Ultimas

Lucas Headquarters #185 – John Cena como nunca ninguém o viu


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Já estamos na Primavera e ainda continua a chover? Nunca pensei que São Pedro consumasse um heel turn…


E por falar em heel turns, finalmente tivemos um vislumbre mais profundo sobre aquele que é o heel turn da década, do século (talvez do milénio?). Finalmente tivemos acesso às motivações, às razões, aos fundamentos, se assim quisermos. E deixem que vos diga que, como é apanágio do público europeu, a malta de Bruxelas fez a sua parte e deu a John Cena a reação popular que o momento pedia, algures a variar entre o repúdio e a descrença, a pulular entre a tristeza e a desilusão.




Mas antes, quero reiterar aqui um ponto, e acho que todos vocês me acompanham neste sentimento. Quando eu falei das previsões para 2025 (primeiro artigo do ano, estão recordados?) fiz algumas previsões que considerava serem “loucas” o suficiente para terem lugar num artigo de opinião, mas ver o John Cena como um heel numa altura tão simbólica da sua carreira como o seu último ano não estava no meu bingo para este ano. Não esperava que houvesse, nesta altura do campeonato, um tão violento abanar da fundação moral onde se situa o herói que é John Cena.


E mesmo quando estava a fazer a antevisão ao Elimination Chamber, sempre concebi como real e perfeitamente plausível a hipótese de ser ele levar a vitória, mesmo que às custas de alguém como Seth Rollins ou CM Punk, que tinham igualmente mérito na possível vitória. A partir daí pensei que ele se mantivesse como o goody-two-shoes, o típico bonzinho que ele sempre foi – e não havia mal nenhum com isso, quer dizer, no seu último ano, a última exigência que se pode fazer é que haja tamanha mudança de personagem. Tudo isso parece, neste momento, irrisório.


Uma coisa que me parece que continua bem assente – e todas as evidências apontam para isso – é que John Cena vai definitivamente quebrar o recorde de Ric Flair e ser World Champion por uma histórica décima sétima vez, mas isto era algo que era preciso ter presente mesmo com o John Cena do lado bom da força. 



E isto a mim não me incomoda nem um bocadinho, quer dizer, eu acho que há recordes que deviam ter permanecido intactos (a Streak do Undertaker sendo o mais flagrante desses recordes, ainda me recordo do dia em que um dos meus amigos me disse que o Brock Lesnar o tinha derrotado na WrestleMania XXX), mas com este recorde até nem vou ser muito picuinhas, pelo simples facto de que a WWE já por várias vezes, direta ou indiretamente, nos foi dando pistas de que John Cena iria mesmo fazer o impensável e afirmar-se como o homem que mais vezes chegou ao topo na empresa. 


A este ponto, creio que a única pergunta que ainda ecoa nas nossas mentes passadas três semanas, para além do tradicional porquê?, é: Mas que raio estava Travis Scott a fazer ali?. É que isto já parece aquele famoso meme dos três dragões…





Era suposto ser o Cody…






Logo após o consumar do acontecimento, ainda afogados nos gritos de espanto (ou no silêncio da surpresa) circulam as informações de que o alvo do heel turn era suposto ser… Cody Rhodes.


Agora que penso nisso, faz todo o sentido, dados os maneirismos que Cody Rhodes vinha demonstrando ao longo das últimas semanas, sobretudo na feud com Kevin Owens, em que começou a ser mais e mais agressivo – até nas promos, principalmente quando estas implicavam um confronto.


A questão primordial (que depois nos levará a outra) é se um heel turn no Cody faria sentido. Para responder a esta questão precisamos de ter em conta aquilo que tem sido o reinado de Cody enquanto campeão: Um reinado intermitente, com tantos laivos de brilho como de falta dele.


Sim, esta é uma opinião que choca (e vai chocar) muitos dos que vão ler este artigo, mas a verdade é que o reinado de Cody não é aquilo que muita gente acredita que é. Do ponto de vista daquilo que realmente interessa (ou devia interessar), o reinado do Cody tem sido algo… desapontante.


Têm faltado as feuds memoráveis que muitas vezes definem reinados e cimentam os campeões: Neste espaço de um ano (ou pouco menos do que isso), as únicas feuds memoráveis que o American Nightmare teve ao longo do seu reinado foram contra AJ Styles, no pós-WrestleMania XL, e contra Kevin Owens, que culminou num grande combate que vimos no Royal Rumble. Tudo o resto pareceu um conjunto de combates que só existiram para dar corpo a este reinado. Coincidência das coincidências, o combate contra AJ Styles deu-se frente ao público europeu (no Backlash que teve lugar em Paris). Ou seja, a diferença dos públicos na América e na Europa, e como a diferença do dia e da noite – nada que não tenhamos já reparado e mencionado.








Tendo tudo isto em conta, quando a pergunta é se um heel turn de Cody Rhodes faria sentido, a minha resposta é sim e não. Sim, se o reinado do Cody fosse muito semelhante àquele de Roman Reigns, com o atual campeão a reter o título por mais um ano; e não, se o plano for, precisamente, o de ter John Cena a tornar-se campeão.


