Lucas Headquarters #188 – The original Neo Genesis (2024-2025)
“Não
chores porque acabou, sorri porque aconteceu”.
Ora então boas noites, comadres e compadres!! Como estão?
Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias,
hoje um bocadinho mais tarde que o habitual, mas desde quinta-feira que aqui o
vosso Tio não tem tido cinco segundos sequer para coçar os tomates. Portanto
olhem, o artigo de hoje vai ser como a cerveja: À pressão, sai o que sair, e
depois vocês hão-de fazer os vossos julgamentos (que acredito que sejam bons).
Ora bem, hoje vamos falar das Neo Genesis. Ou melhor, daquilo
que foram as Neo Genesis até há uma semana e meia atrás. E este artigo começa
com uma frase assim meio lamechas: “Não chores porque acabou, sorri porque
aconteceu”. E a esse propósito – não fugindo muito do tema principal, vocês
já vão ver onde é que isto vai dar – devo confessar que esta edição traz
consigo um pouco de publicidade enganosa. E procedo já a explicar porquê.
Porque o título e a frase que introduz a divagação desta
semana podem dar a ideia de que as Neo Genesis acabaram de vez. Felizmente, não
é o caso.
Vocês já devem ter reparado – eu, de uma maneira ou de outra,
faço menção a isso cada vez que falo na STARDOM – que as stables por lá
funcionam um pouco como aquelas bandas mais lendárias, que chegam, com sorte e
trabalho, aos quarenta e cinquenta anos de carreira: Elas nunca mantêm o mesmo
alinhamento.
Começam com um líder, depois esse líder, por qualquer razão,
dá de frosques para outra empresa ou termina a carreira, depois há traições a
meio do grupo, depois há stables que acabam para que outras se formem… Enfim,
nunca nada é garantido quando se faz parte de uma stable da STARDOM e essa
é a melhor parte deste minijogo que é o wrestling japonês, que felizmente
se vai tornando uma parte cada vez mais importante do jogo maior que é o
círculo quadrado.
Tal como nas bandas, há nas stables da STARDOM os seus
desentendimentos. Já vamos explorar melhor o desentendimento que deu origem a
esta mudança, mas antes quero deixar claro que o assunto será apenas e só o fim
do alinhamento original das Neo Genesis: Suzu Suzuki, Starlight Kid, AZM,
Miyu Amasaki e Mei Seira.
E, começando de forma muito geral, diria que muito me surpreende que Taro Okada tenha querido avançar para um break-up numa stable que, a esta altura, tem apenas nove meses de existência. É verdade que as Neo Genesis beneficiaram da virtude de se terem estabelecido rapidamente no mapa da STARDOM porque os seus membros já tinham criado para si uma certa reputação em outras stables da empresa, ou até mesmo como freelancers no circuito independente.
Suzu Suzuki foi, durante vários anos, uma das grandes
figuras do circuito independente do joshi, Starlight Kid e AZM, velhas
rivais que ao longo do tempo foram desenvolvendo uma história mais baseada no
respeito que têm uma pela outra e no talento que ambas reconhecem do que propriamente
as quezílias entre as Queen’s Quest e as Oedo Tai. No fundo, a junção de ambas
sob um mesmo ideal era um desejo há muito acalentado pelos fãs, que reconheciam
nelas uma maior capacidade para lutar lado a lado do que cara a cara.
Mei Seira, discípula da grande Chigusa Nagayo, já era um dos grandes nomes do
circuito independente do joshi quando decidiu afastar-se do wrestling
por um período de dois anos, até regressar há mais ou menos dois anos a
esta parte. Apenas Miyu Amasaki era aquela que tinha menos destaque de
entre este fantástico rol, estando confinada a uma posição secundária nas Queen’s
Quest. Felizmente, as Neo Genesis apresentaram-se-lhe como um excelente veículo
para a sua evolução enquanto wrestler, e o maior protagonismo de que dispôs
ajudou-a a confirmar todo o seu potencial.
Pese embora o facto de esta primeira break-up ser um
tanto quanto surpreendente, a verdade é que teria de acontecer mais cedo ou
mais tarde, e a wrestler a puxar o gatilho seria sempre Suzu. Soou
estranho a muita gente vê-la num papel integralmente diferente daquele que lhe
permitiu, a um ritmo igualmente alucinante, impor-se na cena. Mas, não querendo
fazer de advogado do diabo, era um papel que eu até estava a gostar de vê-la
desempenhar. Porque Suzu Suzuki a babyface foi exatamente a versão
japonesa do John Cena como um heel: Foi algo que nós achamos que nunca
iria acontecer, até pelo passado e pelas motivações da própria Suzu ((re)veja-se
a storyline com Giulia, que teve o seu auge no final do 5-STAR GP de
2022) mas que até acabou por entregar de forma satisfatória.
E depois, toda a dinâmica que havia entre as Neo Genesis, de
serem todas wrestlers que já tinham lutado várias vezes entre si (algumas
até com algo mais em jogo, veja-se SLK e AZM e as várias vezes que lutaram pelo
High Speed Champion, sempre com combates de grande qualidade) e de tudo isso
resultar numa camaradagem nunca antes vista, tudo isso era uma boa premissa
para uma grande run da pequenina Suzu a babyface.
