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Lucas Headquarters #177 – Seri Yamaoka: Impacto imediato



Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Como se têm aguentado com essa chuva? Levaram muitas molhas? Não se preocupem, que o tempo que levam a ler isto chega bem para ficarem sequinhos.


Ora bem, hoje apetece-me falar de rookies. Novatos. Aquelas pessoas que chegam à empresa, muitas vezes para cargos de alta responsabilidade, ainda a tentar perceber como é que a dinâmica da própria empresa (e, às vezes, o mundo) funciona.


Há aqueles novatos para os quais nós olhamos e percebemos logo que, não importa se levam cinco, dez, quinze, vinte, vinte e cinco anos, nunca vão conseguir desempenhar como deve ser a mais básica das funções e a mais ignóbil das tarefas que lhe pedem. E isto pode acontecer por variadíssimas razões: Ou tiraram um outro curso (ou formaram-se profissionalmente numa outra área) e caíram de cabeça num emprego que diz respeito a um curso ou área completamente diferente, ou simplesmente, são incapazes de o fazer, mesmo que tenham estudado alguma coisa (nada contra, não podemos ser bons em tudo e nem toda a gente pode ser um génio da física quântica).


Com o wrestling acontece exatamente o mesmo. Há aqueles rookies que aparecem e nós percebemos logo que vai sair dali um dos melhores wrestlers do mundo no espaço de dez a quinze anos, e há outros que, por muito que se esforcem, nunca vão passar, no máximo, do lower midcard.


Sim, admito, quando o assunto é wrestling, o facto de ser rookie e ser promissor ou não tem muito que se lhe diga, mas também é importante perceber que no wrestling nem tudo é preto, nem tudo é branco.


O que é que eu quero dizer com isto?


Simples: Um rookie pode ser bom ou mau logo à partida, como acabei de explicar. Pode estar ali um diamante em bruto ou apenas uma tentativa desesperada de virar wrestler sem que para isso haja talento nem cabeça. Mas muitas vezes, há rookies excelentes que são vítimas de bookers maus, assim como há rookies com menos capacidades (eufemisticamente falando) que beneficiam de um booking excelente, dentro daquilo que são as suas capacidades.


Para surpresa de absolutamente ninguém, a WWE é pródiga em fornecer exemplos deste tipo de rookies que beneficiam ou são prejudicados pelo booking. O Wade Barrett, por exemplo, é um dos casos mais flagrantes de um wrestler cheio de potencial que foi prejudicado, de certa forma, por esse booking. 


Claro que certas lesões que teve também não ajudaram muito a sua causa, mas como é que alguém, ainda hoje, consegue explicar que um wrestler que dominou a primeira temporada do NXT (quando ainda era uma espécie de reality-talent-show) e que marcou toda uma geração como líder dos Nexus tenha tido uma trajetória descendente de tal ordem grande que quase ninguém se lembra de algo memorável que os seus seis reinados como Intercontinental Champion tenham tido (e vamos falar do falhanço que foram os The Corre)?



No Japão, parece não existir tanto o risco de estarmos perante rookies que podem redundar em autênticos falhanços. A razão é só uma e, parecendo que não, é uma razão que faz toda a diferença: Conjugando-a com o facto, já aqui muitas vezes debatido e explorado, de começarem a entrar em ringue muito cedo, estes e estas rookies são atiradas de cabeça para um contexto muito competitivo, competindo desde cedo em shows e PPV’s de elevada importância, ou, mesmo que se estreiem num show secundário, competem contra adversários com currículos de respeito, mesmo que para esses novatos só estejam reservados os combates do lower card durante o primeiro ano ou dois.


Vou dar-vos aqui três exemplos muito recentes, o terceiro dos quais vou explorar mais em detalhe. O primeiro exemplo é o de Victoria Yuzuki, que é atualmente uma das grandes esperanças do joshi e a atual MARIGOLD Superfly Champion. 



Impressionou tudo e todos com a sua auspiciosa estreia no New Blood West em Novembro de 2023 contra Momo Watanabe, impressionando sobretudo pela sua movimentação e capacidade de vender os golpes. Subiu de forma quase meteórica na STARDOM, venceu o torneio de Rookie of the Year relativo a esse ano mas infelizmente foi apanhada no meio do escândalo que levou à saída de Rossy Ogawa e ao surgimento da MARIGOLD. 






Por incrível que pareça (ou não), o surgimento da nova empresa beneficiou-a em grande escala: Com um roster mais pequeno e um ambiente menos caótico (a que se juntou a sabedoria de grandes pesos pesados do wrestling feminino oriental como Giulia, Utami Hayashishita ou Nanae Takahashi), Victoria Yuzuki conseguiu, aos poucos, cumprir todas as expectativas que se teciam a seu respeito. Fez história, ao protagonizar com Takahashi o primeiro combate de sempre da MARIGOLD e ganhou, no First Dream, o primeiro título da carreira, dando mais um grande passo para o que se espera ser um excelente percurso.





