mais intensa, Saori Anou mais cerebal. Mika Iwata mais carismática, Saori Anou mais reservada no seu carisma.


No entanto, esta trilogia trouxe ao de cima não só o melhor de Mika, mas sobretudo o melhor de Saori. Isto porque a trilogia começou de forma surpreendente, com a wrestler da Sendai a vencer o primeiro combate e a tornar-se Wonder of STARDOM Champion. Tudo isto fez com que Saori fosse obrigada a sair da sua zona de conforto e a apresentar-se com o mesmo grau de intensidade que Iwata exige, algo que foi bem patente no segundo combate. No terceiro, a qualidade decresceu, mas a animosidade que se viu nos outros dois compensou essa perda. Pela forma surpreendente como começou e pelo desenvolvimento psicológico ao longo dos três combate, a trilogia Iwata/Anou é algo que vale a pena rever uma e outra vez.



#3 – AJ Styles vs Cody Rhodes (WWE Backlash, 4 

de Maio)




“Il est vraiment fenomenal lalalala”

Quando falamos no combate entre AJ Styles e Cody Rhodes é impossível não nos lembrarmos da entusiástica reação do público francês àquele que foi um dos grandes combates do seu reinado. E acreditem ou não, eles fizeram metade do trabalho!


Cody Rhodes tinha pela frente o seu primeiro grande teste depois de ter terminado a sua história. O adversário não era nada fácil: AJ Styles, também ele um ex-WWE Champion por várias vezes, e que já derrotou, entre outros, John Cena e Kevin Owens. Mas tanto um como o outro souberam estar à altura, proporcionando um combate extraordinariamente mais brutal do que o que se esperava, com suplexes na borda do ringue e powerbombs na mesa de comentadores, Cody Rhodes a deixar passar a ideia de que talvez o seu reinado não durasse mais de um mês e AJ Styles a não acusar os 46 anos de idade.


Tudo neste combate assentou que nem uma luva. Não só os intervenientes em si, não só o trabalho do público, mas sobretudo o novo papel que AJ Styles parece ter na dinâmica da WWE. É verdade, vemo-lo menos vezes na TV; é verdade, quando o vemos, quase sempre há um grande combate a caminho. Mas chegar aos 50, 50 e poucos e transformar-se na atual versão de Chris Jericho é um risco. Ele sabe-o e a empresa também. Ao potenciar novos talentos, AJ Styles não deixa de demonstrar o seu talento e a WWE tem o futuro assegurado. Todos ficam a ganhar.



#2 – Utami Hayashishita e Giulia vs Sareee e 

Bozilla (MARIGOLD Fields Forever, 20 de Maio)





O que é que acontece quando vemos pela primeira vez uma wrestler da qual nunca tínhamos ouvido falar? Uns ficam curiosos, outros ficam mais céticos. É normal, ainda por cima quando estamos a falar de wrestlers jovens.


Este combate apresenta-nos uma exceção: Bozilla. Até então uma perfeita desconhecida, Bozilla foi o joker que Rossy Ogawa trouxe para a estreia da MARIGOLD, colocando-a ao lado de Sareee contra Giulia e Utami Hayashishita. A parceira era de peso, mas as adversárias também. Iria Bozilla claudicar? Nem por isso.


Agilidade suficiente para aguentar com uma moldura de 1,83 m, força que justifica o porquê do nome Bozilla e uma agilidade surpreendente, como foi possível ver pelo moonsault feito no fim do combate.


Mas falando do combate em si, foi um combate que teve um sabor especial não apenas por ser o main event do primeiro PPV de uma companhia, mas porque três das melhores lutadoras do wrestling atual “apadrinharam” uma das maiores promessas da indústria. Para além disso, foi um combate que se destacou pelo facto de Giulia ter lutado lesionada durante mais de metade da contenda, o que, por incrível que pareça, aumentou a qualidade e o interesse do combate, porque hoje em dia, quando o wrestler se lesiona, o combate quase sempre termina a meio. 


Giulia quis mostrar que “o espetáculo tem de continuar”, porque, no wrestling como em qualquer indústria, é assim que deve ser. E continuou. Continuou tanto que passados dois meses, ela recuperou quase milagrosamente da sua lesão para tentar fazer história na MARIGOLD e enfrentar Sareee pelo MARIGOLD World Championship e, mês e meio mais tarde, estava a fazer a tão aguardada estreia na WWE. E ela vai continuando a dar espetáculo…



#1 – Will Ospreay vs Bryan Danielson (AEW 

Dynasty, 21 de Abril)





E por falar em espetáculo…


Para mim, o grande combate do ano de 2024, que opôs não só dois dos melhores wrestlers de sempre, como também representou um intrigante choque de estilos: O de Ospreay, mais vistoso, e o de Bryan Danielson, mais técnico.


Mas acima de tudo, o que este combate representa para mim é a excelência. A excelência que um combate de wrestling consegue ter quando tudo é bem feito, quando o suspense é constante (como o foi neste combate, sobretudo naquele spot em que Ospreay, a meio de um voo, é atingido por uma espécie de busaiku knee), quando os wrestlers estão em sinergia, mas sobretudo quando a estas três condições nós juntamos… a vibração do público. 


Foi uma das raras vezes em que vi o público americano, tantas vezes criticado (e bem, infelizmente) pelo pouco interesse que passa para os combates, por estar, passo a expressão, “morto”, na maioria das vezes, tão atraído e investido num combate. E muitas vezes foi elogiada a reação do público no combate entre AJ Styles e Cody Rhodes, que nos esquecemos que esta foi quase tão vibrante. E é pena também porque este foi um dos poucos momentos de brilho num 2024 em que a AEW me pareceu, demasiadas vezes, andar à toa. Mas foi brilhante o suficiente para que as pessoas se lembrem deste combate para os próximos dez, vinte anos.


E vocês, que combates marcantes destacariam neste 2024?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!!

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