Lucas Headquarters #176 – WWE e TNA: Até que o tempo os separe
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão!!
Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no
WrestlingNotícias!! Como é que estão a lidar com este frio? Espero que bem. Se
não tiverem lareira em casa ou se o vosso aquecedor vos estiver a falhar, podem
sempre pôr os olhos no wrestling, até
porque os últimos dias têm sido… quentinhos.
Quê? Pensavam que lá por causa do Penta se ter estreado neste
último RAW que era tudo uma maravilha, sugar,
spice, and everything nice? Isso queriam vocês!! Já sabem que, no que toca
a wrestling, “não há bem que sempre
dure”. Para além disso, convenhamos, escrever artigos de opinião, hoje em dia,
é um pouco como comentar política: As vossas opiniões vão colocar muita gente
contra vocês, e se o mundo do wrestling fosse
um sítio onde tudo corresse bem, nem tinha piada um gajo vir para aqui todos os
fins-de-semana dar o seu bitaite.
Como se já não bastasse a estranha situação que envolve Corey
Graves (até ao dia de hoje ninguém sabe se aquilo é um work ou não, e vale lembrar que Graves, que se retirou dos ringues
no final de 2014 devido às múltiplas concussões que sofreu ao longo da
carreira, foi declarado apto para lutar em 2022), no dia de ontem ainda tomámos
conhecimento da situação que envolve Jaida Parker (e acerca da qual eu não vou
comentar, por não estar na posse de todos os detalhes e por aqueles que
chegaram até mim serem, na minha opinião, pouco claros).
Portanto, acho que é justo dizer que o wrestling, e em particular a WWE, atravessa, por esta altura,
tempos… sensíveis, à falta de um melhor termo. Contudo, há aqui um detalhe que
me veio à cabeça, mas que, sendo verdadeiro, é interessante constatar: Já há
dois anos que a WWE chega ao novo ano a ter que lidar com alguns pontos de
interrogação, quase todos eles com implicações bem mais profundas do que aquelas
que, à partida, poderíamos imaginar.
Vamos recuar até 2023. Se bem se lembram, uns meses antes, no
pico do Verão de 2022, Vince McMahon anunciava, de forma repentina e
surpreendente, a sua decisão de se afastar da WWE, em consequência dos vários
escândalos de abuso e tráfico sexual de que era protagonista e que, no último
mês, haviam sido desvendados. No entanto, precisamente no início desse novo
ano, o eterno “chefão” da empresa acabou por regressar, de forma a oficializar
a venda da empresa ao novo grupo que, mais tarde, havia de se chamar TKO.
Um ano depois, novamente um gigantesco ponto de interrogação
e novamente obra de Vince McMahon. Às portas do Royal Rumble, é descoberto um
novo caso a envolver o ex-CEO, desta vez com novas acusações de abuso sexual
contra Janel Grant, um imbróglio ainda está por resolver.
No entanto, no meio de tantos pontos de interrogação, surge
um interessante ponto de exclamação, que tem entusiasmado os fãs e suscitado os
mais diversos tipos de opiniões (quase sempre divergentes, como seria de
esperar): A WWE e a TNA oficializam,
finalmente, um acordo de parceria.
Reparem, pois, na escolha do verbo: Oficializar. Certamente que já perceberam que há aqui uma
diferença, pois a escolha mais óbvia, ao falar deste tipo de acordos de
cavalheiros, seria “formar”. Mas não. Oficializar.
Na prática, isto era um acordo que já existia. Se bem se
lembram, falei disso no Verão passado, quando abordei os possíveis receios em
relação a este tipo de acordos feitos com uma empresa com a dimensão planetária
que a WWE tem, dentro e fora daquilo que é o espectro do wrestling.
Aqui entre nós que ninguém nos ouve, a WWE parecia estar
bastante confiante que ninguém para além deles se iria chegar à frente e fechar
um acordo com a empresa agora liderada por Leonard Asper. Prova disso é o facto
de, no ano passado, Joe Hendry e Jordynne Grace terem aparecido regularmente na
programação do NXT, ambos com storylines de
considerável relevância.
Jordynne Grace foi uma das nove desafiantes de Roxanne Perez
durante o seu reinado como NXT Women’s Champion (tendo desafiado a então campeã
no NXT Battleground em Junho) e Joe Hendry foi uma das figuras principais da brand amarela durante todo o Verão,
tendo enfrentado o então NXT Champion Ethan Page no No Mercy de Setembro. Para
além disso, Hendry conseguiu elevar ainda mais a sua popularidade junto dos
fãs, pondo-os a cantar a sua theme song, a
mesma theme song que vai agora tentar
levar à… Eurovisão (portanto, se durante este ano o wrestling voltar a subir de popularidade, provavelmente já
saberemos o nome do principal culpado).
Essa confiança que a WWE demonstra está presa a uma série de
fatores, mas talvez o principal fator tenha a ver com o falhanço da parceria que a AEW tentou estabelecer com a própria TNA
nos finais de 2020, e que possibilitou a nomes como Don Callis, Kenny Omega
ou os Good Brothers (que na altura estavam na TNA) aparecer em ambas as
empresas.