Só que, sem ter praticamente nada que ver com isso, Suzu
Suzuki foi uma das wrestlers que sofreu os danos colaterais da polémica
que levou à saída de Rossy Ogawa e à criação da MARIGOLD. Isto porque Rossy Ogawa
era um admirador confesso das capacidades da Violent Prodigy, e a prova
disso é que não só a levou a disputar a final do 5 STAR de 2022 contra Giulia
como, no ano a seguir, lhe deu a vitória nesse mesmo torneio, catapultando-a
para um combate pelo título com Maika no Dream Queendom, a solução encontrada
em meio a uma anormal crise de lesões que vitimou nomes como Saya Kamitani e
Tam Nakano, esta última World of STARDOM Champion à data, que foi obrigada a
abdicar do título.
Chegou Taro Okada, e tudo mudou. A preferência deste pelas heels
prejudicou Suzu consideravelmente, porque na altura em que este chega, Suzu
já estava naquela fase em que começava a deixar de ser tweener e começava a ser babyface, num processo que culminou, depois, na criação das Neo Genesis e na
sua afirmação – positivamente rápida – enquanto grupo.
Dessa mesma forma, eu não acredito que Suzu se posicione inteiramente como heel. É verdade que a forma como as coisas correram dentro das Neo Genesis também não saiu como esperava, uma vez que todas as suas ex-companheiras de stable tiveram reinados – grandes ou pequenos – com os mais diversos títulos da empresa, mas Suzu não (o único reinado que teve foi um, muito curto, ao lado de Mei Seira como Goddess of STARDOM Champion há exatamente um ano atrás, mas nessa altura elas ainda não tinham qualquer filiação e atuavam apenas como dupla).
Parece-me quase certo – e já vou analisar
esse ponto – que Suzu formará uma nova stable e que as
Neo Genesis acabarão por abraçar um novo membro – mas acredito que, sendo ela a
líder dessa possível stable, consolidará
o carisma que já tem e continuará, assim, a merecer o carinho dos muitos fãs
que a apoiam.
Uma caixa
de pandora…
Dito isto, parece-me que se vai
abrir uma caixa de pandora dentro da STARDOM muito em breve, e que grandes
mudanças estarão para vir. Como disse ainda agora, não me parece que Suzu
Suzuki permaneça como lobo solitário durante muito tempo – não é muito comum a STARDOM
ter lobos solitários no seu roster só porque
sim, isso ficaria a destoar daquilo que é a dinâmica da empresa.
É aqui que entram duas – talvez três – wrestlers em particular: Hazuki e Koguma, das STARS, e Momo Watanabe, das H.A.T.E.
Começando por Hazuki e Koguma,
estas parecem estar envolvidas num drama com Hanan, e o futuro das STARS parece
estar em grave risco. A própria afirma que as STARS estão a ficar “obsoletas” e
questiona se será ela própria ou motivo. Sobre esse drama eu não me vou alongar
muito mais, até porque Hazuki pediu para não serem feitas muitas especulações,
pelo que presumo que teremos que aguardar pelo que acontece a seguir.
臆測だけでいろいろ言ってくるのはやめてください。
— 葉月/HAZUKI (@0929_hazuki) April 9, 2025
表に出てることが全てではないです
Relativamente a Momo Watanabe, o
caso é bem diferente. Watanabe anda meio perdida no esquema atual das H.A.T.E.,
e com a atual World of STARDOM Champion Saya Kamitani, a líder Natsuko Tora e
Thekla a tomarem, muitas vezes, o protagonismo no grupo, a Black Peach não é, por esta altura, mais do que um afterthought. Para além do mais, ao longo do último ano,
Watanabe já deu vários sinais de um possível face turn, que se
chegou a especular até quando as próprias H.A.T.E. foram (re)-formadas.
Mas Watanabe, mais do que pagar qualquer tipo de preço pela sua competência (que é muita), teve o azar de atingir o seu auge numa altura em que muitas das grandes wrestlers que compõem o panorama atual da STARDOM – e do wrestling em geral – começavam a surgir. Giulia, Utami Hayashishita, Maika, Mina Shirakawa, apenas para citar alguns nomes. Quando assim é… fica complicado.
Serve isto para dizer que Momo Watanabe precisa de se reinventar para não perder o comboio da empresa. Precisa de um novo período no auge, num contexto onde possa sentir o seu stock a aumentar novamente e onde possa voltar a surgir como um nome de topo na empresa. E nesse aspeto a STARDOM esteve bem na gestão daquilo que é Suzu Suzuki enquanto veículo de entretenimento: Se Suzu Suzuki tivesse ido parar às H.A.T.E., ela própria acabava por perder-se na sobrelotação do grupo, e toda a popularidade que conquistou desvanecer-se-ia.
Posto isto, numa altura em que as Neo Genesis perderam um elemento importante, não me pareceria má ideia se, independentemente do futuro de Suzu Suzuki, Momo Watanabe acabasse por integrar a stable. A acontecer, seria benéfico para ambas as partes: As Neo Genesis mantinham um alinhamento consistente, não perdendo qualidade individual; e Momo Watanabe tinha uma oportunidade para voltar a subir a montanha da empresa, à qual não chega há já alguns anos.
E vocês, o que acham da saída de Suzu Suzuki das Neo Genesis? Acham que irá formar uma nova stable? Irão as Neo Genesis ter um novo elemento?
E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site e pelas nossas redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… O costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!
Peace and love, até ao meu
regresso!!