O segundo exemplo é o de Ranna Yagami, que está atualmente na STARDOM (onde faz parte das God’s Eye). Ranna Yagami aparece-nos como uma wrestler com um estilo muito técnico, com larga inspiração nas artes marciais mistas. Estreou-se no New Blood 12, que teve lugar em pleno dia de Natal em 2023. Com base no seu estilo, o que é que a STARDOM fez para ajudá-la a mostrar todo o seu potencial? Colocou-a frente a Syuri. Não venceu, como é óbvio, mas deixou indicações muito positivas (sobretudo a nível ofensivo, já que na técnica a sua adversária é muito superior) e rapidamente conquistou um lugar nas God’s Eye, onde vai ganhando cada vez mais consistência.





O terceiro exemplo é o de Seri Yamaoka, esse sim, é aquele que quero analisar com mais detalhe já de seguida.


Seri Yamaoka: Porquê tantas esperanças?


Quem está relativamente bem informado sobre aquilo que se passa dentro da MARIGOLD já se deve ter apercebido que o impacto de Seri Yamaoka na empresa foi… imediato. Até vou mais longe, e arrisco-me a dizer que o impacto de Seri Yamaoka na MARIGOLD foi mais imediato e sonante do que muitas estreias no wrestling a nível mundial, sobretudo olhando para os três principais polos onde este desporto ganha protagonismo (Estados Unidos, Japão e México). Obviamente que, para este raciocínio, não contam as estreias de famosos que se tornaram wrestlers (por exemplo, Logan Paul) porque o foco aqui está numa carreira inteiramente dedicada ao círculo quadrado.


A questão aqui é saber porque é que uma novata como Seri Yamaoka reúne tantas esperanças ao ponto de, em duas semanas de MARIGOLD, já ter à cintura o Twin Star Championship, que partilha com Nanae Takahashi.


Isso acontece porque Seri Yamaoka é uma wrestler destemida, ou seja, não se deixa limitar pelo seu estatuto de rookie e procura sempre ir mais além. Prova disso é a altercação que teve com Giulia ainda antes de esta deixar o Japão, e que serviu como o seu “cartão de visita”.


Depois, é porque Seri é uma wrestler já com background no wrestling amador. E se nunca a viram lutar wrestling amador antes de a verem na MARIGOLD, não se preocupem, isso reflete-se nos combates. Mas todo esse background torna-a numa wrestler bastante completa a nível técnico e a nível de química com as outras wrestlers. Esta segunda caraterística é bastante rara de se encontrar quando falamos de uma rookie, mas é facilmente comprovável pela forma como Seri obrigou MIRAI a empatar com ela no seu primeiro combate no First Dream (MIRAI haveria de pedir overtime e vencer) e como se bateu com duas wrestlers fisicamente superiores (Tank e Bozilla) no combate onde haveria de se tornar campeã.




Portanto, a esperança que é depositada em Seri Yamaoka não se resume apenas ao facto de ela saber escolher os momentos certos para marcar uma posição, senão também por demonstrar, dentro do ringue, a ambição que a carateriza. Demonstrar que já tem a cabeça no lugar certo aos 18 anos é muito raro para quem está a começar uma carreira num ramo tão imprevisível como o wrestling, mas é algo que parece não deixar dúvidas que Seri Yamaoka está destinada a grandes voos.


Levada pela mão de Nanae Takahashi



Certamente que, do ponto de vista técnico, Seri Yamaoka parece já reunir a certeza de muitos fãs relativamente ao futuro brilhante que terá (que é comprovado, de resto, pelo título que carrega). Mas há um fator que complementa toda esta ascensão quase meteórica que Seri está a atravessar, e esse fator chama-se Nanae Takahashi.


Takahashi, bem o sabemos, é uma lenda do joshi wrestling, que já fez de tudo e mais um pouco no ramo: Fundou empresas e fez parte do roster inicial de outras tantas. Mas talvez lhe faltasse uma coisa antes de fazer cair o pano sobre a sua extraordinária carreira: Passar o testemunho.

 


Com a sua retirada, já anunciada, a aproximar-se a passos largos, Nanae quer certificar-se – e bem – que a MARIGOLD fica em boas mãos assim que a sua história terminar. Talvez a escolha de Seri Yamaoka tenha sido algo… inusitada (talvez uma wrestler como, por exemplo, Natsumi Showzuki, mais velha e mais experiente, fosse uma escolha mais sensata na opinião de muitos), mas a verdade é que Nanae parece procurar alguém que possa levar a MARIGOLD a bom porto a longo prazo, agindo como a líder do balneário daqui a dez ou quinze anos.


Seja como for, a mentoria de Seri Yamaoka por parte de Takahashi, apesar de se traduzir, naturalmente, num reinado curto, parece ser o selo final de aprovação por parte de uma das maiores veteranas do joshi e também a confirmação de que Seri está destinada a grandes coisas. Se vai atingir tudo aquilo a que está destinada ou não? O tempo dirá. Mas está no bom caminho.


Qual é a vossa opinião sobre Seri Yamaoka, tendo em conta o pouco que se viu dela? Acham que poderá vir a ser um dos grandes nomes do joshi a médio-longo prazo?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!!

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