Podíamos apontar aqui uma série de fatores pelos quais essa
parceria acabou por falhar, sejam eles meramente contextuais (pandemia) ou
simplesmente porque o foco parecia estar concentrado apenas em Kenny Omega, que
na altura era – e ainda hoje continua a ser – o real deal da Elite…
O que acontece (e isto acredito que seja plenamente
verdadeiro) é que a WWE sabia que, tão cedo, a AEW não quereria voltar a ter
relações tão próximas com a TNA, ainda por cima sabendo que a empresa de Tony
Khan tem uma parceria bastante sólida e frutífera com a New Japan. Portanto,
pôr a tinta no papel relativamente a alianças deste género também não era
nenhuma sangria desatada, principalmente atendendo ao facto de que a TNA,
enquanto marca pertencente à indústria do wrestling,
já não tem o fulgor de outros tempos.
Tudo o que pode correr
mal, vai correr mal
É claro que, no calor da novidade, há sempre aquele
comentário mais pessimista (ou mais tribalista, digamos antes assim) a dizer
que a parceria da WWE com a TNA é um risco, que nunca devia ter acontecido, bem
ao estilo do que nos diz a famosa “Lei de Murphy”:
"Tudo o que pode correr mal, vai correr mal, no
pior momento possível."
E a minha resposta a isso é: Não me digam…
Então, mas alguma vez uma empresa vai fazer uma parceria com
a confiança cega de que tudo correrá bem para o seu lado? Ainda estamos na era
do Vince, ou quê?
É claro que esta reserva em relação à oficialização da
parceria entre a WWE e a TNA é mais um ataque de stress pós-traumático de quem
viu o negócio ser dominado unicamente pela WWE durante mais de 20 anos, os
últimos dos quais dominados por perspetivas egoístas acerca do negócio, que
levaram a decisões, no mínimo, questionáveis.
Mas, antes de fazer qualquer juízo de valor acerca desta decisão, é importante termos em conta duas coisas: Primeiro, saber porque é que a parceria entre AEW e TNA falhou, bem como porque é que a parceria da WWE com a mesma empresa corre menor risco de falhar. Segundo, ter em conta que esta parceria só compreende, para já, o NXT e não a WWE como um todo, o que não invalida que o Royal Rumble não nos traga algumas surpresas.
A parceria da AEW com a TNA falhou porque não foi explorada o suficiente. A
intenção era nobre (voltar a dar alguma pujança à TNA através da exposição dos
seus talentos na AEW e vice-versa) mas o foco acabou sempre por estar no homem
que, na altura, falando puramente dos wrestlers,
estava no topo da hierarquia (entenda-se, Kenny Omega). O resto não interessava
assim tanto.
É claro que, com o passar dos meses, outros nomes foram
também chegando ao topo. Mas, no entender dos responsáveis da TNA, talvez esses
nomes não rendessem tanto quanto o Cleaner
rendia. O foco mudou, e por isso a parceria deixou de ter razão de existir.
Com a WWE não é bem esse o caso. Há um desequilíbrio gritante
relativamente às divisões masculina e feminina dentro da brand amarela
(do lado masculino, apenas Ethan Page, Trick Williams e o atual campeão Oba
Femi, enquanto que do lado feminino há Stephanie Vaquer, Zaria, Cora Jade, Sol
Ruca, Kelani Jordan, sem esquecer a recém-coroada campeã Giulia).
Para além disso, ainda há mais outra condicionante. Como
disse há pouco, longe vão os tempos em que a TNA se podia afigurar como a
principal concorrente da WWE nas várias frentes da indústria. Hoje em dia, a
TNA está no mesmo campeonato de empresas como a MLW e a GCW (o que não é menos
meritório, atenção). Mas a dimensão onde a TNA se encontra neste momento é
manifestamente inferior à da WWE. Ora, uma parceria entre ambas pode ajudar a
equilibrar o roster do NXT, consolidar a posição da WWE e dar uma nova esperança
a uma TNA que não tem conseguido recuperar a posição que um dia já teve.
Se era mais previsível – para alguns até mais natural – que a WWE comprasse a TNA de um todo? Talvez. Mas depois reclamavam à mesma…
Surpresas no Rumble?
Tendo em conta aquilo que aconteceu no ano passado, ter wrestlers
da TNA a aparecer, uma vez mais, nos Royal Rumble Matches era uma forte
possibilidade mesmo sem ter nada assinado. Diria que, com este acordo, passou a
ser uma certeza. A questão é: Quem?
O nome que reúne mais consenso é o de Masha Slamovich. A
atual TNA Knockouts Champion deu sinais muito fortes disso ao estar presente no
mais recente episódio do NXT, e tendo em conta que, há um ano, Jordynne Grace
entrou no Royal Rumble feminino enquanto detentora do mesmo título, não seria
surpreendente.
No plano masculino, diria que os Hardy Boyz são uma
forte possibilidade, mais não seja porque um dos participantes do Royal Rumble
Match masculino é CM Punk, que em 2009 travou uma escaldante rivalidade com
Jeff Hardy, que culminou na saída deste da WWE após perder o famoso Steel Cage
Match pelo World Heavyweight Championship no SmackDown, isto numa altura em que
estava em final de contrato. Pelo historial de participações que teve enquanto
esteve na WWE (e pelas exibições que fez em todas), Nic Nemeth (fka
Dolph Ziggler) também não é um nome a descartar.
E vocês, o que acham desta nova parceria entre WWE e TNA?
Acham que vai ser benéfica para ambas as empresas?
E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não
se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí
em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um
artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!