Ultimas

Lucas Headquarters #189 – O Pináculo


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão!! Bem-vindos sejam a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!!


Confesso, é sempre especial escrever artigos quando estamos na iminência da WrestleMania. Ao mesmo tempo, a WrestleMania é sempre um gigantesco ponto de interrogação: Tanto pode correr bem, como pode correr mal, como pode parecer… “insossa” aos olhos de quem vê (à falta de um melhor termo), isto é, pode não ter corrido mal, mas também pode não ter tido aqueles momentos que, naturalmente, distinguem uma WrestleMania de tudo o resto.


Sobre a Road to WrestleMania deste ano e potenciais expectativas ou cenários para o que vamos ver ao longo das madrugadas de Domingo e de Segunda, já irei falar com mais pormenor. Para já, e precisamente pelo gigantesco ponto de interrogação que uma WrestleMania tradicionalmente encerra, quero deixar-vos um conselho que vale ouro: Mantenham as expectativas baixas.


Mantenham as expectativas baixas porque combates que prometem muito podem acabar por não entregar nada (o dream match que era AJ Styles vs Shinsuke Nakamura na WrestleMania 34 e o fiasco que acabou por ser constituem um trauma eterno na minha cabeça, e na de quantos viram a WrestleMania 34).




Mantenham as expectativas baixas porque combates pelos quais o público não dá nada podem acabar por roubar o show por completo (quero acreditar que o combate entre Jey Uso e Gunther pelo World Heavyweight Championship será um desses, e só Deus sabe como é que eu ainda mantenho a minha expectativa tão alta para este combate depois da sucessão de acontecimentos que marcou esta storyline durante toda a Road To WrestleMania).





Mantenham as expectativas baixas porque podemos ter surpresas, como podemos não ter absolutamente nada de extraordinário a acontecer (e algo me diz que as maiores surpresas vão estar reservadas para a Triple Threat entre CM Punk, Seth Rollins e Roman Reigns – pena que esse combate não se faça por um título, mas pelo menos Phil Brooks será finalmente o Main Eventer da WrestleMania que tanto quis ser).





E até a mim, que ainda agora disse que era especial escrever artigos na antecâmara de uma WrestleMania, me parece estranho que esteja tão pouco eufórico relativamente a mais uma edição do Maior Evento do Ano. Quer dizer, já ninguém consegue conter a excitação quando se apercebe que a WrestleMania está mesmo ali ao virar da esquina, não é?


Eu admito, eu pareço aquele pai ou aquele tio que todas as semanas vê os jogos do seu clube e que, por mais vistoso e cativante que seja o futebol praticado pela sua equipa, acha sempre que a equipa ou ganha, mas joga mal, ou empata o jogo no último instante, ou então perde por uma cabazada de quatro ou cinco golos. Será isto uma consequência natural de estar a ficar velho? Será isto uma consequência natural de levar quase dezoito anos embrenhado no maravilhoso mundo que é o wrestling?


Sinceramente, não vos sei responder. Mas espero que compreendam que a minha falta de entusiasmo para com esta WrestleMania não existe só para fazer figura, ou só para lhe tentar dar o hype que merece. Isso seria a mais falsa das modéstias e a mais verdadeira das hipocrisias, e vocês sabem – ou deviam saber – que eu sou extremamente crítico no que toca a wrestling: Quando algo está mal, aponto-o sem piedade. Qualidade, porque quero ver o produto cada vez melhor, ou defeito, porque vejo este desporto há quase vinte anos e mesmo assim só sei criticar e dizer mal? Façam vossas excelências o respetivo julgamento.


A razão pela qual esta WrestleMania me entusiasma tão pouco tem a ver, muito simplesmente, com o caminho que se fez até aqui. Normalmente a Road to WrestleMania carrega toda uma sucessão de acontecimentos (às vezes demasiado rápida, outras vezes em crescendo) que nos faz olhar para o Maior Evento do Ano como O Pináculo (justamente o título da edição da esta semana), a data entre todas as datas, o PLE entre todos os PLEs.


A questão é que este ano, eu não senti nada disso. Pelo menos eu, não significa que vocês também não o tenham sentido.


Ao contrário do ano passado, em que a WWE joga as cartas todas na mesa com um brilhante segmento a envolver The Rock, Roman Reigns (então Undisputed WWE Champion) e Cody Rhodes, este ano só um inesperado heel turn do John Cena salvou este caminho para a WrestleMania de ser um completo fiasco.






