Lucas Headquarters #190 – Regressos, regressos
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão?
Bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no
WrestlingNotícias!!
Vamos lá saber: O que acharam da WrestleMania? Boa? Má?
Assim-assim? Esta é a beleza do wrestling, como da música, como dos
filmes ou séries: O que uns acham bom,
outros acham mau; o que uns acham que foi a melhor coisa do mundo, outros acham
que merece ser obliviado da memória coletiva de tal maneira que nunca mais seja
lembrado nem pelos últimos seres humanos que restarem nesta terra.
Fazendo um pouco de análise ao que vimos das noites, eu diria
que os medos que tinha quando escrevi a edição da semana passada se confirmaram
e esta WrestleMania, não sendo o desastre que o início da Road to WrestleMania
anunciava, deixou um pouco a desejar.
Houve, pelo menos, um lado positivo: Nenhuma das duas noites
“venceu” declaradamente a outra, isto é, nenhuma das noites foi claramente
superior na qualidade da ação apresentada. Ainda assim, se tivéssemos que
encontrar uma “noite vencedora”, diria que, pela primeira vez desde que o
formato de dupla noite foi implementado, a primeira noite se superiorizou à
segunda.
Ainda assim, penso que os dois melhores combates do evento
pertenceram às mulheres. E não, não estou a dizer isto para parecer bem, ou
para entrar aqui num descarado exercício feminista (nem o conceito de feminismo
é para aqui chamado). Mas é interessante verificar que, numa WWE que, muitas
vezes, coloca as mulheres em segundo plano (má ideia, a meu ver, se há divisão
onde não falta qualidade na WWE é na divisão feminina), Tiffany Stratton,
Charlotte Flair, Rhea Ripley, Bianca Belair e IYO SKY deram um valente chapadão
de luva branca naquelas muitas alminhas que, cegas pela polémica, ainda perdem
tempo a criticar a qualidade do talento feminino.
Charlotte Flair voltou a dar mostras de que é nos grandes palcos que ela se faz ainda maior. Depois do excelente Triple Threat Match na já longínqua WrestleMania 32 (que também pôs Becky Lynch e Sasha Banks (nka Mercedes Moné) no mapa) e do excelente combate contra Rhea Ripley na WrestleMania 39 (que serviu para apagar, em certa medida, o fracasso do combate da WrestleMania 36, tanto em termos de ação como de resultado).
Tiffany Stratton mostrou que não está talhada para aquilo que
é o universo da WWE. Felizmente, isso é um muito bom sinal, porque isso quer
dizer que a qualidade dela no ringue é muito superior à forma como ela encarna
a sua personagem, e nós sabemos que, no sistema da WWE, isso quase nunca é
assim (e para quem duvida que ela é superior no ringue, está aí a Triple Threat
entre Stratton, Bayley e Naomi para comprovar).
Sobre IYO, Bianca e Rhea, nem vale a pena dizer grande coisa,
porque tudo o que eu aqui disser irá de encontro ao que vocês estão a pensar.
Só me resta dizer, ainda sobre este combate, que fiquei aliviado por ver a
forma como a WWE lidou com o desfecho final desta storyline, sabendo de
antemão que seria uma storyline muito difícil de bookar e que
ficou desde logo marcada pela inclusão forçada da Mami, que não tem
necessidade nenhuma de andar na rota do título atualmente.
Tornar IYO SKY numa campeã de transição seria, a bem dizer,
estragar tudo aquilo que a WWE construiu em redor dela no último ano e meio,
desde a sua vitória pelo WWE Women’s Championship, até à storyline que
levou ao excelente combate na WrestleMania do ano passado contra a Bayley.
Resta saber agora quem é que vai ser a primeira desafiante da Genius of the
Sky no pós-WrestleMania. E digo-vos, sinceramente: Não me importava que,
depois do que vi no RAW, voltasse a ser a Stephanie Vaquer…
Enfim, feita que está esta mini-análise aos acontecimentos da
WrestleMania, vamos efetivamente ao assunto que nos traz aqui hoje. Regressos.
A palavra “regresso” é uma palavra comum no mundo do wrestling,
e mais comum se torna numa altura como esta, em que o negócio prospera como há
vinte anos não acontecia e proliferam as diferentes companhias, com diferentes
estilos que correspondem aos diferentes, mas sempre exigentes, anseios dos fãs.
A edição desta semana é tentadora também nesse sentido:
Porque dos dois regressos de que vos vou falar (presumo eu que já saibam quais
são) podemos facilmente cair na tentação de transformar isto naquela velha
quezília de apontar o dedo à AEW pela forma como não conseguiu rentabilizar
estes dois ativos. E não me parece, muito honestamente, que seja esse o
problema.
Não me parece que seja esse o problema porque, pelo menos no
caso de Rusev, ficou claro para mim logo no início que Tony Khan o contratou
não porque quisesse fazer algo de tangível com ele, mas porque queria mostrar a
todo o mundo o grande ativo que a concorrência tinha perdido.