Mas, sinceramente, eu penso que a hipótese de ter Cody Rhodes a heel só para estender o reinado dele por mais um ano não faz qualquer sentido, mais não seja porque a WWE estaria a aplicar uma fórmula que já foi usada com o Tribal Chief e que não produziu os resultados desejados: Se no primeiro ano, os fãs estiveram completamente engajados no reinado, por ter uma história complexa e com várias camadas para descobrir, no segundo ano já não foi assim, muito por culpa de terem visto uma expectativa a não se transformar em realidade, vulgo Cody Rhodes a vencer o título na WrestleMania 39.



Aqui seria a mesma coisa: Por muito que a ideia de um Cody Rhodes heel, ao estilo Homelander, fosse tentadora, o público não alinharia nesse cenário pelo valor simbólico que um último título conquistado por John Cena no seu último ano de carreira teria, na sua memória enquanto fãs e na História da indústria. Com a expectativa que John Cena carrega para este último sprint, estragar todo este hipotético cenário é um risco que a WWE não quer correr.


John Cena heel: Fará sentido?



E chegamos ao busílis da questão: John Cena como heel. Como disse, é um ponto que não estava nas previsões de muitos, nem sequer na minha, tal como não estava quando, em 2011, quando esteve quase a acontecer e pelo quase se ficou, muito por culpa de Vince McMahon, que via John Cena como a cara da empresa e o babyface no qual assentava o seu projeto para a WWE.


Passados catorze anos, esse heel turn finalmente aconteceu, e as circunstâncias são, estruturalmente, bastante diferentes do que eram naquele ano. Vince McMahon é passado, e Triple H finalmente teve coragem de concretizar o cenário que muitos de nós passámos a vida a imaginar nas nossas cabeças. A questão é: Fará sentido?


Tal como a questão anterior, é preciso analisar a coisa sob várias perspetivas. Como disse anteriormente, o reinado de Cody Rhodes tem sido, à exceção das feuds com AJ Styles e mais recentemente com Kevin Owens, um reinado ao qual tem faltado o brilho de reinados anteriores. E sim, também sei que o facto de o reinado de Roman Reigns ter durado dois anos e de ter toda uma história a si associada faz com que, automaticamente, precisemos de mais duas ou três tentativas para voltar a ter um reinado minimamente memorável.


Mas também é preciso não esquecer que Cody Rhodes chegou à WWE com uma pompa e circunstância que nenhum outro wrestler que acabou por trocar a WWE pela a AEW teve. O seu regresso foi visto como algo profundamente poético, tendo em conta a história da família Rhodes e de tudo aquilo que tanto Dusty como Dustin falharam em conquistar, principalmente o Undisputed WWE Championship.




A questão aqui é se o heel turn de John Cena foi o reconhecimento por parte da WWE foi o reconhecimento de que faltou qualquer coisa ao reinado do American Nightmare enquanto campeão. Porque se sim, então o heel turn adequa-se perfeitamente: Na altíssima probabilidade de o reinado de Cody terminar na WrestleMania, esta foi a opção que a WWE tomou para tentar dar ao final do seu reinado um pouco mais de credibilidade.


No entanto, é preciso considerar também o plano pessoal. Será que, a nível pessoal, o heel turn de John Cena faz sentido?


Na minha opinião, não. Vamos pôr as coisas nestes termos: O heel turn de John Cena, em termos daquilo que é o principal foco da WWE (storylines > wrestling), é algo memorável, é algo poético, diria até, mais não seja porque foi como um heel que John Cena começou a sua carreira (depois daquele combate com Kurt Angle) e tê-lo a terminar a carreira da mesma forma que a começou seria algo extremamente simbólico.


Contudo, o segmento que John Cena protagonizou em Bruxelas guarda todas as justificações que nos permitem responder a esta pergunta. John Cena tem, sem dúvida, a capacidade de se fazer notar em ambos os papéis, muito embora tenha passado 95% da sua carreira como babyface. Mas a forma como ele próprio conduziu essa promo faz-nos chegar à conclusão que ele não se sente à vontade como heel, pese embora o esforço.





Não houve um pingo de naturalidade nem de à-vontade no que disse, e o próprio repetiu várias vezes o ponto principal da promo sem necessidade, arrastando o segmento. Cody Rhodes, pelo contrário, não precisou nem de cinco minutos para fazer valer o seu ponto, conseguindo ter um desempenho consideravelmente melhor tendo em conta que, no microfone, é manifestamente inferior a John Cena.


Bem sei, bem sei, foi apenas a primeira promo como heel e mais coisas estarão para vir, no entanto, este último sprint não começa com o pé direito. A parte boa é que ainda falta algum tempo, pode ser que em Dezembro, quando a cortina baixar, a opinião seja outra. Provavelmente será. Mas que fique claro: Independentemente do potencial fracasso deste heel turn, a carreira e a contribuição de John Cena para a WWE e para o wrestling em geral não ficarão esquecidas. Felizmente, os fãs de wrestling têm memória.


E vocês, que opinião têm sobre o heel turn de John Cena tendo em conta aquilo que já vimos dele nesse papel?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site e pelas nossas redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… O costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!!

Com tecnologia do Blogger.