No ano passado, tivemos sucessivas edições do Monday Night RAW a pegar no reacender dessa rivalidade entre Roman Reigns e Cody Rhodes como um ponto de partida, a dar-lhe aquele sentido de “agora ou nunca” e a fazer passar a mensagem de que uma derrota por parte de Cody Rhodes, mais do que a reputação, mais do que a carreira que construiu, mais do que o seu esforço de reinvenção… lhe custaria quase a própria vida.





Este ano, por estranho que pareça (ou não), essa tarefa cai nos ombros de três homens que já deram tudo o que tinham a dar à indústria (espero muito sinceramente que isto não seja mal interpretado) e que podiam, muito bem, tomar o mesmo caminho que o próprio The Rock ou que o John Cena. E não há, sequer, títulos em jogo!!


Este ano, nem o próprio vencedor do Royal Rumble (e protagonista de um dos combates pelo título) conseguiu desempenhar essa tarefa. Não que a culpa seja dele, mas não devia ser o vencedor do Royal Rumble o porta-estandarte da empresa até à WrestleMania.


A resposta é, sem dúvida: Devia. Mas então, porque é que não é? Esta é uma pergunta que vou tentar responder já a seguir, através de uma série de possíveis fatores.


#3 – Os vencedores dos Royal Rumbles




Eu sei, eu sei, como dizem os ingleses “I may sound like a broken record”, mas uma das grandes razões – talvez a principal – pela qual a Road to WrestleMania não foi tão interessante este ano e pela qual as pessoas não estão tão investidas na WrestleMania este ano é a escolha dos vencedores do Royal Rumble Matches.


A WWE parece já não encarar o Royal Rumble com a mesma importância do seu público (de outra forma, pelo menos um dos combates pelos títulos – masculino ou feminino – seria o Main Event de uma das noites) mas quando nós dizemos que o Royal Rumble é verdadeiramente o evento que marca o tom para o Maior Evento do Ano, isso não pode ser mais verdade. Pode haver uma centena de combates na WrestleMania, mas aqueles para os quais as pessoas vão olhar sempre com mais expectativa, aqueles sobre os quais as pessoas vão falar sempre mais vão ser, naturalmente, os que envolvem os vencedores dos Royal Rumble Matches.


Talvez a única exceção seja este ano. E isso deve-se, em parte, a fatores que os próprios vencedores dos Royal Rumble Matches não controlam (quem é que podia prever que (pelo menos) o Jey Uso ia ganhar o Rumble masculino, quanto mais o John Cena anunciar o fim da sua carreira?).


Mas mesmo assim, eu diria que a outra parte desses fatores estava nas mãos da WWE. Nada contra Jey Uso ou Charlotte Flair, mas com John Cena, CM Punk, Seth Rollins e Roman Reigns a participar no Rumble masculino, colocar Jey Uso como vencedor parece aquele tipo de decisão que só é tomada para não se dizer aquilo que se disse no Royal Rumble de 2021, isto é, que não houve praticamente surpresa nenhuma (o que não deixa de ser uma verdade, esse Rumble foi dos piores que me lembro de alguma vez ter visto). Parece aquele tipo de decisão que só é tomada para arrancar à força uma reação do público, no fundo, parece aquele tipo de decisão que só é tomada para fazer os fãs de parvos.


Quanto à vitória da Queen, custa-me perceber porque é que a WWE insiste em fazer com a Charlotte o mesmo que fez com Roman Reigns no pós-Shield. Talvez ainda não se tenham apercebido (ou já, mas fazem ouvidos moucos como sempre) que a fase de lua de mel para com a filha de Ric Flair terminou para aí na WrestleMania 36 em plena pandemia, quando esta derrotou uma jovem campeã Rhea Ripley que já nessa altura tinha o público todo do seu lado, uma vitória que tinha a mais nobre das intenções (jogar os trunfos todos em cima da mesa para combater a emergente AEW nas Wednesday Night Wars) mas que teve zero efeitos práticos, porque a WWE acabou na mesma por perder, dir-se-ia, de uma forma estrondosa e esclarecedora.