Rusev – fka Miro – sempre pareceu meio perdido na
dinâmica de um roster da AEW que também sofreu (e ainda sofre, mais do que o da
WWE na minha opinião) com o sempre dramático problema da sobrelotação, o que
faz com que haja toneladas de talento dentro da Elite que não são aproveitadas
como deviam e que, invariavelmente, acabarão por ficar sentadas na zona do catering
à espera que os seus contratos acabem, para poderem começar tudo de novo
outra vez.
Rusev esteve cinco anos na AEW, aproximadamente. E vimo-lo encarnar várias facetas: The Best Man (quando supostamente serviu de “padrinho” ao casamento de Kip Sabian e Penelope Ford) e God’s Favorite Champion. Feliz ou infelizmente, estas duas não duraram muito tempo, mas pelo menos a última ainda ficou marcada por um reinado como TNT Champion – o único que conquistou em cinco anos de AEW – que durou 140 dias, ou seja, uns míseros… quatro meses e meio.
Perdeu o título no Dynamite de 29 de Setembro de
2021 para Sammy Guevara (outro que não é visto nem achado há muito tempo, teve
aquela storyline dos quatro pilares da AEW e depois foi desaparecendo
até acabar na ROH).
Quanto a Aleister Black, a sorte sorriu-lhe um pouco mais,
ainda que timidamente, e embora a sua passagem pela Elite tenha sido – e ainda
seja – rotulada como “pouco brilhante” (nunca estará muito longe da verdade), o
antigo Malakai ainda teve vários momentos de destaque. Por exemplo, na sua
estreia na empresa, em Julho de 2021, quando se apresentou de forma não muito
diferente daquela a que nos habituou e atacou Arn Anderson e Cody Rhodes com o
seu famoso Black Mass (e pergunto-me se o Cody não quererá retribuir
o favor agora que perdeu o título).
O outro momento de brilhantismo,
que será, na verdade, um aglomerado de pequenos momentos de brilhantismo
(pequenas partículas de luzes de ribalta, se assim quisermos) foi o facto de
ter liderado, até há pouquíssimo tempo, os House of Black (agora
conhecidos como Hounds of Hell). Foi
enquanto líder desse grupo que conseguiu, por exemplo, passar Julia Hart para o
seu lado e dar-lhe o grande desenvolvimento, a nível de gimmick que ela própria necessitava, e mais tarde, vencer
o AEW World Trios Championship, levando toda a gente a acreditar que seria a
partir daí que realmente se confirmaria todo um potencial desperdiçado.
O que me preocupa – e acredito que
a vocês também – é a direção que as coisas podem tomar a partir daqui. E
reparem que no caso do Aleister Black estou bem mais descansado do que no de
Rusev.
Pelos acontecimentos do último SmackDown, Aleister Black parece entrar em feud com o Miz. Não é segredo para ninguém que o The Miz já está naquela fase da carreira em que, não estando na WWE só para fazer número, entra nas feuds e apresenta-se como uma espécie de teste: Quem conseguir exibir-se em bom plano numa feud contra ele, terá o futuro mais ou menos garantido.
Assim foi, por exemplo, no caso de
LA Knight, quando a WWE precisava de ver se aquele turn muito orgânico que lhe aconteceu no Verão de 2023 resultava. E a verdade é
que, contra todas as expectativas – mais as deles do que as nossas – LA Knight
saiu-se bastante bem, provando sobretudo a capacidade que muitos lhe apontam de
se bater de igual para igual com muitos dos seus colegas de balneário que têm
como ponto forte a habilidade no microfone.
Com o Rusev, a coisa já é diferente.
Tudo bem que num RAW after WrestleMania que esteve
recheado de momentos para a posteridade (pese embora só ter tido três combates,
o que deu para pouco mais de meia hora) pouco mais havia a fazer se quiséssemos
mesmo ter Rusev a regressar. Mas temos que ter em conta que os “sacrificados”,
por assim dizer, neste segmento foram… os Alpha Academy. Ainda se fossem os
Alpha Academy e os New Day… mas foram só os
Alpha Academy.
E tudo isto me preocupa porque,
como sabemos, o papel dos Alpha Academy não é um papel “à séria”. Basicamente,
a única razão pela qual eles ainda estão na programação da WWE é para fazer alívio
cómico, para serem o Timon e Pumba lá do sítio e ajudarem a Maxxine Dupri a dar
os primeiros passos no ringue.
Ao ver Rusev tomar parte num
segmento desses, vêm-me à cabeça todo o tipo de perguntas: Será que vão voltar
a apresenta-lo como um alvo a abater, como aconteceu no primeiro ano da sua
estadia no Main Roster em 2014-15? Será que vai andar ali
no upper midcard, talvez com leves possibilidades de
ascender a algo mais? Ou será que não vai passar de outro que só servirá, daqui
a uns tempos, para introduzir novos talentos? 33% de probabilidades em cada
resposta não é um número lá muito animador…
O que acharam dos regressos de
Aleister Black e Rusev à WWE? Acham que terão sucesso ou serão apenas mais
dois?
E assim termina mais uma edição de
“Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site e pelas nossas
redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… O costume. Para a semana cá
estarei com mais um artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!!