Se a WWE apresenta como principais porta-estandartes no caminho para o Maior Evento do Ano dois wrestlers nos quais o público não está minimamente investido, porque hão de ser os fãs a fazer o esforço para que esses wrestlers pareçam vencedores e candidatos ao título minimamente credíveis? Sempre ouvi dizer que “uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto…”.


#2 – Inconsequência



Outra das grandes razões pela qual a WrestleMania não parece tão entusiasmante este ano é porque a WWE se focou excessivamente naquilo que foram os seus main eventers (especialmente Gunther e Cody Rhodes) e quase que se esqueceu de tudo o resto. Ao mesmo tempo, a empresa parece ter capitalizado quase todos os seus recursos em dois grandes acontecimentos (a vitória de Jey Uso no Royal Rumble e o heel turn de John Cena) mas esqueceu-se de lhes dar o devido seguimento.


Daqui a pouco já vou abordar a questão John Cena mais a fundo, mas olhando para as consequências dessa vitória e o que veio a seguir, para além da falta de consensualidade na decisão, parece que a WWE não soube o que fazer com esta feud até chegarmos praticamente ao fim da tour pela Europa no fim do mês passado.


O RAW de Londres foi, sem margem para dúvidas, o ponto mais alto da Road To WrestleMania (por inerência, toda a tour pela Europa nos ofereceu excelentes momentos) mas até esse segmento em que Jey Uso é amarrado ao ringue e forçado a ser testemunha de um brutal ataque de Gunther a Jimmy, a WWE falhou redondamente no build-up para este combate. Tudo aquilo que a empresa nos apresentou até aí passou por promos pouco cativantes e por Gunther a tentar, à boa maneira heel, troçar de toda a aura e maneirismos do seu desafiante.




Fica a sensação de que apenas após o RAW de 31 de Março é que este combate começou a gerar consideravelmente mais interesse, graças ao pathos que o segmento supracitado gerou junto do público. Mas não terá sido demasiado tarde?


#1 – You can’t see me… literally



Um dos grandes pontos de interesse desta Road To WrestleMania era, sem dúvida, John Cena. Toda a gente se recordava do inesperado anúncio que havia feito em Julho, anunciando um fim que muita gente já perspetivava que iria acontecer, só não se sabia quando.





Com efeito, todos esperávamos que John Cena fosse presença assídua durante a esmagadora maioria da Road to WrestleMania, sabendo que todo o tempo que dispúnhamos para o ver no ringue daqui para a frente seria pouco, mas… não foi isso que aconteceu.


Para já, o seu caminho até ao Royal Rumble foi praticamente inexistente, resumindo-se a uma promo bastante vaga durante o episódio de estreia do RAW na Netflix. Chegado ao dito combate, esteve a uma unha negra da vitória (foi o último a ser eliminado por Jey Uso) mas depois anunciou a sua participação na Elimination Chamber e… desapareceu misteriosamente até à data do evento.




O impacto e a espetacularidade do seu heel turn provavelmente fizeram com que muita gente se esquecesse do facto de John Cena ter andado desaparecido em combate durante o primeiro terço desse caminho. Alguns acharão plausível que isso aconteça, afinal este heel turn atuou em nós como uma espécie de droga que nos deixou excitados e ansiosos com aquilo que iria acontecer a seguir. Depois, veio toda uma série de promos com o Cody (incluindo aquela no RAW de Londres onde ambos provaram que, às vezes, há palavras que matam mais que certas armas) e agora já toda a gente anda ansiosa pelo desfecho deste combate, como se tudo o que nos levou aqui não interessasse.





Feliz ou infelizmente, todos os sinais apontam para que, findada a WrestleMania, John Cena saia campeão pela décima sétima vez e assegure definitivamente o seu lugar no trono do Olimpo do wrestling. Duvido que haja pouca gente a discordar do facto de que só ele merece tamanha conquista, ainda para mais num contexto tão simbólico como o último ano da sua carreira. No entanto, daqui para a frente, John Cena terá de cumprir com a sua palavra e ser presença mais regular no ecrã, sob pena de deixar imprimido neste seu último ano um sentimento de profunda desilusão.

 

E vocês, o que têm a dizer sobre a Road To WrestleMania deste ano? Que expectativas têm para o PLE em si?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site e pelas nossas redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… O costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love e boa Páscoa para todos!! Apesar de tudo o que aqui deixei escrito, que seja uma WrestleMania para mais tarde recordar!!

Com tecnologia do Blogger.